Discurso durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à paralisação da licitação para as obras na rodovia BR-101, no trecho entre o município de Palhoça/SC até a fronteira do estado com o Rio Grande do Sul. Solicitação de suspensão do novo edital de licitação do Banco do Estado de Santa Catarina, federalizado.

Autor
Jorge Bornhausen (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
Nome completo: Jorge Konder Bornhausen
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. BANCOS.:
  • Críticas à paralisação da licitação para as obras na rodovia BR-101, no trecho entre o município de Palhoça/SC até a fronteira do estado com o Rio Grande do Sul. Solicitação de suspensão do novo edital de licitação do Banco do Estado de Santa Catarina, federalizado.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2002 - Página 19631
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. BANCOS.
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, CONCLUSÃO, MELHORIA, TRECHO, RODOVIA, LIGAÇÃO, MUNICIPIO, PALHOÇA (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), LIMITE GEOGRAFICO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), COMENTARIO, PROCEDIMENTO, VIABILIDADE, OBRA PUBLICA, CRITICA, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), LANÇAMENTO, ELABORAÇÃO, EDITAL, EXISTENCIA, IRREGULARIDADE.
  • LEITURA, TRECHO, EDITAL, SOLICITAÇÃO, CORREÇÃO, DOCUMENTO, VIABILIDADE, CONTINUAÇÃO, MELHORIA, RODOVIA.
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), AUTORIA, ORADOR, DESTINAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLICITAÇÃO, SUSPENSÃO, EDITAL, LICITAÇÃO, BANCO ESTADUAL, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna desta Casa para manifestar-me sobre dois assuntos de grande importância para o meu Estado, Santa Catarina.

Um refere-se à duplicação da BR-101, do trecho que vai de Palhoça à fronteira com o Rio Grande do Sul. O outro diz respeito ao edital de licitação do Banco do Estado de Santa Catarina.

Sobre ambos já me manifestei junto ao Presidente da República, mas desejo consignar a minha posição no Plenário desta Casa.

Em 1994, quando fui candidato ao governo do meu Estado, apoiei para Presidente da República o então Senador Fernando Henrique Cardoso. Naquela ocasião eu o acompanhei, em visita que fez a Santa Catarina, em um vasto percurso da estrada, a BR-101, entre Joinvile e Barra Velha, para mostrar ao candidato as grandes dificuldades que sofria Santa Catarina, com uma estrada em más condições, e também a necessidade de sua duplicação em todo o nosso Estado, levando essa duplicação da fronteira do Paraná à fronteira do Rio Grande do Sul. Fez, então, o candidato, promessa pública de realizar essa obra, que era, sem dúvida alguma, a grande prioridade dos catarinenses.

Grandes movimentações foram feitas e, desde o início de seu Governo, acompanhei cuidadosamente os passos para que fôssemos alcançando as diversas etapas.

Primeiramente, foi conseguido um empréstimo do Banco Mundial para podermos fazer a duplicação desde a fronteira do Paraná até o Município de Palhoça. Essa obra foi licitada e encontra-se realizada, com pequenos problemas, que devem ser resolvidos no curso do próximo ano.

Começamos a batalha para a etapa subseqüente - a do trecho de Palhoça à divisa do Rio Grande do Sul -, e encontramos inúmeras dificuldades: dificuldades no financiamento, que foram vencidas; dificuldades em órgãos do Governo, como o Ministério do Meio Ambiente, especificamente o Ibama, e, depois, com a Funai.

Com muita luta, a Bancada de Santa Catarina, com a participação de todos os Senadores e Deputados Federais, de Lideranças da Assembléia Legislativa, de Prefeitos Municipais e de membros das Câmaras de Vereadores, conseguiu vencer, um a um, os obstáculos. Faltava, portanto, o momento do lançamento do edital.

Vencidos os obstáculos, o Ministro dos Transportes comunicou que faria, no dia 25 de junho, o lançamento do edital para a duplicação daquele trecho da estrada.

Lamentavelmente, não acolheu a sugestão do Governador de fazer uma solenidade conjunta entre o Governo Federal, que ele representava, e o Governo do Estado, muito bem dirigido pelo Governador Esperidião Amin. Preferiu uma solenidade partidária. Realizou-a no dia 25 de junho, em Passo de Torres, Município de fronteira entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Conduziu-a com seus companheiros de Partido e de coligação para, em um ato político, prestar estímulo às candidaturas de seu Partido.

O Senador Geraldo Althoff e eu, que lutamos pela estrada, que fomos várias vezes ao Presidente da República, que comparecemos a audiências públicas, não poderíamos compartilhar desse ato, mas, apesar da situação constrangedora, não deixamos de aplaudir a iniciativa, a consecução de uma ação que vinha sendo perseguida pelo Presidente da República.

Ocorre, todavia, que, no dia 15 de outubro de 2002, o Ministro Marcos Vilaça, acompanhando o edital de licitação, teve que interferir com um despacho de Ministro-Relator, suspendendo a referida licitação. E apresentou os argumentos, baseados em levantamento de auditoria, mostrando que seria necessário medida cautelar para que se evitassem ilegalidades e inconstitucionalidades.

