O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no começo deste mês, mais exatamente no dia 3, tive a oportunidade de coordenar, na Comissão de Assuntos Econômicos, que presido, uma reunião de grande significado para o panorama da cultura audiovisual brasileira.

Nesse encontro, tive a companhia dos ilustres colegas Saturnino Braga, Freitas Neto, Wilson Santos e Francelino Pereira, que, como é do conhecimento de todos, foi o Relator da Subcomissão do Cinema Brasileiro e que, naquela condição, foi amplamente receptivo às questões apresentadas por quantos se dedicam a essa atividade em nosso País.

Juntos, Sr. Presidente, recebemos representantes do Fórum dos Festivais de Cinema, com o propósito comum de envolver o Poder Legislativo, esferas governamentais e outros setores da sociedade, visando ao fortalecimento das ações audiovisuais em todo o território nacional. O Fórum dos Festivais foi representado por seu presidente, Antônio Leal; Wilma Lustosa, do Festrio; Cláudia Dutra, do Festival de Cinema Brasileiro de Miami; Yara Britz, do Festival de Cinema de Búzios; Zila Carvalhosa, da Mostra Internacional de Curta-Metragem de São Paulo; e Quintino Farias, da Mostra de Cinema de Tiradentes, e Wolney Oliveira, do CineCeará.

Já faz algum tempo, Srªs e Srs. Senadores, o Fórum dos Festivais vem reivindicando maior atenção na política oficial de promoção da cultura audiovisual. Eles alegam, e não sem razão, que o cinema brasileiro tem sido contemplado em diversas ações de âmbito político e governamental. No entanto, ponderam que o Fórum dos Festivais, cujos objetivos se entrelaçam com os de outros segmentos do cinema brasileiro tem ficado à margem dessas políticas.

Para quem não conhece, o Fórum dos Festivais é a entidade que reúne os principais eventos audiovisuais brasileiros, garantindo todos os anos a exibição de filmes brasileiros de curta, média e longa metragens, além de vídeos, documentários e outras produções, para mais de um milhão de espectadores.

O mais importante nisso tudo, é que o Fórum atinge camadas sociais freqüentemente excluídas do acesso ao entretenimento e à cultura, representando, portanto, para muitos brasileiros, o seu primeiro contato com o cinema nacional. Essa realidade é salientada pelos integrantes do Fórum, que destacam: “O recente crescimento da produção cinematográfica brasileira exige o surgimento de novos espaços para a exibição. As salas tradicionais não têm absorvido devidamente a produção nacional, criando um número cada vez maior de ‘sem-telas’. É a exclusão audiovisual tanto para realizadores quanto para o público”.

A entidade lembra que existem numerosos filmes de longa metragem e mais de 100 obras de curta e média duração, produzidas todos os anos, que não são apresentados ao público, a não ser nos festivais.

De outro lado, a concentração das salas de cinema nos grandes centros urbanos, notadamente nos shopping centers, motivada pela busca de maior rentabilidade, priva a população periférica das metrópoles e especialmente os moradores dos municípios de pequeno porte desse instrumento de entretenimento e cultura.

“O circuito dos festivais tem atuado nesse cenário desfavorável, oferecendo tela para quem não a tem”, alegam os integrantes do Fórum. “É nos festivais que filmes nacionais de longa metragem ainda não lançados comercialmente são exibidos, sendo muitos deles premiados e ovacionados por milhares de brasileiros. Também nesses eventos as obras cinematográficas de curta metragem encontram seu principal pólo de exibição” - acrescentam.

Não poderia deixar de citar, Sr. Presidente, a importância do Fórum dos Festivais para a ampliação do espaço dos filmes brasileiros no mercado internacional. Dos 70 eventos audiovisuais integrantes do Fórum, três promovem o cinema brasileiro nos Estados Unidos e na Europa - o 4º Festival de Cinema Brasileiro de Paris; o 6º Brazilian Film Festival of Miami, exibido em Miami, Los Angeles e Nova Iorque; e o Brasil Plural V, exibido em Munique e Frankfurt.

É forçoso observar, Srªs e Srs. Senadores, que o cinema brasileiro, tendo já vivido dias melhores, está agora na expectativa de que o Conselho Superior do Cinema, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (Prodecine), criados pela MP 2228, dêem bons resultados.

Na verdade, o Fórum dos Festivais, ao reivindicar maior atenção quer sensibilizar os governantes, a classe política - que, a julgar pelos colegas que participaram da citada reunião tem-se mostrado receptiva - e outros setores da sociedade para a eficácia dos festivais na promoção e no fortalecimento da nossa produção audiovisual.

Assim, ao chamar a atenção das autoridades da área de cultura e dos nobres Colegas para o pleito do Fórum de Festivais, quero parabenizar os cineastas, produtores e outros profissionais ali representados; quero, igualmente, manifestar nosso apoio e reafirmar nossa convicção de que os eventos audiovisuais terão reconhecido, cada vez mais, seu papel na democratização dessa nobre arte, desse encantador entretenimento e desse importante instrumento de difusão da cultura, que é o cinema.

Muito obrigado!

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