Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a prestação de contas da última campanha eleitoral de S.Exa. Indignação com a conduta de membros do PT, no trato referente às acusações que lhes são atribuídas pela imprensa.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Considerações sobre a prestação de contas da última campanha eleitoral de S.Exa. Indignação com a conduta de membros do PT, no trato referente às acusações que lhes são atribuídas pela imprensa.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Eduardo Azeredo, Eduardo Suplicy, Geraldo Mesquita Júnior, José Agripino, Mão Santa, Rodolpho Tourinho, Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2005 - Página 24232
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTAÇÃO, PRESTAÇÃO DE CONTAS, DESPESA, ORADOR, CAMPANHA ELEITORAL, ESCLARECIMENTOS, ACUSAÇÃO, RECEBIMENTO, CONGRESSISTA, RECURSOS FINANCEIROS, PERIODO, ELEIÇÕES, DOAÇÃO, EMPRESA, SUSPEIÇÃO, TRANSAÇÃO ILICITA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
  • CRITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RECUSA, ESCLARECIMENTOS, ORIGEM, RECURSOS FINANCEIROS, RECEBIMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, MANIFESTAÇÃO, CONHECIMENTO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • REPUDIO, CONDUTA, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ACUSAÇÃO, PESSOAS, SITUAÇÃO, INOCENCIA, FALTA, PROVA.
  • COMENTARIO, CONDUTA, ROBERTO JEFFERSON, DEPUTADO FEDERAL, DEPOIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • COMENTARIO, DETALHAMENTO, ORDEM CRONOLOGICA, DIVERSIDADE, OCORRENCIA, PARTICIPAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MALVERSAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), APURAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • COMENTARIO, TRANSAÇÃO ILICITA, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES, PARTICIPAÇÃO, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, POSSIBILIDADE, CANDIDATURA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REELEIÇÃO.
  • COMENTARIO, IRREGULARIDADE, DOAÇÃO, EMPRESA PRIVADA, RECURSOS FINANCEIROS, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPARAÇÃO, VALOR, INFERIORIDADE, RECEBIMENTO, ORADOR, PERIODO, ELEIÇÕES.
  • ESCLARECIMENTOS, CONDUTA, ORADOR, COMBATE, ADVERSARIO, NATUREZA POLITICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, perto de meia-noite, que é um horário muito apropriado à covardia, um horário muito próprio para quem se esconde na escuridão, um Deputado do PT, Sr. Henrique Fontana*, de maneira aparentemente suave, en passant, perguntou ao diretor-presidente da Skymaster* se essa empresa havia colaborado para minha campanha. Era meia-noite. Dizia-me agora o Presidente de meu Partido, Senador Eduardo Azeredo, que não repercutiu, ninguém está preocupado com isso, mas o problema meu não é se vai sair na imprensa, se não vai; sou eu que não agüento. Não desceu por minha goela, então, vai daqui para fora tudo o que estou sentindo no coração.

           E o rapaz da Skymaster disse: “Não, eu colaborei com R$40 mil - foi o que minha esposa me disse -, pessoa física”. Não é verdade. Ele colaborou com R$50 mil, pessoa jurídica. Aqui está, Sr. Presidente, e peço que conste dos Anais do Senado Federal, a minha prestação de contas eleitoral: gastei R$1,6 milhão e tantos - é só somar tudo isso. Fiz uma campanha realista, caixa 1, fui buscar dinheiro aqui, dinheiro acolá, quem colaborou comigo está aqui, não faço nada caixa 2. Devo dizer que, em meu Estado, havia três candidatos com oportunidade de ganhar, um deles o Senador Jefferson Péres, meu querido amigo, que gastou R$149 mil. Não é verdade, S. Exª gastou muito mais, quem financiou sua campanha foi o Governador Eduardo Braga e quem financiou a campanha do Governador Eduardo Braga foi o Governador Amazonino Mendes, sabe-se lá com dinheiro de onde.

           O Senador Jefferson Péres é um homem sério, acontece que os aviões não estão computados. Enfim, só estou querendo dizer que, para mim, chega de brincadeira quando se trata de mexer com algo muito sério, que é minha honra pessoal.

            O Senador Bernardo Cabral, que perdeu a eleição, gastou R$400 mil. Isso é mentira. Gastou mais, porque, também, teve a mesma fonte de financiamento do Senador Jefferson Peres: o Governador Eduardo Braga, financiado pelo Governador Amazonino Mendes, que foi buscar o dinheiro sei lá onde. E vou repetir: sei lá onde!

           O meu está aqui. Fui buscar empresas. Elas estão mencionadas aqui. Está tudo aqui, para constar nos Anais. Aqui está tudo que diz respeito às minhas contas. Quero isso tudo nos Anais. Quero que todos os Senadores ajam da mesma maneira. Quero um Diário do Senado só para mim.

           Portanto, quero dizer algumas coisas aqui. Primeiro, o Tribunal Regional Eleitoral, Senador Eduardo Suplicy, considerou fonte vedada a doação da Skymaster, supondo que a fosse uma empresa concessionária de serviço público. Eu aceitei; o Tribunal aprovou as minhas contas, claro, dizendo que essa doação representava apenas 3.8% do total do que eu recebera. Então, não tinha nenhuma importância. O fundamental mesmo é que eu não fiz nada para que essa empresa subisse ou descesse na vida, nem fiz nada para que nenhuma empresa individualmente subisse ou descesse na vida. Eu não sou Sílvio Pereira! Eu não sou Delúbio Soares! Eu não sou José Dirceu! Eu não sou membro desse Governo corrupto do Presidente Lula da Silva! É isso que tem que ficar claro para começo de conversa, e para fim de conversa, e para meio de conversa!

           Tenho aqui um parecer, que passarei a ler. Aliás, ele é enfadonho, mas é um parecer que prova que a concessionária de serviço público é a ECT. Ela é que não pode fazer doação. Uma empresa que presta serviço para ela, pode. Essa empresa, a Skymaster, fez isso, e o Tribunal entendeu que não devia ter feito. Aceitei, mas há um parecer que diz que pode, porque ela trabalha também com valores privados e é prestadora de serviços.

           Aliás, o Presidente Lula, segundo a Folha de S. Paulo do dia 16 de maio de 2005, tem R$13 milhões em doações que ele não consegue explicar. Treze milhões de reais! Não me refiro a R$50 mil, mas a R$12.900,00 milhões: empreiteiras, coletoras de lixo e por aí afora. Coletoras de lixo, sim, são fonte vedada.

           Era Prefeita a Srª Marta Suplicy, e as empresas que tantos escândalos protagonziram na prefeitura de São Paulo contribuíram para a campanha do Senhor Lula da Silva, sim!

           Aqui, tenho o nome de mais uma empresa, prestadora de serviço, enfim. Tudo isso vai para os Anais.

           O Senhor Lula não consegue explicar R$13 milhões da sua campanha! Vamos acabar também com essa história de que o Senhor Lula não sabe de nada. Até o meu filho de dez anos sabe! Ou ele é um completo idiota, ou o Senhor Lula sabe de toda a corrupção que se passou embaixo do seu nariz.

           Todos estamos tendo paciência para levar o Senhor Lula até o último dia do seu Governo, mas todos sabemos que não é possível um dia a mais, depois de 1º de janeiro de 2007, termos uma figura, como Presidente da República que, das duas uma: ou é conivente com a corrupção, ou é um completo idiota, por não estar vendo tudo que se passa a sua frente. Então, estou dizendo aqui: na melhor das hipóteses, Senhor Lula, o senhor é um idiota! Na melhor das hipóteses! Na pior, o senhor é um corrupto!

           Eu havia dito que viria falar sobre isso desta tribuna se persistisse essa tática cretina, corrupta, de o PT procurar se defender sem se defender, tentando atingir a honra de pessoas honradas.

           Consigo defender o Senador Eduardo Azeredo com serenidade, mas não consigo me defender com serenidade, não. Comigo a coisa é muito diferente.

           Então, Sr. Presidente, aqui está todo o arrazoado do Tribunal Eleitoral e o parecer do Ministério Público. Aqui está, por exemplo, por curiosidade, a prestação de contas do Líder Aloizio Mercadante. É uma pena que S. Exª não esteja aqui. Viajou. Liguei para ele, avisando que eu viria. Deixei mensagem na sua caixa eletrônica dizendo o motivo da minha vinda, e S. Exª me conhece o bastante.

           Aqui estão as contas. O Senador Aloizio Mercadante recebeu ajuda de umas poucas empresas. O resto todo é doação de pessoa física. Ele alega...

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador, V. Exª me permite um aparte?

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concedo um aparte a V. Exª. Ele alega que recebeu dinheiro de pessoas físicas, enfim, e que sua campanha custou R$710 mil. A campanha do Senador Aloizio Mercadante não custou R$710 mil! Não é verdade, é mentira! Não é verdade que se eleja alguém Senador por São Paulo gastando R$710 mil. Não é verdade, como é mentira que Lula tenha perdido a eleição de 1998 gastando R$3 milhões. É mentira!

           Ouço V. Exª.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Arthur Virgílio, quero, primeiro, dizer a V. Exª que a sua indignação é, sem dúvida alguma, muito justa, porque não é possível que uma defesa seja feita acusando-se os outros. E essa tem sido, infelizmente, uma incoerência entre a postura de alguns membros do Governo, que tentam trilhar o caminho do equilíbrio, e de outros, que tentam trilhar o caminho da provocação, o caminho da indignidade, como é fato em relação a V. Exª. V. Exª é um Líder aguerrido, mas é um homem que sabe muito bem o momento de ter a têmpera e o momento de se buscar o entendimento, que é o interesse maior do País. A sua indignação é mais do que justificada, porque a sua vida pública é marcada pela luta pelo direito, pela liberdade de imprensa, pela democracia, que vem do seu pai. Estou aqui, hoje, Senador Arthur Virgílio, inclusive pedindo para a transcrição um artigo da Professora Carmem Lúcia Antunes Rocha, de Minas Gerais, que é Professora, Advogada, ex-Procuradora do Estado de Minas Gerais no Governo de um adversário meu, que foi o ex- Governador Itamar Franco. Ela escreveu um artigo extremamente lúcido em um jornal de Belo Horizonte, no jornal Hoje em Dia, em que diz, em um certo ponto:

Não se há de permitir que a afronta aos princípios éticos sejam agredidos em detrimento da democracia. Essa se baseia na confiança do povo, nas instituições do Estado.

Nem se há, igualmente, de permitir que a agressão aos princípios de direito, tais como o devido processo legal, o direito à defesa, o direito à jurisdição sejam descumpridos em benefício do denuncismo, que faz com que baste gritar a culpa de alguém para que todos se ponham a favor da denúncia e contra o denunciado.

