Discurso durante a 211ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcrição de matérias publicadas no Jornal do Brasil, no dia 29 do corrente, intituladas "Cinema, suor e poesia" e "Divisor de águas na produção nacional".

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Transcrição de matérias publicadas no Jornal do Brasil, no dia 29 do corrente, intituladas "Cinema, suor e poesia" e "Divisor de águas na produção nacional".
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2005 - Página 41846
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • RECOMENDAÇÃO, FILME NACIONAL, HISTORIA, DESCENDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, FUGA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), REGIÃO NORDESTE, BRASIL, PERIODO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REGISTRO, COMENTARIO, DIRETOR, FILME.
  • RECOMENDAÇÃO, FILME NACIONAL, HOMENAGEM, COMPOSITOR, MUSICO, MUSICA POPULAR, BRASIL.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cristovam Buarque, neste fim de tarde, falarei sobre um tema diferente daqueles que aqui foram abordados.

Toda vez que eu vejo uma manifestação cultural brasileira de grande relevância, gosto de registrá-la e de recomendar às pessoas que também participem de eventos bonitos. Eu gostaria de recomendar aos Senadores aqui presentes e a V. Exª, Sr. Presidente, que assistam a dois filmes brasileiros de extraordinária qualidade.

O primeiro deles é Cinema, Aspirinas e Urubus. Não sei se porventura já teve oportunidade de assistir a ele. Trata-se de um filme dirigido por Marcelo Gomes, com os atores João Miguel, Peter Ketnath, Hermila Guedes. Um jovem alemão, no início dos anos 40, vem ao Brasil e, trabalhando para a empresa Bayer, coloca na traseira do seu caminhão uma máquina de projetar filmes e segue pelo interior do Brasil, sobretudo pelo sertão nordestino, para mostrar à população dos diversos vilarejos as qualidades da aspirina, que até então não era tão conhecida. Então ele vai a pequenas cidades do Nordeste e instala na praça pública um cinema provisório. As pessoas sentem extraordinária curiosidade, começam ver o filme e como é que a aspirina cura dor de cabeça e eventuais outros males. Nesse trajeto, ele, de vez em quando, leva pessoas, dando-lhes carona. Até que, um dia, ele dá carona a um rapaz que queria muito ir para o Rio de Janeiro e se torna amigo desse rapaz brasileiro. O filme é simplesmente a história da amizade deles e do percurso que estão fazendo, com a paisagem do sertão nordestino. Eis que acontece uma situação de dificuldade nas relações Brasil-Alemanha, quando o Brasil declara, em meio à Segunda Guerra Mundial, guerra contra a Alemanha. E aquele alemão, então, se vê chamado para ir à Capital, ou a São Paulo, onde seria detido em campo de concentração, para depois ser enviado de volta à Alemanha. E ele, porque tinha tomado conhecimento de que os soldados da borracha iam para a Amazônia, simplesmente resolve pegar um trem e ir para o Amazonas junto com os soldados.

Ora, quero aqui transmitir a V. Exª, Sr. Presidente, e aos Srs. Senadores que se trata de um filme premiado e muito interessante. A imprensa tem dado uma cobertura muito grande a esse filme. Peço que seja transcrito o comentário de Luiz Pimentel, do Jornal do Brasil, publicado na terça-feira, 29 de novembro, que é bastante positivo.

Há outro filme de que gostei muito e que também recomendo, Sr. Presidente Cristovam Buarque. Não sei se teve a oportunidade de vê-lo. Certamente V. Exª e eu, nos últimos 50 anos, cantamos muitas vezes as músicas de Vinícius de Morais, e quero recomendar o filme Vinícius, de Miguel Farias Júnior, sobre a obra, a vida, a família, os amigos e os amores de Vinícius de Moraes. Trata-se de um depoimento tão lindo, em que se ouve, na voz de Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia e tantos outros, as canções de Vinícius de Moraes, essas canções que mexeram tanto conosco. Inclusive as canções tão belas do filme Orfeu do Carnaval, que ainda fala das coisas que são importantes para nós.

Lembro-me de ter, em 1962, aos 21 anos, colocado tão fortemente na minha mente coisas que ainda são bastante válidas. A música de Orfeu do Carnaval dizia: “tristeza não tem fim, felicidade sim”; e “para tudo se acabar na quarta-feira” , como se os brasileiros arrumassem sua fantasia, fizessem tudo, para as coisas terminarem na quarta-feira, como se estivessem em momentos de dificuldade até que, de repente, um dia, tem-se aquela visão de coisas tão belas quanto V. Exª quer para o nosso Brasil e que está consubstanciada na outra música tão bela desse filme, que diz: “manhã, tão bonita manhã, a vida é uma nova canção”. Isso significa as coisas tão bonitas que queremos para o Brasil.

O Sr. Mão Santa (PMDB - SP) - Senador Suplicy, eu poderia participar do seu discurso?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Mão Santa, V. Exª me salva da emoção.

O Sr. Mão Santa (PMDB - SP) - Não, vou trazer-lhe mais emoção. Estive, há pouco, em São Paulo. Fui Professor em Itajubá, e Alberto Silva foi homenageado como embaixador daquela faculdade,...

(Interrupção do som.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - SP) - ...92 anos de faculdade. Escolheram seis pessoas para serem homenageadas: dois do exterior e quatro personalidades como ele. Sábado, fiquei em São Paulo, porque recebi uma comenda da Fundação Ulysses Guimarães. Estive lá e fui homenageado no Holiday Inn, perto do Parque Anhembi. Percebi que V. Exª é imbatível. O povo de São Paulo tem muita crença, muita esperança em V. Exª. Para aquele crime que é uma nódoa, não só para Santo André, para São Paulo, mas também para o País - olhai e atentai bem para a sua responsabilidade! - é certo que V. Exª vai chegar a uma solução. E mais, V. Exª se associou a Romeu Tuma e a Magno Malta. Parecem os três mosqueteiros. Está todo mundo confiando. Então, a emoção eu quero lhe transmitir. V. Exª é imbatível. E ouvi...

(Interrupção do som.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - SP) - ...os líderes do meu Partido dizerem que disputariam qualquer cargo, mas não enfrentariam o Suplicy. Essas são as nossas palavras. V. Exª sabe que sou discípulo do Ulysses, que disse: “Ouça a voz rouca das ruas!” Então, V. Exª desperta essa esperança ao povo de São Paulo.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Obrigado, Senador Mão Santa.

            Eu quero também recomendar ao Senador Leomar Quintanilha e a V. Exª esse filme tão belo, que nos faz lembrar das músicas de um dos maiores compositores brasileiros, inclusive nas suas parcerias com Tom Jobim, Chico Buarque, Toquinho, João Gilberto, como, por exemplo, “Chega de Saudade”, uma das músicas que se tornaram marco da Bossa Nova, e aquela música que eu acho que sempre mexe comigo e, hoje, especialmente. V. Exª sabe que eu vou aqui dizer que eu acho tão belo, uma coisa muito especial, que é melhor dizer, conforme dizia Vinícius, do que simplesmente na forma de um discurso: “Eu sei que vou te amar. Por toda a minha vida, eu vou te amar...”. E, aí, assim por diante. Está bom! Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Cinema, suor e poesia.”

“Divisor de águas na produção nacional.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2005 - Página 41846