Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A lama de indignidade que tomou as ruas do Brasil ante as denúncias das CPMIs. (como Líder)

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO. POLITICA SALARIAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • A lama de indignidade que tomou as ruas do Brasil ante as denúncias das CPMIs. (como Líder)
Aparteantes
Leonel Pavan, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2005 - Página 27282
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO. POLITICA SALARIAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • GRAVIDADE, CRISE, POLITICA NACIONAL, OPORTUNIDADE, CONGRESSO NACIONAL, RECUPERAÇÃO, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA, DEFESA, INVESTIGAÇÃO, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, CORRUPÇÃO, ATENDIMENTO, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO.
  • COMENTARIO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, REPUDIO, DEPOIMENTO, EX SERVIDOR, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ADVOGADO, OCULTAÇÃO, VERDADE, EXPECTATIVA, PRISÃO.
  • NECESSIDADE, MELHORIA, SALARIO MINIMO.
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, OPOSIÇÃO, DROGA, APOIO, VIDA, MUNICIPIO, FOZ DO IGUAÇU (PR), ESTADO DO PARANA (PR), SALVADOR (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), DEFESA, INCENTIVO, TURISMO.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pela Liderança do Bloco/PL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero cumprimentar também os cidadãos e cidadãs que estão conosco, nas galerias desta Casa, gente do povo, bem como o povo que nos assiste em casa.

Eu havia reservado alguns dados para trazer hoje sobre o meu Estado, o Espírito Santo, onde, sob a benção de Deus, a cada dia, aparece um novo poço de petróleo. É um Estado cuja costa tem o complexo portuário que tem. Com o trabalho que está sendo feito na dragagem do porto de Vitória, com a capacidade que tem, certamente, é um dos Estados mais promissores deste País. Mas eu o farei, com os dados, numa próxima oportunidade, visto que este momento, Sr. Presidente, urge. E na sociedade brasileira, de todos os rincões, dos cidadãos mais simples, dos mais pobres aos mais abastados, dos neófitos aos doutores, nas esquinas e nos palácios, a conversa é a mesma. E o cidadão do táxi, de igual modo o garçom, o professor de Direito, a professora, o médico, todos comentam a crise brasileira com o mesmo nível de conhecimento, com o mesmo índice de conhecimento e com a mesma profundidade.

Senador Cristovam Buarque, o Parlamento brasileiro tem uma oportunidade ímpar de se passar a limpo, Senador Sibá, neste momento em que os olhos da sociedade, Sr. Presidente, estão sobre nós, esperando uma resposta, até porque os homens de bem foram todos levados para a vala comum, como que sepultados por uma lama de indignidade que parece que tomou as ruas do Brasil. E andamos nas ruas como se houvesse uma nuvem escura pairando sobre esta Nação, como se todas as pessoas fossem suspeitas.

É preciso reagir a isso e julgar com justiça. Tratar a justiça com justiça, sem indignidade, não dá para fazer proteções num momento como este, para não pagar o preço de o Parlamento ser deteriorado ou pisado em praça pública, sem a mínima chance, Senador Mão Santa, de poder redimir-se.

Senador Mão Santa, andamos nas ruas do Brasil! Senador Pavan, na cidade mais humilde, do cidadão mais letrado ao iletrado, fazem a mesma cobrança! E há uma coisa ocorrendo na sociedade brasileira em que é preciso prestar atenção: o caso é tão grave e é preciso ser tratado com tanta seriedade que as pessoas estão cobrando sem ironia, sem deboche, desde o mais simples àquele que se julga conhecedor, estão requerendo, Senador Paulo Octávio, Presidente em exercício, que reajamos.

Ontem, ouvimos dois advogados na CPI dos Bingos, CPI esta da qual tive o prazer de ser seu proponente, e pagamos um preço muito alto por isso. Houve uma luta nesta Casa, e a CPI está instalada e, depois dela, vieram as outras CPIs. O Senador Pavan estava lá e os inquiriu: o Marcelo e o Wagner. Senador Mão Santa, se realmente o diabo é o pai da mentira, a mãe são aqueles dois advogados. Eles não sabem de nada, amnésia profunda. Aliás, parece que esta é uma desgraça que se abate em todo mundo que se senta em cadeira de CPI: o cara vira verdadeiro, honesto.

No período de dois anos, Senador Paulo Octávio, essa Consultoria MM, de Belo Horizonte, prestou um serviço à Gtech, que é uma multinacional do jogo. Tantas bancas importantes em Brasília, uma banca de um advogado desconhecido de Minas Gerais! E de 2003 até agora, esse cidadão recebeu quinze milhões. Perguntado, ele não sabe onde o dinheiro está, não depositou para a família, e respondeu o seguinte: “Sou um homem muito extravagante, diferente dos outros, viajo muito, gasto muito em cartão de crédito, tomo muito vinho caro”. Se esse artista estivesse vivendo na Europa com quinze milhões durante dois anos, tomando vinho caro, comendo hambúrguer, onde quisesse, ainda não ia conseguir gastar esse montante de dinheiro.

