Discurso durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários à Editorial do jornal O Estado de S.Paulo, que estabelece paralelo entre o Governo Federal de Lula e o Governo Estadual do Governador Geraldo Alkmin. Justificativas a requerimentos de informações ao Ministro-Chefe da Casa Civil e ao Ministro da Defesa.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. EXECUTIVO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.:
  • Comentários à Editorial do jornal O Estado de S.Paulo, que estabelece paralelo entre o Governo Federal de Lula e o Governo Estadual do Governador Geraldo Alkmin. Justificativas a requerimentos de informações ao Ministro-Chefe da Casa Civil e ao Ministro da Defesa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2005 - Página 4633
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. EXECUTIVO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, EDITORIAL, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMPARAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, ELOGIO, GESTÃO, GOVERNADOR.
  • JUSTIFICAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, AUTORIA, ORADOR, DESTINATARIO, MINISTERIO DA DEFESA, CASA CIVIL, SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, UTILIZAÇÃO, AERONAVE, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB), JOSE DIRCEU, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, POLITICA PARTIDARIA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, peço a V. Exª que considere como lido o pronunciamento meu a respeito do Editorial do O Estado de S. Paulo que estabelece paralelo entre o Governo Federal de Lula e o Governo Estadual do Governador Geraldo Alckmin, com ampla vantagem para o Governo Estadual de São Paulo, ao mesmo tempo em que encaminho à Mesa dois Requerimentos. O primeiro é endereçado ao Ministro da Defesa, sobre suposto uso da aeronave da Força Aérea Brasileira, de maneira irregular, transportando o Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República para encontro partidário em São Carlos, São Paulo. Pergunto se houve pedido formal da Casa Civil para uso do avião e se dele constava o objetivo da viagem; se houve autorização do Ministério da Defesa e do Comando da Aeronáutica para uso do avião com objetivos partidários e qual o custo em reais desse deslocamento.

Da mesma maneira, faço ao próprio Ministro Chefe da Casa Civil as seguintes demandas: houve pedido formal ao Ministério da Defesa para que ele usasse o avião? Se houve pedido, dela constava o objetivo da viagem? Houve autorização do Ministério da Defesa e do Comando da Aeronáutica para uso do avião com objetivos partidários? O avião aguardou o término do encontro partidário, para retorno a Brasília?

Encaminho a V. Exª, cumprindo meu dever de Líder do Partido de Oposição, essas três matérias, uma para ser dada como lida e dois requerimentos que imagino serão prontamente respondidos pelas autoridades aqui demandadas.

Peço também, Sr. Presidente, inscrição como Líder do PSDB para após a Ordem do Dia.

Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO.

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O SR. ARTHUR VIRGILIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, felizmente, a luz no fim do túnel começa a dar esperanças aos brasileiros, com vistas à sucessão presidencial no próximo ano. Como as coisas não andam bem, é razoável que se pense em alternativas ou, ao menos, que se esbocem olhares críticos para eventuais alternativas. E elas existem, como mostra editorial da edição de hoje do jornal O Estado de S. Paulo.

Numa análise acerca do Governo de São Paulo, o jornal comenta a afirmação do Governador Geraldo Alkmin, mostrando que “existem alternativas para a atual política monetária extremamente restritiva, que manteriam a inflação baixa sem travar a expansão da economia. Ele comparou a situação do País a uma camisa-de-força: se o crescimento tende a puxar a inflação, aumentam-se os juros, o que tende a deter o crescimento.

O editorial do Estado estabelece um paralelo entre o Governo Federal de Lula e o Estadual de Alkmin. E observa que, no plano federal, a atrapalhação é geral. E textualmente assinala:

O governo (Lula) se enrosca ao defender a sua linha, ora como se fosse pouco mais do que a adequação a fatos presentes de idéias passadas, sem prejuízo da coerência, ora como se fosse o preço inexorável a pagar para a superação da 'herança maldita'.

E ao lembrar a manifestação de Alkmin, nota o jornal que o Governador de São Paulo virou o disco ao falar para mil empresários reunidos pela Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil.

Prossegue a análise, assinalando que o Governo de Lula combina a prodigalidade do gasto público, voltado em peso para o custeio da máquina, com a voracidade tributária necessária para perpetuar esse padrão.

Ao contrário, Alkmin, fechou as torneiras estatais e desonerou a produção, ambas representando demandas compartilhadas por amplas parcelas da sociedade.

