Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos aposentados e pensionistas brasileiros.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Homenagem aos aposentados e pensionistas brasileiros.
Publicação
Publicação no DSF de 14/02/2006 - Página 4607
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, APOSENTADO, BRASIL, DEFESA, IMPORTANCIA, RESPEITO, ESTATUTO, IDOSO, QUESTIONAMENTO, BENEFICIO, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, que preside esta significativa sessão; excelentíssimo Senador do nosso querido Amapá, Senador Papaléo Paes; Senador Alvaro Dias, do Paraná, que também se encontra à Mesa e é vizinho do meu Estado; Srªs e Srs. Senadores presentes; ilustríssimo Sr. Benedito Marcílio, digno Presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas; ilustríssimo Sr. João Batista Inocentini, Presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical; ilustríssimo senhor e meu querido amigo Edson Guilherme Haubert, Presidente do Movimento de Servidores Aposentados e Pensionistas, o que faço eu aqui depois que o Senador Paulo Paim usou a tribuna? Falo isso porque falou realmente aquele que, nesta Casa, mais representa os trabalhadores brasileiros, sejam os da ativa, sejam aqueles que já deram o tempo do seu serviço, já deram a sua vida ao seu trabalho, que são os aposentados e os pensionistas do nosso País.

Realmente, falou a voz de quem sempre está com os aposentados e pensionistas. Também há outros Senadores, é preciso fazer justiça. Cito o Senador Paulo Paim como paradigma, mas, Srs. Aposentados, esta Casa não tem faltado à luta dos senhores, como não tem faltado a voz altiva da mulher brasileira, como a da Senadora Heloísa Helena, que se encontra presente, e as dos Senadores que estão aqui a presidir e a compor a Mesa dos nossos trabalhos, e a de tantos outros que aqui não se encontram, mas que, com toda certeza, juntam as suas vozes. E o que queremos é que juntem não somente as suas vozes, mas os votos naqueles projetos que beneficiam os trabalhadores aposentados e os pensionistas do nosso Brasil.

Esta homenagem é das mais justas. É por isso que estou aqui. Entendo, com toda sinceridade, que governar é fazer justiça. Entendo que não podemos regredir nos nossos direitos.

Vou a questões um pouco práticas. Os senhores me permitam. Lembro de uma, por exemplo, que o Senador Paulo Paim não falou, mas que vou comentar. Até naquelas medidas que são práticas, que não foram feitas para atravessar o tempo, são medidas temporárias, que procuram, por um certo período, minimizar o sacrifício daqueles que trabalharam uma vida inteira - desculpem-me -, os trabalhadores oriundos da vida pública ou da iniciativa privada estão sendo cada vez mais prejudicados.

Em relação aos empréstimos que os senhores estão tendo direito, fico imaginando se é vantagem ou desvantagem obtê-los. Essa decisão está no coração de cada um? Não. Ela depende da necessidade de cada um dos aposentados que sabem que os juros ainda estão altos, mas têm de se submeter a eles, porque é a única forma de satisfazerem suas necessidades básicas e as de seus familiares. .

Refiro-me aos familiares dos aposentados porque sei o quanto a renda, embora mínima, de cada um aposentado ou pensionista da nosso País contribui para a renda familiar, o quanto o vovô contribui para o estudo do neto na universidade, o quanto o vovô e a vovó, as titias e os titios necessitam dos remédios para si e para seus familiares. E vêem o salário mínimo tão decantado aumentar para os ativos e ser até cantado em prosa e verso, enquanto o salário deles, depois de terem trabalhado uma vida inteira, não acompanha o mesmo valor. Por isso, peço aos senhores que reflitam.

Perguntei para um cidadão que estava a meu lado qual era a média dos juros do banco. Ele me respondeu que era de 3,9%. Se existir algum aposentado ou pensionista neste País que possa ter feito alguma economia, colocando-a no banco para obter algum rendimento, para que ela não se desvalorize, para que não seja corroída, ela acompanhará esse valor?

Senhores que estão me ouvindo nesta hora e neste momento, quando penso nessas coisas, vejo que governar realmente é fazer justiça. Este Brasil, tão decantado como o país da solidariedade e da fraternidade, precisa fazer cumprir as leis que ainda são incipientes, mas que deveriam estar no sentimento e no coração de cada um, como o Estatuto do Idoso. Mas nem isso é cumprido no Brasil.

Não quero repetir o Senador Paulo Paim, não quero ser cansativo, mas, quando vejo que um pouco mais de sessenta por cento dos aposentados recebiam salário mínimo e, agora, com este aumento, 70% receberão abaixo do salário mínimo, eu me arrepio. Fico pensando que a frase “governar é fazer justiça” é muito mais verdadeira no nosso País do que em outros países que estão se desenvolvendo muito mais que nós.

Nós, do Senado da República, temos a responsabilidade de aderir à mobilização tão pregada para fazer com que, um dia, possamos viver numa pátria mais solidária, mais justa e mais humana.

Eu lhes trago aqui só essa palavra. Não trago dados estatísticos. Para que dados estatísticos, se cada um sente na carne o peso dos encargos de quem vive em uma pátria ainda profundamente desigual e que não quer reconhecer sequer os direitos daqueles que trabalharam uma longa vida e estão quase no fim das suas próprias existências na esperança de dias melhores?

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que me ouvem, quando eu era pequeno, já ouvia dizer que a Previdência Social era a responsável pela crise deste País. Hoje, ainda não estou aposentado como os senhores, porque quem vive na política não se aposenta nunca, pois tem a responsabilidade de governar não só a família de sangue, mas todas as famílias brasileiras. Senador Paulo Paim, sempre ouço dizer que a Previdência Social está quebrada e é responsável pelo rombo do nosso País, mas quantos e quantos anos são decorridos e estamos na mesma ladainha, declamando os mesmos versos, cantando a mesma música dolorida e sofrida para todos os brasileiros, sem resolver os problemas da justiça social neste País? Chega a ser inacreditável!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, governar é analisar uma amplidão de coisas, uma vastidão de problemas. Porém, ao imaginar o desperdício dos gastos públicos, a sonegação que gera prejuízos à Previdência Social e a órgãos públicos, ao imaginar que há sessões do Senado em que se discute barzinho de um avião, além de tantos outros assuntos, positivamente, Sr. Presidente, eu não poderia deixar de comparecer a esta tribuna, no mínimo, para prestar minha solidariedade aos pensionistas e aos aposentados de nosso País. Repito: é preciso fazer justiça!

Por isso, Senador Paulo Paim, Senadora Heloísa Helena, Srªs e Srs. Senadores, senhores aposentados e pensionistas, senhores chefes de família, incluo-me, modestamente, nesta homenagem. Jamais vou negar um voto, em qualquer projeto de lei que procure minorar as grandes injustiças que sofrem os aposentados e os pensionistas de nosso País.

Lá atrás, acreditei. Quanto sofremos! Agora, dirijo-me aos servidores do Poder Público. Não acreditei que uma reforma da Previdência pudesse realmente ajudar o Brasil a minorar o sofrimento dos brasileiros. Fizemos a reforma da Previdência. Lutamos por aquela PEC paralela. Quanto sofremos? Quantas vezes viemos à tribuna? Como está a atual situação? Continua a mesma? Está pior? Respondam os senhores. No meu coração, quero que essa situação melhore. Nem sim nem não, mas vamos melhorar a situação enquanto é tempo, se Deus quiser.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/02/2006 - Página 4607