Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcrição de nota assinada pelos candidatos do PMDB à Presidência da República, Antony Garotinho e Germano Rigotto, em defesa das prévias do partido para escolha do candidato.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Transcrição de nota assinada pelos candidatos do PMDB à Presidência da República, Antony Garotinho e Germano Rigotto, em defesa das prévias do partido para escolha do candidato.
Aparteantes
Amir Lando, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2006 - Página 8254
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • LEITURA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, NOTA OFICIAL, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEFESA, ANALISE PREVIA, ESCOLHA, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • PROTESTO, ATUAÇÃO, JOSE SARNEY, NEY SUASSUNA, RENAN CALHEIROS, SENADO, ADIAMENTO, ANALISE PREVIA, OBSTACULO, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OBJETIVO, MANUTENÇÃO, CARGO PUBLICO, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, LIDER, BANCADA.
  • REITERAÇÃO, DEFESA, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PROTESTO, LIDERANÇA, FALTA, IDENTIDADE, TRADIÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, ANALISE, CONSELHO, ETICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nós, que somos a rapa-de-tacho, ficamos com cinco minutos. Mas como ontem falei um tempão, só tenho a agradecer.

Quero transcrever nos Anais do Senado a nota assinada pelos dois pré-candidatos do PMDB à Presidência da República, Anthony Garotinho e Germano Rigotto, intitulada “Em defesa das prévias e da candidatura própria do PMDB”.

Queremos expressar, através desta nota, nosso absoluto repúdio às manobras de bastidores daqueles que tentam adiar as prévias do partido, com o claro intuito de impedir que o PMDB venha a ter um candidato próprio às eleições deste ano.

As prévias significam um momento histórico para o nosso partido. Um reencontro com sua tradição democrática e um reencontro do PMDB com o Brasil. A candidatura própria é oportunidade que se abre para o PMDB voltar a ocupar um papel decisivo na política brasileira, pondo fim ao condomínio tucano-petista responsável pela estagnação econômica e pela involução social dos últimos anos. Por isso, não aceitaremos a ação conspirativa daqueles que, no intuito de preservar cargos e benesses políticas particulares, tentam violentar e inviabilizar o processo altamente democrático, em que as bases peemedebistas, depois de anos de manipulação, são chamadas a decidir sobre o futuro do nosso partido.

Mas o PMDB não é propriedade de alguns. O PMDB não é deles. O PMDB é o partido da nossa história e dos militantes que, em todo o Brasil, têm preservado o partido como o mais profundamente enraizado em todo o Brasil. O PMDB é dos quadros e militantes que esperam pela oportunidade de oferecer ao Brasil a generosa proposta de retomada do desenvolvimento, da justiça social, do equilíbrio federativo e da ética na política.

A candidatura própria é a vontade do PMDB. Vamos denunciar até o fim qualquer ato que signifique a traição do nosso partido. O PMDB é grande e tem força para vencer as eleições presidenciais.

Pelo bem do PMDB e pelo bem do Brasil, cobraremos a responsabilidade das falsas lideranças que [usando cargos oferecidos pelo Partido] trabalham contra a afirmação de nosso partido e rejeitaremos, intransigentemente, todas as medidas diversionistas ou protelatórias que, pondo em risco as prévias, impliquem a renúncia do projeto nacional de nosso partido e a desmoralização do PMDB.

Assinado: Anthony Garotinho e Germano Rigotto, candidatos à Presidência da República.

Infelizmente, Sr. Presidente, aconteceu o que não esperávamos: Sarney, Suassuna e Renan foram às últimas conseqüências. E, forçando - nem quero discutir de que maneira - assinaturas, conseguiram. Marcaram uma reunião da Executiva para amanhã.

