Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Realização do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém/PA.

Autor
Luiz Otavio (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA. POLITICA CULTURAL.:
  • Realização do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém/PA.
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/2005 - Página 34182
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • COMENTARIO, FESTA, CERIMONIA RELIGIOSA, HOMENAGEM, SANTO PADROEIRO, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), SUPERIORIDADE, PRESENÇA, POPULAÇÃO, TURISTA, IMPORTANCIA, CULTURA, REGIÃO AMAZONICA, BRASIL.

O SR. LUIZ OTÁVIO (PMDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com o coração aberto, convido todo o Brasil a visitar minha querida Belém, neste fim de semana, para participar da maior procissão religiosa de nosso País: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

Todos os anos, a partir do segundo domingo de outubro, realiza-se na Capital paraense a tradicional Festa do Círio de Nazaré. Em verdade, meus Colegas, o Círio vai além do evento religioso: está visceralmente impregnado da cultura paraense e encerra um amplo ciclo de atividades de congregação e celebração que une todo o povo do meu Estado.

Só quem já participou alguma vez do Círio consegue perceber e entender a magnitude da festa, que reuniu, em sua última edição, quase 2 milhões de pessoas nas ruas de Belém. Durante a celebração, envoltos em um ambiente onde a religiosidade suplanta qualquer tipo de diferença social, os paraenses dão uma demonstração cabal da força da cultura e da fé de sua gente.

Não é por outra razão que Belém é tomada por turistas vindos de todas as regiões do Brasil. E, invariavelmente, todos saem de lá encantados com a celebração do Círio, prometendo voltar todos os anos e trazer seus parentes e amigos.

Nesta semana, Sr. Presidente, Belém já está totalmente mobilizada pelo espírito do Círio de Nazaré. Desde as casas mais humildes aos suntuosos shopping centers, já há toda uma decoração alusiva à maior manifestação popular religiosa da Amazônia: são milhares de imagens da Virgem de Nazaré enfeitando as sacadas, as varandas e as vitrines de minha querida cidade.

Tudo contribui para criar a uma entusiasmada atmosfera de devoção que toma conta do Pará. Sejam crianças, jovens ou velhos, ricos ou pobres, não há segregação ou discriminação na secular procissão do Círio, fazendo valer a sua condição de genuinamente popular.

Tudo começou quando o governador português Francisco Coutinho, impressionado com a romaria à ermida de Nazaré, decidiu organizar uma festa pública para divulgar a grande fé do povo paraense em sua padroeira. Toda a população de interior foi convidada, então, para expor seus produtos e participar da procissão. Teve início, aí, a maior celebração religiosa da Amazônia.

Durante seus mais de duzentos anos de existência, os festejos do Círio de Nazaré cresceram e se multiplicaram. Houve mudanças de trajeto, datas, rituais, mas um aspecto sempre se manteve intacto: o fervor e a tenra religiosidade do povo paraense.

A peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Nazaré começa na sexta-feira anterior ao Círio, quando sai da Basílica de Nazaré, no centro de Belém, e vai até a igreja matriz do Município de Ananindeua.

No sábado, ainda pela madrugada, é conduzida por mais uma procissão até a rodoviária, onde segue de caminhão até o trapiche da Vila de Icoaraci, dando início ali ao belo espetáculo da romaria fluvial.

Levada em um barco repleto de adereços, a imagem segue pela baía de Guajará até o cais do porto da capital, sempre acompanhada por um enorme contingente de fiéis e populares.

Na chegada a Belém, no sábado pela manhã, a emoção toma de assalto os corações dos paraenses, e os gritos de “Viva a Nossa Senhora!” já ecoam por todos os cantos da cidade.

Antes de ser colocada no carro que a conduzirá até o Colégio Gentil Bittencourt, o Arcebispo de Belém passeia com a imagem da padroeira bem próximo à multidão, que tem a oportunidade de reverenciar a sua santa. À noite, acontece a Trasladação para a Catedral, com espetáculos pirotécnicos e cantos de devoção homenageando Nossa Senhora.

No domingo, acontece o auge da festa. Belém já não esconde que aquele dia é único, especial. Ninguém consegue ficar em casa, e todos vão às ruas celebrar a passagem do cortejo com a imagem.

Uma multidão, em coro, canta e reza por um mundo melhor, celebrando a paz e a união entre os povos. Por todo o trajeto, há pessoas de joelhos, chorando de emoção, sentindo na alma a força daquele momento.

Este ano, Sr. Presidente, será o primeiro Círio liderado pelo novo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Orani João Tempesta. Temos certeza de que o novo sacerdote, credenciado por um invejável currículo eclesiástico, dará continuidade ao belíssimo trabalho desenvolvido por Dom Vicente Zico.

Extremamente carismático e identificado com a cultura e o povo paraense, o inesquecível Dom Zico deixa um legado de grandes realizações no comando da Arquidiocese de Belém. Mineiro de nascimento, Dom Zico hoje se considera um paraense de coração, como já nos confidenciou. Ao escolher Belém como sua casa, mesmo após sua aposentadoria, Dom Zico demonstrou seu imenso apreço à gente do meu Estado, que retribui o carinho rendendo-lhe diversas e emocionadas homenagens.

Srªs e Srs. Senadores, além das tradicionais festividades do Círio, teremos a imensa alegria de receber, na próxima semana, a seleção brasileira de futebol, para o último jogo das eliminatórias para a Copa do Mundo. A partida contra a Venezuela, marcada para o dia 12 de outubro, será mais uma oportunidade para o povo paraense mostrar ao Brasil a sua incontida e inabalável paixão pelo futebol.

Quem for ao Estádio do Mangueirão, na próxima quarta-feira, poderá acompanhar de perto o espetáculo da torcida local. Os apaixonados torcedores do Remo e do Paysandu - tradicionais rivais estaduais - vão se unir, de forma rara, para vibrar e torcer juntos pelo escrete canarinho. O Mangueirão, por sinal, já está habituado a receber grandes públicos, seja em jogos dos clubes paraenses, seja nos amistosos da seleção.

Quero, aqui, agradecer ao Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, por ter atendido aos apelos da bancada paraense do Congresso e do Governador Simão Jatene para que a nossa seleção realizasse o seu último jogo das eliminatórias para o Mundial em Belém, juntando-se ao povo do Pará na celebração dos festejos do Círio de Nazaré.

Será um privilégio para o paraense, após cumprir sua profissão de fé, poder acompanhar de perto as pedaladas de Robinho, os arremates certeiros de Ronaldo e os dribles desconcertantes de Ronaldinho Gaúcho. Tenho certeza de que faremos uma festa à altura de nossa seleção, em sua última partida oficial antes de seguir em busca do hexacampeonato na Alemanha, em 2006.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os dias que se seguem serão de muita intensidade para o meu Estado. A gente alegre e vibrante do Pará estará de braços abertos para todos os brasileiros que queiram acompanhar as festividades do Círio de Nazaré e assistir ao grande jogo da nossa seleção de futebol.

Mostraremos ao País o magnetismo de nossa cultura, a beleza de nossas paisagens, a singularidade de nossa gastronomia e o fascínio de nossas tradições. Afinal, como já entoava o samba-enredo da Escola de Samba Viradouro no ano passado: “No mês de Outubro, em Belém do Pará, são dias de alegria e muita fé. Começa com extensa romaria matinal, o Círio de Nazaré”.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/2005 - Página 34182