O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiramente dirijo a palavra ao Senador Eduardo Azeredo, por quem temos amizade, respeito, solidariedade e uma atenção muito especial, como eu dizia ontem a ele, em termos de sua trajetória de vida, sempre uma trajetória educada, de respeito, de construção de cidadania, de dignidade. Essa não é opinião minha unicamente, é opinião da maioria dos Senadores que, outro dia, já se manifestaram a esse respeito, inclusive a maioria da Bancada do PT aqui no Senado. Várias pessoas, verbalmente, externaram essa posição. Eu inclusive disse que é uma honra para o Brasil, uma honra para Minas Gerais, tê-lo como Senador da República, porque S. Exª tem muito a contribuir, não apenas para Minas Gerais, mas para o Brasil.

Lamentamos que esses fatos tenham ocorrido, mas espero que eles nos levem a produzir instrumentos que, no futuro, impeçam que se repitam. Muitas vezes, pessoas com uma história realmente positiva para o País podem estar envolvidas em situações em relação as quais não têm responsabilidade desse envolvimento.

Senador Heráclito Fortes e Senador Arthur Virgílio, em função do que ocorreu na CPI e do que foi mencionado sobre a atitude de um Deputado petista, deixo bastante clara, novamente, a posição da Bancada de Senadores do PT, que é de completa investigação e transparência. Já manifestamos isso por meio de um documento escrito. Não é só a Bancada de Senadores do PT que deseja isso. Temos um milhão de militantes do Partido dos Trabalhadores no Brasil, e todos desejam que a bandeira da ética, a bandeira da transparência, da participação e dos direitos sociais, que são bandeiras do PT - sempre foram -, sejam resgatadas na sua inteireza. E existe apenas um caminho para isso: investigar, punir e criar mecanismos para que fatos semelhantes não se repitam.

Então, atitude. Tudo tem que ser investigado. E quanto à atitude do Deputado, como foi dito, se queremos transparência, ela também tem que ser investigada. Não há dúvidas nesse sentido.

Mas faço um apelo ao mesmo tempo. Sr. Presidente, uma das maiores necessidades do Brasil é que haja uma vida democrática que permita que as instituições continuem funcionando durante uma crise. Esse seria o maior sinal de maturidade que poderíamos dar, mostrando que estamos realmente com a vida democrática consolidada. Pode vir a crise que vier que as instituições continuarão funcionando.

O alerta que o Senador Arthur Virgílio agora há pouco fez, eu também faço, porque também fui, durante 12 anos, do PSDB. Fui eleito três vezes Deputado federal pelo PSDB. Então, conheço todas as pessoas do Partido da época em que era membro. Depois, passei para o PT e fui eleito Senador.

O Líder do PSDB manifestou seu sentimento agora há pouco, dizendo-se insatisfeito com a votação do salário mínimo, realizada hoje. De fato, temos que fazer um esforço, particularmente no Senado, discutir mais, encontrarmo-nos mais, ver melhor as votações para mostrar à sociedade que podemos votar, discutir, fazer encaminhamentos e, ao mesmo tempo, ter a certeza de que as investigações estão acontecendo.

Então, sobre a votação de hoje, todos sabemos que o salário mínimo precisa melhorar. Já me manifestei ontem a esse respeito. Não concordo com os juros extraordinários que estão sendo pagos em função da dívida pública do Brasil: R$150 bilhões.

Estamos aí discutindo o salário mínimo, mas temos que tomar decisões com muita discussão e diálogo para não colocarmos o Brasil numa situação de dificuldades, em função dos debates do que tem que ser investigado.

É o apelo que faço, tendo em vista a conversa de hoje, para que isso nos remeta a um entendimento maior, Sr. Presidente.

Também aproveitando a ocasião para enaltecer o trabalho de V. Exª e parabenizá-lo.

V. Exª, Sr. Presidente, tem se mostrado um árbitro ponderado, equilibrado. O esforço de V. Exª em todos esses episódios merece o reconhecimento não apenas de nós, mas do País inteiro.

Obrigado, Sr. Presidente.