Discurso durante a 117ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de regulamentação da divulgação de pesquisas eleitorais.

Autor
Chico Sartori (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RO)
Nome completo: Francisco Luiz Sartori
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Defesa de regulamentação da divulgação de pesquisas eleitorais.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2002 - Página 18671
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, COMPROMISSO, MELHORIA, SITUAÇÃO, PAIS.
  • COMENTARIO, ELOGIO, CAMPANHA, IVO CASSOL, CANDIDATO ELEITO, GOVERNADOR, ESTADO DE RONDONIA (RO).
  • DEFESA, NECESSIDADE, REGULAMENTAÇÃO, DIVULGAÇÃO, PESQUISA, ELEIÇÃO, COMBATE, PREJUIZO, CANDIDATO, MOTIVO, INFLUENCIA, DADOS, ESCOLHA, POPULAÇÃO.
  • ANALISE, CAMPANHA, ORADOR, SENADO, BENEFICIO, MELHORIA, ESTADO DE RONDONIA (RO).
  • AGRADECIMENTO, FAMILIA, POPULAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), APOIO, TRABALHO, ORADOR, SENADO.
  • REGISTRO, VISITA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESIDENCIA, SENADO.

O SR. CHICO SARTORI (Bloco/PSDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nunca na história política do País tantos brasileiros foram às urnas para escolher tantos candidatos como nas eleições de que acabamos de participar.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - Com a devida vênia de V. Exª, informo mais uma vez aos Srs. Senadores que o Presidente da República eleito será recebido pelo Presidente do Senado Federal, Ramez Tebet, no gabinete da Presidência. Estão convidados todos os senadores que desejarem comparecer.

V. Exª tem a palavra, Senador Sartori.

O SR. CHICO SARTORI (Bloco/PSDB - RO) - Sr. Presidente, foi a maior de todas eleições no meu Estado de Rondônia, onde tive a oportunidade de disputar uma cadeira para o Senado Federal pelo PSDB. Mais de 80% dos eleitores foram em massa aos locais da votação. No entanto, grande parte dos eleitores se atrapalhou com a urna eletrônica e, principalmente, com a profusão de números, o que provocou alguns atrasos na votação e retardou o início das apurações.

Nada, porém, ofuscou o brilho, Sr. Presidente, da grande demonstração de transparência e de competência que a democracia brasileira deu ao mundo. Mesmo com a demora em algumas seções eleitorais, as pessoas não arredaram o pé, enfrentaram as filas, exerceram com determinação um dos seus mais preciosos direitos de cidadania.

Na verdade, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que aconteceu nos dias 6 e 27 de outubro aumentou, e muito, a responsabilidade dos eleitos pelo Brasil afora.

Infelizmente, não tive os votos suficientes para participar desse vitorioso grupo. Isso faz parte do jogo democrático. Entretanto, com essa demonstração de maturidade política do nosso povo, cada vez mais se exigirá daqueles que irão assumir os seus novos mandatos, seja no Executivo ou no Legislativo, uma maior responsabilidade para com o exercício dessas funções. O Brasil deu uma demonstração clara de que está mudando.

Tomei posse como Senador nesta Casa, em março deste ano, como representante de Rondônia. Assim fiz após um processo judicial demorado, que prejudicou sensivelmente a minha caminhada eleitoral, pois, na verdade, tive apenas cento e vinte dias de trabalho efetivo no Senado Federal para demonstrar ao povo do meu Estado o que fiz e o que era capaz de fazer em benefício de Rondônia e do meu País.

Sr. Presidente, há necessidade de suspender a sessão por causa da recepção do Presidente eleito?

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - V. Exª poderá continuar o seu discurso logo após o retorno das Srªs e Srs. Senadores.

Suspendo a sessão por dez minutos a fim de que as Srªs e os Srs. Senadores possamos acompanhar a recepção, no Senado Federal, na sala do Presidente Ramez Tebet, do Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Logo em seguida, daremos continuidade aos trabalhos do plenário.

