Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à reforma ministerial e à conduta do atual Presidente da Câmara dos Deputados. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXECUTIVO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Críticas à reforma ministerial e à conduta do atual Presidente da Câmara dos Deputados. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 31/03/2005 - Página 6936
Assunto
Outros > EXECUTIVO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, EXECUTIVO, REFORMULAÇÃO, MINISTERIO, AUSENCIA, CRITERIOS, EFICIENCIA, QUALIFICAÇÃO, AREA, ATUAÇÃO, COMENTARIO, INTERESSE, POLITICA PARTIDARIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, INEFICACIA, MOBILIZAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, QUEBRA, DECORO PARLAMENTAR, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, NEPOTISMO, DESRESPEITO, POLITICA NACIONAL.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, este mês de março foi particularmente infeliz para a vida política brasileira, tanto no âmbito do Executivo quanto do Legislativo. Não me recordo, em tantas décadas de vida pública, de uma comédia de erros semelhante a essa abortada reforma ministerial.

Durante três meses, o País acompanhou o noticiário da imprensa, tomado pelas idas e vindas, pelos encontros e desencontros do Executivo com os Partidos da base governista para fazer a chamada reforma ministerial. Em nenhum momento, viu-se a necessidade de substituir ministros para melhorar a eficiência do Governo. Era apenas para atender à voracidade dos Partidos ou das alas dos Partidos. Os ministros, os nomes indicados não eram pela qualificação. Vimos todos ministros serem indicados para três ou quatro ministérios diferentes. Realmente um prodígio em matéria de versatilidade, Sr. Presidente. Políticos polivalentes que podem ocupar quatro ministérios inteiramente diferentes e certamente com a mesma eficiência em todos eles.

No final, o que sobrou? Sobrou para o nosso colega Amir Lando. A reforma ministerial foi apenas a exoneração do Senador Amir Lando, do PMDB, substituído por outro Senador do PMDB. Por que foi exonerado o Senador Amir Lando? Ninguém sabe. S. Exª era incompetente? S. Exª cometeu algum deslize? S. Exª entrou em choque com o Presidente da República? Sua substituição atendeu à necessidade de atender a outro Partido da base governista, com o PMDB cedendo a outra agremiação partidária? Também não. Foi um Senador do mesmo Partido. Por que então saiu o Senador Amir Lando? Não sei, só S. Exª sabe, só S. Exª sabe explicar, mas eu não gostaria de estar na situação constrangedora em que colocaram o nosso colega de Casa legislativa.

Além dessa comédia de erros no âmbito do Executivo, Sr. Presidente, e no Legislativo? E o comportamento atípico do Presidente da Câmara dos Deputados? Um Presidente que se gaba de ter sete parentes empregados e declara que se tivesse mais filhos, mais empregaria. Típico caso de quebra de decoro parlamentar. Se outro fosse o nível do Parlamento brasileiro, um processo de impeachment já teria sido iniciado contra o Presidente da Câmara dos Deputados. Para culminar, aquele desastrado ultimato que fez ao Presidente da República: ou nomearia o seu afilhado político ou então seu Partido iria para a Oposição.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Se o Presidente se curvasse àquilo estaria desmoralizado. Reagiu, mas como deveria ter...

Já concluo, Sr. Presidente.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Siqueira Campos. PSDB - TO) - Nobre Senador, permita a Presidência informar, em seu favor, que V. Exª será o próximo orador inscrito, à minha exceção, que terei a honra de falar após V. Exª. Então, em vez dos cinco minutos pela liderança, V. Exª poderá optar pelos dez minutos de orador inscrito e, portanto, ter mais cinco minutos, se for o desejo de V. Exª.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Muito obrigado, mas terminarei antes, Sr. Presidente.

O que o Presidente da República deveria ter feito diante do ultimato impróprio do Presidente da Câmara dos Deputados seria excluir o PP, seu Partido, da reforma ministerial. Mas não. Acabou simplesmente com a reforma, que se limitou - repito - à demissão do Ministro Amir Lando.

De forma, Sr. Presidente, que, diante desse desgaste enorme que sofre o Congresso Nacional, principalmente a Câmara dos Deputados, diante da situação difícil perante a opinião pública...

(Interrupção do som.)

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - ... Sr. Presidente, fico a me perguntar como é que a vida pública brasileira desceu a níveis tão baixos, tão medíocres. Já assisti a momentos muito melhores, tanto da Presidência da República quanto da Câmara e do Senado. Uma vez, num desabafo, eu disse aqui que pensava em abandonar de vez a vida pública. Continuo pensando nisso. Não sei se seria um gesto de covardia, de fuga ou simplesmente um desabafo de quem está à beira da situação. A vida política do Brasil vive um momento particularmente melancólico, sem dúvida nenhuma. Digo isso, Sr. Presidente, para lamentar, nunca para me regozijar, porque quem perde é o País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/03/2005 - Página 6936