A Presidência nacional podia até não marcar essa reunião. Não é uma obrigação da Presidência nacional receber uma assinatura hoje e marcar uma reunião da Executiva para amanhã, em se tratando de um assunto da importância desse, que eles, deliberadamente, deixaram para a última hora. Estamos debatendo, discutindo, andando pelo Brasil e falando sobre as prévias há quatro meses. Na quinta-feira, véspera de domingo, eles entram com um pedido para marcar a reunião. A reunião vai sair. Eu duvido! Em primeiro lugar, não acredito que os estatutos permitam que três Parlamentares que mudam de posição determinem que a prévia não se realize, para manter os cargos do Dr. Sarney, do Dr. Renan e do Dr. Suassuna; que desmoralizem o PMDB; que impeçam o PMDB de ter candidato!

Exatamente no dia em que se consolida a candidatura do Sr. Alckmin - aliás, grande escolha -, a Líder do PT vem a esta tribuna, mostra resultados de umas pesquisas e diz: “Está consolidado o confronto bipolarizado entre PSDB e PT”. No momento, certa parte da imprensa quer dizer isto, o Brasil está reduzido a isto: confronto PSDB/PT, São Paulo/São Paulo. O candidato de um dos partidos é paulista e o candidato do outro partido é paulista; o candidato anterior do PSDB é paulista, e o candidato anterior do PT é paulista. Não!

O Dr. Sarney, o Dr. Renan e o Dr. Suassuna derrubaram o Líder da Câmara, que assinou a nota convocando sem ouvir os Deputados. Derrubaram-no. Ele não é mais Líder na Câmara. Não sei por que a Bancada no Senado não faz o mesmo com o Sr. Suassuna. Ele é membro da Executiva e assinou. Correto. Mas assinou como Líder, sem ouvir a Bancada.

Daqui desta tribuna, falei meia dúzia de vezes; o Senador Mão Santa e vários Senadores do PMDB falaram daqui, defendendo as prévias. Não vi nenhum outro Senador falar contra as prévias. E o Sr. Suassuna foi lá e assinou o documento, como Líder, para suspender as prévias.

É triste, Sr. Presidente!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Pedro Simon?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - No início da semana, quando V. Exª falava da tribuna, tive muita vontade de dizer-lhe algo. Agora, terei oportunidade de fazê-lo. Primeiro, foram muitas as ocasiões em que V. Exª, demonstrando afinidade com as batalhas que nós, do Partido dos Trabalhadores, travamos, fez recomendações a mim próprio e a alguns companheiros do Partido dos Trabalhadores. E sempre ouvi as palavras de V. Exª como vindas de um amigo, de um irmão. Mas, hoje, chegou a oportunidade de eu dizer algo ao companheiro-irmão que tenho no Senado e ao seu Partido. V. Exª sabe que algumas vezes foi muito importante a sua palavra para que eu tomasse decisões. Mas, diante das reflexões de V. Exª - da mesma forma, dirijo-me ao Senador Garibaldi Alves, que também é do seu Partido e que hoje preside a sessão -, fiquei pensando: será que não seria uma boa idéia, Senador Pedro Simon, levarmos em conta as recomendações dos Senadores Renan Calheiros, José Sarney e Ney Suassuna, de um lado, e aquelas que V. Exª aqui tem exposto, sobre a importância de se realizar a prévia, e conclamar, então, todos os filiados do PMDB a comparecerem, no domingo próximo, mas ampliando-se a prévia para três alternativas? Os que desejarem Germano Rigotto como candidato, poderão votar em S. Exª; os que desejarem, Senador Pedro Simon, votar em Anthony Garotinho, poderão fazê-lo; e os que desejarem votar no sentido de apoiar o Presidente Lula também poderão fazê-lo. A minha sugestão é que não apenas os 21 mil delegados votem, mas que se conclamem todos os filiados do PMDB, no âmbito nacional - não sei precisamente o número, mas imagino que seja próximo de um milhão, senão até mais, mas são centenas de milhares de militantes...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mais de dois milhões.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mais de dois milhões! Então, Senador Pedro Simon, quem sabe não se convoquem todos! Já que V. Exª tem participado de tantas plenárias dos filiados e delegados, que se chame um público amplo para votar e escolher entre essas três alternativas: Germano Rigotto, Anthony Garotinho ou aquilo que os Senadores preferirem Fica a sugestão de um companheiro.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço o aparte e a sugestão do irmão e companheiro.