E ela conclui com esta frase: “Não saímos da Idade Média para cair na Idade Mídia”. Sr. Senador Arthur Virgílio, meu Líder - com muito orgulho sou liderado por V. Exª -, a sua indignação está correta. Precisamos que haja realmente um respeito maior nas relações políticas dentro do Brasil neste momento. Digo-lhe que a sua fala, o seu discurso aqui, hoje, tem razão; tem razão a sua revolta interna. Mas, Senador, precisamos de que o País realmente não seja precipitado, que não haja atitudes levianas, como, infelizmente, tem acontecido. Esta é a minha palavra a V. Exª, uma palavra realmente de apoio e, ao mesmo tempo, de chamamento, para que o País realmente não se deixe levar por provocações infantis, como infelizmente têm acontecido.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador Eduardo Azeredo.

           Digo a V. Exª algo que me deixou muito envergonhado: eu estava vendo a reprodução da reunião da CPI dos Correios. E vi lá o Sr. Roberto Jefferson: um olho desinchado, o outro inchado, fazendo aqueles seus gestos teatrais, enfim. Havia alguns campeões da moralidade na CPI, e o Sr. Roberto Jefferson bota o dedo no rosto de todos eles; e todos o ouviram em silêncio e todos se acovardaram diante dele naquele momento. Ele dizia: “Não tem ninguém aqui melhor do que eu”.

           Depois, pensei: “Meu Deus do céu, eles vão pra cima do Roberto Jefferson e vão triturar o Roberto Jefferson”. Nada! Elogios, elogios e mais elogios. Eu tive vontade de ir ao banheiro vomitar!

           Se eu estivesse lá, Senador Suplicy, eu teria dito a ele: “Deputado Roberto Jefferson, V. Exª está colocando o dedo na cara de quem declarou 100 mil, 200 mil em campanha, mentindo. Não está apontando para mim, que obtive um milhão e aproximadamente seiscentos mil na minha campanha. Então, pegue um dedo seu e o ponha na sua própria cara, porque o senhor disse que a sua campanha é falsa; pegue o outro dedo e ponha na cara dos falsos, dos hipócritas deste Congresso. Mas não ponha nenhum dedo na minha cara, porque nem V. Exª nem ninguém põe dedo nenhum na minha cara”!

           Esperei ouvir isso de alguém da CPI e não ouvi. “Não sou melhor nem pior que ninguém”, eu diria. Esperei que tivessem dito: “Dr. Roberto Jefferson, não estou aqui para me comparar com o senhor em matéria de melhor ou pior. Vou falar de diferenças. A diferença fundamental é que o senhor está sentado aí, no banco dos réus, e eu estou aqui, fazendo perguntas; o senhor está aí para responder, e eu estou aqui para perguntar”. Mas não disseram. Em vez disso, elogios, rapapés, bajulação, até direito à gargalhada final.

Fiquei muito triste com todos os membros da CPMI, com todos os Parlamentares que presenciaram aquela cena triste.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já permitirei a V. Exª um aparte.

           Não consigo me ver com alguém botando o dedo no meu rosto daquele jeito. Mas não põe mesmo! Não põe a mão no meu rosto daquele jeito no cafezinho; no põe no elevador; não põe ali, na rua; não põe lá na CPMI; não põe o dedo no meu rosto de jeito nenhum!

           Percebi o silêncio dos membros da CPI. Esse silêncio e essa covardia que deram a Roberto Jefferson essa tal credibilidade, ou seja, o que ele fala agora virou verdade. Se ele resolve dizer que a minha empregada não é séria, a minha mulher despede a empregada, porque o Roberto Jefferson falou que minha empregada não é séria. Se falar que a minha empregada é séria, minha mulher, que ia despedi-la, já diz: “Não vou despedi-la mais”, porque Roberto Jefferson virou árbitro. Meu não virou! Virou árbitro de um Governo que se acanalhou tanto que não consegue erguer os olhos até para alguém que é acusado de coisas tão graves, como o Sr. Roberto Jefferson.

           Conseguem fazer essa covardia com o Senador Eduardo Azeredo, mas comigo não fazem. Se o fazem à meia noite, eu lhes respondo à luz do dia.

           Uma covardia triplicada. Pareciam gueixas, pareciam mulheres desvalidas, pareciam solteironas arraigadas diante de um astro global. Todas, do sexo masculino e do sexo feminino! Todas sem exceção! Todas se curvando, se abaixando, diminuindo-se perante um homem que é acusado e que virou acusador, porque esse Governo sabe o quanto ele tem de culpa no cartório.

E eu volto a dizer: temos um Presidente que ou é um completo idiota ou é um corrupto também. Se permite esse tipo de atitude para se defender, é porque não tem como se defender; se é um idiota, o Brasil deve ficar muito atento, porque estamos sendo governados, no mínimo, por um idiota, que não é capaz de tomar conta das coisas.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Pois não. Ouço V. Exª, Senador, com muita honra, porque está mais do que na hora de V. Exª falar.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Primeiramente, quero ponderar a V. Exª que sua reação e suas palavras ofensivas ao Presidente não vão trazer serenidade.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, mas vou repetir todas as vezes: o Presidente, para mim, é um idiota ou é um corrupto, das duas, uma. Eu vou dizer sempre isso.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pois bem. Quero discordar frontalmente de V. Exª, que sabe que o próprio Presidente da República solicitou que houvesse apuração em profundidade, por parte da CPMI, e pediu o equilíbrio e a serenidade de todos. Ainda há pouco, o Senador Eduardo Azeredo mencionou o testemunho do Ministro do Turismo, Sr. Walfrido, de que, na reunião ministerial, o Presidente Lula pediu que a defesa do seu Governo não fosse realizada com o ataque aos adversários. V. Exª foi informado disso pelo Presidente do seu Partido.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Até porque quem se defende desse jeito não quer justiça, quer cúmplices. Como disse o Dr. Ulysses Guimarães, quem se defende envolvendo outros, envolvendo inocentes, sem apresentar razões cabais, quer cúmplices. Respeito V. Exª, Senador, mas eu diria que o seu Partido, hoje afundado na lama, quer cúmplices. E repito: o Presidente da República ou é corrupto ou é idiota, das duas, uma. Eu prefiro, ainda, chamá-lo de idiota. É um elogio que faço a Sua Excelência e uma condescendência que tenho para com o processo democrático do País.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu gostaria, também, de ponderar que, sabendo que V. Exª faria esse pronunciamento, falei com o Deputado Henrique Fontana a respeito do que ocorreu ontem. Explicou-me ele que, naquele horário, por volta de meia-noite, estava inscrito para falar...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Aquilo é horário de vampiro da saúde.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - (...) depois de seis Parlamentares do PSDB, os quais - pelo fato de o Presidente Lula, na sua campanha, ter recebido recursos registrados de uma empresa concorrente da Skymaster - estavam fazendo a ilação de que o Governo era corrupto e assim por diante. Disse-me que não formulou uma denúncia, mas que, sabendo que no registro do TSE havia aquilo que V. Exª acaba de dizer, perguntou se porventura a Skymaster havia realizado alguma doação de campanha. O diretor da Skymaster negou, inicialmente, mas, como há o registro, que V. Exª aqui confirma, de que houve uma contribuição para a sua campanha, o Deputado apenas fez uma pergunta, não uma denúncia. Pela legislação eleitoral, isso é legal, é permitido e não há uma ilação de acusação a V. Exª. O importante, Senador Arthur Virgílio, é que aproveitemos esse episódio, essa crise política que atinge, em verdade, todo o Congresso Nacional e as instituições brasileiras, para determinarmos como procederemos, sobretudo no que diz respeito à reforma política. Informo a V. Exª que não me sinto atingido, de forma alguma, por aquilo que disse Roberto Jefferson. Eu não estava presente quando ele mencionou que todos agem inadequadamente.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª gastou quanto na sua eleição? Quanto custou a sua eleição para Senador?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/ PT - SP) - Como?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Quanto custou sua eleição?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/ PT - SP) - Registrado, posso conferir...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Só pode ser registrado. Senão, foi caixa 2. Só pode ser registrado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Registrado e de acordo com o que foi efetivamente gasto, da ordem de R$360 mil.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Desculpe-me, mas não acredito. Sou seu amigo fraterno, mas não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pois bem.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Desculpe-me, mas não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pois eu confirmo a V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sim, só estou dizendo que não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª poderá ir a São Paulo, quando lhe darei essa informação.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Pergunta se houve outdoor, se houve impressos etc.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Impressos, outdoor, cantor.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu lhe digo tudo, mas, mais do que isso, V. Exª poderá comprovar. Primeiro, faremos um esforço aqui - espero que o meu Partido e o seu Partido - para que aprovemos o financiamento público de campanha, inclusive para que não haja mais a contribuição, sobretudo, de pessoa jurídica. Mesmo que isso, entretanto, continue a existir, assumo o compromisso com V. Exª de que poderá acompanhar, porque estarei registrando em tempo real, conforme o permita a Internet, toda e qualquer eventual contribuição à minha campanha. V. Exª poderá acompanhar os meus gastos, vir a São Paulo e examiná-los.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador, não vou lá. Eu não sou auditor, só não acredito. Desculpe-me, só não acredito.

Se V. Exª disser: “Eu sou um homem bonito”, eu direi: “V. Exª é um homem simpático, não é bonito”. Não acredito que V. Exª seja bonito. É simpático. Não acredito em R$300 mil para se eleger Senador por São Paulo, nem em R$700 mil, como afirma o Senador Aloizio Mercadante. Só não acredito; só não acredito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas vou comprovar, se V. Exª quiser saber, se quiser ir a São Paulo. No próximo ano, haverá uma campanha e farei parte dela. Serei candidato se o meu Partido confirmar minha indicação, como parece que vai fazer.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Procure economizar e gaste R$180 mil na próxima.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª poderá examinar como será minha campanha para o Senado no ano que vem. Sabe quanto estou gastando? Estou gastando no trabalho realizado aqui, no cotidiano.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª acha que o meu não? V. Exª acha que não faço trabalho?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Assim como V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - E eu tenho que gastar R$1,6 milhão? V. Exª acha que trabalha mais que eu?

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas é o trabalho de V. Exª aqui.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª acha que trabalha mais que eu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não estou dizendo isso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª é melhor homem público que eu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Absolutamente.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª se acha mais correto que eu? Se acha mais honesto que eu?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - O que estou dizendo, Senador Arthur Virgílio...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Vamos acabar com essa história, Senador!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - (...) é que o trabalho de V. Exª aqui...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Vamos acabar com essa história!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - (...) o seu empenho, o fato de estar assumindo, na tribuna ...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ainda assim, tive que arranjar R$1,6 milhão para a minha campanha. V. Exª, que se acha, enfim, o supra-sumo da honradez...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não estou dizendo que me acho melhor que V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...no entanto, gasta R$300 mil!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas é verdade!

