Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelos 452 anos de fundação da Cidade de São Paulo. Defesa da substituição do cálculo da contribuição para a Previdência Social sobre a folha de pagamento das empresas pela contribuição sobre o faturamento. Lamenta a violência cometida contra policiais civis, militares e guardas municipais ocorrida quando estes estavam em seus postos de trabalho.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. POLITICA SALARIAL. HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Homenagem pelos 452 anos de fundação da Cidade de São Paulo. Defesa da substituição do cálculo da contribuição para a Previdência Social sobre a folha de pagamento das empresas pela contribuição sobre o faturamento. Lamenta a violência cometida contra policiais civis, militares e guardas municipais ocorrida quando estes estavam em seus postos de trabalho.
Aparteantes
Heloísa Helena, João Batista Motta, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 25/01/2006 - Página 1741
Assunto
Outros > SENADO. POLITICA SALARIAL. HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, VISITA, SENADO, DELEGAÇÃO, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ANGOLA.
  • GRAVIDADE, CUSTO, GASTOS PUBLICOS, PRESO, SISTEMA PENITENCIARIO, MENOR, FUNDAÇÃO ESTADUAL DO BEM ESTAR DO MENOR (FEBEM), COMPARAÇÃO, SALARIO MINIMO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, INTEGRAÇÃO, RAÇA, REGIÃO METROPOLITANA, COMENTARIO, INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, MONOPOLIO, CLASSE POLITICA, SAUDAÇÃO, ATUAÇÃO, EMPRESARIO, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
  • PROTESTO, VIOLENCIA, VITIMA, POLICIAL, MUNICIPIO, MELHORIA, CONDIÇÕES DE TRABALHO, PREVENÇÃO, CORRUPÇÃO, POLICIA CIVIL, POLICIA MILITAR, GUARDA MUNICIPAL.

           O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de cumprimentar V. Exª, Sr. Presidente, por receber estes ilustres parlamentares de Angola, que nos dão a felicidade de compartilhar conosco a língua portuguesa.

           Os nossos cumprimentos à delegação de Angola, acompanhada do nosso querido Deputado.

           Sr. Presidente, eu falava com o nosso Senador Marcelo Crivella - antes de eu entrar no mérito do meu pronunciamento, o aniversário da minha cidade amanhã -, e S. Exª fazia referência ao salário mínimo.

Há pouco, vindo para o Plenário, Senadora Heloísa Helena, uma repórter me disse: “O senhor, como policial, o que acha: gastar-se de R$800,00 a R$900,00 por preso e o salário mínimo estar em torno de trezentos, trezentos e pouco reais?” Eu disse: “Fico assustado, porque vocês não estão calculando o que custa também um menor na Febem: mais de R$1.200,00.

Então, em tese, peço perdão a Deus, Senadora Heloísa Helena, porque eles podem estar dizendo que é melhor ser marginal e ter três vezes o salário mínimo do que se desesperar em atender às famílias, aos filhos, à escola etc. E o Senador me alertou. Por isso estou falando isso, porque me assustei, não só pela colocação de V. Exª, como agora, há dez ou quinze minutos, fui instado por uma repórter me questionando sobre esse assunto.

Como V. Exª me pede um aparte, coloco-me à disposição de V. Exª.

O Sr. João Batista Motta (PSDB - ES) - Senador Romeu Tuma, queria parabenizá-lo pela maneira com que V. Exª está colocando, mostrando ao povo brasileiro que um preso custa ao Poder Público R$850,00 e o Governo comemora por conceder um salário mínimo de R$350,00. E o mais duro, o mais cruel, o mais desumano do que o Governo conceder esse salário de apenas R$350,00, é ver um parlamentar, que acredito eu ou qualquer um de nós, que está pagando R$1.000,00 de condomínio do apartamento em que mora, achar que um cidadão possa viver - a esposa, dois ou três filhos - com R$350,00, quando ir para o serviço e voltar, à tarde, somente a condução lhe custa R$150,00 por mês. E isso é fruto da burrice e da irresponsabilidade, porque, se tirássemos a receita da seguridade social, da folha de pagamento e a colocássemos em cima do faturamento das empresas, poderíamos acabar com o déficit da Presidência, ter dinheiro para fazer estradas, enfim, a infra-estrutura do País, e poderíamos ter um salário mínimo de até R$1 mil. É uma crueldade, uma desumanidade! É algo para o Bispo Marcelo Crivella, os pastores e os padres deste País fazerem orações e pedirem perdão a Deus pela desumanidade que cometemos em aprovarmos aqui o salário de R$350,00 apenas. Muito obrigado.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Eu que agradeço a V. Exª. Espero que os ouvidos estejam abertos e a proposta venha para cá de forma diferente, Senador. Há uma expectativa. E acredito que V. Exª defende com ardor o seu ponto de vista de modificação, principalmente no que diz respeito ao aspecto tributário, quando uma folha de pagamento possui mais de 110% de ônus para o empresário e para o trabalhador. Mas são coisas que terão de ser modificadas; e, se Deus quiser, não somente as orações de quem V. Exª emitiu parecer, mas de todos nós, que temos de orar para que melhore a situação dos dependentes do salário mínimo.

