Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a necessidade de radicalizar a política turística do Estado do Rio Grande do Sul.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Considerações sobre a necessidade de radicalizar a política turística do Estado do Rio Grande do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 27/01/2006 - Página 2324
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, TURISMO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO, INTEGRAÇÃO, CULTURA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DO TURISMO (EMBRATUR), CRESCIMENTO, SETOR, POSSIBILIDADE, AMPLIAÇÃO.
  • QUESTIONAMENTO, INFERIORIDADE, ESTRANGEIRO, TURISMO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), DETALHAMENTO, PATRIMONIO TURISTICO, ECOLOGIA, HISTORIA, MEMORIA NACIONAL, FESTIVAL, CINEMA, UVA, PRODUÇÃO, VINHO, CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, EMPRESARIO.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a indústria do turismo é uma importante atividade de desenvolvimento econômico, social e cultural que promove a integração dos povos. “A indústria sem chaminés” - como é definido o turismo - é uma das atividades que mais empregos e lucros gera no mundo. Segundo pesquisas, representa cerca de 10% da força de trabalho global, em empregos diretos e indiretos, e a expectativa para o crescimento nos próximos anos é enorme.

            No Brasil, a cada ano, mais e mais turistas chegam para conhecer nossa cultura, folclore, história e riquezas naturais, sem contar o atrativo mercado de negócios que cada vez mais se potencializa.

Em 2005 registramos uma entrada recorde de turistas no país. Conforme a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), mais de 5,6 milhões de estrangeiros ingressaram no país e o volume de recursos bateu a casa dos 4 bilhões de dólares, o que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, causa impacto direto na balança comercial.

Embora os números demonstrem que o turismo no Brasil avança com perspectivas de fortes investimentos e por conseqüência crescimento, temos claro que estamos muito aquém de outros países que possuem menos potencial que o nosso. Temos as melhores matérias primas que a indústria do turismo exige, porém não conseguimos, ainda, no nosso entendimento, engrenar uma política efetiva que alavanque o setor.

É claro que estamos no caminho certo, amadurecendo passo a passo, mas há muito que fazer para o desenvolvimento da indústria turística no Brasil.

Particularmente, no Rio Grande do Sul, que é o estado de nossa origem, temos acompanhado nos últimos anos os esforços dos governos e empresários para com o setor.

Porém, um dado nos preocupa. Apenas um percentual muito pequeno de turistas estrangeiros que chegam ao Brasil procuram o Rio Grande do Sul. A maioria, como se sabe, procura as atrações da região nordeste.

O Rio Grande do Sul possui características marcantes como potencial turístico. Destacando-se as Ruínas das Missões Jesuíticas, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade; o Rio Grande do Sul foi palco nos anos 1750 da resistência dos índios Guaranis contra os reis de Portugal e Espanha que assinaram o Tratado de Madri e aqui faço uma observação. O Tratado de Madri é muito estudado hoje nas escolas de Portugal e Espanha; Giusepe Garibaldi, “o herói de dois mundos” e unificador da Itália participou da Revolução Farroupilha. Hoje, é nome de escolas, avenidas e ruas em vários municípios do Rio Grande do Sul. A cidade de Garibaldi na serra gaúcha é o maior produtor de champanhe do Brasil; o Salto de Yucumã, em Derradeiros, a maior queda d’água horizontal do mundo.

Ou ainda o Festival Internacional de Cinema de Gramado, a Festa da Uva de Caxias do Sul, o Rodeio Internacional de Vacaria, a Expointer - maior feira agroindustrial da América latina, e também o Vale dos Vinhedos maior produtor de vinhos do Brasil.

Mas não é só isso. Podemos falar do turismo rural, do turismo ecológico, do turismo histórico, do Parque Nacional dos Aparados da Serra onde está o maior cânion do Brasil, dos festivais de música nativista como a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, que está na sua 35ª edição, do Musicanto de Santa Rosa que é comparado aos festivais de Cosquin na Argentina e Vinha Del Mar no Chile, do conjunto arquitetônico do centro histórico de Pelotas, da Jornada Nacional de Literatura considerado o maior debate literário da América Latina que deu a Passo Fundo o título de Capital Nacional de Literatura.

Sr. Presidente, volto a afirmar que os últimos governos que passaram pelo Palácio Piratini tiveram a preocupação de elaborar programas para o setor turístico gaúcho. Sem dúvida.

Mas, pela matriz que citei ainda a pouco, cultura, folclore, história, recursos naturais e humanos, e empresariado disposto a investir, é necessário darmos um giro de 180 graus e começarmos a discutir e debater políticas efetivas para a indústria turística do Rio Grande do Sul, com vista a formatarmos ações coordenadas para prospecção de turistas.

Acredito que pelo potencial que possuímos é possível colocarmos este setor na linha de frente de dividendos para o estado e sociedade como geradora de recursos econômicos com a dinamização de comércio, artesanato, hotelaria, gastronomia, geração de empregos e distribuição de renda.

Falar do potencial turístico do Rio Grande do Sul e de suas belezas ao meu ver deve ser o tema do discurso de todo o gaúcho e, principalmente, do segmento de negócios turísticos para atrair cada vez mais visitantes.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/01/2006 - Página 2324