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Que verdade, Senador! V. Exª é a última pessoa com que eu gostaria de travar debate, mas não é verdade. V. Exª sabe que não foi isso. Não é verdade!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu não estava ali naquele instante em que falou isso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - O Roberto Jefferson não tem moral para ficar falando de ninguém daquele jeito. E falou para tudo que é bambambam do seu Partido, inclusive para o Deputado da meia-noite. Ele desmontou o Deputado da meia-noite. Desmontou o Deputado! Todos quietinhos, todos ouvindo, as vestais ouvindo, bonitinhas, o Sr. Roberto Jefferson dizer que todos eram hipócritas, que todos eram falsos e que não tinham gasto coisa alguma daquilo que declararam. Ele disse: “Eu próprio fui falso”.

           Então, eu diria: o senhor foi falso, eles foram falsos, eu não fui falso. Eu gastei R$1,6 milhão na minha campanha, garimpando, dentro das regras dos jogo que estão aí, dinheiro com empresas que jamais me pediram qualquer coisa, neste ou em qualquer outro Governo, sobretudo naquele do qual fui Líder e Ministro.

           Sou um homem pobre, Senador. Eu preciso buscar dinheiro, mesmo, em empresas, pelas regras que estão aí, porque sou um homem pobre. Sou homem público 24 horas por dia. Sou uma pessoa que falo com esta ousadia porque não admito - não admito! - que alguém venha a arranhar, nem pela insinuação mais covarde possível, o patrimônio que tenho, que é o da minha honradez e respeitabilidade. Isso não fica assim. Comigo não fica assim. Isso me transtorna. Mesmo.

           Ontem, recebi um telefonema do Presidente do seu Partido, Sr. José Genoíno, agradecendo a lealdade com que me venho comportando com relação a ele.

           Eu tenho procurado ser, nessa crise, um lado moderador. Eu tenho procurado ser, nesta crise, alguém que pensa nas instituições.

           Sou homem de palavra e disse ao Presidente: “Presidente, pare com essa coisa de se defender atacando pessoas honradas ou eu vou voltar à tribuna e dizer que o senhor é corrupto”.

(Interrupção do som.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Então, estou dizendo: “Presidente, em benefício da dúvida, ou o senhor é idiota, Presidente Lula, ou o senhor é corrupto, porque não há uma terceira alternativa. O senhor está permitindo que esses seus meganhas parlamentares continuem agindo desse jeito.” Comigo não agem! Comigo não agem. Comigo é bem mais embaixo, mesmo. Não agem! Gosto de dizer isso porque a minha vida está à prova para qualquer pessoa que queira examiná-la.

           Vai tudo para os Anais, essa porcaria toda vai para os Anais. Aqui estão as minhas contas; quem ajudou, quem não ajudou; o que o Tribunal pensa de mim, o que não pensa; por que essa tal Skymaster poderia ter-me ajudado ou não; e, mais ainda, vão as contas do Senador Aloizio Mercadante, que recebeu do Furlan R$20 mil - Furlan é um pão-duro; com toda aquela Sadia, só deu R$20 mil, em cheque.

Sou a favor do fim da hipocrisia. É uma pena que o Aloizio não esteja aqui.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite, ainda, um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Claro, claro, estou aqui; se deixarem, vamos continuar.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não quero muito tempo, apenas sugiro que façamos o seguinte: V. Exª me convida para, um dia, eu ir a Manaus, no Amazonas, e eu o acompanho; V. Exª, um dia, vem comigo, acompanha-me e observará, nas ruas do Estado de São Paulo, de qualquer cidade, as pessoas se dirigindo a mim, dizendo que vão votar em mim no próximo período, sem que se precise gastar senão a informação de que sou candidato e por que razão. Da mesma maneira como V. Exª aqui se empenha todos os dias e batalha por seus ideais e por seus objetivos, também eu tenho procurado fazê-lo. Em função disso, quem é Senador tem a possibilidade de aqui dizer o que faz, pelo que batalha e assim por diante, e tem condições de se fazer avaliado por seus méritos e defeitos pela opinião pública, graças, sobretudo, à TV Senado, que é um avanço em relação ao que havia anteriormente. Apenas quero deixar esta recomendação, que lhe faço como amigo, como seu companheiro no Senado: a ofensa ao Presidente não é construtiva; isso não vai ajudá-lo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sua Excelência é idiota ou é corrupto. Por enquanto, estou dizendo que S. Excelência é idiota. Agradeço a V. Exª.

           Senador, eu obtive 60% dos votos no Amazonas. Na eleiçã, eu dei uma surra no Presidente Lula lá; dei uma surra no Governador do Estado. Tive mais votos que todos. Não pense que o tratamento que o povo do Amazonas me dispensa é diferente do que o povo de São Paulo dispensa a V. Exª. E olhe que eu não tenho seus dotes artísticos. O meu é só na política; eu não canto, é só na conversa, na política, no discurso e no debate. Estou aqui falando de algo que é muito sério para mim: não admitir esse tipo de ilação e não concordar com essa mania canhestra, culpada, corrupta do PT de procurar meter gente séria no seu lamaçal. Lamaçal do PT é corrupção do PT. Essa empresa Skymaster, se fez coisas equivocadas, foi no Governo do PT. É a segunda vez que tentou mexer comigo. A outra vez foi aquele Sr. Waldir Pires. É a segunda vez que veio mexer comigo: que eu devia para os cofres públicos, em um convênio de mil novecentos e não sei quantos, R$ 54,00, cinqüenta e quatro reais, uma coisa assim. De lá para cá, eu disse: “Ó, Sr. Waldir, o senhor não venha brincar comigo, porque o senhor não tem passado, futuro - imagino que, pela ordem natural das coisas, não tem mesmo mais do que eu -, o senhor não tem passado para me enfrentar, o senhor não tem coragem para me enfrentar!” A pessoa, para me enfrentar, tem que ter duas características: tem que ser, no mínimo, honrado e, no mínimo, corajoso. Se for só uma das duas coisas, não me enfrenta; se for as duas coisas, me enfrenta; se for uma e não for a outra, não enfrenta; se não tiver uma das duas, não me enfrenta. Então, não adianta.

Concedo o aparte ao Senadores José Agripino, ao Senador Antonio Carlos Magalhães e ao Senador Mão Santa. Depois, lerei uma história desse Governo corrupto e asqueroso do Governo Lula, que, para mim, ou é idiota ou é corrupto. Esse é o meu mote.

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senador Arthur Virgílio, quero deferir a inserção dos documentos que V. Exª traz, nos termos do Regimento, e dizer que V. Exª terá todo o tempo necessário para defender a sua honrabilidade, reconhecida por toda Nação brasileira.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Senador Arthur Virgílio, V. Exª está brabo todo e tem razão. E vou dizer mais uma coisa: a indignação sincera - porque existe a indignação sincera e a indignação insincera - é a reação natural dos honestos, que é onde todos nós temos V. Exª em conta. Fique tranqüilo, não se enerve não, não precisa nem trocar palavras ásperas com o Senador Eduardo Suplicy, porque o que se está passando - e estou preparado para a quota que vai chegar para mim, inevitavelmente - é que essa turma foi flagrada ou pilhada no malfeito. E o pior ainda está por ser denunciado, e eles têm consciência disso. O que já foi anunciado supõe-se ser café pequeno diante do que ainda vai acontecer. Eles estão procurando criar antídotos, pílulas.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Neste Governo, dá mais ladrão do que chuchu em pé de ribanceira.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Houve duas pílulas esta semana - a de V. Exª é a terceira. A primeira pílula foi a truculenta invasão da Daslu. Que é um símbolo de desigualdade de renda, é claro que é, mas emprega pessoas. Mas eles procuraram invadir, de forma truculenta, com a Polícia Federal, para dar ao País o recado de que o Governo da República é o Governo dos pobres e de que rico se trata no tacape, para se popularizar. A segunda foi a dos dois aviões da Igreja Universal. Todo mundo, supõe-se, sabia que a Igreja Universal transportava valores nos seus aviões, há muito tempo, pelas justificativas que têm. De repente, flagram em dois lugares diferentes, para dizer que quem estava transportando era um Bispo do PFL. É atitude diversionista, é claro! Como a referente à Daslu, essa dos aviões foi uma atitude diversionista. Agora há a notícia curiosa envolvendo V. Exª. Chegará a minha hora também. Chegará a minha hora. Estão dizendo que V. Exª foi financiado pela empresa Skymaster e que esta não poderia ter contribuído para a sua campanha. É claro que pode! A Skymaster é uma empresa privada. Não sei se contribuiu ou não, mas se o fez, isso poderia ser feito, porque ela não é concessionária de serviço público, ela é uma prestadora de serviços.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Contribuiu com 3,8% da minha campanha, e eu não sabia. Conheço o rapaz até um certo limite e não sabia que ele ia conhecer o Silvinho ao longo de sua vida. Eu não sabia disso.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Eu não sei se ele conhecia ou não. Tenho certeza - e aí ponho a mão no fogo; estou-me arriscando, mas o risco, para mim, é zero - de que V. Exª, se recebeu e contabilizou o dinheiro que a Skymaster lhe deu, não retribuiu um real sequer dessa contribuição com nenhum favorecimento escabroso de situação parlamentar para essa empresa. Tenho certeza absoluta disso e boto a mão no fogo. Talvez esse seja o grande desafio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço-lhe e reafirmo a sua certeza. É precisamente isso.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Aí é onde V. Exª presta contas à opinião pública.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Essa empresa falou comigo zero vez, desde que me elegi Senador, e como Ministro e como Deputado Federal...

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - É claro. Boto a mão no fogo. Conheço V. Exª. Então, fique tranqüilo, Senador! Estamos num momento de provação. Estamos sendo colocados à prova. Hoje, é V. Exª, amanhã vou ser eu, e vou agir com a mesma indignação. V. Exª foi Prefeito de Manaus, foi Ministro de Estado, tem uma vida limpa. Até brinco com V. Exª: os seus ternos e as suas gravatas são de qualidade que eu não diria padrão Daslu. É homem de hábitos modestos e simples, porque é um homem com vida pública limpa. Não se preocupe, não! Fique tranqüilo! Estamos num momento de provação e temos de topar a parada com serenidade. De qualquer maneira, a minha palavra de cumprimento e de absoluta e serena solidariedade a V. Exª, dizendo: somos companheiros de empreitada, para passar este País a limpo, custe o que custar! Está nos custando esse tipo de evento desagradável. Vamos em frente!

