Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reverencia o trabalho científico realizado pela Dra. Lúcia Mendonça Previato, pesquisadora e professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora da área de Ciências Biológicas e Biomédicas da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, (FAPERJ), agraciada com o prêmio L'Oreal, "Mulheres e a Ciência", concedido pela UNESCO.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONCESSÃO HONORIFICA.:
  • Reverencia o trabalho científico realizado pela Dra. Lúcia Mendonça Previato, pesquisadora e professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora da área de Ciências Biológicas e Biomédicas da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, (FAPERJ), agraciada com o prêmio L'Oreal, "Mulheres e a Ciência", concedido pela UNESCO.
Publicação
Publicação no DSF de 07/04/2004 - Página 9603
Assunto
Outros > CONCESSÃO HONORIFICA.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, PROFESSOR UNIVERSITARIO, PESQUISADOR EM CIENCIAS EXATAS E DA NATUREZA, RECEBIMENTO, PREMIO, MULHER, CIENCIAS, CONCESSÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), MOTIVO, TRABALHO, BIOLOGIA, FISICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), COORDENAÇÃO, SETOR, CIENCIAS BIOLOGICAS, BIOMEDICINA, FUNDAÇÃO PUBLICA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho hoje à tribuna desta Casa para reverenciar a grandeza do trabalho científico realizado pela Doutora Lúcia Mendonça Previato, pesquisadora e professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora da área de Ciências Biológicas e Biomédicas da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

Esta eminente cientista brasileira recebeu, no último dia 8 de março, em plena comemoração do Dia Internacional da Mulher, o prêmio L’Oreal, “Mulheres e a Ciência”, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), como reconhecimento pelo resultado dos seus estudos avançados no entendimento da bioquímica do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, e por sua dedicação em busca do tratamento e da prevenção desse mal que aflige milhões de pessoas em todo o mundo. A pesquisadora brasileira foi escolhida entre 180 cientistas de todo o mundo.

Vale ressaltar que o prêmio é outorgado anualmente a cinco pesquisadoras. As outras ganhadoras deste ano são originárias de universidades e centros de pesquisas situados na África do Sul, na China, na França e nos Estados Unidos. O objetivo principal da distinção é o de destacar e estimular a contribuição das mulheres para a ciência e para a vida.

A Doutora Lúcia Mendonça Previato dedica-se à pesquisa no campo da glicobiologia, que é o estudo dos açúcares complexos que se unem a outras moléculas, como proteínas. Convém destacar que esses açúcares revestem o exterior das células e exercem um papel chave na comunicação celular. Pois bem, ao longo dos anos, as pesquisas realizadas nesse campo levaram a cientista e sua equipe a decifrarem o mecanismo da interação entre o Trypanosoma cruzi, que é o protozoário parasita causador da doença de Chagas entre humanos, e as células hospedeiras humanas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não podemos nos esquecer de que a doença de Chagas é endêmica na América Latina. Estima-se que ela afeta cerca de 18 milhões de pessoas no continente americano, o que chega a ser alarmante sob o ponto de vista social e de saúde pública. É importante compreender que o mal é transmitido aos humanos através de um inseto que suga o sangue e age como vetor para o parasita. Lamentavelmente, até o momento, não existe uma vacina capaz de evitar a doença. No que se refere aos tratamentos disponíveis, todos provocam sérios efeitos colaterais e são inclusive ineficazes nos casos considerados crônicos.

A chamada Doença de Chagas é um dos males que aterrorizam o Brasil, em especial as zonas rurais e as áreas mais carentes do País. Sua descoberta deve-se ao notável médico Carlos Chagas, em 1909.

Apesar dessa realidade, as investigações científicas realizadas anos a fio pela cientista brasileira Lúcia Mendonça Previato têm se revelado inestimáveis para a afirmação da ciência brasileira em nível mundial e para o combate contra a moléstia. Os resultados de suas pesquisas representam uma grande esperança para milhões de portadores do mal de Chagas em várias partes do mundo. Aliás, toda a comunidade científica internacional é unânime em reconhecer que a Professora Lúcia Mendonça Previato deu um grande passo em direção à descoberta da cura dessa terrível doença que atinge sobretudo as populações mais pobres da América Central e do Sul, e ameaça outras cem milhões de pessoas em vinte e um países.

A pesquisadora laureada é a segunda brasileira a receber esse importante prêmio que foi criado em 1998. Em 2001, a geneticista Mayana Zatz, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) foi agraciada e elevou o nome da ciência brasileira com suas pesquisas sobre distrofia muscular.

Segundo a pesquisadora Lúcia Previato, o prêmio recebido deve servir de exemplo para que as autoridades percebam que o Brasil tem um enorme potencial na área científica e tecnológica. Todavia, para galgar patamares mais avançados no campo da investigação e do saber, é de fundamental importância que os investimentos sejam aumentados nos centros acadêmicos e que sejam formados mais mestres e doutores.

A ilustre pesquisadora Lúcia Previato nasceu no Estado de Alagoas, na cidade de Maceió, no ano de 1949. Seu interesse pela pesquisa foi revelado no início de 1970. De lá para cá, sua vida acadêmica foi uma sucessão de conquistas que culminou com a obtenção dessa merecida honraria patrocinada pela Unesco.

Eminentes Senadoras e Senadores, o assunto que trouxe hoje a esta tribuna é dos mais fascinantes - extenso, complexo e envolvente. Ao longo deste pronunciamento procuramos apenas levantar uma questão e elogiar o trabalho de uma pesquisadora que engrandece o nome do Brasil no campo da ciência. O resultado do seu trabalho mostra claramente o quanto o nosso País tem em potencialidade e capacidade para se tornar brevemente um centro de excelência em vários campos da investigação científica.

Aliás, neste século que está apenas começando, o desenvolvimento científico e tecnológico é a grande arma dos países que pretendem realmente assumir uma posição de vanguarda em nível mundial. Assim, para não perdermos o bonde da história, precisamos urgentemente construir um sistema científico verdadeiramente inovador para podermos em médio prazo, nos igualar aos grandes centros mundiais em vários campos do conhecimento. Todavia, para fecharmos esse leque, precisamos em primeiro lugar reverter o vergonhoso quadro de miséria que vitima a maioria dos brasileiros, transformar completamente o perfil indigno da distribuição de renda, realizar uma verdadeira revolução de qualidade na educação como foi feita em vários países. Precisamos, também, aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, fortalecer os Fundos de Amparo à Pesquisa em todo o território nacional, e conscientizar os empresários de que o aumento de investimentos privados na área científica reverterá em dobro em favor dos seus negócios. Sem essas providências que acabamos de apontar, seguramente, não conseguiremos atingir os patamares que são necessários para nos incluir entre os centros mundiais mais dinâmicos do desenvolvimento científico e tecnológico.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/04/2004 - Página 9603