Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do Sr. José da Rocha Furtado, ex-Governador do estado do Piauí.

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do Sr. José da Rocha Furtado, ex-Governador do estado do Piauí.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2005 - Página 3449
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ROCHA FURTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com muita tristeza que registro no plenário da Casa o falecimento de um dos homens mais ilustres, mais competentes e mais dignos que encontrei, ainda jovem, governando o Estado do Piauí. Refiro-me ao Dr. José da Rocha Furtado, que foi Governador do Piauí pela extinta e antiga UDN no quadriênio 1947-1951.

Eu fui eleito Prefeito de uma maneira acidental. Eu era engenheiro da Central do Brasil e fui passar férias em minha cidade de Parnaíba. Lá houve uma eleição, e apresentaram a minha candidatura - pediram que eu, como filho da terra que era, comparecesse às urnas. Afinal, fui eleito com uma pequena margem de votos. Sendo assim, tive a oportunidade de, como Prefeito de Parnaíba, conhecer o Dr. José da Rocha Furtado - como eu disse, um dos homens mais dignos e mais respeitáveis que encontrei em toda a minha vida pública no meu Estado do Piauí.

Nosso entendimento veio, exatamente, do ato administrativo. Ele desejava construir, em Teresina, uma usina - a cidade precisava, mais do que nunca, daquilo - e havia assistido, durante meu mandato na Prefeitura, em 1948, à inauguração de uma usina termelétrica que garantiu à cidade de Parnaíba a sua sobrevivência, o seu desenvolvimento. Fui várias vezes a Teresina, ao antigo Palácio Karnak, mal imaginando que um dia ocuparia aquela cadeira, a cadeira de Governador do Piauí.

Quero registrar esse acontecimento porque muito se falou à época que Rocha Furtado não teria sido um bom Governador. Na verdade, ele não teve maioria na Assembléia e enfrentou dificuldades para governar um Estado com poucos recursos. Mesmo assim, sou testemunha e quero declarar de público que, apesar de tudo, Rocha Furtado foi, na minha opinião, um dos maiores Governadores que o Piauí já teve.

Peço que meu pronunciamento seja registrado nos Anais desta Casa. É um pronunciamento de pesar pelo fato de o Piauí ter perdido um de seus mais ilustres filhos. Ele não morava mais no Piauí, mas era um grande cirurgião e revelou-se um grande Governador. Lamento que, afinal, tenha nos deixado. Há agora uma lacuna no Estado do Piauí e no País.

Eram as palavras que gostaria de dizer.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Gostaria de acrescentar algo ao que disse o Senador Alberto Silva, se tiver a aquiescência dessa extraordinária figura que é o médico Antonio Carlos Magalhães. O Governador que faleceu era médico e, por isso, em nome de todos os médicos, queria render esta homenagem. Eu o conheci justamente quando Alberto Silva era Prefeito e ele, Governador. Eu era um garoto de seis, sete anos. Ele foi daqueles nordestinos, Senador Antonio Carlos Magalhães, que foi ao Rio estudar e, depois, voltou ao Piauí. Foi o primeiro médico a realizar uma cirurgia de vesícula no hospital Getúlio Vargas, que foi construído durante a ditadura de Vargas. Foi o primeiro cirurgião a fazer cirurgias grandes no Piauí. Saiu da sala de cirurgia para ser Governador do Estado. As circunstâncias políticas de então eram difíceis - ele era minoria -, mas, com seu carisma e com sua cultura, ele venceu. De tal maneira que teve de sair de Teresina - veja como são as forças políticas - e foi para o Ceará. Lá, fui até seu cliente, pois ele era tão renomado que todo piauiense que ia a Fortaleza se consultava com ele - eu era criança, e ele era cirurgião, mas dava orientação. Foi uma figura extraordinária. É comum - foi o caso de Juscelino Kubitschek e de Antonio Carlos Magalhães - a política atrair médicos. Acredito que esse fato se deva à ligação e compromisso que temos com o povo. Ele foi para o Ceará e, brilhante médico, brilhante cirurgião que era, lá se tornou Secretário de Saúde do Estado. Era muito ligado a Cristo, era um homem cristão, e liderou o grande hospital católico de Fortaleza, na rua Costa Barros. Teve essa influência extraordinária...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ... foi um dos melhores Secretários de Saúde do Estado do Ceará. Então, a ele a gratidão do povo do Piauí por suas ações como médico e como Governador daquele Estado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2005 - Página 3449