O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há cerca de um mês, aprovamos no Senado Federal o Estatuto dos Torcedores, uma lei em parte contestada, mas que representou, estou convencido, um avanço no que se refere à modernização, ao crescimento e ao desenvolvimento mais integral dos esportes no Brasil.

Novos acontecimentos são relevantes para o nosso País nessa área e sobre eles eu gostaria de dar uma palavra hoje.

Primeiro quero saudar, em nome do meu Partido, a escolha do Rio de Janeiro para disputar o direito de sediar as Olimpíadas de 2012.

Sem dúvida, esta conquista, a vitória do Rio de Janeiro, sem subestimação de outros eventuais candidatos, comprova a caracterização do Rio como cartão-postal do nosso País e, da mesma forma, o reconhecimento de um trabalho de qualidade do Prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. Os dois, o Rio e o seu Prefeito, o seu Governo de uma maneira geral, estão de parabéns. Mas este não é um ato isolado, e é sobre isso que eu gostaria de falar um pouco hoje à noite.

O Brasil é um País de imensas potencialidades. Uma das suas grandes potencialidades, que o povo reconhece, mas que não é organizada, diz respeito à capacidade brasileira nos esportes, que pode e deve ser associada à expansão de uma outra capacidade: a capacidade brasileira de produzir o turismo, trazendo empregos, negócios e distribuir renda.

Em 2004, as olimpíadas serão em Atenas. Em 2008, candidata-se e deverá ser aprovada para sediar outra olimpíada. O projeto dos chineses é fazer uma imensa olimpíada, algo que comprove para o mundo o lançamento da China como grande potência deste século.

A expectativa é que seja, de todas, no século, a mais relevante das olimpíadas internacionais. O Brasil se candidata pelo Rio de Janeiro a fazê-lo em 2012. Em 2012, as olimpíadas serão disputadas por vários países e cidades do mundo inteiro.

Sobre a possibilidade brasileira faço alguns comentários realistas. Primeiro, antes de qualquer coisa, nós brasileiros sempre encontramos um pretexto para subestimar as nossas possibilidades, mas elas são grandes. O conceito mais atual de olimpíada moderna incorpora a idéia de áreas isoladas que podem ser organizadas e nas quais se pode garantir segurança, eficiência e conforto.

A Barra da Tijuca é seguramente no Brasil e no mundo, uma bela paisagem com excelente situação para um programa desse tipo. Investimentos terão que ser feitos, mas são irrelevantes diante da potencialidade desse projeto.

Sendo a Barra da Tijuca uma grande vocação para o projeto, uma outra vantagem brasileira parece ser a questão da segurança. A segurança sob o ponto de vista atual e não a segurança sob o ponto de vista convencional.

O que se entende, hoje, depois especialmente do 11 de Setembro, é que não existe mais apenas um problema de segurança diluído, mas um problema de segurança associado à questão política relevante e à questão do terrorismo internacional.

Cidades como Nova York ou Berlim não são mais seguras nessa perspectiva do que o Rio de Janeiro, e é essa perspectiva que conta. Portanto, o Rio de Janeiro é um endereço possível, assim como o Brasil, para a realização da Olimpíada Internacional em 2012.

Além do mais, é claro que essa atuação brasileira seria relevantemente favorecida, se os brasileiros acreditassem nela, se, desde agora, um esforço fosse feito, um convencimento fosse difundido, o País pudesse acreditar, investir e organizar essa solução.

Temos alguns dados concretos, por exemplo: em relação às Olimpíadas, a decisão tenderá ser por um país do Terceiro Mundo atual, ou melhor, provavelmente das Américas. Há um certo reconhecimento disso.

Além do mais, o Brasil já tem um calendário provável que consolida ainda mais essa expectativa. Em 2007, os Jogos Pan-Americanos serão realizados no Rio de Janeiro. Esta cidade sediará um dos mais importantes eventos do esporte internacional. Para este acontecimento, investimentos já serão feitos. Em torno dele, uma opinião pública internacional será mobilizada, atraída.

O Brasil, por outro lado, tem uma grande possibilidade de ter, em 2014, a Copa do Mundo; em 2006, será a Alemanha; em 2010 há uma tendência para que seja na África. Há uma confirmação de que para 2014 se realize num país sul-americano. A confirmação é absolutamente favorável para o Brasil, uma vez que não haverá, provavelmente nessas condições, nenhum país sul-americano com a capacidade brasileira organizada com tal finalidade.

A combinação dessas atuações: os Jogos Pan-Americanos; a possível definição do Brasil para uma olimpíada que vai se realizar em 2005, que é a data prevista para essa solução, e uma Copa do Mundo em 2014 significam muito mais do que um sonho para os que gostam de esportes. Significam, de maneira concreta, um projeto econômico e social para o Brasil, e é o que devemos ter em vista. Se o Brasil reproduzir tais iniciativas, será um país com novas possibilidades de atrair investimentos e não apenas turismo, um endereço para os esportes internacionais, uma situação crescentemente consolidadora da nossa liderança na América Latina e nas Américas. Apostar e confiar no Brasil passa pela determinação de acreditar em projetos como esses para os quais o Brasil tem vocação, capacidade humana, capacidade técnica e capacidade de mobilizar capitais. Que não se alegue que investimentos para essa finalidade não são prioritários. São. Prioritário no Brasil é, sobretudo, a organização econômica que reproduza emprego, e o faça de forma distribuída.

            O Rio de Janeiro está de parabéns. E devemos no Congresso Nacional tratar do assunto com responsabilidade, com organização, de maneira a que em médio e longo prazo o Brasil se consolide na liderança e melhore as condições de vida da população.