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador José Agripino. De V. Exª eu esperava mesmo esse gesto de fraternidade. E é bom que a gente ponha um cobro nessa gente. O cineasta Sílvio Tender diz - e foi para mim a melhor frase sobre o Governo Lula - que para ele é um horror este filme, com este enredo, com estes personagens. Eu estava acostumado com petista chato, com petista arrogante, petista evangelizador, petista cheio de proselitismo, mas petista corrupto é dose para leão. Choquei-me eu, chocou-se a imprensa, chocou-se o País. Eles querem gente perto deles e sem nenhuma acusação. Agora mesmo, disse o Senador Eduardo Azeredo que não é nem inteligente se chamar a atenção para um episódio para o qual a imprensa não deu importância. Mas que episódio? Não fui acusado de nada. Eu chamo atenção, sim, porque não aceito esse método.

           Então, eu vim para cá. Vim, eu próprio dirigindo, errei o caminho. Apavorado, pedi para todos falarem aqui, para eu poder chegar, porque eu não iria dormir. É do meu temperamento. Eu não iria dormir. É preciso devolver isso na mesma hora, e dizer que topo a luta em qualquer terreno, como quiserem, o tempo inteiro. E neste, da honra pessoal, eles saem perdendo de goleada.

           Senador Antonio Carlos Magalhães, ouço V. Exª.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª não precisa justificar a sua vida. Todo mundo a conhece. V. Exª é um homem aberto e, por isso, pode dizer o que está dizendo a qualquer pessoa. O que eles não podem explicar - e agora esse Jacques Wagner está querendo explicar, ele que tem sido muito útil, em todos os sentidos, ao Presidente Lula - é o caso mal-explicado do dinheiro da Telemar para a empresa do filho do Presidente Lula. Esse é um assunto que não podemos deixar de tratar. Temos de tratar dele, a todo momento, até que isso fique claro. O Presidente Lula é um bom pai, acompanha a vida do filho e deve ter visto como ele está enriquecendo. Se não está vendo, é mais uma coisa que não está enxergando nesse Governo de cegos, mas de ladrões.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Magalhães, estamos todos nós investindo na hipótese de que o Presidente seja mesmo um idiota.

           Senador Mão Santa...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio, já que estamos comemorando a Revolução Francesa, eu traria para cá o que disse Voltaire: “À majestade, tudo, menos a honra”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª não pode entregar sua honra, que não é sua. Ela vem de seu pai, sofrido pela ditadura, aqui cassado, resistindo por nossos princípios de liberdade. Honra que é de seu Estado e do País, e a reação de V. Exª, um dos líderes nossos, revolucionário de nossa geração, traduziu. Ele disse assim: “Se és capaz de tremer de indignação diante de uma injustiça, és companheiro”. Foi Che Guevara. V. Exª é esse companheiro. E quero dizer aqui: Rui Barbosa está ali porque fez oposição, porque tinha coragem igual a V. Exª e vida limpa igual a V. Exª. Quero dizer aqui que temos direito a essa liberdade. Foi o grito da França, o grito de 14 de julho de 1789. E tive a liberdade de, quase sempre, escolhê-lo como um dos líderes aqui. Tanto é verdade que muitas posições de V. Exª ou de outro Partido acompanhei, porque vi nelas que traduziam a verdade, que deve ser buscada. Então, essas são nossas palavras de solidariedade e reconhecimento pelo fortalecimento que a democracia vive, com V. Exª liderando as Oposições.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, meu querido amigo, Senador Mão Santa.

           Faço aqui uma explicação bem rápida. Essa contribuição de campanha, legal, conforme esse parecer, e glosada pelo Tribunal, que aprovou minhas contas, ressalvando que ela representava apenas 3,8% de um total de R$1,6 milhões que consegui arrecadar na minha campanha. Talvez se eu cantasse, pudesse gastar R$300 mil. Como não canto, tive que buscar R$1,6 milhões para a minha campanha.

           A grande verdade é que a tal Promodal(*), como tantas outras empresas do meu Estado, ou com sede no meu Estado, ou foi procurada ou me procurou, para contribuir com algo irrisório, em comparação com outras contribuições que recebi. A Promodal procurou o Presidente Lula ou foi procurada por alguém do Presidente Lula e contribuiu com R$800 mil, quando Lula não precisava de dinheiro.

           No segundo turno da eleição, com a eleição já vencida, todo mundo, a começar pelo José Serra, sabia que Lula já estava eleito. Então, ela deu dinheiro muito mais para entrar no esquema. A Promodal deu dinheiro para entrar no esquema! A outra contribuiu com uma campanha, que supostamente - soube também ontem - contribuiu...

(Interrupção do som.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...com R$800 mil, que, dividido por R$50 mil, quanto é que dá? Sei lá. Mas Lula não precisava do dinheiro. Aquilo foi uma espécie de passe, foi uma luva, que ele pagou para o esquema de corrupção, que depois se revelou nos Correios e Telégrafos. Há uma diferença essencial entre um fato e outro.

           Uma coisa é real: ninguém brinca comigo. Trato com seriedade a minha vida e a dos outros. Isso é proibido. Artigo tal da Constituição, Disposições Permanentes. Ninguém brinca com a minha honra pessoal.

           Sr. Presidente, vou fazer aqui, ao encerrar, uma explanação do que é esse Governo corrupto, de lama que aí está.

           Em agosto de 2003, a Cobra* fecha contrato de seis meses com a Dataprev sem licitação. O Ministro Berzuini alega que o acordo é para impedir a paralisação dos serviços.

           Setembro de 2003. A Ministra Benedita - coitada, depois do que aconteceu, deviam colocar a Benedita no Ministério. Benedita gastou umas diariazinhas... Coitada da Benedita. Queria aqui pedir desculpas pelas críticas que fiz a ela. Ela é uma santa perto do que essa gente do Governo se revelou depois. A Ministra Benedita da Silva viaja à Argentina às custas dos cofres públicos. Apresentei requerimento de informação nesse sentido.

           Outubro de 2003. O Ministro Agnelo Queiroz, com diárias irregulares - ele recebe diárias do Governo e do Comitê Olímpico Brasileiro na sua ida para os jogos Pan-americanos. Depois, o mesmo Ministro usa estrutura do Ministério dos Esportes para organizar a festa de seu aniversário. O gabinete despachou os convites e funcionários da assessoria do Ministério os distribuíram para Deputados na Câmara.

           Novembro. O ex-Senador José Eduardo Dutra usa o seu cargo de Presidente da Petrobras para pavimentar uma futura candidatura sua, promovendo, sob os auspícios da estatal que ele preside, um jogo entre Flamengo e Racing, de Buenos Aires. Além de ter também usado o dinheiro da estatal para custear obras da Prefeitura petista de Aracajú.

           Fevereiro de 2004. Estoura o caso Waldomiro Diniz, que hoje está sendo examinado pela CPI dos Bingos. Fizemos requerimento de convocação da CPI e o Governo fez de tudo para não permitir que ela vingasse.

           Março de 2004. Governo barra a CPI de Santo André. Tem uma quadrilha com envolvimento de petistas, responsável, a meu ver, pelo assassinato do Prefeito Celso Daniel. Seis mortes, fora a do prefeito, nesse episódio.

           Abril de 2004. Matéria do Correio Braziliense: “Ex-diretor da Caixa Econômica Federal, Sr. Mário Haag, uma das principais testemunhas do caso Waldomiro Diniz, tem sua fazenda invadida”. Os métodos são violentos, são métodos de bandidos, de quadrilheiros, quadrilheiros que rapinam cofre público, quadrilheiro que faz violência em Santo André ou na fazenda do Sr. Mário Haag. Tentaram fazer parecer que era um simples assalto, mas era uma coincidência muito forte. Os bandidos não estavam atrás de dinheiro mas de documentos. Fiz também requerimento para tudo isso. Entupi este Governo de requerimentos, sem respostas convincentes.

           Maio de 2004. Promotores movem ação contra a ONG Ágora(*), do Sr. Mauro Dutra(*), amigo íntimo do Presidente Lula, como amigo íntimo é aquele tal compadre Roberto, que custeava as despesas pessoais do Presidente Lula.

           Junho. Estou estranhando, não teve escândalo em junho, Walter(*)? Você que é meu assessor. O Governo tem mais de um por mês. Estou estranhando. Veja se não é falha da assessoria nossa.

           Pulamos agora para julho. Cássio Casseb, do Banco do Brasil, compra setenta mesas no Porção para o show do Zezé Di Camargo e Luciano. O Banco do Brasil gastou nisso, para arrecadação a favor do PT, R$70 mil. O show arrecadou R$500 mil, sendo que R$250 mil foram doados ao PT. Fiz requerimento de informações sobre tudo isso.

           Aí, depois, não houve corrupção em agosto? Que coisa estranha!

           Setembro: “Ministros usam assessores em campanhas eleitorais”. Para ter o apoio do PTB, a revista Veja denuncia que o PT ofereceu cargos e material de campanha de R$150 mil a cada Deputado. Se fizermos a conta, dá perto daquilo que o Roberto Jefferson, que colocou o dedo na cara das vestais do Senado, denunciou. Está perto disso.

           Depois o Sr. Cipriani. O homem que paralisou a CPMI do Banestado, Senador Antonio Carlos, foi o Sr. Cipriani, amigo do compadre Roberto Teixeira e alguém próximo do Presidente Lula. Então, a Bancada governista não aceitou a quebra de sigilo bancário desse cidadão, o Sr. Cipriani, o genrocrata da Transbrasil.

           Outubro. A gestão do Bolsa-Escola é marcada por denúncia de corrupção no Programa de Coordenadores Estaduais. E o Governador petista de Roraima, aquele dos gafanhotos, aquele Governador roedor do PT, é cassado pelo TSE. A justiça, em outubro, condena o Presidente Lula a pagar multa de R$50 mil à Justiça Eleitoral por pedir votos ilegalmente, abusando da sua posição de Presidente da República, para a candidata derrotada em São Paulo, Marta Suplicy.

           Fevereiro de 2005. Estranhando, de novo, Walter, não tem janeiro. Não houve corrupção em janeiro? Não acredito, não estamos trabalhando direito. Deve ter tido corrupção em janeiro, essa gente não pára de corromper um só minuto.

           13 de fevereiro. Ministros recebem diárias integrais, quando deveriam ter recebido diárias pela metade, uma vez que nessas viagens os Ministros se hospedaram nas embaixadas brasileiras.

           Março. A revista Veja denuncia a relação promíscua e corrupta do PT com essa entidade narco-guerrilheira, essa entidade ligada ao tráfico de drogas, que são as FARC.

           22 de Março. A matéria intitulada “Polícia Federal apura desvio de remédio para as FARC”, publicada no jornal Correio Braziliense, informa que a Superintendência da Polícia Federal, em Manaus, instaurou, em outubro de 2003, inquérito para apurar o desvio de medicamento cuja distribuição é exclusiva do Ministério da Saúde. O remédio usado no tratamento da leishmaniose foi parar nas mãos de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as FARC.” Sobre tudo isso, há requerimentos de informações meus.

