Discurso durante a 14ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao governo Lula. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA EXTERNA.:
  • Críticas ao governo Lula. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 08/03/2005 - Página 4332
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESMENTIDO, EX PRESIDENTE, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), CONHECIMENTO, CORRUPÇÃO, ORGÃO PUBLICO, REGISTRO, ENCAMINHAMENTO, ORADOR, MINISTERIO PUBLICO, PEDIDO, INVESTIGAÇÃO.
  • ANUNCIO, VISITA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), PRESIDENTE DA REPUBLICA, UTILIZAÇÃO, TRANSPORTE AEREO, AERONAVE PUBLICA, VIAGEM, MUNICIPIOS, DESCONHECIMENTO, PRECARIEDADE, RODOVIA, REGIÃO, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, COMBUSTIVEL, COMPARAÇÃO, INFERIORIDADE, RECURSOS, PROMESSA, PROGRAMA, AGRICULTURA, ECONOMIA FAMILIAR, TITULAR, MULHER.
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, FOTOGRAFIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ARGENTINA, APREENSÃO, RISCOS, REDUÇÃO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, BRASIL.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senadora Heloísa Helena, V. Exª não estava aqui na semana passada, porque cumpria compromisso internacional por delegação da Presidência do Senado, e não teve a oportunidade de assistir ao discurso e à repercussão do discurso pronunciado por Sua Excelência, o Presidente Lula, no Espírito Santo, quando disse que um alto companheiro havia dito a ele - certamente no gabinete do Palácio do Planalto - que a instituição que dirigia estava quebrada, estava falida e que atos de corrupção teriam levado a instituição àquela situação. Eu não sei se V. Exª, quando voltou, viu manifestação do suposto alto companheiro - estou certo de que o Presidente se referia ao Dr. Lessa, Presidente do BNDES - que, indo ao Ministério Público de São Paulo para tratar de outra questão, abordado sobre o discurso do Presidente, disse - eu fiquei extasiado - e a televisão mostrou: “Não, eu nunca disse ao Presidente que a instituição que eu dirigia estava falida. Eu nunca disse ao Presidente que ato de corrupção tinha levado à quebradeira. Como eu não disse, eu não poderia nunca ter recebido do Presidente a orientação para esconder a sujeira embaixo do tapete.”

Eu fiquei pasmo porque um ex-auxiliar estava desmentindo, frontalmente, o discurso do Presidente levado a efeito no Jornal Nacional, no Jornal da Record, no Jornal da Band, enfim, em todas as redes de televisão do Brasil, um desmentido frontal. A palavra do Presidente está em jogo, e eu tive a oportunidade, Senador Mão Santa, de solicitar ao Ministério Público uma averiguação judicial sobre esta questão para vermos quem está mentindo, se há corrupção ou não, se tem palavra empenhada e não cumprida, enfim, o que está havendo.

O segundo assunto que quero comunicar a esta Casa é que amanhã Sua Excelência, o Presidente Lula, estará no meu Estado do Rio Grande do Norte, onde espero que seja muito bem recebido. O avião irá pousar no aeroporto, Senador Arthur Virgílio, de Mossoró, minha cidade, construído pelo seu amigo quando governador com recursos próprios do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Vai pousar o “Aerolula” placidamente na bonita pista feita pelo Governador José Agripino na cidade onde nasceu e vai gastar não sei quanto de combustível. Depois vai a Apodi, distante 75 quilômetros de Mossoró, de helicóptero. Queria eu que o Presidente fosse de carro para levar duas horas de automóvel em cima da buraqueira de Mossoró a Apodi, para conhecer a situação de lamúria em que se encontram as rodovias federais do Brasil, a começar pelas do Rio Grande do Norte.

Senador Arthur Virgílio, Senador Alberto Silva, o Presidente vai ao assentamento de Milagres para falar às mulheres por ocasião do Dia Internacional das Mulheres, para falar do Pronaf Mulher, do financiamento às mulheres. Sabem quanto foi concedido de financiamento às mulheres, Senador Mão Santa e Senador Efraim Morais? Quarenta e oito mil reais! O Presidente vai lá para falar do Pronaf Mulher, que beneficiou com R$48 mil, muito menos do que vai gastar em combustível na viagem de helicóptero para não ver as estradas e no “Aerolula”, que comprou por US$56 milhões.

Sr. Presidente, o terceiro ponto é o que me preocupa realmente. Senador Tião Viana, Líder do PT e meu dileto amigo, veja esta fotografia: “Superamigos: os Presidentes Chávez, Lula e Kirchner apertam as mãos após conclusão de acordo em Montevidéu”. Os três, Presidente Kirchner, Presidente Chávez e Presidente Lula, estavam mortos de felizes.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS. Fazendo soar a campainha.) - V. Exª ainda tem três minutos.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Ótimo.

A minha preocupação, Sr. Presidente, é com o reflexo desta fotografia no plano internacional. Não quero - e está longe de mim - policiar as amizades e os acordos do Presidente. Entretanto, perto de mim está a obrigação de proteger o emprego no Brasil, que foi razoável e entrou agora em vôo de galinha, devagarinho. Não há mais investimentos; sem investimento e sem crescimento de renda, não há retomada de crescimento, nem geração de emprego. A poupança interna é pequena. Não há investimentos internos porque a taxa de juros Selic é estratosférica, a maior do mundo. Resta-nos a poupança externa. Para o investimento externo, há uma porta aberta em função do risco Brasil, que está convidativo. Quem são as pessoas que estão na fotografia com o Presidente? O Presidente Chávez, da Venezuela. Coronel.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - O Presidente Hugo Chávez conduz um país baseado no petróleo da Pedevesa - Petróleo da Venezuela Sociedade Anônima - e é um inimigo declarado dos Estados Unidos, que é um grande investidor no Brasil. O Presidente Lula está acompanhando o Presidente Chávez sem nenhuma ressalva ou problema. Há inclusive uma fotografia de mãos dadas com os Srs. Hugo Chávez e Néstor Kirchner, Presidente da Argentina, cujo país tomou a atitude de dar o calote, o que produzirá efeitos nefastos a médio e a longo prazo para o povo. Em curto prazo, os resultados são positivos e são aplaudidos, porque a dívida foi reduzida em 75%. Mas o pior está por vir. Nós já provamos isso e sabemos o que significa o reflexo de um calote, de uma moratória.

O Presidenre passa, por meio dessa fotografia, um recado para o mundo, especialmente para a União Européia.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Concederei mais um minuto para que V. Exª conclua, Senador José Agripino.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Já concluirei, Excelência. Quatrocentos e cinqüenta mil idosos italianos investiram sua poupança em títulos da dívida pública argentina e, agora, vêem reduzido o seu dinheiro a 25% do que aplicaram.

O recado que se passa é que o Presidente Lula, que está fazendo uma política econômica correta, está unindo-se agora àqueles que praticam o calote e aos que afrontam os Estados Unidos. Então, Senador Mão Santa, os investimentos externos para gerar os empregos, que citei, ficam diante dessa fotografia, que é um espanta-emprego. Nesse caso, tenho a obrigação de vir à tribuna para denunciar essa situação em nome do interesse do povo brasileiro e dos empregados do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/03/2005 - Página 4332