Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade 2003, cujo tema é "Fraternidade e Pessoas Idosas: Vida, dignidade e esperança".

Autor
Aelton Freitas (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: Aelton José de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA.:
  • Homenagem à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela Campanha da Fraternidade 2003, cujo tema é "Fraternidade e Pessoas Idosas: Vida, dignidade e esperança".
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2003 - Página 6281
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • HOMENAGEM, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), CAMPANHA DA FRATERNIDADE, DEBATE, SITUAÇÃO, IDOSO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, IGREJA CATOLICA, CONSCIENTIZAÇÃO, CIDADANIA, LUTA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO.
  • EXPECTATIVA, VOTAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, ESTATUTO, IDOSO.

O SR. AELTON FREITAS (Bloco/PL - MG) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tendo assumido o mandato de Senador da República por Minas Gerais com a vitoriosa eleição do Vice-Presidente José Alencar Gomes da Silva, quero, em nome do Povo de Minas Gerais e, especialmente, do povo do meu querido Triângulo Mineiro, associar-me às justas homenagens que esta Câmara Alta presta, nesta Sessão Solene, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pela Campanha da Fraternidade de 2003.

A Campanha da Fraternidade nasceu na década de 1960 na Arquidiocese de Natal, no Rio Grande do Norte, graças ao excelente apostolado pastoral do Eminentíssimo Cardeal Dom Eugênio de Araújo Salles, então Arcebispo do povo potiguar.

Assumida, em nível nacional, em 1963, por todas as Dioceses do Brasil, a Campanha da Fraternidade de 1964 a 1977 tratou de aplicar na vida da Igreja no Brasil as reformas levadas a efeito, inicialmente, pelo Plano de Emergência, depois pelo Plano de Pastoral de Conjunto, tratando de assuntos reformuladores da vida eclesial: como a pertença à vida da Igreja; a Paróquia como comunidade de fé, culto e amor; a responsabilidade coletiva e individual da fé; a igualdade entre os irmãos; o credo, o próximo, a participação cristã, a reconciliação, a felicidade do serviço, o amor que vence o egoísmo, o irmão como meta da evangelização, o pão repartido, a caminhada de fé e a evangelização que se inicia na sua casa.

Depois, a Igreja no Brasil, a partir de 1978, veio tratando de temas mais variados da vida social do povo brasileiro, conclamando a sociedade e o governo a refletirem sobre os mais variados flagelos da vida nacional, especialmente aqueles que deixam o povo na miséria e na falta de dignidade, como trabalho, justiça, saúde, liberdade, fraternidade, fim da violência, vida, fome, terra, menor, índios, comunicação, paz, mulher e homem: imagem de Deus, trabalho, juventude, moradia, família, irmão excluído, justiça, prisão, vida, trabalho, exclusão, vida e não as drogas, e, por fim, terra sem males.

Sr. Presidente, em 2003, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil propõe como tema da Campanha a FRATERNIDADE E PESSOAS IDOSAS e como lema VIDA, DIGNIDADE E ESPERANÇA.

O mineiro de Capela Nova das Dores, Dom Raymundo Damasceno Assis, Secretário Geral da CNBB, assim se expressou sobre a Campanha da Fraternidade no jornal da Santa Sé: “Segundo o último censo do IBGE, em 2000, o número de idosos atingiu 8,6% da população, o que equivale a 15 milhões de pessoas. Para os próximos vinte anos, a previsão é de que este número será de 15% do total da população. É uma estatística que não pode mais ser ignorada”.

Continua Dom Damasceno: “No modelo econômico neoliberal, que supervaloriza o lucro, a produtividade, o consumo e a eficiência, o jovem é sobrestimado, enquanto o idoso é considerado freqüentemente uma pessoa inútil, um peso-morto para a família e a sociedade, e um individuo improdutivo para o Estado. Daí, o desprezo por ele e o desrespeito pela sua dignidade.

A Campanha da Fraternidade, neste período de conversão, nos convida a descobrir, no rosto do nosso irmão e irmã envelhecidos pelo tempo e pelo trabalho, o rosto de Jesus Cristo, a beleza de Deus”.

