Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudações ao lançamento, pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, do Boletim Informativo intitulado Acompanhamento Conjuntural de Produtos Agrícolas no Tocantins.

Autor
Carlos Patrocínio (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/TO)
Nome completo: Carlos do Patrocinio Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Saudações ao lançamento, pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, do Boletim Informativo intitulado Acompanhamento Conjuntural de Produtos Agrícolas no Tocantins.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2002 - Página 8805
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ELOGIO, INICIATIVA, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), LANÇAMENTO, PERIODICO, ATIVIDADE AGROPECUARIA, ESTADO DO TOCANTINS (TO), COMENTARIO, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, EXPORTAÇÃO, ENERGIA ELETRICA, ANALISE, MILHO, SOJA, ABACAXI, AMPLIAÇÃO, AREA, PLANTIO, CRESCIMENTO, PECUARIA, MELHORIA, QUALIDADE, CARNE BOVINA, COMERCIALIZAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CARLOS PATROCÍNIO (PTB - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje à tribuna saudar o lançamento, pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, do Boletim Informativo que aborda a conjuntura agropecuária do Tocantins.

            O periódico, de responsabilidade da Superintendência Regional da CONAB e intitulado Acompanhamento Conjuntural de Produtos Agrícolas no Tocantins, traça um panorama fiel da situação da atividade agropecuária no meu Estado.

            O excelente potencial do Tocantins para a produção agropecuária já é do conhecimento geral. Possuímos riquíssimos recursos naturais, que possibilitam uma exploração agropecuária altamente rentável, capaz de atender às demandas internas e de produzir excedentes para exportação. Entre esses recursos naturais, merecem destaque o clima quente e úmido, com farta incidência de luz solar, e os abundantes recursos hídricos, particularmente as bacias dos rios Araguaia e Tocantins, este último com dois terços da água de sua bacia hidrográfica localizada no Estado.

            Outra importante vantagem comparativa do Tocantins, para o desenvolvimento da agropecuária; é sua localização geográfica. Embora a divisão política do Brasil o inclua na região Norte, o Tocantins situa-se no centro do País, usufruindo, nessa medida, de uma posição privilegiada, pois é o corredor natural para o escoamento da produção agrícola dos Estados circunvizinhos, alguns deles importantes produtores. Assim, pelo Tocantins transita a produção do nordeste de Goiás, do leste de Mato Grosso, do sudeste do Pará, do sudoeste do Maranhão, do oeste da Bahia e do sul do Piauí.

            Na verdade, apesar de sua recente emancipação como Estado autônomo, há apenas 12 anos, o Tocantins já avançou largos passos na concretização de seu potencial agropecuário, e sua produção já desponta como uma das mais promissoras do País. A etapa seguinte tornar-se-á realidade, mediante a atração de novos investimentos externos; para isso o Estado vem promovendo o melhoramento de sua infra-estrutura.

            No âmbito da oferta de energia, deve-se ressaltar a implantação, já em fase final, da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, que irá gerar 850 MWH. Desses, o Estado necessitará, para sua demanda, de apenas 30%, estando prestes a tornar-se, portanto, exportador de energia elétrica. Já o Programa de Eletrificação Rural - PERTINS, que fora inicialmente projetado para atingir 9 mil fazendas, tem agora a pretensão de chegar à metade das 25 mil propriedades rurais cadastradas no Estado.

