O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Pela Liderança de PSDB. Sem revisão do orador.) - Inicialmente, também gostaria de saudar os Ministros dos países de língua portuguesa que se fazem presentes no plenário do Senado da República.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, amigos ouvintes, se o PT governasse tão bem quanto sabe sabotar a verdade, o País estava a salvo. O que impressiona é a tranqüilidade com que os petistas sabem negar evidências. Ontem, foi um show na CPI dos Bingos, na acareação dos irmãos do Celso Daniel com o Secretário de Lula, Gilberto Carvalho. Ele levou os expectadores e os Senadores à loucura com sua serenidade estudada e impassível. É espantoso como os petistas trabalham nas CPIs. São ágeis, trabalham em grupo, negam em equipe, um grita aqui, outro levanta uma outra suspeita acolá. É assustador como estão insultando o bom senso dos cidadãos. Vai ser difícil assistir a esse show, a esse teatro de cinismo. Eu fico de boca aberta de espanto e vejo o Senador Jefferson Péres, do PDT, perguntar, desesperado com a cara-de-pau do Gilberto Carvalho: “Mas, Sr. Gilberto, o senhor acha que esses irmãos de Celso Daniel estariam denunciando a ocultação da verdade no assassinato do irmão para servir apenas a objetivos políticos? O senhor acha possível que dois irmãos arrisquem a vida e lutem por três anos para mostrar que Celso foi assassinado por que ia entregar a verdade da corrupção em Santo André? A verdade da caixinha do PT na Prefeitura apenas para servir a interesses dos inimigos do PT? Só se eles fossem dois malucos!” E o Gilberto fica impassível. Nas fitas que virão aí, os petistas estão dizendo, na gravação, mais ou menos o seguinte: “Temos de pensar em uma tática para impedir as investigações, temos que chamar o Zé Dirceu. Isso no telefone. E nada... Gilberto, impassível”. A Senadora Ideli Salvatti, a sabotadora-mor, trabalha para impedir tudo, pois já se prepara para dizer que tudo foi montagem nas fitas. Nessas fitas que vão aparecer. No entanto, o formato de todos os crimes que o PT cometeu no Governo nasceu lá em Santo André e em outras prefeituras, o formato de tudo que veio depois. Como, aliás, denunciou há anos o Paulo Venceslau, um petista honesto que foi expulso do Partido por ordem de Lula. É impressionante. É impressionante. Até quando a opinião pública vai suportar esse insulto à inteligência, porque a tática é a mesma de hoje no Executivo: amontoar dinheiro para o PT ficar no poder para sempre. Nada mudou. Começou com o sangue em Santo André e acaba agora nesse lamaçal que estamos vendo.

Esse foi o comentário do jornalista Arnaldo Jabour na rádio CBN hoje. Eu o li na íntegra para que fique definitivamente registrado nos Anais desta Casa.

Agora, sem aspas, uma informação: ainda há pouco, na CPI do Mensalão, o Deputado Moroni Torgan, durante a acareação na CPI, indagou quantas testemunhas serão necessárias para cassar o Presidente Lula. Ele lembrou que apenas na acareação em curso existem três testemunhas de que recursos ilegais de caixa 2 pagaram a campanha presidencial do PT em 2002 : o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e o ex-Deputado Valdemar Costa Neto, Presidente do PL. Ele usou o termo “cassar” de forma figurativa. Logo depois falou em entrar com representação contra Lula, que é o caminho constitucional para se chegar ao impeachment. Questionou, ainda, se existe diferença entre caixa 2 de Presidente da República e caixa 2 de Deputado. Para Deputado, a CPI está constatando o que todo mundo está vendo.

Eu faço o registro porque se trata de um momento histórico e importante este que acaba de ocorrer na CPI: o Deputado do PFL do Ceará, Moroni Torgan, arrancou, na acareação, três depoimentos de pessoas que confirmaram que deram recursos não contabilizados - como eles gostam de dizer -, portanto, de caixa 2, para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.

Gostaria - falo em nome pessoal - de fazer um apelo ao meu Partido, o PSDB, para que esteja realmente atento no sentido de reivindicar a instalação do processo para apuração dos fatos, para apuração do crime de responsabilidade, porque a boa democracia é aquela que apura tudo, inclusive os crimes do Presidente da República.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.