Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referências ao pronunciamento do Senador João Capiberibe. Transcurso, hoje, do Dia do Médico.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO AMAPA (AP), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM.:
  • Referências ao pronunciamento do Senador João Capiberibe. Transcurso, hoje, do Dia do Médico.
Aparteantes
Almeida Lima, João Capiberibe, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2005 - Página 35344
Assunto
Outros > ESTADO DO AMAPA (AP), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • APOIO, DISCURSO, JOÃO CAPIBERIBE, SENADOR, DENUNCIA, CONTROLE, IMPRENSA, ESTADO DO AMAPA (AP), GRUPO ECONOMICO, CLASSE POLITICA, SOLIDARIEDADE, DISCORDANCIA, SUPERFATURAMENTO, GOVERNO ESTADUAL, OBRA PUBLICA, RODOVIA, CONFIANÇA, DECISÃO, POPULAÇÃO, PROXIMIDADE, ELEIÇÃO.
  • HOMENAGEM, DIA, MEDICO, ELOGIO, ATUAÇÃO, SAUDE PUBLICA, BRASIL, SOLIDARIEDADE, PRECARIEDADE, CONDIÇÕES DE TRABALHO, ESTADO DO AMAPA (AP).

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabamos de ouvir o Senador João Capiberibe argumentar da tribuna questões que realmente precisam de reflexão.

Durante seus questionamentos, ele fez referência ao controle que a imprensa, grande parte da imprensa, tem de determinados grupos políticos, porque esses grupos políticos têm ligação direta com essa imprensa.

Ainda há pouco, comentava com o Senador Capiberibe sobre uma notinha que li no jornal lá no Amapá, um jornal de grande circulação, em que se dizia que - logicamente o Senador Capiberibe não tem o seu espaço - eu tinha a chave da imprensa do Amapá - eles generalizam e eu não quero generalizar de forma alguma - e teria perdido essa chave.

A análise que se faz é a seguinte: por que eu perdi essa chave? Porque eu não faço parte do grupo que apóia o atual Governo, não deixando de reconhecer que eu fiz parte do palanque do Governador eleito. Agora, quando não concordamos com o estilo de administração, quando não concordamos com os desmandos do Governo, quando concordamos com denúncias que o Senador Capiberibe faz contra o Governo estadual... A propósito, Senador, é realmente um absurdo se gastarem 84 milhões para construir 18 quilômetros de asfalto. Não concordamos com isso, e, logicamente, o Governo sabe que vamos participar de um processo eleitoral, que ano que vem haverá a eleição para Governador, que o Senador Capiberibe deverá ser candidato a Governador, que eu deverei também ser candidato a Governador. Então, começa o cerceamento de espaço que - Senador Capiberibe, somos testemunhas disto - não funciona no Amapá. No Amapá, V. Exª sabe muito bem, a vontade do povo prevalece. A imprensa é importante para acompanharmos o processo no nosso Estado, mas ela não determina para onde o povo vai. Quem determina é a vontade popular. Por isso, Senador, deveremos estar, neste momento, solidários e unidos contra essa tentativa de boicote e confiarmos sempre na vontade do povo, já que foi o povo que nos elegeu, os dois Senadores mais votados, para representar o Amapá nessa última eleição.

O Sr. João Capiberibe (Bloco/PSB - AP) - Senador Papaléo, V. Exª me permite um aparte? Só para esclarecer à opinião pública e a todos os Senadores que, no Amapá, tem a chamada “rádio cipó”. De orelha em orelha, as informações fluem e terminam percorrendo... Veja V. Exª o ato que fizemos na quinta-feira, 13; um ato massivo, com mais de 10 mil pessoas na praça. Claro que poucos meios de comunicação; se não me engano, uma emissora de rádio falou sobre o evento, mas, assim mesmo, espalharam-se 10 mil pessoas na praça, numa população de 550 mil. No final, todo o povo do Amapá tomou conhecimento. V. Exª tem inteira razão. Nós confiamos na “rádio cipó” porque ela é eficiente, pelo menos no Amapá.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - É ela que nos elege, é ela que nos tira o cargo.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Senador Papaléo Paes, V. Exª me concede um aparte?

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Pois não, Excelência.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Inicialmente, Senador, quero me solidarizar com o pronunciamento de V. Exª e com V. Exª em especial. Em segundo lugar, quero ressaltar sua nova condição de peessedebista. V. Exª filiou-se ao PSDB, e temos algo em comum. Há pouco V. Exª disse que tinha ajudado a construir este Governo, portanto poderia ser considerado Governo, e filiou-se a um Partido que está na Oposição. No primeiro turno, não votei neste Presidente. Eu votei no Ciro Gomes. No segundo turno, eu votei neste Presidente. O meu Partido, então PDT, tinha o cargo de Ministro das Comunicações. Nem por isso procurei ocupar cargo nenhum neste Governo. E, lá para as tantas, deixei esse Partido e me filiei ao PMDB, mas o PMDB do B; o PMDB dos autênticos. O PMDB que não concorda com tudo quanto V. Exª também discorda em relação a todas as práticas deste Governo. Portanto, temos algo em comum. É preciso que a imprensa nacional, quando fala sobre mudanças partidárias, procure entender melhor o nosso sistema partidário, a nossa dimensão continental, os problemas regionais e estaduais e, sobretudo, quando um Parlamentar deixa um Partido do Governo e vai para a Oposição, porque é muito diferente daqueles que deixam a Oposição e vão para o Governo. É preciso analisar com mais profundidade as atitudes deste segundo grupo: aqueles que estão na Oposição e se encaminham para o Governo. Aqueles que fazem o caminho contrário não podem se envolver ou serem envolvidos nesse tipo de análise. Meus parabéns a V. Exª, meus cumprimentos e minha solidariedade.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Muito obrigado, Senador Almeida Lima.