           31 de março. “Para evitar outra derrota na Câmara, o governo editou nova MP, mantendo apenas a correção do IR e retirando o aumento dos tributos previstos na MP 232.” Isso já é o ziguezague de um Governo que não consegue trabalhar a maioria; sabe trabalhar bem mensalão, mas não consegue trabalhar a maioria parlamentar com decência.

           11 de abril. “Aumento de gastos (R$250 milhões) com publicidade. No ano passado, a administração petista torrou [literalmente] R$867,1 milhões em propaganda.”

           Abril foi um mês brilhante do ponto de vista dos corruptos. Cacciola* deve estar morrendo de inveja!

           19 de junho. “Marcos Valério tem contrato de 21 milhões com a Câmara dos Deputados. O publicitário trabalhou em 2003 para a campanha do Deputado João Paulo Cunha à presidência da Casa.”

           Nada tenho contra o Sr. João Paulo. S. Exª sempre foi um bom colega meu, Senador Rodolpho Tourinho, mas para quê gastar dinheiro em publicidade na Câmara dos Deputados? Não há a TV Senado e a TV Câmara? Não há dois jornais? Não há a tribuna? Então, que história é essa de se gastar dinheiro com publicidade na Câmara dos Deputado ou no Senado da República? Há alguma coisa menos austera do que essa, Deputado Zarattini*? Diga-me! Não há! Não há!

           20 de junho. “A rica e misteriosa trajetória do homem da mala, chefe de gabinete do líder do PP, Deputado José Janene*, como peça-chave do mensalão” (revista IstoÉ).

           20 de junho. “Depoimento da ex-secretária Fernanda Karina revela Marcos Valério amigo de Delúbio e muitos petistas.”

           E lá vêm os cretinos: “Ah, mas ele conheceu o Eduardo Azeredo, porque não sei o quê...” Estamos falando de mensalão! Tenham um pouco de vergonha na cara, é mensalão!!! Não estamos falando de conhecer Eduardo Azeredo ou não, ou de quem trabalhou na campanha de Aécio ou não. Estou falando de mensalão com Aécio? Não. É de mensalão que estou falando. Criem vergonha na cara, porque isso nunca fez mal a ninguém!

           20 de junho. “Um dos reis do troca-troca partidário, o Deputado mato-grossense Lino Rossi, vai para o PP e recebe ‘empréstimo’” (revista IstoÉ). Empréstimo com aspas. Estou colocando aspinhas oralmente. Aspas, só escritas, mas estou fazendo o gesto para indicá-las.

           20 de junho. Oh, “diazinho” esse, hein? Ainda bem que nenhum filho meu nasceu nesse dia. “Chefe de Gabinete do Planejamento é suspeito de propor fraude com bônus eleitorais (revista IstoÉ).

           Walter, e as outras revistas? Não só a IstoÉ fez isso. Temos de ver isso. Acho a Assessoria vacilou, porque as outras revistas também divulgaram - a Época , a Veja. É um mar de lama que estamos vivendo. Essa turma é campeã de natação em lama.

           20 de junho. “PT assina contrato de 3,8 milhões de reais, mas presta contas de apenas 800 mil reais” (revista IstoÉ de novo).

           20 de junho. Acho que a minha Assessoria tem algum acordo com a IstoÉ. “Denúncia de tentativa de extorsão entregue à Casa Civil derruba dois vices e um diretor da Cobra”.

           20 de junho, de novo a IstoÉ. PT maranhense é suspeito de ter recebido 150 mil dólares para pagar contas de campanha de 2004.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Vinte e três de junho. O Supremo coordena a indicação dos integrantes da CPI dos Bingos por 9 x 1 votos”.

           27 de junho. Surge essa história complicada entre a Skymaster* e os Correios, contrato de R$100 milhões por ano - novamente a IstoÉ.

           29 de junho. Instalação da CPI dos Bingos.

           29 de junho. “A Deputada Raquel Teixeira, do PSDB de Goiás, depôs no Conselho de Ética da Câmara, afirmando que recebeu uma oferta de 30.000 reais mais um milhão de luvas para se filiar ao PL. A oferta teria sido feita [ segundo a Deputada] pelo Deputado Sandro Mabel, líder do PL” (revista Veja).

           29 de junho. “O Governo retirou o pedido de urgência de três projetos e editou a MP 254, revogando a MP 249 (timemania) com o objetivo de destrancar a pauta, no sentido de aprovar a CPI do Mensalão somente na Câmara dos Deputados” - uma CPI que era engendrada pelos mesmos que estão sendo acusados, pelos suspeitos. A CPI Mista do Mensalão nasceu, porque Deputados honrados, indignados, disseram: “não, essa fraude, não”.

           O Presidente Lula, naquele dia, meteu a mão na lama, Senador Antonio Carlos Magalhães. Ele, pessoalmente, meteu a mão na lama, quando retirou uma medida provisória, para facilitar o jogo dos que queriam proteger-se das denúncias de corrupção na Câmara dos Deputados.

           29 de junho. “Ex-mulher do Deputado Valdemar da Costa Neto diz que o PT comprou o PL” (revista Veja).

           1º de julho. “Novos trechos divulgados de conversa telefônica de gente do PT e o principal suspeito do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. As conversas envolvem Gilberto Carvalho” [que vem a ser nada mais, nada menos que o Secretário Particular do Presidente da República].

           Então, continuo dizendo: o Presidente Lula é idiota. Quero acreditar que ele não é corrupto; por enquanto é idiota. Meu filho de 10 anos acha que ele é corrupto. Minha esposa acha que ele é corrupto. Meu filho de 25 anos acha que ele é corrupto. Minha filha de 20 anos acha que ele é corrupto. Minha filha de 10 anos está em dúvida, como eu. Lá em casa, está sendo de goleada, mas vou dizer: o Presidente, por enquanto, é idiota.

           “As conversas envolvem Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula; Sérgio Gomes da Silva, indiciado por assassinato; Luis Eduardo Greenhalgh, Deputado Federal do PT, e Klinger de Oliveira Souza, Secretário de Assuntos Municipais da prefeitura de Santo André.”

           A conversa do tal Sérgio Sombra com o Secretário Particular do Presidente é estarrecedora, e a imprensa nem teve tempo de noticiar fartamente. É tanto caso, que a imprensa não tem página para tudo isso, assim como não temos microfone e tribuna para tudo isso. A conversa era de bandido mesmo: “Olha, estou aqui. Oh, fulano, vê como você vai me deixar. Não posso ficar aqui”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - “Não estão acreditando na versão da porta”.

           Um dos sete Deputados do Roberto Jefferson, aquele que botou o dedo na cara das vestais, confirma as denúncias de desvio de R$3 milhões da empresa Furnas Centrais Elétricas, que seria distribuída entre a Direção Nacional do PT e a Direção do PT em Minas Gerais, para pagamento de mesadas a Parlamentares. “No meu gabinete da liderança, reuni um grupo de deputados do PSDB. O Sr. José Dirceu queria tirar esses do PSDB. Ele dizendo assim: eu fiquei como anfitrião, e anfitrião sempre tem de ser um pouco mais educado que os demais. E os deputados dizendo: estamos pensando em sair, porque o PSDB está votando contra reformas. Somos reformistas, e o PSDB não está sendo coerente com seu passado. Nós é que somos coerentes.” Eu disse: vamos ser francos? Vocês estão saindo, não porque não somos reformistas: nós somos. Quem não era reformista era o PT. Vocês estão saindo, porque vão salvar Furnas; vão indicar um diretor, para salvá-la. Vocês vão cuidar das águas brasileiras.

           Está aí o escândalo: tudo quanto é Deputado na lista dos que podem ser cassados, inclusive os três que diminuíram a gordura do PSDB e que deixaram o PSDB musculoso, como é hoje. Graças a Deus, foram embora. Eles e todos os que quiserem levar, para compor, como diz a Senadora Heloísa Helena, essa base de bajulação.

           2 de julho. Documentos mostram que Marcos Valério avalizou e pagou dívida do PT.

           O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senador Arthur Virgílio, interrompo V. Exª, para prorrogar a sessão do Senado por 15 minutos.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Concluirei nesse prazo que V. Exª me concede com tanta generosidade.

           Documentos mostram que Marcos Valério avalizou e pagou dívida do PT. “Ah, mas ele conhece o Eduardo Azeredo; ele conhece o Aécio”, dizia com aquela voz de boca mole, de quem não está com coragem de enfrentar as coisas. Quero saber se ele conhece algum tesoureiro do PSDB. Aliás, não sei o nome do tesoureiro do PSDB. O tesoureiro do PSDB não é figura conhecida. Não sei o nome, Senador. Quem é o tesoureiro do PSDB, do nosso Partido, Presidente?

           O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Deputado João Almeida.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não sabia que era o Deputado João Almeida. O tesoureiro do nosso Partido não é peça importante. Aqui houve uma discussão. Tira o fulano do Ministério e põe como tesoureiro do PT. É um Partido em que é importante ser tesoureiro.

           Deputado João Almeida, acabei de saber que V. Exª é o tesoureiro do meu Partido.

           3 de julho. “Empresa que foi de Gushiken, hoje na mão de antigos colaboradores, cresceu trabalhando para fundos de pensão de estatais. Os presidentes da Petrus e Previ são...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... indicações do Ministro. Marcelo Sereno articulou nomeações para postos-chave em boa parte dos fundos, entre eles a Fundação Real Grandeza, de Furnas - a camaradagem terminou beneficiando os Bancos Rural e BMG.”

           Esse Banco Rural está sempre, em todo Governo, no que não presta. É impressionante! Esse Banco Rural está em tudo quanto é atitude avacalhadora da honra do País. É impressionante!

           “A Petros tem 78,1 milhões de reais aplicados em dois fundos do BMG e 24,5 milhões em fundos do Banco Rural” (revista Veja).

           “Empresário Antonio Augusto Morato Leite Filho - aqui diz Skymaster, se não me engano é Promodal - envolvido no esquema de fraude nos Correios foi um dos maiores doadores para a campanha de Lula em 2002. Lula não precisava do dinheiro, R$800 mil. Todo mundo sabia, a começar pela mãe do Serra, a D. Serafina estava cansada de saber que o Serra ia perder a eleição. A Promodal foi lá para ajudar o Lula, e diz ele que se emocionou com o discurso do Lula. Ele ficou tão emocionado com o discurso do Lula que disse: agora, esse rapaz vai salvar o País. E o Lula dizendo aquelas coisas que fala, aquelas tolices, aquelas baboseiras de sempre, ele emocionou o homem da Promodal. E nesse governo de chorões, devem ter chorado, os dois se abraçando depois, e mais tarde quem choraria era o povo brasileiro por tanto opróbrio, por tanta miséria, por tanta indignidade!

           5/7 - requerimento para instalação da CPI do Mensalão.

