Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A crise política por que passa o Congresso Nacional e o país. Referência ao pronunciamento do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Autor
Papaléo Paes (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. POLITICA PARTIDARIA. POLITICA SALARIAL.:
  • A crise política por que passa o Congresso Nacional e o país. Referência ao pronunciamento do Senador Antonio Carlos Magalhães.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2005 - Página 27750
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. POLITICA PARTIDARIA. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • NECESSIDADE, ETICA, CONDUTA, CONGRESSO NACIONAL, BUSCA, SOLUÇÃO, CRISE, POLITICA NACIONAL, APURAÇÃO, CORRUPÇÃO, EXECUTIVO, LEGISLATIVO, PUNIÇÃO, ACUSADO, TRANSAÇÃO ILICITA.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, CONTRADIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMBATE, CORRUPÇÃO, ANTERIORIDADE, GESTÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTICIPAÇÃO, TRANSAÇÃO ILICITA, ATUALIDADE.
  • COMENTARIO, DISCURSO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, DEFESA, DECISÃO, SENADO, APROVAÇÃO, REAJUSTE, VALOR, SUPERIORIDADE, SALARIO MINIMO.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não tenho dúvida de que estamos diante de uma crise moral que, a bem da verdade, perdura por décadas em nosso País. Tal afirmação refere-se a fatos ocorridos ao longo da história do Brasil - permitam-me não mencioná-los, por serem vários. Porém, os últimos fatos, que hoje são de conhecimento público, merecem de nós, políticos e representantes do povo, uma postura coerente com o discurso de moralidade e com a cobrança que sistematicamente fazemos pela ética em diversos momentos.

Aqui nesta Casa, com veemência, já externei reflexão e, de forma objetiva, disse que corrompidos e corruptores foram identificados, e, o que é pior, que o partido político, que ao longo de 25 anos construiu sua história combatendo a corrupção, os corruptos e sobretudo mostrando à sociedade que somente a postura ética possibilitaria ao Brasil ser um grande País, hoje se encontra numa situação muito difícil.

Eis que agora o partido que conseguiu chegar ao governo se encontra perante a sociedade identificado como um partido que, para se manter no poder, passou a adotar práticas que foram combatidas nas ruas, nas praças, nos palanques, na tribuna, nos panfletos e nos muros deste imenso País.

Sei que nem todos que fazem parte do PT podem ser responsabilizados por tudo o que ouvimos ao longo desses dias, contudo, Srªs e Srs. Senadores, fica para todos nós muito difícil aceitar a idéia de que tudo isso que estava ocorrendo, somente uma única pessoa, isto é, o tesoureiro do partido, fazia sem conhecimento dos demais.

Sr. Presidente, nesta tribuna tive a oportunidade de externar meu entendimento de que o Brasil, politicamente falando, precisa de uma reforma política, antecedente a qualquer outra reforma, como alternativa para mudanças necessárias, em atendimento ao clamor da sociedade. Lamentavelmente, este é um tema que só emerge em determinados momentos difíceis da vida política, como tema de conveniência, e tão logo o quadro se modifica, o tema sai de evidência.

Esta é uma crítica que faço de forma construtiva. Se depender de mim, como cidadão e político, estou à disposição para mudar e não fazer de conta que vamos mudar.

Srªs e Srs. Senadores, sou otimista. Creio que esta crise contribuirá de forma positiva, e a expressão muito conhecida “não há mal que não traga um bem” neste momento se aplica.

Se os fatos forem devidamente esclarecidos e os culpados exemplarmente punidos, as conseqüências serão benéficas, a sociedade brasileira ficará muito mais amadurecida politicamente e, mais, o senso crítico do eleitor ficará muito mais preparado com os anseios de todos nós.

A crise se resolve com ações e não com omissões. O Congresso Nacional, de forma transparente, tem mostrado à sociedade que quer resolver esta crise. Temos o dever, neste momento, como cidadãos, de ficar vigilantes. É o que proponho a todos os brasileiros e às instituições civis, pois só assim o Brasil poderá mudar, e mudar para melhor.