Realmente, retornei ao PSDB tranqüilamente. Era do PMDB, onde temos uma relação de amizade muito grande com os nossos companheiros Senadores, mas o sistema partidário do País fez com que eu, por questão local, regional - embora muito contrariado por ter de sair do grupo e ainda me sentindo parte dele, pelas amizades que ali deixei -, infelizmente, o deixasse para reassumir minha posição no Partido que me elegeu Prefeito de Macapá.

Mas, Sr. Presidente, envio uma mensagem a todos os médicos brasileiros. Reconheço no médico o profissional de linha de frente da saúde, sem desmerecer os outros componentes dessa área da saúde. O médico é linha de frente. Tudo de bom poderá até ser atribuído ao médico, mas, para as mazelas da saúde, é o médico que recebe as queixas e as críticas. Nesse sentido é que vai a nossa mensagem de solidariedade, como médico que sou, a todos os médicos brasileiros, principalmente aos do Amapá, reconhecendo que a saúde naquele nosso Estado anda precária. Realmente, a base que faz com que o sistema de saúde do Estado funcione corretamente está corroída, mas existem os profissionais da saúde que, com abnegação, com determinação, fazem com que alguma coisa seja minorada e fazem com que o seu empenho venha a trazer para o povo um atendimento mais digno.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na passagem do Dia do Médico, registro meus parabéns a todos os profissionais que escolheram a Medicina como uma forma de servir à população. Seis médicos compõem o Plenário do Senado. Viemos para cá basicamente pela função que já exercíamos, pelo reconhecimento do povo ao exercício da nossa profissão. Sou testemunha disso. Como eu era um simples profissional médico e exercia essa atividade no meu Estado, no Município de Macapá, isso fez com que o povo me fizesse, primeiro, Prefeito de Macapá e, depois, Senador pelo Estado do Amapá. Tenho essa gratidão para com o povo.

Quando cheguei ao Amapá, eu e minha esposa éramos os únicos cardiologistas da capital - o outro era Secretário de Saúde. Exercíamos a nossa atividade com muita responsabilidade. Não tínhamos hora para trabalhar. Hoje, ainda ouço pessoas dizerem: “Perdemos um grande médico!”. Eu só faço responder o seguinte: “Médicos, nós temos muitos excelentes médicos; o que precisamos é de melhores políticos, bons políticos.”. Foi por isso que me propus fazer parte desse quadro político do meu Estado, representando-o agora no Senado Federal.

Concedo um aparte ao Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Papaléo, pediria licença a V. Exª, porque hoje é Dia do Médico, não é isso, Senador Papaléo?

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Dia do Médico.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Tenho muito orgulho de ter um filho médico. Aprendi com ele - e sei que V. Exª bem representa isso - que a profissão que mais se aproxima da vida de Cristo é a do médico. O médico tem a condição de enxergar o social muito mais aprofundadamente do que qualquer um de nós, porque ele começa a sua profissão, a sua escola dentro da miséria, do sofrimento e da dor. Essa realmente é uma profissão respeitada. Algum tempo após ter vindo para o Senado, sofri um acidente físico. V. Exª é uma pessoa que me dá garantia de que, se eu tiver qualquer contratempo, posso consultar V. Exª. Ninguém perdeu um grande médico. Nós ganhamos um grande médico.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Obrigado.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Na pessoa de V. Exª, presto homenagem aos médicos do Brasil. Imploro ao Governo que faça uma política de distribuição de médicos por este Brasil afora, principalmente nas regiões onde é maior a dificuldade de assistência médica. Vimos agora, com o problema dos rios secos da Amazônia, que não há médicos nos postos de atendimento. Isso é muito sofrido. Na época em que eu estava na Polícia Federal, era a Marinha, por meio do navio-hospital, que dava assistência aos ribeirinhos. Temos de fixar os médicos nos locais que precisam do serviço. V. Exª dá essa importância, permanecendo nesta Casa para que a legislação melhore.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Muito obrigado, Senador Romeu Tuma. Agradeço a homenagem que V. Exª faz aos médicos de todo o Brasil.

Mais uma vez, mando meus cumprimentos a essa classe que realmente honra a saúde pública deste País.

Obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2005 - Página 35344