Como amanhã é aniversário da minha querida São Paulo, primeiro, eu fiquei um pouquinho assustado com o Correio Braziliense, dizendo “Itamar ataca os paulistas”. O Presidente Itamar é uma das pessoas pelas quais eu tenho o maior respeito possível. Trabalhei com S. Exª, quando foi Presidente da República, em decorrência da cassação do então Presidente Collor. E S. Exª exerceu a Presidência como mineiro. Foi presidente de fato e de direito. Escolheu para dirigir o Ministério da Fazenda e aplicar o Plano Real o Presidente Fernando Henrique, que o substituiu. Fernando Henrique nasceu no Rio de Janeiro e teve a sua vida em São Paulo. Não sei por quê, mas faria até um apelo para que não fique com tanta raiva de São Paulo, um número tão grande de pessoas que têm influência nas decisões políticas do País.

Em São Paulo, hoje, é onde se encontra o maior número de brasileiros e de estrangeiros. Forma uma mega metrópole constituída por várias raças, de várias origens. Então, ele diz que tem que quebrar o monopólio político dos paulistas.

Acredito que o Presidente Lula não é paulista. Sua Excelência viveu em São Paulo, nascido no Nordeste, filho do Estado de Pernambuco. Não é isso, Senadora Heloísa? Escolheu auxiliares entre os que achava os melhores para colaborar com a sua política administrativa.

De forma que deixo aqui esse registro, fazendo um apelo ao Presidente Itamar para que, ao lançar o Vice-Presidente José Alencar à presidência - também vamos respeitar esse desejo - não agrida São Paulo, porque, se o voto de São Paulo não for favorável a alguém, provavelmente esse alguém terá mais dificuldade em ser eleito. Não é isso, Senadora Heloísa?

            Espero que a Senadora Heloísa Helena, como candidata, tenha nos paulistas a certeza de que será considerada uma boa candidata. Minha mulher disse que V. Exª foi muito aplaudida em São Paulo quando da Corrida de São Silvestre. Ela acompanha seus passos e acredito que São Paulo deve ter alguma coisa no seu coração.

            A Srª. Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Com certeza, além de V. Exª e da nossa Izildinha que, com certeza, têm. Vou dizer uma coisa que aprendi, Senador Romeu Tuma, até porque Alagoas passou por um processo muito difícil nacionalmente também. Cheguei à conclusão de que gente que presta e que não presta tem em todo lugar. Tem em Alagoas, tem em São Paulo, tem no Rio Grande do Sul, tem em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, em qualquer lugar do país tem gente que presta e gente que não presta. Infelizmente, às vezes, um tipo de comportamento acaba sendo vinculado a um ou outro Estado, o que passa a ser absolutamente injusto. Do mesmo jeito que o comportamento arrogante de um setor da elite paulista é algo muito ruim, esse mesmo comportamento arrogante existe também no setor da elite de Alagoas e de todo o Nordeste. Uns mascaram mais ou menos a forma de se relacionar, mas tudo que significa ritual cínico, mentiroso, elitista, arrogante, intolerante e truculento existe em todo lugar. Portanto, com certeza, a grande maioria do povo paulista, querido, fofo, está permanentemente no nosso coração.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Senadora, considere-me um.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Com a mulher que V. Exª tem... e a mesma coisa é a mulher do Senador Juvêncio da Fonseca. Às vezes, não quero gostar do Senador, mas as mulheres de alguns deles são tão maravilhosas que acabam me influenciando também, como é o caso da esposa de V. Exª, do Senador Juvêncio, do Senador Arthur Virgílio, do Senador Mão Santa - toda vez quero falar mal. Então, existem algumas esposas de Senadores que são tão boas de coração, que, às vezes, fico gostando dos desgraçados dos Senadores sem que eles mereçam. Obrigada.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Porque pegamos os vírus delas.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Não, do Senador Tuma, não posso nem dizer nada, porque sei o quanto, várias vezes, V. Exª foi tão generoso comigo, tão delicado, tão solidário em momentos extremamente difíceis. Então, só estou brincando com V. Exª e com o Senador Juvêncio.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - E agora o Senador Juvêncio está sofrendo com dourados.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Não, o Arthur Virgílio, não. Eu só gosto da mulher dele, da Goreth, que é um amor de pessoa.