Creio que faz muito bem V. Exª em começar a se interessar pelo nosso PMDB, porque, no PT, não dão bola para V. Exª. Olha que V. Exª tem feito belíssimas propostas! Se o PT tivesse seguido V. Exª, tudo o que está acontecendo atualmente não estaria acontecendo.

Sou testemunha, por exemplo, de que V. Exª lutou para que a primeira CPI fosse assinada, para que o Lula e o Senador Aloizio Mercadante deixassem que fosse assinada. Se dependesse de V. Exª, isso que está acontecendo não aconteceria, não; teríamos assinado o requerimento de instalação da primeira CPI, teríamos começado do zero e não teriam seqüência esses acontecimentos.

Por isso, agradeço realmente a V. Exª. Creio que V. Exª está certo. Comece a se interessar por outros partidos. Um bom partido para V. Exª começar a se interessar é o da nossa querida Senadora que está aqui ao lado. Olha que a Senadora merece o apoio de V. Exª!

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Calma, Sr. Presidente!

Vejo, à Mesa, um extraordinário Deputado Federal de mais de seis mandatos. Tive a honra de ser Ministro com seu pai e verifico o carinho e o afeto que a sua família recebe do povo do seu Estado. O velho Alves, para mim, é a cultura política mais extraordinária que já vi na vida. Não me lembro de ninguém assim. Quando Ministro, viajamos uma vez 16 horas, percorrendo vários Estados do Nordeste. Ele passou as 16 horas contando a História do Brasil. Que coisa fantástica, que coisa fantástica! Ele contou, por exemplo, algo de que nunca soube: o Carlos Lacerda falsificou uma capa da Tribuna da Imprensa, colocando que o irmão de Getúlio, Bejo Vargas, que era Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, tinha fugido para Buenos Aires, porque o Getúlio já estava caindo; e, com essa capa, lá na cadeia, o cara confessou, porque percebeu que não tinha mais seu protetor.

Graças a Deus, o Deputado Alves não assinou a convocação. E fez bem em não assiná-la.

Meus cumprimentos a V. Exª, porque assinar uma convocação na quarta-feira para marcar uma reunião na quinta-feira e realizar uma prévia no domingo - e que há meses poderia ter sido feita - não dá para entender. E, olhe, um ex-Presidente da República da estatura do Dr. Sarney...

O Dr. Renan, com a sua história, deveria estar à frente de todos nós - um homem da estatura do Dr. Renan neste Congresso, um especialista em fazer Presidente que, gurizinho, elegeu o Collor do zero, lá em Alagoas, pelo PRN. Criou um Partido e elegeu o Presidente da República. Ele deveria estar à nossa frente, coordenando. Podia até ser candidato. Teria todas as condições para sê-lo se não estivesse querendo manter os carguinhos que tem, ficando com o PT e não defendendo a candidatura própria.

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Já lhe darei. Nós viveremos, amanhã, a página mais importante do PMDB. Ou o PMDB se consolida e pode ganhar essa eleição, ou, dessa vez, o PMDB desaparece. É aquilo que o Dr. Renan quer: cada Estado escolhe uma fórmula, cada lugar vai de um jeito e era uma vez o PMDB. Vamos viver do passado. Agora, o que é engraçado é que o Dr. Renan, sentado aí na cadeira de V. Exª como Presidente, dizia que tínhamos que adiar a prévia para depois, porque se a fizéssemos agora, o candidato do PMDB que a ganhasse ia perder tanto, ia ficar tão pequenininho que, quando chegasse a hora da Convenção, teria que se retirar.

O que o Renan, o Sarney e o Suassuna estão dizendo para o Presidente do Partido? O que eles querem? Eles não querem a prévia agora. Até argumentamos: “Vamos fazer a prévia agora. Depois tem a Convenção.” Vamos ter uma Convenção. Se tiver argumentos, coisas sérias, responsáveis e graves, poderemos reunir a Convenção e não apresentar candidato. Não estamos amarrados! Podemos nos reunir e não apresentar candidato se, por exemplo, ele ganhar a prévia e, no final, tiver 2%, se acontecer de fato e se chegarmos à conclusão de que é negativo para o PMDB.