           5/7 - cai o secretário-geral do PT Sílvio Pereira. Grande Sílvio Pereira. Grande e notável Sílvio Pereira. Homem de quem, se quebrar o sigilo telefônico, vai se ver ligação com a área de petroquímica, de construção civil. Um secretário-geral multidisciplinar, mais versátil nessa arte de conversar do que o Tom Cavalcanti no humor. Sei lá, deve entender de construção civil, deve entender de banco, deve entender de tudo; ou então se trata de alguém que meteu a mão na massa da corrupção, isso sim.

           5/7 - cai o tesoureiro do PT, Sr. Delúbio Soares.

           6/7 - ação entre amigos. Eletrobrás quer comprar por R$120 milhões o prédio no Rio, vendido, em 2003, por R$23 milhões. Se isso não é corrupção temos que conversar imediatamente com quem está tocando para frente a atualização do Dicionário Aurélio.

           6/7 - primeiro relatório do Coaf revela que as movimentações de Marcos Valério atingiram R$21 milhões entre 2003 e 2005 - revista Veja.

           7/7 - Marcos Valério depositou, no final de 2003, R$902 mil na conta do Procurador da Fazenda Glênio Guedes, responsável por emitir pareceres sobre multas aplicadas sobre instituições financeiras.

           8/7 - ex-motorista da Deputada Neide Aparecida, PT de Goiás, diz ter buscado US$200 mil de Delúbio Soares para a campanha de 2004. E é um pessoal que tem nome de artista também - essa Neide Aparecida; tem a outra, que é Presidente do PT do Ceará, também tem nome de artista. Não sei como é o nome. Xuxa não é, mas é um outro nome de artista. Essa é do passado, enfim. Essa está para a minha geração como a Xuxa para os meus filhos menores, mas tem nome de artista também.

           8/7 - Delúbio confirma à Polícia Federal que Marcos Valério avalizou um segundo empréstimo ao PT realizado pelo Banco Rural. Todo mundo disse que não, que não era verdade; Marcos Valério também disse que não e, de repente, tem mais um empréstimo. E eles não me respondem sobre o empréstimo. Estou com um requerimento meu preso na Mesa. A Mesa precisa começar a soltar, Sr. Presidente, o requerimento que nós fazemos aqui, porque não adianta tentar esconder. Quero saber como foi feito aquele empréstimo do PT com o Banco do Brasil. Que garantias reais foram aquelas? Que diabo de Partido é esse que obtém privilégios que os demais não conseguem obter?

           8/7 - Delúbio confirma à Polícia Federal que Marcos Valério avalizou um segundo empréstimo ao PT, realizado pelo Banco Rural. Impressionante! Esse pessoal que dirige o Banco Rural deve ser capaz até de fazer alguma boa ação. Deles, não duvido nada, nem de que sejam capazes de fazer uma boa ação. Quem sabe, tenham um gesto decente em algum momento da vida. Estão sempre por trás: Governo Collor, Governo Lula. Deveria virar BM, Banco da Maracutaia, esse Banco Rural.

           8/7 - prisão do assessor parlamentar do irmão do ex-Presidente do PT, que tentava embarcar no aeroporto de Congonhas com R$200 mil numa valise e US$100 mil na cueca - literalmente dinheiro sujo, esse a Polícia Federal foi buscar com luva, literalmente dinheiro que precisava ser lavado depois, ainda que vá doar para alguma casa de caridade, tem que lavar esse dinheiro, porque é literalmente dinheiro sujo, é duas vezes dinheiro sujo: sujo porque da corrupção e sujo porque na cueca do Sr. Fulano de tal.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...9/7 - Cai o Presidente do PT, meu colega e prezado amigo, Deputado José Genoíno.

           9/7 - cai Marcelo Sereno, Secretário de Comunicação. Ninguém fez nada, mas vai caindo tudo, parece um dominó, ninguém fez nada.

           10/7 - ex-integrante do PT, Roberto Lobato, diz que a Secretaria de Finanças do Diretório Nacional enviou para candidatos no Maranhão recursos não declarados à Justiça Eleitoral.

           12/7 - e o mês ainda não acabou, há mais emoções por aí, infelizmente. Senado aprova a Mensagem do Governo retirando a indicação da Srª Denise Maria Ayres Abreu para exercer o cargo de Conselheira do Cade. Vou dizer o que é isso aqui. Vamos ser bem claros. A indicação dessa moça interessava claramente à Companhia Vale do Rio Doce. Foi o que eu depreendi do que conversei, do que ouvi, e a retirada do nome dela interessava claramente à Companhia Siderúrgica Nacional do Sr. Benjamin Steinbruch. O Governo, em jogo de pressão e contra-pressão, a Senadora Relatora não entrega a tempo o relatório, e o Governo retira a mensagem. Vamos examinar direitinho quem é o próximo nome do Cadê, porque quero saber a que interesse empresarial estará vinculado, até porque eu quero no Cade alguém que não esteja vinculado a interesse empresarial nenhum.

           Ora, Sr. Presidente, a minha assessoria, eficiente, apaixonada pelo trabalho como é, e competente - por isso me dirigi de maneira bem-humorada a ela - seguindo um método meu de vida, não incluiu aqui a denúncia em torno do acordo Telemar e a empresa tal, envolvendo um dos filhos do Presidente. Ela já nem incluiu porque sabe que é assunto que eu sempre disse que não iria tratar.

           Certa vez me procura uma repórter e me diz assim: “A Dona Marisa teria feito não-sei-quê nos jardins do Palácio da Alvorada”. Eu disse que não queria saber da Dona Marisa, que não ia tratar de Dona Marisa. Meu negócio é o Lula, meu negócio é o Zé Dirceu poderoso. Esse Zé Dirceu que anda pelas paredes também não me preocupa, não. Só se quiser me enfrentar agora. Fora disso, eu não gosto de bater em quem não está de pé para me enfrentar. Quero justiça para ele e para os demais. Quem errou tem que pagar, mas não quero ficar espezinhando, não sou engenheiro de obras feitas, nem sou lutador de nocautear nocauteados. Enfrentei o todo-poderoso Ministro. Tenho profundo respeito por essa figura íntegra e honrada que é a Dona Marisa Lula da Silva, que, aliás, é o lado bom do Presidente. Senador Rodolpho Tourinho, concederei um aparte a V. Exª já.

           Certa vez apareceu uma denúncia envolvendo uma outra pessoa muito próxima do Presidente, de Santa Catarina. Travei um debate renhido na Presidência do PSDB para que o Partido não adotasse como bandeira algo que me parecia pequeno. E eu dizia: “Essa pessoa já sofreu muito. Essa pessoa já foi muito marcada na sua juventude”. Foi um debate renhido.

           Aqui desta tribuna tentei, o tempo inteiro, ser uma voz moderadora, para que este País não mergulhasse numa crise cujas proporções não sabemos se somos capazes de dominar. Penso no País, muito mais do que neste Governo.

           Não vejo como se possa fingir que não aconteceu esse episódio do filho do Presidente, porque envolve muito dinheiro. Espero explicações cabais. Dou a todo o mundo o benefício da dúvida. Ao filho do Presidente, por ser da família de Sua Excelência, dou três vezes - eu que não dou o benefício da dúvida quase nenhum ao Presidente. Pensei em não tocar nesse assunto, mas este Governo é assim mesmo.

           Este Governo é mesquinho, é pequeno. Este Governo não lê os sinais. Para todos os sinais que já foram dados na direção de podermos olhar para o País com serenidade, este Governo voltou as costas. O tempo inteiro agiu com mesquinharia, até nos jogando contra parceiros da Oposição, com a mesquinharia de plantar notas, como se o PSDB estivesse interessado em algum acordo ou em algo parecido. Desvirtuaram tudo o que falamos.

           Entendo que o Presidente Lula não tem direito à reelegibilidade. Ele pode se candidatar e não se eleger. Terá menos votos que o Enéias ou qualquer candidato que não obteve eleição, mas pode candidatar-se; é um direito dele. Jamais pensei, nem o Senador Tasso Jereissati, Senador Rodolpho Tourinho, nenhum de nós dois pensou em emenda para acabar com reeleição agora. De jeito algum. Eu acho é que não deu certo. Acho que ele não tem condição de reelegibilidade, acho que ele é um risco para o País, acho que o País está morrendo de medo dele. Ninguém mais ousa ridicularizar a Regina Duarte hoje. Ninguém aceita essa mistura da incompetência, essa mancebia da incompetência com a corrupção. Ninguém aceita mais isso.

           Sempre vim a esta tribuna para dizer que era melhor uma CPI só e não tantas. Passei um fim de semana sendo criticado por jornais, criticado por companheiros internamente, e vejo um Governo mesquinho, pequeno, sem generosidade, um Governo que não sabe ler sinais, que não sabe ter relação de altivez, de seriedade com um adversário altivo e frontal como eu sou. Fosse fazer uma brincadeirinha dessas comigo...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu disse ao Deputado: Deputado, me telefone quando for assim, me avise, e eu compareço ao duelo. Deputado, me avise, e eu estou lá. Mas à meia-noite! Isso é horário para vampiro do Ministério da Saúde. Isso não é horário para ninguém sério propor nada sério, dizer nada sério sobre ninguém sério. E, aí, eu disse: Meu Deus! Eles não conseguem ser nobres. E porque desprezam profundamente seus interlocutores achavam que não tinha nada demais chafurdarem na corrupção, até porque deve ser uma corrupção socialista, uma corrupção para o bem do País, uma corrupção de esquerda, uma corrupção que, no fundo, no fundo, ia fazer do Brasil um país feliz. Enfim, primeiro, distribuindo renda lá entre eles; depois, quem sabe, eliminando os burgueses que tinham, para atrasar o País. Eu acredito muito num certo fundamentalismo até de base religiosa nessa gente.

Senador Rodolpho Tourinho, por favor.

O Sr. Rodolpho Tourinho (PFL - BA) - Senador Arthur Virgílio, não tive oportunidade de assistir ao pronunciamento de V. Exª, mas, pelo que pude sentir, a sua honra teria sido, de alguma forma, atacada.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, Senador. Um Deputado, à meia-noite, disse, como o Lula estava sendo acusado... Essa foi a lógica dele. Foi isso que ele passou para o Senador Eduardo Suplicy, que gastou R$300 mil na sua campanha para o Senado. Eu lhe disse que é porque S. Exª canta, porque eu, que não canto, gastei R$1,6 milhão na minha. Tive de buscar. Não tenho, não sou de família rica nem quatrocentona. Fui buscar o dinheiro em vários lugares. Estou colocando tudo na Mesa, para os Anais.