            Quanto à infra-estrutura de transporte, a hidrovia Araguaia-Tocantins poderá, muito em breve, ser utilizada de forma segura e comercialmente viável, tão logo se concluam algumas melhorias. Essa via líquida faz parte, na verdade, de um plano logístico maior, que prevê a integração hidrovia-rodovia-ferrovia, constituindo o futuro Corredor Multimodal de Transporte do Centro-Norte. Esse complexo de transporte, que é um dos projetos do programa federal “Brasil em Ação”, contribuirá decisivamente para o desenvolvimento das fronteiras agrícolas do Tocantins e circunvizinhanças, num total de 80 milhões de hectares.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Acompanhamento Conjuntural de Produtos Agrícolas do Tocantins mostra que o Estado colheu, no corrente ano, mais uma safra recorde. O aumento da produtividade, aliado à diversificação de culturas, fez com que os números desta última safra fossem ainda mais expressivos do que os registrados nos anos anteriores. Os plantios de milho e soja tiveram incremento bastante significativo. Já a insatisfação havida no segmento orizicultor, motivada principalmente pelo baixo preço pago aos produtores, estimulou-os a buscarem culturas alternativas, como forma de equilibrar seus ganhos no decorrer do ano-safra. Com isso, a economia estadual foi beneficiada pelo fortalecimento dos setores de fruticultura, piscicultura e pecuária.

            A análise de cada uma das culturas isoladamente evidencia uma queda na produção de arroz irrigado, contrabalançada por um aumento na produção do arroz de sequeiro, da soja e do milho.

            A redução na produção de arroz irrigado decorreu da diminuição da área plantada, em função do desestímulo representado pelo alto custo de insumos e sementes e pelo baixo preço obtido na comercialização da safra passada. Tudo isso fez com que os produtores optassem por destinar parte de suas áreas para pousio. Mesmo nessa cultura, contudo, verificou-se um ganho de produtividade, que passou de 4 mil 592 para 4 mil 665 quilos por hectare, graças à utilização de tecnologia avançada, calagem e correções de solo, sementes fiscalizadas, colheitadeiras bem reguladas, entre outros fatores. A produção, embora tenha caído mais de 20%, ainda superou 174 mil toneladas, garantindo ao arroz irrigado a permanência no posto de principal produto agrícola do Tocantins.

            Já o cultivo do arroz de terra alta, ou arroz de sequeiro, beneficiou-se do baixo custo de produção e da utilização de novas variedades, mais produtivas e resistentes a pragas e a fungos. Nessa cultura, o Tocantins experimentou o aumento da área plantada da ordem de 2%, e o incremento da produtividade em 12%. A produção chegou a mais de 121 mil toneladas. Os resultados financeiros positivos obtidos pelos produtores poderão acarretar, nas próximas safras, aumentos mais consideráveis na área plantada.

            O interesse dos produtores tocantinenses pelo cultivo de milho irrigado tem crescido, em razão do aumento da criação de aves para abate e da prática do semiconfinamento na pecuária de corte. Assim, os produtores vêm realizando novos investimentos em tecnologia, de modo a viabilizar o aproveitamento de novas áreas para o cultivo de lavouras irrigadas, as quais têm apresentado excelentes resultados. Foram colhidas, nesta safra, 3 mil e 400 toneladas de milho irrigado.

            Já a produção de milho de terra alta, ou milho de sequeiro, está voltada para o atendimento da demanda interna, não tendo como objetivo a comercialização de excedentes, em estreita correspondência com o alto custo da produção e a baixa produtividade. Entretanto nesta safra houve um aumento superior a 32% na área plantada, ocasionado pela maior procura pelo produto no mercado. A produtividade, por seu turno, teve incremento de 13,5%, graças à utilização de tecnologia avançada nas lavouras. O aumento da área plantada, juntamente com o aumento da produtividade, garantiram um crescimento superior a 53% na produção, que superou 111 mil toneladas.

            A área plantada com soja de sequeiro, no Município de Pedro Afonso, teve aumento significativo em conseqüência das ampliações do PRODECER III - Programa de Desenvolvimento do Cerrado. Lamentavelmente, contudo, houve uma redução na produtividade das demais áreas, onde não há ainda o plantio com tecnologia adequada. No conjunto do Estado, a produtividade teve redução de 5,35%, caindo de 2 mil 483 para 2 mil 357 quilos por hectare. O substancial aumento da área plantada, contudo, da ordem de quase 52%, garantiu o aumento da produção em 44%, chegando a 129 mil toneladas.

