Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Decisão ontem da Câmara dos Deputados ao reduzir o salário mínimo aprovado pelo Senado. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL.:
  • Decisão ontem da Câmara dos Deputados ao reduzir o salário mínimo aprovado pelo Senado. (como Líder)
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2005 - Página 28356
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • CRITICA, DECISÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, APROVAÇÃO, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, INFERIORIDADE, VALOR, VOTAÇÃO, SENADO.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, AUSENCIA, ETICA, MANIPULAÇÃO, INOCENCIO OLIVEIRA, DEPUTADO FEDERAL, REJEIÇÃO, DECISÃO, SENADO.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Câmara dos Deputados, ontem, praticou um crime contra a Nação, contra os trabalhadores do Brasil. Na medida em que o Senado cresceu aos olhos do povo, dando um salário mínimo de R$384,00, a subserviência levou a que eles derrubassem os R$384,00 e ficasse em R$300,00 o salário mínimo do trabalhador brasileiro.

E o que é mais triste de tudo isso, Sr. Presidente, é que isso foi feito com as mãos ágeis - bem ágeis - do Sr. Deputado Inocêncio Oliveira. O Deputado Inocêncio Oliveira sabia da derrota pelo painel; tinha já, desde a véspera, e ontem renovado, um pedido de verificação mais do que suficiente para se fazer a votação nominal pelo painel. Entretanto, ele não permitiu a votação pelo painel, ameaçando até - eu vi na televisão, parece incrível, mas é verdade - levar para o Conselho de Ética Parlamentares que reclamavam de ele não estar cumprindo o Regimento.

Para mim, não foi surpresa. Eu me equivocava bastante quando diziam que ele praticava o trabalho escravo nas suas fazendas. Eu não acreditava. Entretanto, quem procede assim com o trabalhador brasileiro, na sua fazenda, não paga sequer os R$84,00, que dirá os R$384,00!

Saiba o Deputado Inocêncio Oliveira que isso vai marcar mais a sua vida política do que os poços artesianos que foram abertos em suas fazendas. Saiba o Deputado Inocêncio Oliveira que esses que querem ficar sempre agarrados na fralda do Governo perdem o valor moral para os debates nos seus Estados.

Eu faço isso constrangido. Quantas vezes me enganei e ajudei ao tal do Inocêncio! Quantas vezes pude ajudá-lo, com a minha Bancada, a galgar postos que talvez, hoje, estou consciente de que não merecia!

Mas o tempo passa. O trabalhador brasileiro, mesmo passando fome, vai sobreviver, mas a política do Inocêncio jamais sobreviverá, porque é uma política pequena e mesquinha e que não está à altura de um representante do povo de Pernambuco.

Sei bem que as ordens do Presidente foram cumpridas. Um dos seus Ministros se gaba de ter morado na Câmara, para que Inocêncio derrubasse o salário verdadeiro do trabalhador brasileiro. Tenho a consciência tranqüila, Sr. Presidente, como V. Exª tem também. Se V. Exª pudesse, o salário seria outro, mas o Congresso já começa a ser vítima com bombas aqui, bombas ali, por não estar vendo que, além de nós Parlamentares e Ministros, que ganham bem, tem a grande multidão que ganha pessimamente e que não tem como sobreviver e, por isso, se multiplicam as prisões e os assaltos.

Sr. Presidente, poderia eu hoje não estar nesta tribuna. Mas, se não estivesse, não seria eu. Daí ter tido o apoio do Líder do meu Partido, para me permitir que falasse estes minutos ao povo brasileiro, dizendo que nós estivemos sempre com a boa causa, e aqueles que falharam ao povo, inclusive alguns líderes, que combinaram não votar ou permitir a maneira irresponsável de fazer cumprir o Regimento erradamente do Deputado Inocêncio.

Quero agradecer aos Srs. Deputados, porque eles iam votar o salário mínimo verdadeiro no painel, mas proibiram o painel. Teve que ser uma votação simbólica e com as ameaças de quem é valente em algumas horas, mas não é valente nas horas decisivas da Nação.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Antonio Carlos...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - E eu já vi isso várias vezes.

Só um minuto.

Uma vez ele disse que não falaria mais com o Presidente Fernando Henrique no Palácio do Planalto. Cortou relações públicas. Aí passou a conversar no Palácio da Alvorada. Ele achava que o problema era o Planalto, mas no Alvorada ia bater à porta do Senhor Presidente Fernando Henrique. Ele pagará um dia.

Os trabalhadores estão atentos e viram a maneira como ele procedeu porque a televisão ontem mostrou claramente várias vezes os seus arreganhos de violência. Violência própria daqueles que não tiveram a cultura suficiente para entender a grandeza do cargo que ocupam e, sobretudo, o problema social do nosso País.

Sr. Presidente, quero me congratular com todos aqueles Deputados que quiseram votar e não puderam o salário mínimo de R$384,00 e, ao mesmo tempo, dizer àqueles que ajudaram o Inocêncio que a execração pública virá mais cedo ou mais tarde.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2005 - Página 28356