Discurso durante a 12ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Documento publicado recentemente pelo Ministério da Saúde denominado "Política Nacional de Atenção às Urgências".

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Documento publicado recentemente pelo Ministério da Saúde denominado "Política Nacional de Atenção às Urgências".
Publicação
Publicação no DSF de 04/03/2005 - Página 4129
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • DETALHAMENTO, CRITERIOS, FUNCIONAMENTO, PROGRAMA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), POLITICA NACIONAL, FACILIDADE, ACESSO, POPULAÇÃO, SERVIÇO, ASSISTENCIA MEDICA, URGENCIA, VEICULO AUTOMOTOR, EQUIPAMENTOS, UNIDADE DE SAUDE, OBJETIVO, MELHORIA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), OBEDIENCIA, PRINCIPIO CONSTITUCIONAL, GARANTIA, DIREITOS, CIDADÃO, ASSISTENCIA MEDICO-HOSPITALAR.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente Srªs e Srs. Senadores, constatamos com profunda tristeza, no mundo de hoje, um verdadeiro culto à violência.

Não podemos continuar a assistir, impassíveis, todos os dias, a desastres, catástrofes e acidentes com múltiplas vítimas, sem adotarmos uma política de atendimento às urgências e emergências na área médica e sem o planejamento de ações para o fortalecimento de políticas adequadas na área de saúde pública.

Além da solidariedade humana, da fraternidade, da ética e da verdadeira prática do amor ao próximo, é uma obrigação do Estado garantir saúde e bem-estar a todos os cidadãos.

A “Política Nacional de Atenção às Urgências” é tema da mais alta relevância, fortemente correlacionada com a solidariedade e o humanismo.

É preciso colocar à disposição da comunidade os novos recursos de que dispõe a medicina. A tecnologia, os equipamentos, os meios de transporte modernos, as técnicas administrativas, tudo deve ser usado para reduzir tempo de espera e, de certa forma, antecipar as probabilidades de ocorrência de urgências médicas.

Trata-se, antes de tudo, de dispormos de planos de contingência para enfrentar situações críticas, situações de emergência e de urgências médicas, com o objetivo de reduzir o número de óbitos, de diminuir o sofrimento de pacientes e de recuperar a capacidade de trabalho e as melhores condições de vida para todos os pacientes, independentemente da situação social ou econômica de cada um.

Acidentes e atos violentos constituem alguns dos mais graves problemas de saúde pública no Brasil, o que exige a aplicação de políticas adequadas para enfrentar a necessidade imediata de reduzir a morbimortalidade.

Essas ocorrências matam anualmente milhares de brasileiros, na maioria jovens, deixam seqüelas muito graves, aumentam a demanda por serviços médicos e hospitalares de forma muito forte e oneram os custos da prestação de serviços de saúde.

Esses acidentes decorrem de ações e omissões que contribuem para ocasionar danos físicos, emocionais, morais e espirituais a milhares de pessoas diariamente, com profundas repercussões sociais, econômicas e políticas.

Os homens, principalmente os jovens, são as maiores vítimas da violência, da agressão física que resulta em morte. A criança, a mulher e o idoso também sofrem diversos tipos de violência, que, muitas vezes, não resultam em morte, mas têm influência sobre o perfil de morbidade da população, com impacto negativo sobre a saúde pública.

O Ministério da Saúde publicou recentemente um documento de grande importância para a orientação de todos quantos cuidam da saúde pública no Brasil, denominado “Política Nacional de Atenção às Urgências”, resultado de uma parceria do Ministério com o Conselho Nacional de Saúde, Estados e Municípios.

Com a implantação dessa política, 68 milhões de brasileiros passarão a ter acesso ao Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU), que disporá de unidades de Suporte Avançado e de Suporte Básico de Vida e que responderá às necessidades de urgência médica da população, o que representa um avanço e uma melhoria no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

A universalidade, a integralidade, a descentralização, a participação social e a humanização do atendimento são as diretrizes básicas que norteiam a “Política Nacional de Atenção às Urgências”, garantindo a todos os cidadãos um atendimento digno e de acordo com o que determina a Constituição Federal.