Sr. Presidente, quero aproveitar um pouco do meu tempo para fazer uma referência ao brilhante discurso do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª é um patrimônio desta Casa, um patrimônio do Parlamento brasileiro.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Honra-me muito o aparte ao meu discurso.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP) - Muito obrigado.

Saiba V. Exª que, quando aqui aprovamos sua proposta por um salário mínimo de R$384,00, nós a aprovamos com a consciência tranqüila; não concordamos com o que disse em aparte há pouco um Senador do PT, que estávamos aprovando um salário que ia quebrar prefeituras. Nós aprovamos exatamente com base em uma proposta de campanha do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse a todos os brasileiros que ia dobrar o valor de compra do salário mínimo. Se o Presidente, com a equipe competente que o assessorava para fazer suas propostas de governo, não teve a competência de ver uma projeção de que isso quebraria algumas prefeituras, lamentavelmente fizeram com que elegêssemos um Presidente que fez uma proposta irresponsável. E nós, responsavelmente, aprovamos sua proposta de um salário mínimo digno.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Eu quero agradecer o aparte de V. Exª, que é uma das mais brilhantes figuras desta Casa. Portanto, eu fico extremamente honrado, sensibilizado e estimulado a continuar nesta luta, que é nossa.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP) - Muito obrigado, Senador. A honra é toda minha.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP) - Ouço o Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu e o País todo ouvimos atentamente V. Exª, que representa aqui muito, porque traz a força do trabalho, o reconhecimento da sua profissão, a ciência médica, a mais humana das ciências. O médico é um benfeitor da humanidade. Foi essa força que lhe trouxe aqui, não foi poder econômico; foi a gratidão, o reconhecimento. É muito oportuna a análise de V. Exª. E nós, como médicos, para onde vamos, levamos a nossa formação profissional. Lembro-me do conceito de doença nos livros de patologia de William Boyd, de L. Roberson, que diziam que a doença não pára; ou ela evolui para a cura ou evolui para a morte. E quero dizer que, entendendo a política, Senador Jefferson Péres, a corrupção é uma doença do caráter, é uma doença da sociedade, e ela não parou. E o mal nunca vem só, vai-se agravando, vai complicando. Ela se instalou. Todos sabem a sua etiologia, a sua origem, lá em Santo André, do PT. Então, houve outros malefícios. A corrupção, que é o cupim da democracia, como Ulysses dizia, foi acompanhada de outros males. Houve homicídio. E isso não pára; alastrou-se. Não teve mecanismo de tratamento e ela se transformou em endemia, epidemia, metástase, quaisquer que sejam os termos. Mas jamais, em 505 anos, houve governo tão corrupto como o de hoje. Podem estudar as capitanias hereditárias, os governadores-gerais, Pedro I, Pedro II, a princesa, os presidentes. O ditador Vargas governou durante 15 anos; quando saiu, não tinha energia na fazenda dele; ele não tinha uma geladeira a querosene. Os militares podem ter tido ideologia de Stálin, de não sei quê, de facínora, mas corrupção não! Corrupção foi agora. É como o povo diz na rua: a esperança venceu o medo e a corrupção afogou a esperança, que não pode morrer. Então, nós estamos aqui. Uma das esperanças é essa coragem do Senador Antonio Carlos Magalhães de combater a pobreza estendendo a mão com salário. S. Exª está obediente a Rui Barbosa, que diz que a primazia é do trabalho e do trabalhador, pois este é que faz a riqueza e vence. De hoje em diante, vamos fazer uma emenda para mudar logo o nome do PT para PB, “Partido dos Banqueiros”.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP) - Muito obrigado pelo seu aparte, Senador Mão Santa.

Agradeço, Sr. Presidente, pela tolerância de V. Exª. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2005 - Página 27750