Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Congratulações à ginasta Daiane dos Santos pela medalha de ouro conquistada no mundial de ginástica realizado no Rio de Janeiro e cumprimenta toda a equipe de ginástica brasileira pelo desempenho na competição.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESPORTE.:
  • Congratulações à ginasta Daiane dos Santos pela medalha de ouro conquistada no mundial de ginástica realizado no Rio de Janeiro e cumprimenta toda a equipe de ginástica brasileira pelo desempenho na competição.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2004 - Página 9372
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESPORTE.
Indexação
  • HOMENAGEM, ATLETA AMADOR, VITORIA, CAMPEONATO MUNDIAL, GINASTICA, ELOGIO, APRESENTAÇÃO, TRABALHO, GRUPO.
  • ELOGIO, ATLETAS, REPRESENTAÇÃO, BRASIL, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, DEFESA, INCENTIVO, ESPORTE, SETOR PUBLICO.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, os meus agradecimento ao nobre Senador Geraldo Mesquita.

Srªs e Srs. Senadores, quando comparecemos a esta tribuna, via de regra, é para discutir um assunto político, um assunto econômico. Mas o que me traz a esta tribuna hoje é algo diferente. Tenho certeza de que, se dependesse de votação, haveria unanimidade a respeito da matéria que vou abordar, mas, como dela não depende, naturalmente tem o aplauso desta Casa. E pergunto: quem não leu nos jornais ou não viu pela televisão, nos últimos dias, uma figura graciosa, que parecia voar, bela e eficiente? Era a figura de uma menina-moça, de uma pequena notável; era Daiane dos Santos, ao som do chorinho intitulado Brasileirinho, de Waldir Azevedo. Vimos essa menina-moça dar um verdadeiro show de técnica e de talento no Ginásio Riocentro, no Rio de Janeiro.

Mais belo e puro que o vôo de Daiane, somente sua simplicidade. Eu me emocionei duas vezes. Eu me emocionava com os seus vôos, com as suas piruetas, torcendo para ver como ela tocaria o solo. Depois me emocionei também ao ver a sua simplicidade. Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que moça simples! Vinda de família humilde, ela parecia não se empolgar com o resultado da competição. Conservou-se a mesma, não criou expectativas, como vejo muitas pessoas criarem na vida pública e em outros setores. Não. Quanto a uma possível medalha de ouro nas Olimpíadas de Atenas, essa moça se comportou com a maior simplicidade, dizendo que lutaria e faria força para bem representar o nosso País.

Temos certeza de que ela saberá fazê-lo. As conquistas obtidas, Senador Paulo Paim, pela equipe brasileira, na Copa do Mundo de Ginástica, encerrada neste domingo, no Rio de Janeiro, foi o resultado de muito esforço, de muito treinamento e de muita dedicação, ao lado, naturalmente, do imprescindível apoio oficial, que deve ter havido sim.

Mais do que apoio oficial, deve ter havido determinação dos nossos atletas, que simbolizam a vontade do povo brasileiro e demonstram que temos qualidades, que, quando se oferece alguma condição de treinamento e oportunidades, sem dúvida, a bandeira do Brasil tremula mais alto do que qualquer outra.

Confesso a V. Exªs que eu estava me preparando para ocupar esta tribuna por outras razões. Estou na fase final de elaboração do relatório da Lei de Falências, mas sucumbi a esse desejo de manifestar, aqui do plenário do Senado da República, a minha emoção e o meu contentamento. Faço aqui, penso eu, em nome do Senado, se as Srªs e os Srs. Senadores me permitirem, uma justa homenagem a essa menina-moça que está emocionando o País com o seu vôo de borboleta. Quão bonitas são as asas de uma borboleta!

A emoção aumenta, Srs. Senadores, quando vemos o resultado de uma geração de atletas que está emergindo no País, que sabe superar obstáculos, preconceitos, falta de apoio, falta de infra-estrutura e todas as dificuldades rotineiras nas famílias de origem modesta. Quando vemos atletas como Daiane dos Santos, como Daniele Hypólito, seu irmão Diego Hipólito, lembramo-nos de outros ídolos que povoaram o imaginário nacional, a exemplo de Ayrton Senna, de Guga, do fenômeno Ronaldinho, sem mencionar o extraordinário Pelé, Tais atletas, sem dúvida, ajudaram o povo brasileiro a resgatar a auto-estima. Volto a repetir a emoção que senti, porque foi comovente também ver as mães das ginastas expressarem o sentimento de gratidão com o sucesso de suas filhas.

Srªs e Srs. Senadores, permitam-me homenagear aquelas duas mães, D. Magda, mãe de Daiane, e D. Geni, mãe de Daniele e Diogo Hypólito, pois elas representam os milhares de mães brasileiras que torcem anonimamente pelo sucesso de seus filhos, que esperam que eles recebam na escola o aprendizado necessário a seu futuro e que sonham com um emprego para eles. Além disso, essas mães conseguem multiplicar o orçamento familiar quando vão ao supermercado fazer compras para a família.

E aqui temos de abrir um parêntese para elogiar o conjunto de fatores que culminou com o ouro na ginástica artística. Sem a presunção de mostrar-me experto no esporte olímpico, é preciso saudar a Confederação Brasileira de Ginástica, o Comitê Olímpico Brasileiro, o técnico ucraniano Oleg Ostapenko, as ginastas, é claro - em especial a família Hypólito e a de Daiane dos Santos -, e também aqueles que não conseguiram medalhas, mas colaboraram para o êxito do nosso País.

Tenho que saudar o Ministro dos Transportes, que está anunciando a construção de novos centros esportivos, a exemplo do Centro de Treinamento de Cultura.

Srªs e Srs. Senadores, já que estamos falando de esportes, temos que lembrar a proximidade dos jogos olímpicos de Atenas. Daiane dos Santos lembra, com muita humildade, que é preciso muito trabalho em equipe para os jogos olímpicos de Atenas. Trabalho em equipe significa espírito de luta, solidariedade e investimentos, não só para este ano, mas também para os jogos que serão realizados em 2007 no Rio de Janeiro.

Senador Paulo Paim, é preciso muito trabalho de base para que um país como o nosso revele ao mundo não somente craques no futebol - como em outros tempos -, mas ídolos em outros esportes.

Mais de uma vez já foi dito que o Brasil tem milhões de técnicos, e talvez eu esteja aqui refletindo o pensamento de cronistas especializados, lamentando apenas que nossa torcida só abra os olhos para esportes não-futebolísticos quando surgem atletas como esses que homenageio neste momento.

Quantas Daianes já não teríamos, caso o apoio oficial chegasse mais cedo? Quantos talentos não poderiam ser revelados com uma efetiva política de inclusão social por meio dos esportes? Quantos jovens já não estariam brilhando, estimulando que outros milhares seguissem os exemplos bem sucedidos caso tivéssemos, efetivamente, uma política nacional de esportes, para que essa prática fizesse parte do cotidiano de crianças, jovens, adultos e, por que não, também de idosos, Senador Paulo Paim?

Os esportes fazem parte da cultura nacional. São ferramentas de solidariedade e cidadania.

Estou feliz, portanto, por ocupar esta tribuna, por ter deixado outros assuntos de lado para aqui comparecer e expressar a alegria, o sentimento e a emoção de milhões de brasileiros que presenciaram nas telas - volto a repetir - aquele vôo de borboleta, fazendo piruetas ao som do “Brasileirinho”.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2004 - Página 9372