Diga-se, a propósito, que o Governo Lula não se esmera pelo correto emprego do dinheiro público. Ainda há pouco, o jornal O Globo, na coluna do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, estabeleceu um confronto entre as diferentes aplicações de recursos federais pelo Presidente Lula:

Lula gastou em 2004 três vezes mais em festas do que no combate ao tráfico de drogas.

Com base em dados do SIAFI, acrescenta a nota: Foram R$2.503.896,40 para o programa de combate ao crime organizado e tráfico de drogas e armas, contra R$ 7.972.187,36 na rubrica festividades e homenagens.

Já o Governador Geraldo Alkmin mostrou que é possível realizar obras com a receita arrecadada, estimular as atividades e, o mais importante, sem debilitar a capacidade de atuação do setor público.

O que faço, Sr. Presidente, é mostrar dados, todos disponíveis para quem quiser ver.

Por exemplo, no momento a Câmara dos Deputados e o Senado da República concentram atenções no exame da travestida Medida Provisória nº 232, que, mais uma vez vai sobrecarregar o povo, que já não agüenta o peso dos impostos.

Eis o que acrescenta a propósito o editorial de O Estadão:

Enquanto o governo federal elevava em 1,6% a carga tributária como proporção do PIB e destinava apenas 0,1% disso para investimentos, em São Paulo, o investimento subiu e o fardo dos impostos foi aliviado. É a herança bendita da gestão Mario Covas. Desde 1995, lembrou o seu sucessor, o déficit do Estado é zero - e isso 'sem mandar a conta para o contribuinte'.

No plano federal, mandar a conta para o contribuinte é a tônica principal.

Em São Paulo, o Governo local cobra “os menores impostos do País”. Ficarão menores em abril, quando chegar o 'outono tributário', a segunda rodada em dois anos de isenções de ICMS para produtos como farinha de trigo.

E aí chegamos ao ponto mais significativo dessa análise. E faço isso para demonstrar que o mesmo poderia estar acontecendo no Governo Lula, se não houvesse patrulhamento nem desorganização. Se houvesse, vamos falar às claras, vontade e disposição para o trabalho. Não há.

No fundo - recorro mais uma vez ao editorial do jornal - a diferença entre o governo Alkmin e o do presidente Lula é que ambos professam a austeridade fiscal, mas o deste, i.é, o Governo Lula, é refém - voluntário - de uma estrutura de dispêndios que deriva de uma concepção patrimonialista do Estado: não a das velhas oligarquias, mas a que consiste no manejo do aparato administrativo para maximizar a sua ocupação pelo PT e respectivas clientelas. Tudo isso neutraliza o efeito do rigor fiscal.

Entre o Governo Lula e o Governo Alkmin há - e isso está à vista do povo - diferenças maiores do que os buracos das estradas que o Palácio do Planalto insiste em não consertar.

O Governo Alkmin não compra avião de luxo, como o Aerolula .E não joga dinheiro pelo ralo nem aparelha a máquina administrativa.

O Presidente Lula governa para os amigos. Só para os petistas.

E lá já se vão mais de dois anos de seu mandato.

Indago: Quais são as obras deste Governo? Se alguém quiser responder, não vai ter como, mesmo que saia de lanterna acesa.

Mais um trecho do editorial de O Estado de S. Paulo:

O que se convencionou chamar 'aparelhamento, expressão do léxico das esquerdas, é uma barreira intransponível a qualquer meta de redução do custo-Estado - que, em decorrência, terá de ser suportado pelo aumento constante da arrecadação e a contenção dos investimentos. Daí a deterioração imitigada da infra-estrutura física do País. E os cortes orçamentários que reduzem investimentos e tiram o ar de programas sociais. É o que acontece quando se governa, como diz Alckmin, 'para um partido ou para amigos'.

Termino, Sr. Presidente, dizendo que já agora, a pouco mais de 1 ano e meio do término do mandato Lula, os brasileiros procuram dados para uma avaliação serena desse desastrado e inanildo Governo Lula, em quem seguramente a maioria confiava. E em quem, também seguramente, a maioria já se vai decepcionando. E perdendo as esperanças, a não ser a única que resta, a da proximidade do fim de uma experiência malograda.

E empresto os versos do poeta mineiro Affonso Romano de Sant’anna, que parecem refletir o Governo Lula:

Espelho, espelho meu!

Há um país mais perdido que o meu?

E o espelho respondeu

algo que se perdeu

entre o inferno que padeço

e o desencanto do céu

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2005 - Página 4633