O SR. PRESIDENTE (Juvêncio da Fonseca. PSDB - MS) - Obrigado pelo que me toca.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Agora essa amizade das duas grandes Senadoras nos deixa com o coração feliz.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Pense na conspiração a favor da humanidade, sempre a favor da humanidade.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Tenho certeza disso, certeza absoluta, até pela postura de cada uma das duas neste Plenário, e esse é um exemplo maravilhoso para todos nós.

Praticamente esgotei o meu tempo, mas não me arrependo, porque me sinto muito feliz, pois nasci, Senadora Heloísa, sob a colina do pátio do colégio, onde foi fundada a cidade que amo tanto, a minha São Paulo.

            Nasci na Rua 25 de Março...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Juvêncio da Fonseca. PSDB - MS) - V. Exª tem mais um minuto.

            O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - ...na Rua 25 de Março, que é o berço da colônia árabe. Nasci numa vila, sob o pátio do colégio. Subindo a ladeira, dá no pátio do colégio.

Meu pai tinha uma confecção de gravatas. Morávamos nos fundos da casa. Minha mãe cuidava de nós. Brincavam comigo que eu sempre tomei banho de bacia. Por quê? Porque eu nasci dentro de casa com a parteira. A Dona América, mulher de valor e lutadora, criou-nos, e tivemos a responsabilidade de saber honrar o nome da nossa família. Nós somos paulistas e paulistanos.

Por isso, eu não podia deixar...

(Interrupção do som.)

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Peço a V. Exª que me conceda mais um minuto.

O SR. PRESIDENTE (Juvêncio da Fonseca. PSDB - MS) - Vamos prorrogar por quanto tempo V. Exª desejar porque este momento de emoção é muito importante para todo o Brasil.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Entregarei meu discurso porque está bem elaborado em razão dos números que eu apresentava.

Srªs e Srs. Senadores, também gostaria hoje de prestar uma homenagem a pessoas que têm sofrido muito em São Paulo: os policiais. Talvez fuja à homenagem a minha cidade, que deveria ser somente de alegria, mas me causou muita amargura a ação de grupos de criminosos que têm eliminado policiais no seu local de trabalho, agredindo e atacando postos policiais, Polícia Civil, Polícia Militar e Guardas Municipais.

Temos de mudar um pouco a configuração quando se pensa em polícia. Policial tem de ter uma vida mais afetiva, com mais dedicação dos governantes. Não se tem de pensar apenas em equipamentos, colocar viaturas nas ruas. Não falo somente de São Paulo, não. Falo de maneira geral. Nosso Senador Mão Santa sabe o que é ser governador e como prestigiar a polícia. Tem-se de buscar condições de trabalho para que eles possam sentir orgulho e vontade de defender a sociedade e não se encaminharem para a corrupção que nos assusta e que cresce sem o controle do Estado.

Deixo aqui, no aniversário de São Paulo, a homenagem à polícia que tanto amo e que me fez chegar a esta Casa pela vontade do povo paulista.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - O norte-americano presta um grande culto ao policial Eliot Ness, que prendeu Al Capone. Quero parabenizar São Paulo rendendo homenagens ao seu melhor filho, que é o Senador Romeu Tuma.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Daqui a pouco, V. Exª lança minha candidatura a Governador de São Paulo. Não vá assustar os paulistas! Os Senadores César Borges e Rodolpho Tourinho estão concordando.

Creio que São Paulo merece o respeito de toda a sociedade brasileira pelo acolhimento que dá àqueles que se deslocam de vários pontos do País para lá com o objetivo de tentar a sorte.

Senador, V. Exª está em Mato Grosso. Sabemos quantos empresários e investidores paulistas vão para Rondônia, Roraima, Acre, para investir e tentar desenvolver o País como um todo.

            Sr. Presidente, peço, se V. Exª concordar, que seja publicado o meu pronunciamento na íntegra. Agradeço a tolerância de V. Exª.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/01/2006 - Página 1741