Disse que essa tal empresa Skymaster teria colaborado com a minha campanha. O rapaz da Skymaster disse: “40 mil, pessoa física”. Não é verdade. Ele deu 50 mil, como pessoa jurídica. Se eu fosse algum desses degenerados que levaram o Governo Lula a essa debacle, eu teria tido, quem sabe, dois milhões, no caixa 2, e não 50 mil na minha declaração, na minha prestação de contas para a Justiça Eleitoral.

Perguntei se precisava estornar, devolver o dinheiro. Aí, o advogado disse: “Não, não. A gente vai dar um jeito, porque, como não pesou, representou apenas 3,8% da sua declaração, isso não mexeu com nada. O Tribunal, com certeza, vai aprovar a sua prestação de contas”. Aí eu fiquei tranqüilo.

O Presidente Lula recebeu 13 milhões de dinheiro obscuro - está aqui, Folha de S. Paulo, vai para os Anais; recebeu dinheiro de empresa de lixo. Essa, sim.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - A Skymaster não é vedada de prestar ajuda a ninguém, porque ela é prestadora de serviços para aquela que não pode prestar ajudas, que é a ECT, mas prestadora de serviço de lixo em São Paulo, essa não pode! Essas que jogaram tão na lama o nome da Prefeita Marta Suplicy, essas não podem! E o Sr. Lula foi buscar dinheiro para sua campanha nas prestadoras de serviço de lixo de São Paulo. E uma outra, uma empresa lá, higienizadora não sei o quê - está aqui, daqui vai tudo para a Mesa - não chegou a mexer, apenas nada... O Deputado foi uma coisa assim, tipo: “Ah, se está mexendo com o meu, então também vou pegar o seu”. Foi mais ou menos isso o que ele me disse que eu tive...

Tive o cuidado de ligar para ele, avisei que ia falar, disse-lhe que iria falar, que eu estava surpreso com ele, citei até o nome de alguns lá que acho... Se há tanta gente em seu Partido para fazer esse trabalho sujo, é um rapaz que tem um conceito tão bom, por que você agora está virando esse tipo de pistoleiro intelectual desse partidinho? Para quê? Por que você não faz uma coisa mais limpa?

Muito bem. Falou nada. Apenas ele queria dizer... É a velha tática de se defender procurando mexer com pessoas que supostamente vão ser âncora para eles saírem do lodaçal. É aquilo que o Dr. Ulysses Guimarães dizia: “Quem se defende desse jeito não quer justiça, quer cúmplices”. E eu não estou aqui para bancar cúmplice de PT nem cúmplice de ninguém, porque não sou quadrilheiro, não sou bandido e enfrento minhas coisas desse jeito.

Ouvi pessoas: “Ah, mas ninguém...” Um experientíssimo jornalista que estava em minha casa de manhã cedo hoje: “Você vai falar de uma coisa para que ninguém está dando bola?” Eu disse: Mas eu vou falar. É para dar bola mesmo. Não estou aqui para isso. O que eu fiz? Sou o Marcos Valério? Olha minha cabeleira, veja se sou careca. Veja se sou o Marcos Valério. Eu sou alguém para estar com medo de alguma coisa aí? Por que não podem abertamente os jornalistas tratarem de minha vida no capítulo que quiserem? Por que não? Então não há essa história.

No momento em que não viesse para a tribuna, eu estaria dizendo: Ah, é melhor esquecer. Eu estaria assumindo uma relação supostamente esquisita, no mínimo estranha, com essa empresa. E não tenho nem com essa nem com nenhuma. Por isso, digo desta tribuna o que quero, no tom que quero.

Há dias que venho doce; em outros, venho como estou agora. Vai ser assim: vai ser agridoce, como aquele prato chinês, muito gostoso. Quando quiser, serei doce; quando quiser, amargo. Não tenho rabo preso. Ninguém calou meu mandato quando fui Deputado contra a ditadura militar. Não precisei de mandato para combater a ditadura militar. Não vai ser, agora, um Partido que quer escapar de algo inescapável pela chantagem que vai imaginar que me chama para esse condomínio, como litisconsorte desse processo apodrecido de corrupção.

Ouço V. Exª, Senador Rodolpho Tourinho.

O Sr. Rodolpho Tourinho (PFL - BA) - Só queria dizer a V. Exª, Senador Arthur Virgílio, que a sua honra é inatacável. O Brasil inteiro sabe disso. Há quanto tempo conheço a sua pessoa! Era isso o que queria dizer. V. Exª não precisa de nenhum tipo de defesa.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador Tourinho. V. Exª é um companheiro competente, que esta Casa tanto admira, e não falta numa hora em que precisamos mesmo é chamar essa gente para o confronto aberto.

           Estou refletindo aqui a minha decepção com o PT. Não aceito tanto defeito junto. Não aceito covardia, má-fé, desonestidade; tudo junto, não. Às vezes, fulano é covarde, mas é uma pessoa boa. Aí, toleramos, mas, quando é tudo junto, fica uma personalidade multifacetada e complicada. Esse Partido tem de se explicar perante a Nação. Estou aqui para isso. No meu quinhão, estou aqui para ajudar o País a ser passado a limpo.

           Ouço o Senador Geraldo Mesquita Júnior, por favor.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - Meu caro companheiro amigo e Líder, Senador Arthur Virgílio, estava fora do Congresso Nacional, cumprindo agenda, quando a minha assessoria me ligou, perguntando se eu estava acompanhando o que estava acontecendo. Disse que não e perguntei o que estava havendo. “É que o Senador Arthur Virgílio refuta, rebate alguns fatos que lhe foram imputados e está brabo lá na tribuna”. Imediatamente, interrompi o que estava fazendo, peguei o carro e me dirigi aqui para o Senado na esperança de ainda encontrá-lo nesta tribuna, para lhe dizer, Senador Arthur Virgílio, que, primeiro, tive a idéia de ligar novamente para a minha assessoria e perguntar do que se tratava; depois, pensei: por que vou perguntar? Não me interessa o que foi imputado ao Senador Arthur Virgílio; o que me interessa é o que sei do Senador Arthur Virgílio, do convívio que tenho com S. Exª no Senado Federal...

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senador Geraldo Mesquita interrompo seu aparte para informar ao nobre Senador Arthur Virgílio que temos dois minutos para o encerramento da sessão.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - Obrigado Sr. Presidente. Eu estava dizendo, Senador Arthur Virgílio, que resolvi que o que me interessa é o que sei pelo convívio, pela história do Senador Arthur Virgílio, a história de homem público honrado, o convívio com uma pessoa que todo dia nos dá exemplo aqui de grandeza, de altivez, hora de serenidade, hora de combatividade, como neste momento V. Exª exercita. Disse, então: Corra motorista, porque não posso perder essa; não poderia jamais e teria dor na consciência se não conseguisse chegar a tempo de dizer para o Senador Arthur Virgílio e dar meu testemunho de Senador, de seu colega aqui neste Parlamento, ao povo da minha terra inclusive, da figura impressionante que tive o privilégio e a honra de conhecer neste Parlamento. Eu o conheci e com V. Exª convivi pessoalmente. Eu já o conhecia de longos anos. Quero dizer a V. Exª, para o meu querido companheiro Senador Arthur Virgílio, que estou absolutamente solidário com V. Exª. Cheguei a ouvir algumas coisas que V. Exª disse com relação ao Partido dos Trabalhadores. Tenho feito aqui uma ressalva, tenho dito aqui...

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, interrompo o aparte de V. Exª para prorrogar a sessão por dez minutos e para solicitar ao nobre Senador Arthur Virgílio que conduza, após o aparte do Senador Sibá Machado, ao encerramento de seu discurso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Sr. Presidente. Ouviremos o Senador Sibá Machado - será um prazer também -, e encerrarei o discurso, em seguida.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Vou encerrar. Tenho feito aqui a seguinte ressalva, Senador Arthur Virgílio: entendo que a cúpula do Partido dos Trabalhadores se apropriou indevidamente do Partido, pois vem tomando decisões, vem praticando atos que, tenho certeza absoluta, não contam com o aval da grande maioria, do conjunto da militância desse Partido. Mas a cúpula desse Partido eu não ressalvo. Estou com V. Exª quando diz que cometeram, sim, ilícitos e vão pagar por isso, que são realmente corruptos. E aqui quero, mais solidariamente ainda com V. Exª, dizer algo que este Parlamento tem evitado falar, Senador Arthur Virgílio: hoje estou certo de que o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está envolvido até o pescoço nessa produção de fatos em seqüência que nos deixam atônitos neste País. Não partilho dessa “blindagem” do Lula. Também, como diz V. Exª, não estou aqui pregando o seu afastamento, o seu impeachment, não estou dizendo que Sua Excelência não se pode candidatar. Que se candidate! E vai ver qual é o sentimento do povo brasileiro hoje com relação ao seu Governo, à sua pessoa, inclusive. Solidarizo-me com V. Exª ao afirmar a minha convicção de que hoje não escapa um; dessa cúpula toda, não escapa um. Praticaram, sim, ilícitos, envergonhando este País, maculando uma instituição da maior importância para os brasileiros, que é a Presidência da República; misturaram-se a essa coisa vergonhosa, a essa onda de fatos e de acontecimentos que nos entristecem a todos neste País e que enlameiam a honra do povo brasileiro. Muito obrigado.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador Geraldo Mesquita, antes de conceder o aparte ao Senador Sibá Machado, também do Estado do Acre, digo que de V. Exª eu não esperava nada diferente. Conheço também o seu caráter nobre, a sua coragem, o seu destemor, seu vigor cívico e creio que aqui formamos também uma relação de sólida amizade social, independentemente até das divergências ideológicas que temos e que se refletem, muitas vezes, no painel das votações ou nas opiniões que damos da tribuna da Casa.

           Quero aproveitar também a oportunidade para registrar o gesto da presidente do seu partido, Senadora Heloísa Helena, que disse algo ontem, quando aconteceu a tolice, essa coisa solta ao vento, boba, boba mesmo, de um deputado que eu reputo eficaz, reputo um deputado talentoso, que deveria estar acima disso, deputado pelo PT do Rio Grande do Sul. Falei para ele hoje: “Tem tanta gente para fazer o trabalho pior...” Citei até o nome de alguns e lhe perguntei: “Por que não mandaram sicrano, beltrano, pessoa rastaqüera para fazer esse papel? Tinha que ser você pra fazer esse papel? Um rapaz que tem preparo, que tem um conceito a brigar por ele?”

           A Senadora Heloísa Helena é minha antípoda ideológica: ela quer um país que não é o meu, eu quero um país que não é o dela. Temos uma relação de amizade, fraternidade. A Senadora disse algo, com a inteligência aguda dela, mais ou menos assim: “Puxa, se vocês acham grave essa empresa ter colaborado com 40 mil” - que não era 40 mil, era 50 mil; eu é que estou dizendo 50 mil, o rapaz disse 40; e não foi pessoa física, foi pessoa jurídica - “então o que é que vocês acham da tal Promoldal, que deu 800 mil para a campanha do Presidente Lula depois de Lula consagrado vitorioso?” Algo assim. Foi um gesto que eu registro, é claro.