Nesse sentido, Sr. Presidente, a Campanha da Fraternidade nos alerta que é necessário destruir os preconceitos e mitos.

Isso porque, preconceitos e mitos são, em geral, frutos de desinformação e de visão unilateral a respeito de um grupo de pessoas ou de determinada realidade, de modo que a realidade global fica de lado ou se mantém desconhecida.

A superação dos preconceitos e dos mitos só é possível através de esclarecimento e de educação.

A sociedade, ensinam os Bispos católicos, precisa ser conscientizada para que, esclarecendo os pontos dúbios e equivocados, possa partir para uma adequada visão da realidade das pessoas idosas e superar seus preconceitos e mitos.

Sr. Presidente, o idoso é a pérola mais lapidada do tesouro da vida humana.

Dizia o Deputado Geraldo Freire, líder mineiro de muitas gerações, ao perguntar como ele encarava a vida do alto de seus 90 anos. Ele dizia uma frase que marcou minha vida: “Não sou velho, sou trabalhado pela idade, e hoje vivo o tempo de Deus, o tempo melhor da vida, em que posso, sem preconceitos e sem reducionismos, cantar como o Velho Testamento: vivo o melhor da vida, a bênção de Deus, por ter sido fiel ao seu projeto e ter servido ao seu Evangelho”.

Sr. Presidente, nós como representantes dos Estados Federados, encontramos na família e na sociedade muitas pessoas idosas.

Esta Casa deve acolher, na integralidade, o texto-base da Campanha da Fraternidade e procurar estudar projetos que estejam voltados para esta grande massa da sociedade.

É curioso notar que muitas famílias hoje são mantidas pela aposentadoria dos anciãos.

E, num momento de reforma previdenciária, lembrando que a maioria esmagadora da população vive com um único salário mínimo, não tendo forças físicas para voltar ao mercado de trabalho, sendo que muitos foram dele enxotados pela chegada da idade, devemos trabalhar para que as políticas públicas sejam voltadas para o resgate da dignidade do idoso. Nesse sentido, não podemos nos calar, temos de votar urgentemente o Estatuto do Idoso.

É extremamente importante que, em tempos de parceria entre o Poder Público e Sociedade, a Subcomissão Temporária do Idoso, da qual faço parte como membro titular, atue de forma que possamos encontrar os caminhos para o resgate da dignidade de nossos anciãos, pelo oferecimento de propostas objetivas que possam ser concretizadas no mais curto espaço de tempo possível.

Os nossos idosos não podem e não devem mais esperar!

Sr. Presidente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil é uma entidade admirada e respeitada pelo povo brasileiro, em vista de nossa tradição e fé católica, apostólica e romana.

Neste ano a CNBB comemora os seus 50 anos. Como Senador de Minas, pediria licença, para declinar o nome dos mineiros que já dirigiram a CNBB: Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos, Cardeal Motta; Dom Benedito de Ulhoa Vieira; Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida; Dom Serafim Fernandes, Cardeal Araújo; Dom Frei Lucas, Cardeal Moreira Neves; e, neste momento, encerrando seu mandato, o grande Bispo mineiro que nos honra com sua presença, Dom Raymundo Damasceno de Assis.

Aos bispos de ontem e aos de hoje, aos da direção e aos membros do Episcopado mineiro, agradeço à CNBB por ser a porta-voz da sociedade e lutadora pela cidadania e dignidade do povo brasileiro.

Que esta Campanha da Fraternidade espelhe seus frutos, na figura maiúscula do octogenário Papa João Paulo II, que, do alto de seus 83 anos de fé e esperança, cruza o limiar do novo milênio, para que possamos fazer do idoso parte viva da sociedade, em casa e na cidade, para que a dignidade, a felicidade e a esperança de todos os idosos brasileiros sejam a glória desta gente que se ufana dos seus mais velhos, tesouros da grande Nação Brasileira, uma Nação onde Vida, dignidade e Esperança se confundem na construção de um Novo Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2003 - Página 6281