Discurso durante a 66ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Posicionamento contrário ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Posicionamento contrário ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2005 - Página 16081
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • CRITICA, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR, DESVALORIZAÇÃO, ATUAÇÃO, ORADOR, HISTORIA, BRASIL, REGIME MILITAR, REDEMOCRATIZAÇÃO, REPUDIO, INTIMIDAÇÃO.
  • RESPOSTA, AUSENCIA, POSIÇÃO, FAVORECIMENTO, GOLPE DE ESTADO, COMENTARIO, SUPERIORIDADE, APOIO, ORADOR, ELEITOR, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • ACUSAÇÃO, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR, LOBBY, GOVERNO FEDERAL, IMPEDIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se há algum Senador com quem tenho tido um bom diálogo e tenho tratado com a mais absoluta correção é o Senador Aloizio Mercadante. Entretanto, sinto que ele está querendo ver até aonde vai a minha paciência.

Hoje, repete aqui discurso que já fez e, da maneira como fez, eu até me congratulei com ele quando desceu da tribuna. Agora, vem repetir. Não tenho nenhum acanhamento em dizer que pertenci ao regime militar. Mas como pertenci ao regime militar, e eu fui peça chave para derrubar o regime militar, o Senador Mercadante tinha bem próximo a ele um dos mais atuantes militares do regime de exceção. Logo, é preciso vir com jeito para que algumas coisas desagradáveis não venham a surgir nos debates desta Casa por provocação do Aloizio Mercadante.

Que ele é realmente um homem inteligente, dúvida não há; que ele é de uma empáfia que chega à intolerância também dúvida não há, mas mesmo assim temos nos tratado cordialmente, e ele quer colocar-me como golpista. Ele sabe as pessoas que participaram do golpe, se é que é golpe, acho que foi um movimento popular o de 64, como foi popular as Diretas, como foi popular a volta do regime. O povo estava contra aquele regime. E figura destacada, repito, do regime militar não fui eu. Ele sabe quem foi, não direi em respeito a sua figura. 

Quero dizer aos senhores que não quero ser golpista porque tenho votos. Se ele teve 10 milhões de votos, tive o equivalente no eleitorado da Bahia; se ele já venceu eleição, já venci mais do que ele. Portanto, posso aqui falar como quero, até para dizer que, em vez de estar aqui no plenário, quando se estava falando, ele estava reunido no Palácio, com Ministros, para evitar a CPI. Quero que negue, para que eu prove. Para evitar a CPI, ou derrubando números, que eles já sabem que não podem, ou inviabilizando por outros processos menos sérios.

A CPI vai existir e não vai ser trocada com coisa nenhuma de Alexandre de Moraes, nem coisa alguma desse tipo. Discordo do meu Líder, porque Líder do PSDB e meu amigo, Senador Arthur Virgílio: o diálogo que o Governo quer aqui é o diálogo de uma boca só, em que eles falam e ninguém pode responder. Esse tempo já passou e não voltará mais.

A tribuna do Senado e da Câmara, hoje, é democrática, e porque é democrática está irritando profundamente o Líder Aloizio Mercadante. Compreendo que cada um de nós tem seus problemas no Estado. Ele está sofrendo muito no Estado de São Paulo com o seu Partido. O crescimento da ex-Deputada e ex-Prefeita Marta Suplicy não aborrece o Senador Suplicy, mas aborrece o Senador Mercadante.

De modo que esses problemas internos não devem vir para a tribuna.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me, Senador Antonio Carlos Magalhães, mas eu tenho...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - V. Exª está com qual candidato?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu tenho expressado que vou procurar colocar-me de maneira isenta e colaborar para a harmonia entre os três candidatos. Quero só registrar isto: tenho o maior respeito pelo meu colega Aloizio Mercadante, pelo João Paulo Cunha e pela Marta, e assim pretendo prosseguir até o dia da decisão da prévia e apoiar aquele que vencer.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Seja como for, V. Exª mudou muito da eleição passada para a atual, porque na eleição passada V. Exª estava realmente de corpo e alma na campanha da Drª Marta.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim. Mas era meu dever.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Mas isso não vem ao caso, porque V. Exª não está em debate, foi por acaso que V. Exª foi citado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Assim como apoiei o Senador Aloizio Mercadante para que chegasse aqui.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Ah, sim, mas uma coisa é a Prefeitura, outra coisa é o Senado. V. Exª não quer é no voto majoritário.

Mas o que quero dizer é que ninguém vai me intimidar. A cada provocação, eu responderei. Eu poderia ficar no meu gabinete ouvindo o Senador Aloizio Mercadante, porque eu estava trabalhando, mas vim para cá responder a S. Exª. O Senador sabe que não sou golpista. Não fui golpista até mesmo no caso Collor, quando houve impeachment, após a votação feita por Senadores e Deputados, e eu não estava no meio daqueles que votaram o impeachment. É preciso admitir que haja impeachment para qualquer um, daqui a 10 anos, daqui a 20 anos, daqui a 30 anos, ou então que se retire essa figura da Constituição, figura que já foi usada pelo PT.

Não desejo lutas, desejo harmonia, mas não vou silenciar diante de tudo que a Nação está vendo, estarrecida, com o Governo do PT.

Era isso que eu queria dizer, pedindo ao Senador Aloizio Mercadante que se contenha, porque S. Exª, contendo-se, como sempre fez no ano passado, conseguiu muita coisa no Senado.

(Interrupção do som.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Sr. Presidente, se V. Exª me permitir, quero dizer que, com esse estilo que quer imprimir no momento, o Senador Aloizio Mercadante não pacificará o Senado e nem fará diálogo com as oposições.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2005 - Página 16081