Agora resta a CPI, porque ninguém tem que ter a ilusão de que o sujeito senta-se em uma CPI e que irá dizer “eu fiz, sou eu, eu assumo”. Não. Mas tínhamos dados. Em 2001, o sócio Marcelo, que constatamos no final que levou um a zero do sócio, que é o seu primo, declarou inativa a sua empresa em 2001/2002. O sócio, sabendo que estava inativa, em 2001/2002, movimentou seis milhões. Esse documento está na minha mão, Senador Paulo Octávio, chegou da Receita. Mentiu à CPI. E saí dali com sentimento de revolta, porque aquele rapaz deveria sair dali preso, algemado. E eu solicitei a sua prisão. Por quê? Há tanto pobre que roubou toca-fita, que está preso, nem advogado tem. O sujeito rouba, o sujeito movimenta, o sujeito desmoraliza a sociedade brasileira, e vai embora rindo da cara do Parlamento!

Ah, mas o Ministério Público e a Polícia Federal estão investigando. Então, se for somente Ministério Público e Polícia Federal, para que CPI? A prisão desse tipo de gente é pedagógica para a sociedade. A sociedade não agüenta ver o sujeito debochando, com dinheiro no banco, numa sociedade de 54 milhões de miseráveis. Contratos superfaturados, jogadas, lavagem de dinheiro... A sociedade não agüenta. E ele foi embora impune.

E hoje estamos ouvindo o Sr. Waldomiro Diniz. É um homem mais santo do que mãe, Sr. Presidente! Mais santo do que minha mãe! E cego, e surdo, nem viu nem ouviu. É mais santo do que minha mãe.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Magno Malta, V. Exª me concede um aparte?

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Concedo a palavra ao Senador Mão Santa, José Francisco, que responde com o apelido que o povo do Piauí lhe deu: Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Magno Malta, gostaria de dar o testemunho de que a esperança que o povo tem nessa CPI muito se deve ao comportamento de V. Exª. No País, tivemos uma fase pior do que essa, era o sindicato do crime organizado, que existia no Brasil, no Piauí, e foi, sem dúvida nenhuma, V. Exª o ícone daquela moralização. O do Piauí, que era o Coronel Correia Lima, quero comunicar-lhe que recentemente ninguém ousaria, todo mundo tinha medo. Eu que dei a ordem de prisão. O poder de polícia do Governador é de 30 dias, mas V. Exª que garantiu uma CPI do Crime Organizado, ele acabou de pegar 20 anos de cadeia. E não foi só Piauí, não; no Maranhão, no Acre, no Brasil todo. Então, os Presidentes das CPIs que estão aí devem buscar a sua coragem e experiência, que tanto serviço prestaram ao Brasil.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

Senador Mão Santa, dói muito no meu peito. Meu coração se angustia e sou homem que tenho pouca razão, mas tenho muita emoção. Senador Mão Santa, lembro que minha mãe, Dª Dadá, morreu com 57 anos, com um tumor no cérebro, ganhando meio salário mínimo, e meu pai, um pobre relojoeiro do interior da Bahia, morreu ganhando um salário mínimo. Se Deus não tivesse dado me dado graça, meu pai não teria direito nem a remédio na sua velhice. E vejo esses facínoras, um monte de caras-de-pau, ladrões do dinheiro público, um monte de malandros sem-vergonhas e que mentem descaradamente.

A sociedade brasileira está enojada, mas a mão dela é a nossa mão; a voz dela é a nossa voz; a boca da sociedade brasileira é a nossa boca; a ação dela é a nossa ação. E se falharmos na nossa ação, estamos falhando com homens e mulheres que a esta hora estão na frente da televisão, os escritórios estão ligados na Internet, as pessoas estão trabalhando, ouvindo, estarrecidos, depoimentos descarados, deslavados de quem não tem compromisso com a vida alheia. E esses homens e mulheres que estão assistindo à televisão, que estão ligados, que estão olhando para cá, estão com o peito cheio de esperança de que não neguemos, não tiremos a visão dos propósitos que nos levaram às ruas, não nos esqueçamos de quem conosco caminhou, de quem em nós acreditou e nos sufragou para que aqui viéssemos representá-los, para que aqui viéssemos reagir em seus nomes. Homens e mulheres, Senador Leonel Pavan, lesados, assistindo pasmos e esperando uma reação do Parlamento.

Não podemos permitir que nos levem para a vala comum e nos sepultem juntos. Não podemos permitir isso.

