Discurso durante a 142ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da inclusão da aposentadoria especial para os professores brasileiros na nova reforma previdenciária.

Autor
Heloísa Helena (PT - Partido dos Trabalhadores/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Defesa da inclusão da aposentadoria especial para os professores brasileiros na nova reforma previdenciária.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2003 - Página 31707
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, PROFESSOR, SAUDAÇÃO, MULHER, ATUAÇÃO, EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO, CIDADANIA.
  • JUSTIFICAÇÃO, EMENDA, AUTORIA, ORADOR, PROPOSTA, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, CONCESSÃO, APOSENTADORIA ESPECIAL, PROFESSOR.

A SRª HELOISA HELENA (Bloco/PT - AL) - Sou boazinha, às vezes, Senador Romeu Tuma. V. Exª sabe disso.

Sr. Presidente, o Senador Jefferson Péres, durante a fala do Senador Mão Santa, fez uma consideração, num aparte, dizendo que havia recebido um e-mail de uma professora, que até solicitava que o tema não fosse tratado nesta Casa no Dia do Professor, até porque, como bem disse a professora e como bem falou o Senador Jefferson Péres e todos os Senadores, sabemos que muitas das trabalhadoras da educação deste País vivem numa situação absolutamente dramática.

Não poderia deixar de dar uma breve palavra em relação a isso. Poderia até ter feito um aparte ao Senador Mão Santa, mas preferi fazer essa homenagem a muitas trabalhadoras da educação do Estado de Alagoas, tanto às nossas queridas companheiras sindicalistas, à companheira Lenilda, à Girlene, ao Luís, a todos os trabalhadores da educação dos setores público e privado, a todas as professoras que foram parte fundamental da minha vida.

O primeiro discurso que fiz foi numa igreja, no Dia das Mães. Nem imaginava fazê-lo, Senador Tuma, porque filho de pobre nem sonha em conquistar alguma coisa na vida; e sonhos, durante a minha vida e a minha infância, não tive a oportunidade de tê-los. Pelo menos aprendi, com minha mãe, analfabeta, a mais bela lição, que era de ser digna, corajosa, de não se dobrar covardemente diante dos grandes e poderosos. 

Das dificuldades que tive desde pequena sabem Dona Salete, Dona Petrúcia, Toinha, Rosa, todas as pessoas que foram fundamentais na minha vida, as irmãs holandesas. Embora muitas pessoas tinham tido experiências dramáticas na convivência com a igreja, experiências de exclusão, de pessoas que são aceitas pelo que suas famílias têm, nunca passei por isso; sempre fui acarinhada.

Quero saudar todas as trabalhadoras da educação. Sei o quanto é duro, porque se trata de uma categoria predominantemente feminina. O Senador Romeu Tuma dava aqui o depoimento sobre a situação da sua esposa. Tantas trabalhadoras da educação estão agüentando cinqüenta meninos pela manhã e cinqüenta à tarde, ganhando R$300 ou R$400, muitas vezes sem oportunidade de educar seus filhos em casa, de deixá-los numa creche, passando, portanto, por uma situação de dor e constrangimento. São essas mulheres que estão possibilitando que seus alunos, por meio do conhecimento, entendam com profundidade a nossa realidade para transformá-la segundo seus sonhos, desejos e mais belas e legítimas aspirações.

Portanto, deixo a essas trabalhadoras a minha saudação especial.

Tive a oportunidade de apresentar uma emenda à reforma da Previdência que envolve a professora da creche, do ensino fundamental, que, muitas vezes, ganha R$300 ou R$400 e teve, infelizmente, retirado o seu direito da aposentadoria especial no Governo Fernando Henrique e nessa proposta de emenda constitucional. Não adianta dizer que elas vão se aposentar cinco anos antes dos outros trabalhadores do setor público, porque se retirou a aposentadoria especial quando se impôs a vinculação do tempo de serviço com a idade.

Não é uma coisa qualquer trabalhar vinte e cinco anos numa sala de aula. E como a gigantesca maioria das professoras entram mais cedo no mercado de trabalho, completam vinte e cinco anos de trabalho cinco ou seis anos antes da idade estabelecida na proposta de reforma da Previdência.

Espero, Sr. Presidente, que possamos dar um declaração de amor às trabalhadoras da educação, às professoras na reforma da Previdência que será votada nesta Casa, possibilitando a aposentadoria especial para essa atividade.

Não adianta apenas cantarmos em verso e prosa nossas homenagens às professoras. No Dia da Mulher, a mulher é cantada em verso e prosa; no Dia do Idoso, o idoso é cantado em verso e prosa. Todos os dias cantamos em verso e prosa, mas, depois, a mecânica da vida nos faz esquecê-los.

Sr. Presidente, se, por acaso, a realidade implacável me tirar da vida política, voltarei de cabeça erguida para a sala de aula, com muita honra, para comer giz. Com certeza, voltarei para a universidade porque não saí de lá mantendo penduricalhos para conseguir a continuidade de qüinqüênios, de aposentadoria especial, como muitos fizeram quando ingressaram na vida pública, na vida política, de uma forma muito especial. Se a vida objetiva me impedir, voltarei a dar aula na minha Universidade - lá estão o meu birozinho, os meus livros - com certeza, com a cabeça erguida.

Portanto, a minha homenagem a todas as trabalhadoras de educação do Brasil todo, mas, de forma muito especial, às minhas companheiras e companheiros do interior do Estado de Alagoas, da capital, enfim, para essas guerreiras gigantes e maravilhosas, que, muitas vezes, repito, não conseguem viabilizar a educação de seus filhos em casa e acabam possibilitando o acesso ao conhecimento na sala de aula, seja no setor público, seja no setor privado.

Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2003 - Página 31707