Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justificativas a requerimento de voto de pesar pelo falecimento do Deputado Estadual Edson Vargas, ocorrido hoje.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Justificativas a requerimento de voto de pesar pelo falecimento do Deputado Estadual Edson Vargas, ocorrido hoje.
Aparteantes
Gerson Camata.
Publicação
Publicação no DSF de 20/01/2006 - Página 1316
Assunto
Outros > HOMENAGEM. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, DEPUTADO ESTADUAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), VITIMA, ACIDENTE DE TRANSITO, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • INFORMAÇÃO, ENCAMINHAMENTO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), MATERIAL, REFERENCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, VIOLENCIA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não sabia que aqui era igual à caserna, em que antiguidade é posto.

Sr. Presidente, com muito pesar, quero me solidarizar com a família do Deputado Estadual Edson Vargas, sua esposa, filhos, seu irmão, Jefferson. O Deputado Estadual Edson Vargas, do Espírito Santo, acaba de falecer. Ainda jovem, foi vitimado por um acidente há, mais ou menos, três horas no trevo de Aracruz, onde está a Aracruz Celulose. Colidiu de frente com uma carreta. Imagino que foi o cansaço, quem sabe. Não tenho mais informações.

Eu conversava agora com o Deputado Neucimar Fraga, que me dizia que o encontrou esta semana, em Alfredo Chaves, sozinho, dirigindo o próprio carro, à meia-noite, e lhe disse: “Rapaz, arruma um motorista. Para que viajar à noite, sozinho?” Ele disse que preferia dirigir o próprio carro. Não sei qual foi a causa do acidente.

O Deputado Edson Vargas, que professava sua fé na denominação Batista, era membro da 1ª Igreja Batista em Jacaraípe, na cidade da Serra, ovelha do pastor Valter, era Presidente da Comissão de Orçamento da Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo. Iniciou, por algum tempo, uma obra com crianças, em Feu Rosa, e, depois, uma obra de recuperação de drogados. Mas o fato é que esse jovem Deputado foi vitimado na tarde de hoje.

Aqui me solidarizo com sua família, sua esposa, que deve estar sofrendo. Senador João Batista Motta, que foi Prefeito da cidade da Serra, mudo meus planos para voltar ao Estado a fim de acompanhar a família, os amigos do Deputado Edson Vargas.

Concedo o aparte ao Senador Gerson Camata.

O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Senador Magno Malta, quero também me solidarizar e apresentar meus sentimentos a todos aqueles que, no Espírito Santo, lutam por um Estado melhor. O Espírito Santo perdeu um soldado, um guerreiro nas lutas políticas, no bom combate naquele Estado. Ele mantinha - e V. Exª acompanhou e sabe - um centro de recuperação de drogados, à custa dele, recolhendo ajuda na sociedade, das indústrias do Estado do Espírito Santo; mantinha uma escola para meninos de rua com 250 meninos, mantida às custas dele, com o salário dele, com recursos dele e de sua família. Além disso, foi um Parlamentar exemplar em sua conduta, em seu trabalho. Esteve aqui em Brasília há uns 15 ou 20 dias. Foi ao meu gabinete e ao de V. Exª, lutando pela solução do problema das drogas, pela mudança da legislação com relação aos traficantes. Ele percebia muito bem a ação deletéria do tráfico em cima dos jovens nos nossos dias de hoje. É uma pena. E estamos indo todos para lá para confortar a família e confortar aqueles que, não sendo da família, estão hoje muito abatidos com esse terrível acidente que ceifou uma vida que tinha muito futuro na política do Espírito Santo.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Senador Gerson Camata, apresento à Mesa Requerimento de Voto de Pesar, nos termos do art. 218 do Regimento Interno, para que seja levado ao conhecimento da família, e que pode ser subscrito por V. Exª e pelo Senador João Batista Motta.

Já está sobre a mesa, com o Sr. Raimundo Carreiro, este voto de pesar à família do Deputado Edson Vargas.

O interessante é que a Chefe de Gabinete dele, Edileuza, que era sua prima, foi minha chefe de Gabinete também quando fui Deputado Estadual. Quando saí do Parlamento estadual, ele chegou ali e ficou com a prendada e fiel Edileuza. Veio em uma leva de Deputados, quando todos nós, no Espírito Santo, trabalhamos naquela eleição, menos preocupados com a eleição de V. Exª ou com a minha e até do Governo do Estado naquele momento, pois precisávamos limpar a Assembléia Legislativa, que manchou da forma mais infame a imagem do Espírito Santo nesta Nação, a chamada era Gratz, em que a eleição foi pautada por uma frase, Senadora Heloísa Helena: “tirar os otários” - como dizia o ex-Presidente da Assembléia Legislativa -, que votavam nele, para renovar o processo.

