O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA. Para justiticar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, assinado por mim, mas também representando neste momento os Senadores Antonio Carlos Magalhães e César Borges, encaminhei o requerimento de pesar pelo falecimento de Olga de Alaketu. E é com grande pesar que comunico à Casa o falecimento de uma das ialorixás mais importantes da religião afro-brasileira, Olga de Alaketu.

A mãe-de-santo faleceu por volta das 22h de ontem, no Hospital da Sagrada Família em Salvador. Trata-se de uma das personalidades que influenciou grandes nomes ou quase todos os nomes da cultura baiana.

Mãe Olga sofria já de diabetes, há algum tempo, e vinha enfrentando sérios problemas renais. Ela deixa seis filhos carnais, 22 netos, bisnetos e centenas de filhos-de-santo no Brasil e no exterior.

O corpo será velado até às 15h, no Terreiro Ilê Maroiá Láji, e o sepultamento está previsto para as 17h no Cemitério Bosque da Paz.

Olga Francisca Régis ou Mãe Olga de Alaketu representou a quinta geração da princesa Otampê Ojarô e é herdeira da família real Arô, da região de Keto (África Ocidental), de onde foram trazidos quase todos os fundamentos dos terreiros baianos mais tradicionais. No final do século XVIII, durante a expansão do Daomé sobre o reino de Keto, no reinado de Akibiohu, duas netas do rei foram seqüestradas e vendidas como escravas na Bahia. Uma delas era Otampê Ojarô, que teria fundado já livre o Terreiro de Alaketu em Salvador, no Bairro de Matatu de Brotas.

O Terreiro de Alaketu, há cerca de 57 anos, era governado pela ialorixá Olga Francisca Régis, sucessora de Dionísia Francisca Régis, também uma das mais conhecidas mães-de-santo, na Bahia. Ela representa a quinta geração e nesse caso poderia ser considerada herdeira da família real Arô e uma legítima princesa africana na Bahia.

Olga nasceu em 9 de setembro de 1925 e assumiu Alaketu ainda muito jovem, aos 23 anos de idade. No último dia 9, mesmo debilitada participou das comemorações dos seus 80 anos no terreiro tombado agora pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.

Eu gostaria de prestar a minha solidariedade à família em meu nome e em nome dos Senadores baianos, e, como baiano, lamentar a perda de uma figura tão importante para a cultura e para a vida do meu Estado. Ela faleceu em uma última sexta-feira do mês, quando alguns terreiros reverenciam Oxalá. É um dia de paz, de tranqüilidade e de harmonia.

Muito obrigado, Sr. Presidente.