As Centrais de Regulação Médica terão a orientação de um médico regulador que estabelecerá prioridades de atendimento das urgências, dará orientação nos atendimentos, determinará o deslocamento de equipes com médico, enfermeiro e todos os equipamentos de que dispõe uma UTI.

O atendimento às necessidades de cada paciente será específico, individualizado: cada um será atendido na medida de suas necessidades pessoais, conforme o grau de urgência requerido.

A “Política Nacional de Atenção às Urgências” tem como objetivos a promoção da saúde pública e a solidariedade, com ações ágeis, urgentes e adequadas, e não se limita ao campo específico de atuação do Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios.

As Centrais de Regulação Médica não apenas propiciam o atendimento adequado das urgências médicas, mas também procuram estabelecer ações preventivas em cooperação com outras áreas governamentais, para que os cuidados com a saúde da população não se limitem a um atendimento rápido após a ocorrência dos acidentes.

Entre as preocupações das Centrais se encontram a indicação de reparos e melhorias em pontos críticos de determinadas ruas ou cruzamentos que apresentam elevado número de atropelamentos de pedestres, remoção de obstáculos em ruas que contribuam para quedas de pessoas idosas e a atenção básica de saúde para reduzir o número de acidentes vasculares cerebrais.

Desejo ressaltar a oportunidade da implantação da “Política Nacional de Atenção às Urgências”, garantindo uma rede de serviços regionalizada de cuidados integrais às urgências, facilitando o acesso aos meios adicionais de atendimento médico e a integração com o Sistema Único de Saúde, com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde.

Com o estabelecimento de uma política integrada de atendimento às urgências, fica assegurada a universalidade, a eqüidade e a integralidade das urgências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas e as relacionadas a causas externas, como traumatismos, violências e suicídios.

A regionalização é outra diretriz que está contemplada na “Política Nacional de Atenção às Urgências”, o que possibilitará uma criteriosa distribuição de recursos, de modo a garantir uma boa cobertura geográfica, reforçando as redes de atendimento estaduais, regionais e municipais.

O objetivo principal de toda essa política de atenção às urgências é promover a qualidade de vida de todos os cidadãos, prevenir agravos, educar para a defesa e recuperação da saúde, garantindo autonomia para que todos tenham o efetivo direito à saúde e à integridade física e mental.

A construção de mapas de risco regionais e locais é outro ponto importante da estratégia traçada na “Política Nacional de Atenção às Urgências”, o que permitirá uma avaliação dinâmica do estado de saúde da população e do desempenho do Sistema Único de Saúde.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de encerrar este meu pronunciamento com as palavras do Ministro Humberto Costa, que assim se manifestou na apresentação do documento que resume essa importante política de saúde: “É com a maior satisfação que estamos implantando a Política Nacional de Atenção às Urgências, avançando na construção do SUS, tendo como diretrizes a universalidade, a integralidade, a descentralização, a participação social, ao lado da humanização a que todo cidadão tem direito. Esta vitória, que é da população, é fruto do trabalho conjunto do Ministério da Saúde em parceria com o Conselho Nacional de Saúde, com os Estados e Municípios. Neste primeira etapa, 68 milhões de brasileiros passarão a ter acesso ao Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU)”.

A população do nosso Brasil, em sua grande maioria constituída por pessoas que não dispõem de recursos financeiros para contratar serviços particulares de atendimento às urgências médicas, certamente necessita e merece um serviço especializado de atendimento nessas horas de crise e de ocorrência de acidentes.

Todos nós sabemos que muitas vidas poderiam ser recuperadas com um atendimento eficaz e imediato para enfrentar essas situações difíceis, que representam questão de vida ou morte, muitas vezes dependentes de minutos a mais ou a menos na chegada do socorro médico.

É louvável a estratégia adotada por essa política de saúde, que objetiva prevenir agravos, corrigir situações que representem risco para a vida do cidadão, e assegurar qualidade de vida, educação para a defesa e recuperação da saúde.

Essa nos parece a melhor estratégia, pois representa economia de recursos, de tempo, de energia e, principalmente, é capaz de poupar vidas preciosas para todos nós.

Faço votos para que essa importante política de saúde pública seja imediatamente implantada em todo o território nacional, para que todos brasileiros possam dispor desses recursos médicos e para que tenham melhores condições de vida e saúde.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/03/2005 - Página 4129