O Deputado Edson Vargas foi dessa leva que a sociedade mandou para a Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo. Conheci de perto o trabalho do Edson, Senador Gerson Camata, de recuperação de drogados, até porque essa é a minha lida há 25 anos, inspirado que fui no projeto Vem Viver, onde ele foi buscar informações. Ele começou o trabalho lá em Feu Rosa, um dos bairros mais carentes do Estado do Espírito Santo. Ele foi lá trabalhar a fundo com as crianças carentes daquele bairro.

Por isso, fica aqui a minha palavra de pesar.

A morte deixa-nos a oportunidade da reflexão. A Bíblia diz que, após a morte, segui-se o juízo. Muitas vezes, quando a morte chega e bate à porta de alguém, de forma equivocada, mas querendo o bem da família, nós nos ajuntamos a eles dizendo: “Não chora, não! É assim mesmo. Isso passa.”

Tem que chorar, sim. Quando alguém perde sangue do sangue e carne da carne, tem que chorar. O melhor conforto que se dá a alguém numa hora como essa é um abraço e nada mais. E se uma palavra tem que ser dita é esta: chore, chore.

Nada mais dolorido do que perder mãe, pai, irmão, um ente querido, próximo ou não. Nada mais dolorido. Mas a realidade é que todos vamos passar por esse momento porque, como herdeiros do pecado de Adão, herdamos a morte; por conta disso, a morte física. Mas quem conhece a Jesus de perto, nasce do nascimento natural da mulher, mas nasce da água e do espírito, como diz a Bíblia, no nascimento espiritual.

E fica a lógica: quem nasce duas vezes morre uma, mas, quem nasce uma, vai morrer duas. Porque quem nasce do nascimento tão somente natural da mulher e não se aproxima de Deus e das suas coisas, não se aproxima de Jesus e faz um vínculo de comprometimento para a salvação da sua alma, após a morte, passará pela morte física e pela morte espiritual, como diz a Bíblia, a morte eterna. E a morte espiritual, como diz a Bíblia, é morte eterna e a mais dolorosa de todas, porque não tem retorno.

Mas aquele que conhece a Jesus nasce pela segunda vez: nasce do nascimento natural e nasce do nascimento espiritual, aquele que Nicodemus experimentou. Quem nasce duas vezes morre uma, porque passa pela morte física, mas vai viver eternamente, como diz a Palavra de Deus, regra de fé e prática: a Bíblia.

Conheci Edson Vargas, que professava a fé em Jesus e, portanto, passou pela morte física, mas não conhecerá a morte espiritual, porque nasceu pela segunda vez, quando conheceu Jesus, num gesto espontâneo, enquanto viveu, de tomá-lo como Senhor e Salvador da sua vida.

A morte, Senador Gilvam Borges, que ora preside esta sessão, deixa-nos a nós, que estamos respirando e vivos, a oportunidade da reflexão e da posição a ser tomada enquanto vivemos. A Bíblia diz: “Louco, louco, se hoje pedir a tua alma, o que tem preparado para quem será?” E muita gente acumula o poder, a gana pelo dinheiro e faz disso o único objetivo da vida. Não importa em quem pise, nem onde, nem como possa tirar riqueza e poder. A Bíblia diz: “Louco, se hoje pedir a tua alma, o que tem preparado para quem será?”

Fica a cada um de nós o privilégio e a oportunidade da reflexão. A dor fica, mas tenho plena consciência e não tenho dúvida alguma, Senadora Heloísa Helena, de que já há quase quatro horas o Deputado Edson Vargas, nosso amigo, está com Deus, pela posição que tomou enquanto viveu.

Sr. Presidente, trouxe aqui muito material atinente à CPI dos Bingos e à violência no Espírito Santo. Comunico a V. Exªs que entreguei um ofício ao Ministro da Justiça, preparando seu espírito, caso o Governo Estadual precise chamar a força-tarefa, não atropelando o Governo Estadual, mas dizendo que, como foi importante a primeira ida lá, se o Governo Estadual necessitar, procurei preparar o espírito do Governo Federal no sentido de que possa atender rapidamente ao Dr. Martinelli, que é o novo Secretário de Segurança, uma pessoa que merece todo o crédito, de uma decência a toda prova na Secretária de Segurança do Estado do Espírito Santo. Mas vou deixar para uma outra ocasião porque estou sofrido, doido, por razões diversas, mas a maior de todas elas é que esse rapaz militou pela vida humana. A minha mãe, Senador Gilvam Borges, que era analfabeta profissional, dizia: “Meu filho, a vida só tem um sentido, não tem dois”. E eu dizia: “Qual é, mãe?” E ela dizia: “O único sentido que a vida tem é quando a gente investe a vida da gente na vida dos outros”. Esse rapaz viveu para colocar sua vida à disposição dos outros.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/01/2006 - Página 1316