O SR. JEFFERSON PÉRES (Bloco/PDT - AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Ministro, apesar de ser um Senador da Oposição, devo cumprimentar o Governo brasileiro pela forma madura como está encarando a questão das salvaguardas americanas, sem emocionalismo, sem a vociferação que nos nivelaria a republiquetas.

O Governo americano pode aplicar as medidas que entender necessárias em defesa do que entendam seja dos interesses americanos. A nós cabe aceitá-las, ou negociá-las ou retaliá-las no fórum adequado. Podemos e devemos ser muito altivos e firmes sem ser mal-educados e terceiro-mundistas. O Brasil já passou dessa fase e tem novo status, creio eu.

Sr. Ministro, concordo com V. Exª quando diz que o Brasil nem foi, a rigor, muito afetado. As medidas aplicadas em relação ao aço brasileiro são menos duras do que as aplicadas em relação ao aço da União Européia. No caso dos semi-acabados, a cota dos 2,5 milhões de toneladas está até acima das exportações brasileiras nos últimos três anos, apenas impedindo-nos de expandi-las talvez no próximo ano, como se esperava. Mas, como V. Exª bem disse, trata-se de uma questão de princípios, vai contra a onda benéfica de liberalização internacional.

Os Estados Unidos dão um péssimo exemplo ao mundo, provocando represálias como agora acaba de tomar a União Européia. Esse é um retrocesso, sem dúvida.

Creio que o Governo brasileiro está negociando dentro do prazo ainda, para tentar reduzir essa medida, e faz muito bem. Se for o caso e se o governo americano realmente violou as regras da OMC, devemos ir àquela organização, se for necessário. Creio que a última medida a ser adotada, Sr. Ministro - e gostaria de ouvir sua opinião a respeito -, seria elevar as tarifas do nosso aço. É uma questão de princípios, não devemos embarcar nessa, pois creio que haveria a volta de um mercado cativo, uma reserva de mercado para um setor da indústria nacional. Portanto, essa é a única atitude que o Governo Brasileiro não deveria tomar. A fazer isso, seria melhor nos desempenharmos na redução do custo Brasil para dar maior competitividade ao setor siderúrgico nacional. No mais, estou de pleno acordo com as medidas que o Governo Brasileiro está adotando em relação a esse problema.

O SR. JEFFERSON PÉRES (Bloco/PDT - AM) - Não há divergência entre nós, Sr. Ministro. É o que eu faria em seu lugar.