Discurso durante a 174ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Realização em Brasília da trigésima sexta edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Realização em Brasília da trigésima sexta edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2003 - Página 39758
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, FESTIVAL, CINEMA, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), COMPROVAÇÃO, PROGRESSO, FILME NACIONAL.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como todos sabem, foi realizada em Brasília a 36ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Foi uma grande oportunidade para atestarmos o vigor do cinema brasileiro, não obstante todos os percalços que tem sofrido ao longo de mais de um século de produção cinematográfica em terras tupiniquins. E o festival de Brasília é um dos mais tradicionais e conceituados do Brasil com reconhecimento de toda mídia especializada da América.

A abertura solene ocorreu dia 18 de novembro e refletiu o prestígio desse festival. Mais de duas mil pessoas estiveram lá: público cinéfilo, diretores, fotógrafos, atores e atrizes, autoridades governamentais da área de cultura, deputados e senadores. No Teatro Nacional Cláudio Santoro, a majestosa música de nossa orquestra deu uma mostra do talento e da competência com que está sendo gerida a cultura em nossa cidade e em nosso País.

Trata-se de um vigor cultural que vem de longe. Vem da época em que a cidade foi projetada, construída, inaugurada, isto é, desde a “estréia” desta cidade, que, em si, já é uma obra de arte. E a história de sua construção, sem dúvida alguma, é um dos mais belos roteiros já produzidos pela humanidade.

Como antecedentes do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro houve o movimento capitaneado por professores e cineastas que vieram constituir o curso de cinema da Universidade de Brasília. Entre eles, alguns dos maiores nomes de nossa cinematografia, como Paulo Emílio Sales Gomes e Jean-Claude Bernardet. De um festival quase acadêmico, passou a ser um evento aberto, a partir de 1967, com interrupção apenas em 1972 e 1974, por proibição da ditadura militar.

Desde então, a cada ano são realizadas mostras competitivas de 35mm e de 16 mm. Mas paralelamente, há o “festivalzinho”, para o público infantil, mostras de vídeo, encontros, fóruns e seminários.

Ao todo, foram inscritos 170 filmes, dos quais 24 eram longas-metragens, o que dá uma pequena mostra do peso desse festival, que é conhecido por ser um dos mais críticos do país. E, além de ser um dos mais críticos, é também um dos que melhor premia. Com um orçamento de 1,6 milhão de reais, destina 400 mil reais para a premiação.

Seis foram os longas-metragens selecionados, todos eles de cineastas que vêm construindo a cara do cinema brasileiro, ao longo de muitos anos, com patrocínio ou sem; com recursos ou sem eles; com ou sem possibilidade de vê-los exibidos no circuito comercial. São eles:

- Filme de Amor, de Julio Bressane (RJ);

- Garotas do ABC, de Carlos Reichenbach (SP);

- Glauber - o Filme, Labirinto do Brasil, de Silvio Tendler (RJ);

- Harmada, de Maurice Capovilla (RJ);

- Lost Zweig, de Sylvio Back (RJ); e

            - Signo do Caos, de Rogério Sganzerla (SP).

E o grande vencedor foi Filme de Amor, do diretor Julio Bressane. A premiação para o filme aconteceu na noite do dia 25 de novembro no Teatro Nacional Cláudio Santoro, e incluiu troféus Candango para a fotografia de Walter Carvalho e a trilha sonora de Guilherme Vaz.

À imprensa Julio Bressane confessou estar surpreso e honrado com os prêmios: "No meio de tanta gente de qualidade, qualquer um deles poderia estar aqui - são diretores acima do bem e do mal", foram suas palavras.

Como melhor atriz do Festival, a austríaca Ruth Rieser por Lost Zweig, de Silvio Back. Melhor ator foi Paulo César Peréio, por seu trabalho em Harmada, de Maurice Capovilla. Peréio aproveitou a ocasião para pedir que os incentivos ao cinema sejam feitos em dólar, e não em Real: "A gente tem que comprar em dólar, por que os incentivos do ministério da Cultura são em Real? Isso não é um protesto, é uma reivindicação que faço”. O ator já fez mais de 50 filmes e já foi dirigido por Glauber Rocha em Terra em transe (1966), Arnaldo Jabor em Toda nudez será castigada (1973), Neville D'Almeida em Navalha na Carne (1997) e Paulo Cezar Saraceni em O Viajante (1999).

Glauber o Filme - Labirinto do Brasil, um documentário sobre Glauber Rocha, do diretor Silvio Tendler, foi o melhor filme na opinião do público - prêmio do júri popular - e da crítica. "Acho que o sonho de qualquer diretor é ser reconhecido pelo público e pela crítica juntos e eu consegui, estou muito feliz e pretendo retribuir com filmes e mais filmes”, disse o diretor.

O troféu de melhor diretor foi para Rogério Sganzerla, representado na cerimônia por sua filha, a atriz Djin Sganzerla, que repetiu uma frase dele: "Minha filha, o que pode me curar, me salvar nesse momento é uma câmera. Viva o cinema!”.

Brasília participou com nove obras, nove curtas-metragens, o que mostra o vigor de nossa produção local, não obstante a escassez de recursos. Interessante ressaltar que a Câmara Legislativa do Distrito Federal destinou um prêmio especial para estes filmes candangos: 10 mil reais para o melhor curta, e 5 mil reais para o melhor 16mm.

Subterrâneos, de José Eduardo Belmonte (longa 35 mm); Toda Brisa, de André Carvalheira (curta 35 mm); e Um Último Dia, de Nara Riella (curta 16 mm) foram os grandes vencedores do Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, entregue também na grande festa de encerramento.

Um detalhe fundamental para o festival deste ano é a de uma feira internacional para divulgação do cinema brasileiro, trata-se do primeiro Mercado do Filme Brasileiro, que teve o apoio de diversas embaixadas e proporcionará negócios certos para os participantes do festival.

            Neste pequeno registro, quero parabenizar os realizadores nacionais, os promotores locais, e ao povo de Brasília que, por intermédio da Secretaria de Cultura, continua a promover um dos maiores festivais - se não o maior - do cinema brasileiro.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2003 - Página 39758