Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o crescimento dos índices de violência no Estado do Paraná. (como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Preocupação com o crescimento dos índices de violência no Estado do Paraná. (como Líder)
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2005 - Página 13273
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • APREENSÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, CRIME, MUNICIPIOS, INTERIOR, ESTADO DO PARANA (PR).
  • REGISTRO, ROUBO, INSUMO, COOPERATIVA AGRICOLA, ZONA RURAL, ESTADO DO PARANA (PR).
  • REGISTRO, AUMENTO, QUANTIDADE, VITIMA, CRIME, MORTE, MUNICIPIO, LONDRINA (PR), ESTADO DO PARANA (PR).
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, FALSIDADE, PROPAGANDA, REDUÇÃO, VIOLENCIA.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falo de um assunto grave: da segurança e do estado de insegurança que estamos vivendo no Paraná; e não apenas no Paraná, mas em outros Estados brasileiros também. Vou referir-me à situação do meu Estado por conhecê-la melhor. Não porque o Secretário de Segurança Pública tenha estado aqui no Congresso Nacional para responder às indagações sobre eventuais acusações feitas a membros de sua família. Não me refiro às acusações feitas ao irmão do Secretário de Segurança do Paraná, porque não quero fazer nenhum prejulgamento. No entanto, a situação de insegurança no Estado não se deve a esse fato. Por isso, quero ignorá-lo neste meu pronunciamento, para tratar desse assunto, objetivamente, nesse tempo curto dado aos Líderes.

Nos últimos dias, uma escalada de assaltos tem ocorrido em meu Estado. Não só na região metropolitana de Curitiba, onde os assaltos se multiplicam nos ônibus e onde veículos são roubados em série, mas também porque, no interior do Estado, especialmente nas propriedades rurais, já estamos vendo o deslocamento desse tipo de crime para regiões que antes jamais passaram por essa experiência desagradável.

Há 15 dias, a Coagru, uma cooperativa situada em Ubiratã, foi assaltada e, de lá, os bandidos levaram R$1,5 milhão em insumos. Evidentemente, que a cooperativa e os seus produtores tiveram um prejuízo enorme com esse assalto.

No final de semana que passou, uma outra empresa que vende defensivos na cidade de Londrina também foi assaltada, e os bandidos levaram R$300 mil em insumos. Tratores, colheitadeiras, insumos agrícolas são roubados das propriedades rurais, a ponto de as empresas de seguro, Senador Leomar Quintanilha não quererem mais fazer o seguro, porque, ultimamente, elas pagaram tantos prêmios que se negam a segurar a carga para que os produtores possam ter tranqüilidade em relação aos seus equipamentos e suas máquinas.

Nas cidades, não acontece diferente. A cidade de Londrina - refiro-me a Londrina novamente -, que é administrada por um prefeito do PT, mas não é por ser administrada por um candidato do Partido dos Trabalhadores que a estou citando, mas por ter índices de violência acima da média. Repito, não estou dizendo que é porque é administrada por um prefeito do PT, mas a cidade de Londrina, somente neste ano de 2005, já viveu o drama de 60 assassinatos e ainda estamos no mês de maio e há uma média de mais de 10 a 13 assassinatos por mês. A segurança pública, que já é um problema muito grave no Estado do Paraná, poderá se tornar um problema ainda maior, porque todo o contingente da Polícia Civil está ameaçando entrar em greve geral em busca de uma reposição salarial de 56%. Apesar disso, o Governador acaba de anunciar a desativação do Grupo Águia, da Policia Militar, que foi criado para promover a reintegração de posse nas propriedades invadidas. O Grupo Águia foi desativado, segundo versão do próprio Governo do Estado, em função das denúncias feitas pelo Coronel Valdir Copetti à CPI da Terra. É aquela história de tirar o sofá da sala... Não podemos permitir que a violência cresça e os instrumentos que temos para combatê-la sejam desativados.

As patrulhas rurais, que foram criadas para oferecer segurança nas propriedades rurais, praticamente estão desativadas também. Os instrumentos de combate à violência vão sendo, aos poucos, desativados, diminuídos e, enquanto isso, a violência cresce.

Para atender ao apelo do Senador Romeu Tuma que deseja um aparte, apenas quero completar um dado: temos, hoje, na Polícia Militar, um contingente menor do que tínhamos há 30 anos. Assim, evidentemente, os criminosos se sentem à vontade para, em um Estado como o Paraná, de gente trabalhadora e pacífica, praticarem seus crimes.

Concedo o aparte ao Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Osmar Dias, realmente V. Exª traz um diagnóstico que intranqüiliza não só a população do seu Estado, mas a de todo o País. Pedi permissão para apartear V. Exª porque o tema me faz lembrar um outro assunto. Quando presidi a CPI do Roubo de Carga, havia um período, o das safras, em que os insumos eram assaltados. Veja V. Exª que um caminhão carregado com produtos químicos para serem aplicados na lavoura chega a valer R$ 2 milhões. Então, as transportadores estavam desesperados em transportar essa ou aquela carga, não só porque a companhia de seguro não mais queria segurá-las, como também o medo de seus motoristas serem sacrificados. Vejo que isso não parou. E aí está V. Exª a nos demonstrar isso. A coisa é assustadora.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Além dessa mania repugnante de extinguir uma entidade quando da prática de algum delito. O Estado, por não ter a capacidade de controlar os seus subordinados, a extingue! V. Exª me desculpe, mas não dá para aceitar. O Estado deve ter capacidade para, dentro de casa, combater o crime e também melhorar suas atividades para esse combate. O que ele não pode é encerrar os meios de combatê-la. Isso vai contra a qualquer idéia da boa segurança. O que V. Exª denuncia desta tribuna é um grave erro.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Sr. Presidente, trata-se de um depoimento de um especialista no assunto, respeitado neste Congresso e no País, que contribui muito para o meu pronunciamento.

Sr. Presidente, se possível, peço-lhe um minuto para que eu possa encerrar o meu pronunciamento.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Senador Romeu Tuma, quero dizer a V. Exª, e também para todo o País, que não dá para suportar realmente, porque, enquanto a propaganda do Governo diz que os índices de violência estão caindo, que a criminalidade está sendo combatida, nós temos que conviver com essa situação em meu Estado, em que o próprio Governo, que faz a propaganda maciça na televisão, no rádio e nos jornais, desativa estruturas ao invés de aperfeiçoá-las, ao invés de colocá-las de acordo com as exigências da população.

E mais do que isso: nesse momento os agricultores se sentem assaltados duplamente: quando compram os insumos, que já estão com os preços exorbitantes, e quando colocam os produtos em seus armazéns, porque os bandidos os assaltam, levando cargas valiosas.

Na cidade e no campo, a violência está à vontade, e a criminalidade cresce. É preciso combatê-la, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2005 - Página 13273