(A sessão é suspensa às 15 horas e 10 minutos e

reaberta às 16 horas e 13 minutos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - Está reaberta a sessão.

Continua com a palavra o nobre Senador Chico Sartori.

O SR. CHICO SARTORI (Bloco/PSDB - RO) - Senti falta de solidariedade durante a minha incansável luta para chegar a esta Casa da forma que cheguei. Enfrentei mazelas e obstáculos criados sobretudo por maus e perniciosos indivíduos que, dizendo-se companheiros, apunhalavam-me pelas costas, fazendo lobby junto às autoridades competentes do Governo e do meu próprio Partido para que eu não assumisse o mandato de Senador da República. Não há outra explicação para esse comportamento doentio senão a falta de competência política, de princípios éticos e morais para conviver no cenário político.

Essas eleições, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vieram também demonstrar que o povo, na sua sabedoria popular, soube julgar, com imparcialidade, algumas dessas figuras que, por trás da cortina da falsidade, tentavam, mais uma vez, esconder-se em um longo mandato eletivo para enganar os homens de bem e o povo de Rondônia.

Por inúmeras vezes fui à Direção Nacional do meu Partido para mostrar as dificuldades que atravessava o PSDB de Rondônia, a falência dos nossos quadros, e solicitei uma maior atenção da cúpula nacional. No entanto, não fui ouvido - outros interesses certamente estavam em jogo.

Dentro desse cenário repleto de dificuldades - a Direção Nacional do nosso Partido não dava ouvidos aos correligionários dos Estados mais modestos, como Rondônia -, era desestimulador para os nossos companheiros militantes e principalmente para nós, candidatos, insistirmos em defender a candidatura oficial do companheiro José Serra à Presidência da República, muito embora reconhecêssemos ser essa a melhor opção para governar o nosso País.

As urnas falaram mais alto e os eleitores brasileiros decidiram que nos próximos quatro anos o Brasil vai ser governado pelo Partido dos Trabalhadores, tendo à frente a expressiva liderança do sindicalista e Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, a quem devo desejar boa sorte na condução do País e na implantação das promessas feitas durante a campanha eleitoral.

No plano estadual, em Rondônia, o PSDB teve a felicidade de ter o companheiro Ivo Cassol eleito Governador, numa eleição acirrada - o mérito é mais da obstinada luta do que, na verdade, do apoio da Direção Nacional do nosso Partido.

O desempenho de campanha de Ivo Cassol, ex-Prefeito de administração bem sucedida no Município de Rolim de Moura, no Estado de Rondônia, tanto no primeiro como no segundo turno, surpreendeu a todos. Ele conseguiu superar o atual Governador José Abreu Bianco, obtendo 59,1% dos votos da sociedade de Rondônia.

Ao Governador Ivo Cassol, nesta oportunidade, aqui desta tribuna do Senado Federal, onde, como tucano, atuo com muito orgulho, representando o Estado de Rondônia, quero expressar as minhas felicitações e a certeza de que a sua coragem e a obstinada luta haverão de resgatar as esperanças do povo de Rondônia que, de forma decidida, optou merecidamente pelo seu nome para governar aquele grande Estado da nossa Federação.

Essas eleições, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, conscientizaram-me de que algumas reformas precisam ser feitas em benefício da ordem eleitoral; entre elas, uma regulamentação mais séria das pesquisas eleitorais. Grande parte dos institutos erra drasticamente, chegando a prejudicar alguns candidatos, derrotando-os prematuramente.

Sofri graves prejuízos com as pesquisas sabidamente equivocadas. Não é isso o que desejam a Justiça Eleitoral e a sociedade brasileira. Espero que os novos Parlamentares proponham medidas para a correção de rumos na divulgação das pesquisas eleitorais, haja vista que a atual legislação tem sido impotente para coibir a influência que elas têm no pleito, em benefício de uns e prejuízo de outros.

