Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o investimento em saúde que é, antes de tudo, investir no bem maior das pessoas que é a vida.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Considerações sobre o investimento em saúde que é, antes de tudo, investir no bem maior das pessoas que é a vida.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2006 - Página 6278
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • GRAVIDADE, PROBLEMA, SAUDE PUBLICA, BRASIL, FALTA, QUALIDADE, DEMORA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, REGISTRO, PROPOSTA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE GOIAS (GO), EXTENSÃO, GOVERNO MUNICIPAL, DETALHAMENTO, PROGRAMA, AMPLIAÇÃO, CONTRATAÇÃO, MEDICO, SERVIDOR, MELHORIA, REMUNERAÇÃO, PROPORCIONALIDADE, EFICIENCIA.
  • DEFESA, MELHORIA, APLICAÇÃO DE RECURSOS, SAUDE, INVESTIMENTO, MEDICINA PREVENTIVA, AGENTE, FAMILIA, SANEAMENTO BASICO, ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico. As pesquisas de opinião pública mostram que a saúde é hoje um dos maiores problemas do Brasil. Em muitos estados, como em Goiás, é uma questão cuja gravidade é maior até do que a segurança e o desemprego, outros dois problemas graves.

            E onde está o cerne da problemática da saúde pública? Justamente na falta de qualidade e de rapidez no atendimento aos pacientes.

A regra geral se resume a longas filas de espera, número de médicos insuficiente, equipamentos obsoletos ou inexistentes, dificuldades para se obter um exame, falta de remédios, atendimento ruim.

Em muitas localidades a situação beira o caos, como pudemos ver recentemente nos hospitais públicos da prefeitura do Rio de Janeiro. Mas isso não foi um exemplo isolado. A verdade é que, em maior ou menor grau, esse é um problema endêmico que causa sofrimento às camadas mais carentes da população.

O problema da saúde se agrava silenciosamente. Começa nos pequenos municípios, desprovidos de estrutura, e marcha para os grandes centros com a sobrecarga que corrói o sistema.

É preciso, urgentemente e de uma vez por todas, priorizar a saúde, colocando como centro das atenções a melhoria no atendimento aos pacientes. Às vezes se pensa, equivocadamente, que investir em saúde é apenas construir hospitais. Isso não é verdade para grande parte das localidades, que exige melhores equipamentos, mais médicos e um atendimento rápido.

Investir no atendimento à saúde é investir na vida quando ela está mais fragilizada. No momento da emergência, a diferença entre morrer ou continuar vivo está no fato de o médico estar ou não presente. No detalhe de um aparelho funcionar ou não. Essa é uma questão cujas soluções não podem ser adiadas.

Em Goiás, o PMDB está propondo a instituição do que chamamos de Vapt Vupt da saúde. Há oito anos, quando fui governador, instituímos a primeira unidade do Vapt Vupt no estado. Trata-se de uma central de atendimento público do governo onde o cidadão pode resolver vários problemas no mesmo lugar. Esse sistema foi ampliado pelo atual governo e continua funcionando bem.

O que estamos propondo é levar a mesma filosofia e a mesma metodologia para as unidades de atendimento de saúde, inclusive as municipais. Saúde é obrigação constitucional das três esferas de poder. Portanto, a união de esforços dentro de um projeto comum pode render resultados positivos.

O Vapt Vupt da saúde pressupõe a contratação de médicos e servidores capacitados para todas as unidades de atendimento de consultas e de emergência. Médicos e servidores que terão uma remuneração adicional proporcional ao grau de satisfação do atendimento prestado.

É uma simbiose: bom atendimento leva a altos índices de satisfação que, por sua vez, retornam em remuneração adicional por eficiência.

Juntamente com a questão de pessoal, será preciso investir na melhoria das unidades. Isso deve ser feito no aspecto físico e, especialmente, em equipamentos e remédios.

A saúde é um dos poucos setores que possui verbas carimbadas. Ou seja, os recursos destinados à saúde não podem ser investidos em outras áreas. É um setor, portanto, que não depende apenas de novos recursos, mas de sua aplicação em iniciativas corretas.

Tanto isso é verdade que, em várias cidades goianas que visitei nos últimos dias, testemunhei exemplos onde o sistema funciona. E funciona porque foi priorizado com projetos simples, eficientes e factíveis.

Por outro lado, às vezes chegamos a uma cidade e nos deparamos com a construção de um grande hospital público, quando ali na esquina existe outro que não funciona. O que vai contribuir mais para os pacientes? Investir no aperfeiçoamento do que já existe ou gastar rios de dinheiro em nova obra apenas para colocar uma placa com o nome de quem inaugurou? Eu tenho convicção que a resposta certa é a primeira.

É preciso fazer funcionar o que existe, para depois avançar em novas iniciativas. E fazer funcionar bem.

A essência do projeto do Vapt Vupt da Saúde, que o PMDB propõe em Goiás, é justamente essa: investir na excelência do atendimento aproveitando a estrutura existente, que é suficiente para o atendimento de grande parte da demanda. A construção de novos hospitais só será feita onde efetivamente não existir outras alternativas prontas.

O ordem não é aumentar. É melhorar.

A cada dia ficam mais escassos os recursos para investimentos, mesmo para áreas prioritárias. É essencial sermos racionais e investir na qualidade e não na quantidade, a não ser que isso seja absolutamente fundamental.

Quando um cidadão com problemas de saúde necessitar de um médico, ele precisa ter esse médico ao seu alcance e com rapidez. O equipamento deve estar presente. E o atendimento tem que ser atencioso, educado e eficiente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, além de melhorar o atendimento na saúde é preciso investir na prevenção. O programa Agentes da Família precisa ser ampliado. Está provado que essa é uma iniciativa inteligente e eficiente. Além de resolver os problemas menos graves, desafoga os hospitais, deixando-os mais livres para os casos de emergência.

Outra iniciativa é direcionar investimentos para obras de saneamento básico. A cada cinco anos, aproximadamente 300 mil crianças morrem no Brasil em função de doenças adquiridas pela ausência de saneamento básico.

Os programas sociais, que melhoram a alimentação das famílias carentes, provendo as crianças de maior nutrição, também são investimentos importantes em saúde.

Para que as mudanças aconteçam é preciso que os governantes firmem um compromisso prioritário com a saúde. E é isso que o PMDB de Goiás está fazendo perante o estado. Tenho certeza de que, em nível nacional, os pré-candidatos do partido à presidência da República também entenderão a importância desse setor para a melhoria da qualidade de vida da população.

Investir em saúde é, antes de tudo, investir no bem maior das pessoas que é a vida.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2006 - Página 6278