O Ministro levou pessoalmente o edital a Santa Catarina, no dia 25 de junho. Fez-se acompanhar do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. No entanto, esse edital veio, segundo o Ministro-Relator, que adotou a medida cautelar com base nos auditores de Santa Catarina, eivado de vícios.

As normas licitatórias brasileiras, que deveriam constar do edital, de acordo com o pedido do BID, foram esquecidas. E foram incluídas no edital condições que mostram a temeridade da ação do Ministério dos Transportes.

E destaca o Ministro Marcos Vilaça:

(...) a exigência de valor mínimo de faturamento anterior das licitantes nos Editais nºs 0003/02-00 e 0004/02-00, de até R$150.000.000,00 anuais, contraria o art. 37, inciso XXI, da CF, dado que se mostra excessivo para a garantia do cumprimento das obrigações da contratada. Como demonstrado pela Secex/SC, pouquíssimas empresas estariam habilitadas a concorrer nas licitações. Diversas empresas conceituadas no ramo de pavimentação e terraplenagem ficariam impedidas de disputar certos lotes.

Acrescento que estes são em número de nove.

Aduz o Ministro Marcos Vilaça que, sem o critério de aceitabilidade de preços, “abrem-se as portas para o superfaturamento”.

É inadmissível que um edital como esse tenha sido lançado em festa política, e solenemente. É evidente que o caminho certo era a demissão do Diretor-Geral e do Ministro. O Presidente Fernando Henrique é um homem de bem, um homem que conduz este Brasil com serenidade. A ele me dirigi. Sei que dificilmente haverá uma solução para a manutenção do edital, porque ele está claramente dirigido.

É necessário, portanto, para não perdermos tempo, pois é uma estrada que causou milhares de vítimas e que é amplamente almejada por Santa Catarina, especialmente pelo sul do Estado e pela sua gente - que foi tripudiada pela ação do Ministério dos Transportes -, que se corrija o edital e que o Governo o faça com seriedade. É preciso, ainda, que, lançado na maior brevidade possível, fique resguardado o Erário público e a moralidade administrativa.

Faço, desta tribuna, este apelo ao Presidente Fernando Henrique, para que Santa Catarina não sofra com novos atrasos.

O segundo assunto, que também considero da maior importância, é o Banco do Estado de Santa Catarina. Passei ao Presidente uma mensagem, na última sexta-feira, que desejo ler da tribuna desta Casa.

Excelentíssimo Senhor

Presidente Fernando Henrique Cardoso,

Cumprimentando Vossa Excelência pela correta e democrática transição que vem oferecendo ao País, permita-me, por isso mesmo fazer minhas ponderações a respeito do Edital de Licitação do Banco do Estado de Santa Catarina S.A.

O Governador Esperidião Amin recebeu o BESC falido, conforme constatou o Banco Central e só restariam duas soluções imediatas, a liquidação ou a federalização, já que o Estado de Santa Catarina naquela ocasião também havia sido quebrado pelo seu antecessor.

Graças ao entendimento entre o Governo Estadual e o Federal foi possível com a federalização, que o BESC fosse salvo, preservando agências pioneiras, depositantes e aplicadores e seu quadro de funcionários.

Contribuí para a solução, a melhor possível na ocasião, quando dos entendimentos e da tramitação do processo no Senado Federal.

Agora no final de seu Governo o Banco Central lançou Edital de Licitação para transferência do controle acionário do BESC e da BESCRI e vem Vossa Excelência, que impediu o desastre completo da instituição, sendo vítima de todas as espécies de ataques.

Cumpre-me, portanto, aconselhar e solicitar a Vossa Excelência que, em nome da transição que vem exemplarmente sendo executada, seja suspenso o Edital de Licitação, deixando que a decisão e as responsabilidades futuras sejam do futuro Presidente.

Confiante no acolhimento de nossa sugestão, aproveito para renovar minha sincera e permanente amizade.

Respeitosas saudações,

Jorge Konder Bornhausen.

Quero reafirmar a minha posição desta tribuna. O Presidente eleito, quando em campanha em Santa Catarina, afirmou que desejava manter o Besc como um banco público. O Presidente Fernando Henrique salvou aquela instituição da falência, ajudado pelo Governador Esperidião Amin e graças à atuação do Senado Federal. Repito, salvou depositantes, salvou a economia catarinense, empregos, agências pioneiras.

Entendo, no entanto, que agora, com a manifestação expressa do Presidente eleito, o Presidente Fernando Henrique Cardoso deve deixar a decisão ao futuro Presidente da República, que assumirá, a partir de 1º de janeiro, a responsabilidade sobre os desdobramentos e as conseqüências de sua decisão.

Eram essas as informações e as posições que desejava manifestar, neste momento, da tribuna do Senado Federal.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2002 - Página 19631