As pesquisas, Sr. Presidente, da forma como são atualmente divulgadas, induzem os eleitores, já que muitos deles votam nos que são apontados como favoritos. É comum, no meu Estado, elas agradarem àqueles que as encomendaram. Por isso, elas têm que ser patrocinadas pelo fundo partidário.

O povo brasileiro demonstrou o seu desejo de fortalecer cada vez mais a democracia nas propostas que primam pela inclusão, participação e justiça social. O povo está dando uma demonstração cristalina de esperança nas propostas que se contrapõem às políticas neoliberais, tão em voga nos dias atuais.

Sr. Presidente, dentro deste cenário, alguns caciques da política de Rondônia foram despedidos pelo povo. Os métodos arcaicos e conservadores foram derrotados. A política do atraso aos poucos está sendo consumida para dar lugar às políticas do desenvolvimento, da produtividade agropecuária, da geração de empregos, da educação, da saúde pública, da segurança pública, da informação tecnológica, sem, no entanto, perder de vista o humanismo e as prioridades sociais.

Precisamos fazer o País crescer. Precisamos distribuir a renda para buscar a felicidade geral do nosso povo. O que queremos é o bem de Rondônia e do Brasil. Quero, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a redução das desigualdades sociais e o fim da fome.

O que me interessa é a distribuição da renda. Os novos futuros Senadores devem se incorporar aos nobres Colegas que aqui continuam para realizar as verdadeiras reformas de que o País tanto precisa. Espero ver a reforma política, a reforma tributária e a verdadeira correção da reforma previdenciária. O Brasil não mais suportará conviver com esse sistema eleitoral injusto. É urgente que venha a fidelidade partidária, o voto facultativo, o financiamento público de campanha e o voto distrital.

Na verdade, Sr. Presidente, nós, que participamos como candidatos nessas eleições, estamos a enfrentar controversos sentimentos: “a euforia daqueles que saíram vitoriosos e a frustração dos que perderam”. Ambas as sensações são bastante difíceis de serem lidadas. A primeira, aparentemente, é a melhor, a auto-estima do candidato vai às alturas. Ele se sente poderoso e até convicto de que cumprirá todas as promessas que fez ao eleitor em campanha. Mas esse sentimento, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, durará muito pouco. O poder ilimitado é tão frágil quanto uma bolha de sabão. Logo, Sr. Presidente, caros Colegas Senadores e Senadoras, todos os que ganharam vão entender que não poderão dar um só passo por conta própria. Cedo virão as pressões, as cobranças e as dificuldades que o poder imprime.

Fiz uma campanha limpa, com parcos e limitados recursos, preferi o contato direto com o povo, visitando todos os municípios de Rondônia, a apresentar a minha prestação de contas do que fiz nos 100 dias como Senador, bem como o que poderia fazer se o povo me confiasse o legado de retornar a esta Casa. Em todos os municípios que visitei, recebi o abraço e o reconhecimento pelo trabalho realizado em tão pouco tempo como Senador da República.

Senti em cada abraço, em cada aperto de mão, o apreço da gratidão pelo que fiz pelo povo do meu Estado e do Brasil.

Quero, Sr. Presidente, nesta oportunidade em que falo da tribuna desta Casa, agradecer aos rondonienses a confiança em mim depositada para reafirmar o meu contentamento e a minha gratidão às pessoas que me ajudaram direta ou indiretamente, àqueles que acreditaram no meu trabalho.

Um agradecimento especial à minha esposa, Dona Luíza, às minhas filhas Odete, Claudete, Janete e Rosemeri, aos meus genros Fábio e Wilson Lima e, mais do que nunca, aos meus netos. Orgulho-me de eles poderem dizer, um dia, da alegria de falar do avô que tiveram, em todos os sentidos ético e moral.

Quero também dizer aqui que assisti, neste momento, no gabinete do Presidente do Senado da República, Senador Ramez Tebet, à visita do Presidente eleito pela maioria dos brasileiros, Luiz Inácio Lula da Silva. Desejo-lhe, mais uma vez, votos de sucesso, para que possa conduzir este País da melhor forma possível.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2002 - Página 18671