           A gente vive de gestos, a gente vive de saber que nesta Casa os gestos são significativos, eles refletem um pouco o conceito de cada um. V. Exª representa muito para mim do ponto de vista afetivo, do ponto de vista político, do ponto de vista do funcionamento aqui desse Parlamento. Muito obrigado a V. Exª.

Senador Sibá Machado, com muita honra.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Arthur Virgílio, confesso que, neste momento, sobre o assunto em si, sobre o fato apresentado, não tenho argumentos, até mesmo porque a notícia também foi muito recente para mim. Antes de vir ao plenário...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª ouviu o que eu disse? Chegou a ouvir o meu discurso?

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Não consegui ouvi-lo. Desculpo-me exatamente porque não ouvi o pronunciamento de V. Exª e nem os apartes que foram feitos, com exceção do aparte do nobre Senador Geraldo Mesquita. Mas procurei o Deputado Fontana, perguntei-lhe o que sucedeu lá, para entender o que estava acontecendo. Conversei com o Senador Alvaro Dias, que também não sabia o que estava acontecendo. Não posso falar de nada sobre isso, mas posso voltar na semana que vem com esse fim. No entanto, agora quero pedir desculpas por não estar aqui o Senador Aloizio Mercadante - S. Exª tem seguido uma extensa agenda - e nem o Senador Delcídio Amaral, que são os dois Líderes que poderiam responder por nós com melhor qualidade.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª representa muito bem o PT.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Porém, o que posso dizer neste momento é do Senador Arthur Virgílio que conheci. Antes de conhecê-lo pessoalmente, conhecia-o pela imprensa nacional, quando V. Exª era Deputado Federal pelo Estado do Amazonas com brilhante atuação parlamentar. E aqui não é pequeno o que tem acontecido. A grandeza de V. Exª tem elevado o padrão dos debates nesta Casa, tanto é que o Partido de V. Exª o reconduz - se não me engano, pela terceira vez consecutiva - como Líder do Partido nesta Casa. Então, fica aqui, no meu entendimento, que qualquer ilação, qualquer simulação, qualquer ponto de vista que uma pessoa possa ter não tem o nosso aval. Não está respondendo por nós, porque fato dessa natureza, no meu entendimento, não contribui para elucidar absolutamente nada. E, se há qualquer contribuição dessa natureza, se está registrado no TSE, no meu entendimento, não há nem discussão, porque se trata de recurso plenamente legal. Fico preocupado com isso. Com que intenção foi dito isso ontem, durante uma resposta à CPMI dos Correios? Quero dizer a V. Exª que fique tranqüilo, porque, no debate ideológico, positivo, de construção do Brasil, do ponto de vista que V. Exª defende o seu Partido e suas idéias aqui, tratamos disso do ponto de vista da relação partidária. Qualquer tipo de ligação atribuída a V. Exª com qualquer outro tipo de comportamento, eu, particularmente, neste momento, recuso-me a corroborar, porque acredito que V. Exª é a pessoa que aqui aprendemos a conhecer, que o Brasil aprendeu a conhecer. Voltaremos na semana que vem para falar sobre o assunto. Gostaria que o Senador Aloizio Mercadante e o Senador Delcídio Amaral pudessem vir à tribuna desta Casa para falar, com todo o poder que têm em função dos cargos que exercem, aquilo que de fato pensamos a respeito de V. Exª. Parabéns pelas preocupações que foram apresentadas até agora.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador Sibá Machado. V. Exª é um Parlamentar em clara ascensão e representa com coragem o seu partido.

           V. Exª é como eu: é frontal, V. Exª vai e diz o que tem que dizer. V. Exª sabe, das nossas conversas, em que tenho dito que é fundamental que V. Exª, em nenhum momento, deixe o Presidente Lula só. Eu tenho dito isso a V. Exª: “Não deixe, outros vão deixar, outros vão fugir. Não fuja. Cumpra o seu papel”. E V. Exª tem feito isso, tem ganhado experiência e tem crescido no conceito dos seus colegas.

           O Deputado não fez nenhuma acusação. Ele soltou no ar, assim, tolamente, essa história de misturar culpas verdadeiras com culpas falsas: “Mas se o Presidente Lula não poderia ter recebido, o Senador também não poderia ter recebido” Lula recebeu 800 mil, já praticamente eleito, de uma empresa que depois só cresceu no Governo dele, e eu, 50 mil, legais, de uma empresa que só cresceu no Governo dele. Mais ainda: Lula recebeu dinheiro de prestadora de serviço de lixo em São Paulo - isso é vedado por lei. Parece que, depois, ele estornou, jogou isso fora. Lula recebeu dinheiro de uma outra empresa, uma limpadora, uma empresa de higiene enfim, e a Prefeitura de São Paulo também. Tudo isso eu estou anexando aos Anais.

           Senador Sibá Machado, V. Exª sabe como eu travo a luta? Com lealdade. Algo que não se pode imputar a mim é o deslize da deslealdade. Às vezes, até eu temo que a minha lealdade chegue a exageros.Outras pessoas são muito leais ao Presidente Fernando Henrique nesta Casa, mas o único gabinete que tem retrato do Presidente Fernando Henrique é o meu. Então, eu não seria desleal nunca com um adversário. Sou acostumado, até por formação esportiva, a não chutar quem caiu, a levantar quem caiu, a dar sempre oportunidade de defesa a alguém. Estou aqui condenando o método. Digo: defendam-se! Defendam-se de acusações graves, de acusações terríveis! Defendam-se! Não procurem misturar, embaralhar os fatos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Conto muito com a bravura de V. Exª para reconduzir para o caminho correto esses debates, essas investigações e, volto a dizer: V. Exª tem crescido. Um Parlamentar bravo, presente e leal ao seu Partido, ao seu Governo. Muito obrigado.

           Concedo o aparte ao Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Arthur Virgílio, já lhe aparteei no início, mas queria apenas retransmitir o abraço de um companheiro antigo, que foi fundador do MDB, que é o ex-Deputado José Maria Magalhães, que me telefonou aqui para...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Lutamos muito contra a Ditadura, juntos.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Exatamente. Foi na época, ainda, da fundação do MDB. Ele me pediu que lhe transmitisse o grande abraço dele, o apoio e a admiração que lhe tem.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Meu muito obrigado.

           Sr. Presidente, encerro agradecendo aos companheiros que me apartearam nesta sessão, que acabou sendo mais movimentada do que os oráculos pudessem ter previsto, mas quero dizer de maneira muito clara:

(Interrupção do som.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...sou leal, sou frontal, tenho orgulho da minha trajetória na vida pública, gosto de adversários valorosos, que me permitem respeitá-los, tenho eu verdadeira predileção por adversários valorosos que me enfrentam de peito aberto e, por outro lado, quando se trata sobretudo desse aspecto da honra pessoal, costumo dizer muito claramente: tenho certeza que dou aos meus adversários desleais todo o combate que eles merecem. Vou fazer até uma comparação, de certa forma, jocosa: se é verdade o que dizem do Casanova, ele preencheu tanto a vida das suas amantes quanto eu sei que preencho a vida dos meus adversários desleais. Nenhum adversário desleal meu pode se queixar. Já teve adversário meu no Amazonas que disse assim: antes de enfrentar esse rapaz eu não era doente. Agora, fiquei com doença disso, doença daquilo...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não tinha doença nenhuma. Agora estou doente disso, daquilo. O que ele quer? Foi enfrentar, partiu para a luta comigo usando golpes baixos... Eu, pura e simplesmente, dei o que ele queria. Mas sei reconhecer o valor dos meus adversários, sou de colaborar com o País.

           Agora, quero deixar um aviso aos navegantes: se é essa a tática, não mexam com os meus companheiros; se é essa a tática, não mexam comigo, evitem mexer comigo, porque vou responder com altivez, com coragem, com fatos, no tom necessário. Sempre digo que o Governo escolhe como me enfrenta. Sou uma pessoa até dócil e fácil de ser levada. As pessoas que convivem comigo sabem disso. O Governo pode até ligar um ar refrigerado para lutarmos no ar refrigerado. Se quiser o caldeirão dos quintos dos infernos, eu topo, eu aceito o combate, porque nasci para combater e não deixo nada, ilação, nada que possa vir tentar macular uma carreira que construo com muito sacrifício, que construo sem mensalões, que construo sem propinas, que construo sem corrupção ativa ou passiva, que construo com o respeito que tenho ao meu País, com o respeito que tenho à representação do povo do meu Estado e com o respeito que tenho ao Parlamento ao qual pertenço.

           Acredito que é melhor brincarem fora do horário da CPI, ali é lugar para se tratar com seriedade. Acredito que não é correto brincarem com ninguém. Acredito que é perigoso brincarem com os meus companheiros. E acredito que é perigosíssimo brincarem comigo.

           Se eu estivesse ali, o Roberto Jefferson não tinha posto o dedo na minha cara, não tinha. E botou o dedo na cara das vestais ali, mas não tinha posto o dedo na minha cara. Fiquei impressionado em ver como aceitaram aquilo. Teria dito algumas coisas: olha, se a sua prestação de contas é falsa e dessa turma também, o senhor pode apontar um dedo para a cara deles e outro para sua, faça esse jogo, mas não aponte para a minha, para a minha não. Então, nem ele e nem o Presidente Lula e nem nenhum acólito. Não conheço a China, estou querendo ir à China, mas não tem chinês, estou falando chinês porque lá tem muito homem, muita gente, não tem chinês que faça isso comigo, nem chinês, nem irlandês, nem escocês, nem indiano e nem ninguém, porque não nasci para ter dedo apontado na minha cara, e não nasci para ser levado com leviandade por quem quer que seja.

           Portanto, estarei semana que vem pronto para o combate de sempre, com a doçura que me permitam ou com amargura que o momento possa exigir. Com a palavra fica o Governo, ao qual dou só um conselho final: defenda-se, com valor, das acusações desestabilizadoras que pesam sobre o Governo em todos os recantos da Administração. Não procure misturar culpas verdadeiras com culpas falsas. Livre-se dos verdadeiros culpados e procure governar este País com o máximo de aplicação e de correção até o último dia do mandato do Presidente Lula.

           É o que desejo de coração, é o que desejo sinceramente. Nesse sentido, não tenho medido esforços, até com críticas dentro do meu Partido. Por isso, sinto-me injustiçado e, por outro lado, não é comigo que vão fazer brincadeirinhas mais de gênero qualquer, comigo tratem sério, e eu tratarei sempre com seriedade. Respeito meus adversários, mas, mais do que tudo, respeito a vida que construí.

Muito obrigado.

 

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            DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Prestação de contas ao TRE - AM”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2005 - Página 24232