O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de mais nada, um esclarecimento. Os jornais noticiaram, sempre de maneira correta e de boa-fé, a reunião das oposições ontem com as Lideranças do Governo a respeito das reformas, e um deles disse que o nosso Partido havia liberado os Senadores para votar a favor. A verdade dos fatos, no que toca à reforma da previdência - em relação à tributária, está tudo sendo discutido do zero, e vamos ver o que avança; e, se avançar, que bom para o Brasil! -, para ficar bem claro, os Senadores do PSDB podem até votar a favor, se quiserem, e não sofrem nenhum constrangimento se quiserem votar contra, e vejo uma forte tendência na Bancada para que isso aconteça. Apenas, o Partido não é inquisitorial. Quem quiser votar a favor é livre para fazê-lo. Sem dúvida alguma, de uma vez por todas, não há nenhum constrangimento para quem queira votar contra essa matéria ou qualquer outra ao sabor da sua consciência.

Sr. Presidente, este é o Governo das trapalhadas. Um dia são os velhinhos de 90 anos constrangidos pela insensibilidade do Ministério da Previdência, e o Presidente Lula inadequadamente postado em terras d’África. Depois, vimos a revolta na face do Senador Flávio Arns com o veto a recursos para a Apae, alegando o Governo, com enorme estupidez política - aqui entre nós, que ninguém nos ouça -, que isso feria o ajuste fiscal e contrariava o interesse público.

Tenho dito que, se vão fazer maldade com cada setor, acautelem-se os que dependem de hemodiálise e os hemofílicos, que podem ser os próximos. Foram os velhinhos, a Apae e, quem sabe agora, o pessoal da hemodiálise.

E continua a confusão porque a equação administrativa não está resolvida.

O jornal O Globo de hoje trata dos transgênicos, outra briga no Governo, desta vez entre a Ministra Marina Silva e a Liderança do Governo na Câmara.

O Ministro Furlan critica a falta de ousadia do Governo, segundo matéria da Folha de S.Paulo de hoje.

O nosso inefável Vice-Presidente da República, José de Alencar, defende o boicote ao crediário, protestando contra a política econômica do Governo do qual ele é Vice-Presidente. Diz S. Exª que os consumidores não devem consumir, protestando contra os juros altos.

A Folha de S.Paulo de hoje informa que o Presidente da Câmara, João Paulo, pede cautela diante da reforma trabalhista e que a Liderança do Governo na Casa insiste em fazer a reforma trabalhista. Trata-se de um choque a mais em potencial entre a Liderança do Governo na Câmara e o Presidente daquela Casa - e temos visto muitos choques entre Câmara e Senado a partir das distensões intragoverno.

No Correio Braziliense de hoje, o jornalista Antônio Machado faz uma primorosa descrição da confusão, até solicito que se insira nos Anais os tópicos principais, as cabeças do que aqui arrolo e o texto do artigo do jornalista Antônio Machado.

Ainda no Correio Braziliense: “Filas, o calvário do idoso” e “Falta de informação aumenta o drama” - do idoso.

O mesmo jornal, na sua edição de ontem, publicou: “Aposentado morre a caminho da agência”. Não bastasse a morte moral, a humilhação, agora vem a morte física de um aposentado a caminho da agência.

E quem está dizendo que eu tenho razão não é o Líder da Minoria, Efraim Moraes, não é o Líder José Agripino, do PFL, não é nenhum dissidente do Partido dos Trabalhadores, como a Senadora Heloísa Helena, nem o Senador Alvaro Dias, do PSDB. Quem está dizendo que é procedente a acusação que faço ao Governo de desgoverno, de inércia, de inapetência é um dileto e leal companheiro e amigo do Presidente Lula: é o Governador do Acre, Jorge Viana, que ontem explodiu. Diz S. Exª para O Globo: “O Governo precisa sair da bolha de poder e agir”. Isso é precisamente o que temos dito. S. Exª o disse de maneira mais carinhosa; nós, de maneira mais dura, mas ambos concordando - o grupo dele e o nosso de oposição - que está na hora de o Governo sair da bolha e fazer aquilo que imploro que faça desde 1º de janeiro deste ano: que comece a governar.

Já encerro, Sr. Presidente, dizendo que o Presidente Lula, nesse segundo ano, haverá de ter maturidade suficiente para governar sentado. Sua Excelência tem governado em pé. Ele vai acabar criando uma variz cívica governando em pé. Ele precisa governar sentado. Menos reuniões de Ministros espetaculosas, só para as TVs registrarem, e mais conversas aprofundadas, esmiuçadas, exigentes com cada Ministro, informando-se do que cada Pasta está tratando e procurando formar uma visão crítica, até para ver se o Ministro dele está indo bem de verdade. Tem que ser exigente, tem que ser sóbrio na ação administrativa, tem que ser sensato, tem que ser comedido, tem que evitar a fala que leva alguém a achar que Sua Excelência faz o papel do falastrão.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - V. Exª me permite um ligeiro aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Se puder, com muito prazer.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim) - Infelizmente, nesse espaço de tempo não é permitido o aparte, até porque o tempo do orador já está concluído.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ia ser uma honra muito grande, Senador Edison Lobão, se pudesse. E, como já está esgotado o tempo, concluo dizendo que, na hora da eleição, torço pelo meu Partido e torço, claro, contra o PT e seu Governo. Na hora do Brasil, que é toda hora, torço pelo Brasil.

As advertências não são mais nossas, são de todos os colunistas políticos, de todos os analistas econômicos, de pessoas influentes, corretas e lúcidas de dentro do Governo, como é o caso do Governador Jorge Viana. Estamos aqui pedindo ao Presidente que sente e governe, que pare de zanzar, que pare de pegar a câmera de alguém que trabalha para ganhar a vida e pare de brincar de “Luz, Câmera!”

O povo, Senhor Presidente, está pedindo aquilo que Vossa Excelência não está dando. “Luz, Câmera”, o Senhor faz para aparecer na televisão. Eu lhe imploro, Presidente: ação; ação efetiva, administrativa, na defesa do Governo que o Senhor construiu com tanto brilhantismo eleitoral e na defesa dos interesses do povo, que está se ressentindo de algo básico. Não temos convivência em Governo. Estamos sentindo, sim, o peso do desgoverno sobre as nossas cabeças e sobre o futuro dos nossos filhos e netos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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