Discurso durante a 123ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 14 do corrente, que ressalta a relevância do trabalho desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Comentários sobre matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 14 do corrente, que ressalta a relevância do trabalho desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA.
Publicação
Publicação no DSF de 18/09/2003 - Página 27484
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, IMPORTANCIA, Amazônia Legal, BRASIL, FALTA, INICIATIVA, PODER PUBLICO, APROVEITAMENTO, RECURSOS, BIODIVERSIDADE, REGIÃO, REGISTRO, ATUAÇÃO, INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZONIA (INPA), REALIZAÇÃO, PESQUISA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
  • COMENTARIO, INFORMAÇÃO, INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZONIA (INPA), CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E TECNOLOGICO (CNPQ), INSUFICIENCIA, INVESTIMENTO, PESQUISA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, REGIÃO AMAZONICA, COMPARAÇÃO, REGIÃO SUL, REGIÃO SUDESTE, FALTA, POLITICA, ATRAÇÃO, PESQUISADOR, EXPECTATIVA, ATENÇÃO, CONGRESSISTA, GOVERNO FEDERAL, APROVEITAMENTO, DEFESA, RECURSOS NATURAIS.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, parece já não haver dúvidas de que a cura do câncer e da aids existe e seu habitat é a imensa biodiversidade da Floresta Amazônica, o nosso grande laboratório genético que só não deslancha por falta de cientistas. É o que leio no jornal O Estado de S.Paulo, edição do dia 14 deste mês de setembro, que publica, ademais, ampla radiografia da região.

Mas a Amazônia não é apenas isso. A Amazônia é muito mais.Diria ainda, parafraseando o que falam os intelectuais de Minas Gerais: o mundo é grande, mas a Amazônia é muito mais!

Já ressaltei, deste plenário, a importância estratégica da Amazônia para o País e para o mundo, mas, até hoje, pouco tem sido feito, principalmente pelo governo, em favor do desenvolvimento da área e para o aproveitamento racional dos recursos de sua flora.

Ainda bem, como mostra o jornal paulista, que há, na própria Amazônia, uma comunidade científica incansável, promovendo pesquisas e orientando estudos de entidades interessadas na exploração sustentável da Região. Menciono, a propósito, o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o INPA.

O trabalho do INPA é dos mais relevantes para o futuro do País, e poderia ser bem mais produtivo, caso pudesse contar com pesquisadores suficientes para levar a cabo suas pesquisas.

Na reportagem do jornal paulista, o biólogo americano Charles Clement, do INPA, que vive há 26 anos na região, reclama da falta de recursos e de apoio, além do reduzido número de técnicos.

Como argumenta esse técnico, a Amazônia representa 60% da área territorial do Brasil, sendo responsável por 7% do Produto Interno Bruto-PIB. Apesar disso, não recebe investimentos em ciência e tecnologia na proporção devida.

Chega a ser vergonhoso, mas a grande verdade é que à Amazônia são feitos investimentos mínimos, que correspondem a apenas 2% do total investido no País.

Para chamar a atenção para tão desconcertante situação, Clement usa uma expressão figurativa, ao dizer que “a Amazônia é colônia do Brasil”, pois não recebe os investimentos federais a que faz jus e que, normalmente, deveriam ser promovidos.

O Conselho Nacional de Pesquisas-CNPq alega que a situação melhorou um pouco no ano passado, elevando-se o percentual de investimentos da União na Amazônia. Este “melhorou um pouco” significa quase nada ainda, elevando-se para 4%.

Os números falam mais alto e seriam suficientes para dar uma sacudida no governo federal, levando-o a investir mais na Amazônia. Segundo o diretor do INPA, José Alves Gomes, a produção científica da Amazônia representa 60 por cento da média nacional. Só isso bastaria para justificar mais investimentos na área.

Gomes estabelece uma comparação, ao dizer que, com muito menos dinheiro do que o carreado para outras regiões, a Amazônia proporcionalmente produz mais do que o Sul e o Sudeste, no tocante a pesquisas científicas.

Já a antropóloga colombiana Cláudia Lopez, do Museu Emílio Goeldi, de Belém do Pará, diz, na reportagem do Estadão: “A região não atrai suficientemente cientistas brasileiros para nela se fixarem. É em decorrência do imaginário desenvolvimentismo nacional, que leva a maioria dos técnicos e pesquisadores a preferirem o Sul e o Sudeste.”

A pesquisadora salienta que os números confirmam suas afirmativas. Segundo estatísticas do CNPq, o Norte do Brasil abriga apenas 2.591 dos cerca de 60 mil pesquisadores do Brasil, dos quais menos da metade são doutores, ou seja, 1.152 cientistas.

Os dados mencionados por Cláudia Lopez concluem que na Amazônia há um doutor para cada 3 mil quilômetros quadrados, enquanto a média brasileira, incluindo o Nordeste e o Centro-Oeste, onde também há poucos pesquisadores, um doutor para cada 90 quilômetros quadrados.

Chamo a atenção do Plenário do Senado da República, advertindo que, se o Brasil quiser tirar partido da prodigiosa riqueza escondida na Floresta Amazônica, terá de investir muito mais em pesquisa e fixar cientistas na região.

A esse propósito, adverte o biólogo Adalberto Luís do Val, do INPA: “Embora prédios modernos e bem equipados sejam necessários, o ser humano é muito mais. É o homem o responsável pela geração de conhecimentos tão necessários ao alcance da soberania sobre uma região que ultimamente vem sendo objeto de ameaças da biopirataria.”

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/09/2003 - Página 27484