Discurso durante a 41ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos aposentados e pensionistas brasileiros.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos aposentados e pensionistas brasileiros.
Aparteantes
Alberto Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 14/02/2006 - Página 4611
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, APOSENTADO, ESPECIFICAÇÃO, FALTA, DISPONIBILIDADE, MEDICAMENTOS, SETOR PUBLICO, DEFESA, SOLUÇÃO, DIFERENÇA SALARIAL, APOSENTADORIA, PENSÕES.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente Papaléo Paes, eu quero, preliminarmente, agradecer a V. Exª, que, como membro da Mesa, não permitiu que eu a deixasse na hora em que assumiu a Presidência, provavelmente em homenagem ao fato de eu ser aposentado. Minha vida profissional durou 50 anos e, hoje, essa homenagem do Senador Papaléo Paes vale para a alma e o coração.

Muito obrigado, Senador.

Saúdo todos os Senadores e os Srs. João Batista Inocentini e Benedito Marcílio - meu ouvido me faz relembrar seu nome no meu coração. Saúdo também os Srs. Edson Guilherme Howbert, Djanira Freitas Braga e a Drª Carmen, esposa do nosso saudoso Nelson Carneiro. Ao mencionar a presença de V. Sª, o Senador Alvaro Dias nos levou a um passado contemporâneo e recente de uma figura maravilhosa, exemplo permanente da transparência, da lisura e de como se deve portar o Parlamentar, escolhido pelo povo. É um grande exemplo.

            Com toda a sinceridade, não vim a esta tribuna para falar. Vim, preliminarmente, por causa do Senador Paulo Paim, que se dedica com amor profundo aos aposentados, pensionistas, deficientes físicos e aos menos favorecidos. Sou um seguidor de S. Exª. Não discuto com S. Exª nenhum dos procedimentos que toma, não importa se faz parte do PT, do PSDB, ou o que for. Sei que o Paim é um homem de bem e só raciocina em benefício de alguém que precisa. Outro exemplo é Heloísa Helena. (Palmas.) Peço desculpas, porque, quer queira quer não, nestes dez anos de vida neste Parlamento, Senadores Augusto Botelho, Paulo Paim e Cristovam Buarque, a Heloísa Helena falou das professoras. Minha mulher, Roseana - V. Exª conhece bem a Zilda -, orou com a sua mãe na hora em que nós dois estávamos conversando com Deus e pedindo para que Ele nos mantivesse vivos. Ela se aposentou como professora. Isso que a Heloísa Helena disse aqui é verdade: a mulher luta. Eu tive uma felicidade talvez melhor do que a de sua mãe, Heloísa Helena, porque a Zilda alfabetizou os quatro meninos. Os meus quatro filhos foram alfabetizados no grupo escolar onde ela era professora. Posteriormente, foi diretora de três ou quatro grupos escolares no Estado de São Paulo e brigava para burro quando a merenda vinha em tempo errado, quando enterravam merenda escolar em detrimento das crianças que não tinham o que comer. E o desespero dela, Dona Carmem, era realmente, como dizia: “como que eu vou me aposentar nesta dificuldade, em que transformam o ensino em um emprego e não em alguma coisa que realize os nossos sonhos. Nós temos de correr para escola pública do Estado e do Município, para tentar completar o salário”. Eu tinha o salário de policial e, com ela, tínhamos uma vida um pouquinho mais tranqüila do que a dos professores que sofriam. Nós não conseguimos mais... Senador Cristovam Buarque, Senadora Heloísa Helena, ela dizia que não conseguia mais organizar uma aula. Como iria improvisar uma aula para as crianças, que se modificam dia-a-dia em seu comportamento? E hoje nós sabemos... Fala-se no Fundeb, Senador Cristovam Buarque. E eu pedi que se realizasse uma audiência pública, para a qual deverá vir o Ministro Fernando Haddad, para explicar o que é o Fundeb. Porque o Senador elaborou o projeto, que ficou guardado por mais de dois anos, Senadora Heloísa Helena. E, hoje, aparece como novidade. Novidade em tempo eleitoral. Não vou discutir o mérito. Vamos aprovar o que for bom para a população, para a sociedade. Tomara que houvesse uma eleição por ano, Senadora Heloísa Helena - tomara, meu Deus do Céu -, pois, assim, Senador Alberto Silva, todo ano haveria benefício para muitas pessoas pobres. Hoje, infelizmente, é a cada quatro anos. Assim ocorre a evolução dos projetos sociais.

            Recentemente, um diretor do Ipea foi à Federação das Indústrias e fez uma palestra sobre os programas sociais de Governo. Um dos pontos que me chamou a atenção, Senadores Paulo Paim, Heloísa Helena, Ramez Tebet, Alvaro Dias, enfim, aqueles que usaram da palavra, foi: o que representa, hoje, o idoso, o aposentado no seio da família? Não é para ir comer com a tigela de madeira, pois é do bolso dele que sai, às vezes, o sustento da família. É a pequena aposentadoria que, às vezes, pelo desemprego que alcança a famílias por inteiro, dá um pouco de sobrevida, de atenção, de carinho e de alimentação.

