Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Explicação pessoal sobre o financiamento de sua campanha ao Senado. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Explicação pessoal sobre o financiamento de sua campanha ao Senado. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2005 - Página 24857
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ORIGEM, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, OBJETIVO, RESPOSTA, COMENTARIO, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, POSSIBILIDADE, SONEGAÇÃO, INFORMAÇÕES, ORADOR.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela Liderança do PDT. Com revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou fazer uma pausa no assunto do dia, que é esse lamaçal que emporcalha o País todo e escandaliza os brasileiros, para dar uma explicação pessoal, embora sobre um tema muito atual, que é o financiamento de campanha.

Na semana passada, meu amigo Senador Arthur Virgílio Neto subiu a esta tribuna, emocionado por uma referência feita a ele por um Deputado do PT a respeito de uma contribuição que recebera de uma empresa, mas a sua metralhadora giratória - sem querer, certamente - me atingiu de raspão. É que o Senador Arthur Virgílio, na passagem, fez menção à campanha eleitoral do Amazonas e mencionou a mim e ao Senador Bernardo Cabral e disse que a minha prestação de contas ao Tribunal Eleitoral tinha sido de R$149 mil. Eu já nem me lembrava, Senador, da quantia exata. E como a dele foi bem maior, um milhão, eu creio que o Senador Arthur Virgílio ficou incomodado, imaginando que iriam fazer comparação entre as duas prestações de contas, e que eu teria, portanto - se não foi dito, foi insinuado -, sonegado informações, dados ao Tribunal Eleitoral.

Modus in rebus, como diziam os juristas de antigamente, eu gastei exatamente, com despesas da minha campanha pessoal, aquilo que foi declarado: R$149 mil, arrecadados, doados por alguns empresários amigos e vindos das minhas próprias economias. Gastos pessoais, alguns outdoors, cartazes, santinhos, coisa desse tipo. Mas não está computada, nem teria por que estar, na minha prestação de contas, a estrutura de apoio que eu tive da Coligação.

Qual é a de V. Exª, Senador Arthur Virgílio? Teria sido veraz, absolutamente veraz, se tivesse dito: na minha prestação de contas aparecem gastos muito maiores do que os do Senador Jefferson Péres e do Senador Bernardo Cabral, porque eu tive de montar a minha própria estrutura de campanha.

V. Exª é Presidente do PSDB, fez a sua campanha solo, embora apoiasse um candidato a Governador, mas tratou de se eleger Senador. Claro, teve de cuidar da sua campanha. Criou um comitê, arrecadou fundos nas empresas. Tudo despendido na sua campanha foi decorrente de arrecadação feita por V. Exª.

Eu não tinha por quê. Qual a estrutura de apoio que eu tive? Viagens ao interior em aviões fretados, estúdio de gravação das minhas gravações para TV e rádio e, finalmente, Senador Antonio Carlos Magalhães, os comícios. Claro que isso eu não computei nos meus gastos. Eu pegava carona no avião do candidato a Governador Eduardo Braga, que fretava os aviões e deve ter declarado isso na prestação de contas da coligação. Eu não tinha que incluir isso em minha prestação de contas. Quando eu ia ao estúdio, alugado pela coligação e pelo Governador Eduardo Braga, que o utilizava, eu não tinha que declarar isso em minha prestação de contas. Claro que não! Eu não despendi, eu não aluguei. E os comícios que ele montava, comícios que têm artista, têm claque, têm gente levada de caminhão... eu nunca levei ninguém, nunca contratei claque e ia convidado. Ia lá, falava e ia embora. O comício tem um custo? Tem, mas eu não gastei um centavo.

Então, Senador Arthur Virgílio, eu fui veraz em minhas contas, foi isso que eu gastei. Agora, eu lhe digo: não tinha por que declarar, não soneguei informação. Se o então candidato Eduardo Braga sonegou, eu não sei. Se declarou tudo, eu não sei. E de onde tirou o dinheiro também não sei nem me cabia perguntar de onde foi.

Eu gostaria de falar um pouco mais sobre isso. Por que é que me elejo Senador e, talvez, mesmo sem essa estrutura, gastando talvez o dobro, eu me elegeria? Pela característica da população do Amazonas. Em Manaus se concentram 60% dos votantes, 40% estão no interior. Eu tenho uma grande aceitação na Capital, onde quase não gasto dinheiro porque tenho o que chamo “meu exército invisível”. São milhares de pessoas, cabos eleitorais espontâneos, voluntários que ficam pedindo voto para mim. Alguns nem conheço, nunca falei com eles.

E o que aconteceu nas duas eleições para o Senado Federal? Eu fui o primeiro na Capital. Em 94, havia quatro candidatos competitivos, eu fui o primeiro na Capital e o quarto no interior. O que aconteceu em 2002? Três candidatos competitivos: eu, o Senador Arthur Virgílio e o Senador Bernardo Cabral. Eu fui o primeiro na Capital e o terceiro no interior. Não fora isso, eu não seria Senador da República.

Mas, meu caro amigo Senador Arthur Virgílio, da próxima vez, dirija seu fogo contra os adversários, poupe os amigos e companheiros da Oposição.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2005 - Página 24857