Concedo um aparte a V. Exª, Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Magno Malta, V. Exª faz um brilhante pronunciamento, como sempre tem feito e não apenas aqui no Senado. V. Exª, como artista que é, faz inúmeros shows Brasil afora, sempre levando uma mensagem de otimismo e de esperança para os que o ouvem. Aproveito o pronunciamento de V. Exª para lamentar um fato: houve um convite feito pelo Ipea para assistirmos hoje a um debate, com transmissão nacional, sobre matéria fiscal. Todos iríamos assistir, porque temos interesse. O evento foi cancelado repentinamente. Era um debate em que teríamos a presença de Senadores, a exemplo do Senador Tasso Jereissati, do Senador Rodolpho Tourinho e do Deputado Federal Delfim Neto, ou seja, um debate importante. De repente, Senador Magno Malta, ele foi cancelado, adiado. Sabe por quê? O debate foi prejudicado, responsabilizando-se os Senadores. Disseram que, em razão de nós termos aprovado um salário mínimo maior para a população brasileira, somos irresponsáveis. Quem são essas pessoas, o Governo, o PT, para dizer que nós somos irresponsáveis, quando estamos brigando, juntamente com V. Exª, para buscarmos um salário mais digno, justo para os trabalhadores? Acusar os Senadores de irresponsáveis, quando nós aqui estamos apenas sendo elo de reivindicação com as camadas sociais mais sofridas? Eles cancelaram sabe por quê? Porque não queriam concorrer com a CPI dos Bingos de hoje, com o depoimento do Waldomiro Diniz. Ficaram com medo das declarações de Waldomiro Diniz. Eles estavam com medo pelo que ia ser dito nesse encontro hoje, na CPI dos Bingos. Lamento profundamente a falta de planejamento, de sensibilidade pública por parte do Ipea, ao cancelar um evento tão importante para o País, porque seria um debate sobre matéria fiscal, com a participação de brilhantes Senadores, a exemplo do Senador Tasso Jereissati. Aproveitei o seu pronunciamento porque chamar o Senado de irresponsável é uma ignorância deste Governo que está envolvido num lamaçal enorme, em corrupção.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Agradeço o aparte de V. Exª, Senador Leonel Pavan.

Sr. Presidente, não há um só desinformado na sociedade brasileira sobre esta matéria. Não é possível fazer conta para os pobres do Brasil que estão assistindo a tudo. Eles não sabem fazer essa conta de quanto dinheiro jorrou pelo ralo de forma indecente e descabida. Eles apenas se questionam: Por que o meu salário não melhora? E concluem: Meu salário não melhora por isso.

Quem é que vai fazer conta? Quem é que vai pegar a linguagem de um economista para debater com um pobre sacrificado de salário mínimo? Não serei eu. Não me peçam isso. A minha questão com o salário é de foro íntimo, é uma questão pessoal de quem passou fome, de quem viveu adversidade, com uma mãe e um pai extremamente pobres. Não me peça para cometer injustiça contra aqueles que necessitam de mais dignidade neste País.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Paulo Octávio. PFL - DF) - Senador Magno Malta concedo a V. Exª mais dois minutos para terminar o seu pronunciamento.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Encerro, Sr. Presidente, dizendo que, de fato, no final de semana próximo passado, eu estive em Foz do Iguaçu. Eu só havia estado lá anteriormente pela CPI do Narcotráfico, quando fomos ver aqueles artistas que lá agiam praticando crimes. E pudemos prestar um serviço àquela cidade tão linda.

Estive lá no final de semana e fiquei surpreso com o amor do povo daquela cidade pelo Senador Osmar Dias.

No meio da minha apresentação, Sr. Presidente, fui fazer uma brincadeira dizendo que estava ali e que tinha pedido ordens ao Senador Osmar Dias. E o povo teve uma das reações mais belas que já vi. Foz do Iguaçu poderia ter no turismo a sua grande indústria e ainda não tem. O Governo Federal precisa ter olhos para aquilo lá não somente para fazer repressão, que é necessária, mas para ajudar o Governo municipal a tratar bem aquela princesa brasileira.

A exemplo de sábado retrasado, quando eu estive em Salvador, na Marcha para Jesus, uma marcha para a vida. Havia um milhão de pessoas na rua, proclamando e conclamando a vida, sem brigas, sem tráfico de drogas, sem ocorrência policial.

Então, encerro, parabenizando o povo da Bahia, Estado que me pariu. Parabenizo o apoio do Governador e do Prefeito para aquele grande evento.

Parabenizo também o povo de Foz do Iguaçu, que foi às ruas, um povo amável e descente.

Fiz um evento em um bairro extremamente carente, de pessoas drogadas. No final daquele evento, vi centenas de jovens que...

(Interrupção do som.)

O SR MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Já encerro, Sr Presidente.

No final daquele evento, vi centenas de jovens atendendo à manifestação do baiano Popó, que contou o que Deus havia feito em sua vida e que havia saída para qualquer jovem que estivesse metido na criminalidade ou ensaiando para ela.

Foi uma apoteose em Foz do Iguaçu. Parabéns a Selene, que promoveu o evento, e a Maria. Parabéns aos líderes religiosos, aos políticos, aos meios de comunicação que deram todo apoio àquele evento.

Obrigado, Sr Presidente, pela complacência.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2005 - Página 27282