Lutamos aqui juntos contra a reforma da Previdência. Recebi o apoio de várias entidades de classe de aposentados, esclarecendo-me que eu deveria lutar contra a aprovação integral. Chegaram a dizer que o aposentado pode ficar de camisa, chinelo, short e não precisaria mais comprar roupa. Ai, meu Deus do Céu! Eu sei o que é hoje - e a Roseana deve saber - precisar de remédio continuado e o quanto custa cada comprimido.

Quando o Governo planeja vender fragmentado o remédio é porque ninguém tem dinheiro para comprar a caixa inteira. Freqüento constantemente o Incor e, graças a Deus, estou vivo, com insuficiência cardíaca, mas dá para gritar, chorar, falar e sentir de perto a alma das pessoas que convivem conosco. Às vezes, na porta do hospital, Senadora Heloísa - sou muito conhecido por ter ficado muito tempo numa função ativa de segurança pública -, alguém chega e diz que determinado comprimido está em falta na farmácia do povo, na farmácia gratuita, remédio que não aparece nunca, mas que é preciso comprar porque a pressão está alta. Você pega R$5,00 ou R$10,00 e dá com o coração doído, não pelo valor do que ele pede, mas pela humilhação que ele passa ao ter de pedir para tomar um medicamento para sobreviver com tranqüilidade e não cair duro na frente da gente.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - V. Exª me concede um aparte, Senador Romeu Tuma?

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Pois não, Senador.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Estou acompanhando o discurso de V. Exª desde o momento em que falou sobre o nosso companheiro Senador Paulo Paim, em relação àquela ocasião em que se discutia cobrar uma taxa dos aposentados. V. Exª se lembra daquela luta que travamos aqui. E o Senador Paulo Paim encontrou a saída - cumprimento S. Exª agora que o vejo ali - da PEC Paralela, em que colocou algo a mais.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Para mim, é uma muleta. Desculpe-me, Senador Paulo Paim, mas a PEC Paralela é uma muleta.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Mas foi alguma coisa a mais.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Senador Paulo Paim, V. Exª quase morre neste plenário, porque faltaram, mais uma vez, com a palavra com V. Exª e com outros Senadores que tiveram a coragem de acreditar em alguém que aceitaria a PEC Paralela. Foi mediante o crescimento da alma e do respeito dos Parlamentares que começaram a exigir que aquilo era importante. V. Exª lutou mais de um ano, se não me engano, para que ela viesse, visto que seria para o mês seguinte.

Desculpe-me, Senador Alberto Silva.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - E acabamos aprovando-a. Nós a aprovamos e ela foi para a Câmara dos Deputados, onde demorou muito tempo para ser concluída. De qualquer forma, cumprimento V. Exª, Senador Romeu Tuma, pelo assunto que traz aqui, na homenagem que prestamos aos aposentados. V. Exª também lembrou o caso das professoras aposentadas. Eu me lembro de que, neste momento, está-se discutindo o Fundeb, cujo aumento é tão insignificante, mas, como lembrou o Senador Cristovam Buarque, é alguma coisa e, então, vamos aprovar. Eu queria apenas lembrar ao Senador Romeu Tuma que fui Governador do meu Estado por duas vezes. Na primeira vez, era Ministro Jarbas Passarinho, no regime militar, e havia um recurso do Governo Federal que complementava os salários das professoras. E o valor era tão grande comparativamente ao de hoje que quase todas as professoras da minha época tinham condições de comprar um carro. Por aí V. Exª vê que o salário delas era bem mais alto do que hoje, passados tantos anos. Estamos prontos, nós, V. Exª, o Senador Paulo Paim e outros, para encontrarmos, em qualquer momento, alguma coisa que ajude a compreender a situação de um aposentado tal como V. Exª acabou de dizer. Era o que eu queria dizer.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Muito obrigado, Senador.

Senador Paulo Paim, V. Exª leu uma fórmula difícil de ser entendida. Talvez, o Senador Alberto Silva consiga, visto ser S. Exª um grande engenheiro e matemático. Quero pedir a alguns dos professores da Politec para estudarem o Einstein, para ver se conseguem traduzir, porque eu sei que tudo que V. Exª fala se transforma em uma cartilha para nós neste Congresso. E essa fórmula será difícil traduzir. Então, procuremos ver se o Senador Alberto Silva nos auxilia a fazer a matemática.

Agora, quando se fala em operação tapa-buraco, Senador Paulo Paim, Senadora Heloísa Helena, meu querido Líder Efraim Morais, Senador Papaléo Paes, nós devíamos fazer o tapa-buraco da diferença salarial de que o aposentado precisa. Então, façamos essa frente parlamentar do tapa-buraco da diferença salarial dos aposentados e pensionistas.

Que Deus o abençoe e a todos nós, para que possamos, realmente, sentir de perto e resolver essa situação.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/02/2006 - Página 4611