Discurso durante a 14ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Importância das viagens do Presidente Lula ao exterior.

Autor
Flávio Arns (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Importância das viagens do Presidente Lula ao exterior.
Publicação
Publicação no DSF de 06/02/2004 - Página 2955
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, VIAGEM, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXPANSÃO, PRESENÇA, BRASIL, MERCADO INTERNACIONAL, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO NACIONAL, MELHORIA, ECONOMIA, PAIS.
  • ELOGIO, PRONUNCIAMENTO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXTERIOR, DIVULGAÇÃO, POSIÇÃO, BRASIL, POLITICA INTERNACIONAL, MENSAGEM (MSG), PAZ, COOPERAÇÃO, VALORIZAÇÃO, VIDA HUMANA, EFEITO, AUMENTO, RESPEITO, MUNDO, GOVERNO BRASILEIRO, MELHORIA, CONCEITO, PAIS, CONTEXTO, AMBITO INTERNACIONAL.

O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) -

A PRESENÇA POLÍTICA DO BRASIL NO CONTEXTO DAS NAÇÕES

AS VIAGENS DO PRESIDENTE LULA

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: muitas vezes a forma como é colocada a notícia de uma viagem do Presidente ao exterior induz a pessoa a reprovar o ato presidencial e a posicionar-se contra o mesmo. No contato com as pessoas, constatamos esse fato ao nos depararmos com as suas perguntas a respeito do tema, indagando qual a nossa opinião a respeito. Parece que se forma um senso comum de que essas viagens seriam inúteis, como se elas ocasionassem uma perda interna ou um descaso com os problemas que afligem o povo.

Como depositários de um mandado popular, cabe-nos, também, contribuir para o esclarecimento dos fatos, assumindo o importante papel de formadores de opinião. Concretamente, estaremos contribuindo para a construção de uma verdadeira cidadania, lúcida e participante.

Há, sem dúvida, um importantíssimo interesse econômico em jogo numa viagem ao exterior. Prova disso é a presença de número significativo de empresários, homens de negócios, produtores e donos de indústrias. Podemos pensar que o fortalecimento das nossas exportações devam acrescentar melhorias nas nossas condições internas de trabalho e da balança de reservas, o que, obviamente, contribui para a melhoria da qualidade de vida de parcela significativa de nosso povo. Quanto mais o nosso País se fizer presente lá fora com produtos de qualidade, além de causarmos surpresa para aqueles que nos imaginavam incapazes para tanto, tanto mais se acrescentará na melhoria de vida internamente. A significativa presença do Brasil na produção agropecuária vem, por outro lado, afirmar a nossa capacidade de iniciativa e de trabalho. Já lideramos a produção mundial de vários produtos.

Porém, mais do que este aspecto econômico, gostaríamos de abordar a importância política do Brasil no contexto das nações e que vem sendo consolidada pela presença de nosso Presidente em diversos países e em importantes encontros internacionais.

O que tem causado surpresa ao mundo é que o Brasil, até então país esquecido e abandonado, tido como um gigante territorial sem significado histórico, se apresenta altaneiro tendo algo a dizer, algo de importância capital para os novos tempos que vai vivendo a humanidade. Esta mensagem nova é apresentada ao mundo pelo nosso porta-voz com a importância da história de vida de um homem que nasceu quase condenado à insignificância e até à morte e que, pela força da determinação e da luta, chega a carregar a convergência das esperanças de um povo.

O Brasil, pela presença e pela palavra de seu Presidente, vai colocando para a reflexão da humanidade os desafios que se apresentam. Quais caminhos queremos seguir? Alguns que já nos mostraram que conduzem os povos a mais sofrimentos, dor e desesperança e que, geralmente, sacrificam os mais fracos e indefesos, ou seremos capazes de, numa reação universal e forte, descobrir caminhos que, minorando o sofrimento de tantos, possam dar à humanidade o verdadeiro sentido da existência humana.

A grande mensagem política do Brasil vai se definindo como a construção de uma humanidade solidária, capaz de superar as diferenças, introduzir todos os povos no contexto de uma vida verdadeiramente humana, rompendo as barreiras todas para que possamos vislumbrar o sentido de uma verdadeira família humana.

A humanidade vai tomando consciência da estupidez de todas as guerras e de todos os sistemas iníquos de exploração e de dominação. A dor de uma criança órfã abandonada tem mais sentido e desperta mais o sentimento de fraternidade e de justiça do que os troféus inúteis dos vencedores.

A mensagem do Brasil de que a fome não superada neutraliza toda a euforia das grandes conquistas científicas e estabelece uma divisão perversa e desumana entre os povos passa a ser considerada nos fóruns internacionais e com seriedade.

Para alguns que ainda acreditam na supremacia e onipotência do poder econômico e das armas e classificam de sonho infantil e ingênuo o sonho de uma nova humanidade, o próprio fenômeno da globalização, que rompe as fortalezas de defesa, aponta para a fraqueza e vulnerabilidade de uma segurança somente assentada sobre valores materiais absolutizados.

O Brasil está dizendo ao mundo, por meio das viagens de nosso Presidente, que não queremos conquistar nem explorar e nem destruir ninguém, mas queremos contribuir para construir um mundo de irmãos, onde todos possam se sentir gente da humanidade e possam dar a sua parcela de contribuição para que aconteça o verdadeiro progresso, quando possamos superar a miséria, a fome, o desemprego, o abandono e possamos vencer as doenças, minorar o sofrimento. Acordar sem medo do terror porque não se apresentou armas, mas se estendeu a mão generosa.

Este entendimento político tem importantes repercussões sobre o sentido econômico que abordamos de início. Ainda, muito do econômico está sustentado pela lógica do mais forte, do mais poderoso. O Brasil se insurge contra esta lógica, porque quer praticar a lógica humanística, dos valores essencialmente humanos. A nossa lógica deverá dar um novo sentido mesmo no aspecto econômico internamente. Que os avanços econômicos conquistados com a exportação possam representar melhor distribuição e justiça.

Finalizando, penso que ao cidadão comum que nos interroga sobre nossa opinião a respeito das viagens do presidente, poderíamos responder perguntando: o que ele gostaria de dizer ao mundo, de pedir, de oferecer? Qual é o tamanho do coração de um brasileiro e de sua esperança?

Estou certo de que o que faz o nosso Presidente lá fora, o faz pensando em cada um de nós, como brasileiros e cidadãos do mundo que querem dar expressão viva à sua vida, dar sentido à existência.

Assim se justifica a presença de nosso Presidente nos outros países e nos fóruns internacionais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/02/2004 - Página 2955