            Outras culturas temporárias de longa duração, bem como as permanentes, vêm ganhando destaque no cenário estadual devido ao aumento significativo de áreas plantadas. Um caso que merece destaque é o do abacaxi, que vem obtendo resultados positivos nas últimas safras. Na safra de 2000 verificou-se uma produção superior a 37 milhões de frutos e um rendimento médio superior a 22 mil e 200 frutos por hectare. Isso representa um acréscimo na produção em torno de 23%, em relação à safra de 1999. O Município de Miracema e sua região destacam-se como principal centro, com uma produção de aproximadamente 20 milhões de frutos, correspondendo a mais da metade da produção de abacaxi do Estado.

            Devido à utilização de novas tecnologias e à prática de manejo adequado, a colheita do abacaxi no Estado do Tocantins realiza-se em todos os meses do ano. O pico da produção, contudo, concentra-se nos meses de fevereiro e março, justamente no período em que ocorrem os melhores preços no mercado nacional para esse fruto, devido à ocorrência da entressafra do abacaxi na região Nordeste. Por essas razões, os produtores tocantinenses auferem melhores rendimentos.

            Os abacaxicultores integrantes da CEPAMIR - Central dos Produtores de Abacaxi de Miracema - intensificaram, a partir de fevereiro deste ano, o fornecimento semanal de mais de 70 mil frutos para os mercados de Goiás, Bahia e, principalmente, para os Estados da região Sudeste, onde o fruto tocantinense possui uma excelente aceitação, já consolidada em decorrência da sua alta qualidade.

            Também na pecuária bovina, o Tocantins tem posição de destaque, possuindo o nono maior rebanho do País, com quase 6 milhões de cabeças de gado. O Estado possui muitas possibilidades, no que diz respeito à produção de carne bovina, principalmente pelas grandes extensões de terras, clima favorável o ano todo e, mais recentemente, por ter-se tornado Área Livre de Febre Aftosa. Esses diferenciais tornam o Estado altamente competitivo, especialmente na produção do chamado “boi verde”, tão em voga. Essa pecuária natural, onde os animais atingem o peso de abate alimentando-se basicamente de pastagem, sem utilizar suplementação à base de proteína animal, tem seu mercado em franco crescimento.

            A pecuária extensiva praticada no Estado é também chamada “pecuária natural”, conjugando extensão territorial, sol e boas pastagens. Ela permite que os animais, em sua maioria da raça Nelore, apresentem ganho de peso considerável, mesmo em comparação com a pecuária altamente tecnológica praticada nas demais regiões do País. As regiões tocantinenses de cria e recria do já mencionado “boi verde” são a sul e a sudeste, enquanto que nas regiões norte e noroeste, especialmente em Araguaína, realiza-se o processo de engorda do gado.

            No Estado funcionam, atualmente, cinco grandes frigoríficos, dois em Araguaína, dois em Gurupi e um em Colinas. Em 1999, foram comercializadas aproximadamente 125 mil toneladas de carnes. Os principais mercados importadores foram os Estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e a Região Nordeste. Agora, a pecuária tocantinense volta-se para a formulação de um marketing mais agressivo, capaz de divulgar a qualidade da carne de seus rebanhos, de modo a conquistar novos mercados.

            Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, como se pode ver, o Boletim Informativo lançado pela CONAB retrata de modo abrangente a situação da agropecuária no Tocantins. Além das informações já mencionadas, ele aborda também a situação das unidades de armazenagem existentes no Estado, os estoques governamentais e os programas de comercialização de produtos agrícolas, além dos programas sociais e institucionais, como, por exemplo, o de Distribuição de Cestas de Alimentos.

            Trata-se, portanto, de um periódico da maior utilidade para a divulgação da pujança da economia agropecuária tocantinense. Por isso, desejo manifestar aqui meu louvor ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, à Companhia Nacional de Abastecimento e à sua Superintendência Regional do Tocantins, pela oportuna iniciativa de publicar o Acompanhamento Conjuntural de Produtos Agrícolas do Tocantins.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2002 - Página 8805