No entanto, o que eles estão dizendo? “Não, não se pode fazer a prévia agora porque se ela for feita até a Convenção, o candidato já se terá consolidado e não se mexerá mais nele.” Mas, então, qual é a que vale? Se o candidato já se consolidou e não se mexe mais nele, o candidato está no chão e deve-se tirá-lo. Não, não dá!

Tenho 76 anos e, na semana que vem, vou apresentar um requerimento, Sr. Presidente, porque, na quinta-feira, o PMDB completará 40 anos. Trata-se do Partido de vida contínua mais antiga da História do Brasil. É claro que o PcdoB e o PC têm vida antiga, mas interrompida, porque viveram um tempo enorme na clandestinidade. O PMDB completa 40 anos na próxima quinta-feira. Pretendo vir a esta tribuna para fazer um discurso em homenagem aos 40 anos do PMDB e dizer que temos candidato, que o que a Senadora Líder do PT falou sobre a bipolarização, que o Brasil tem dois pólos, PT e PSDB, não é verdade. Com todo respeito, em primeiro lugar, não é só o PSDB, porque o PFL é tão importante quanto o PSDB. Em segundo lugar, o PMDB é o Partido número um na quantidade de candidatos, de Vereadores, de Parlamentares e na preferência popular.

Concedo um aparte ao Senador Amir Lando.

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - Senador Pedro Simon, serei muito breve. Quero dizer que o PMDB não pode perder o caráter nacional. O PMDB está se tornando um Partido de líderes localizados e locais, por que não dizer paroquiais? Realmente, o PMDB precisa da unidade e da grandeza da Nação brasileira. Sabemos que é um dos maiores Partidos e V. Exª já citou os números. Infelizmente, pensa-se mal. Em todo ano de eleição, é a mesma cantilena, o mesmo discurso: “Não! O PMDB terá candidatura própria. Agora, sim, o PMDB terá candidatura própria a Presidente da República. Vamos à Convenção, que vota e consagra essa decisão.”. Depois, começam os processos de esvaziamento, chegando-se à Executiva. Aí ocorre, então, o adiamento. Aí é o nada, o vácuo, a derrogação da decisão maior do órgão supremo, que é a Convenção. Há uma hierarquia de decisões no Partido, estabelecida pelo estatuto. Ou o PMDB deve estabelecer uma cláusula no seu estatuto, ou o PMDB renuncia, a qualquer tempo, sempre, ao seu candidato a Presidente da República. Assim, saberemos que se trata de um Partido que jamais terá candidato a Presidente da República. Porém, não se pode conviver com essa idéia. Quantos discursos foram feitos? Não vou citar pessoas, mas todos estavam presentes e eram ferrenhos na disputa junto ao Presidente Lula, que disse várias vezes: “Não, o PMDB não pode desfigurar-se e deve manter sua candidatura própria.”. Esse é o discurso do Presidente Lula. A participação no Governo não implica a renúncia à candidatura presidencial. Se houver segundo turno entre Partidos diferentes, será outro momento, porque sempre ele invocou o apoio do PMDB se houvesse segundo turno sem a participação do PMDB. Então, nobre Senador Pedro Simon, por que essa incoerência? Por que essa forma de enganar a si e aos outros? Afinal, política não se faz com trapaça. A política verdadeira se faz com o compromisso da palavra dada e a coerência, para ser verdadeira diante da Nação. Senão, vamos construir, sempre, aqui, o ódio e a mentira.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Só para concluir, V. Exª é a favor da prévia? É contra o adiamento?

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - É evidente que sou contra. Eu sou pela manutenção da decisão feita pela Convenção nacional.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Muito bem. Não tinha dito ainda.

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - Não, eu disse que, exatamente, nobre Senador, uma decisão maior, agora, é revogada.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É isso aí. É isso aí.

O Sr. Amir Lando (PMDB - RO) - Então, exatamente isso. Não à incoerência, não à mentira, não à enganação, não à farsa, não à decepção.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu encerro. O que aconteceu conosco, Sr. Presidente, é muito simples. Houve uma época em que tivemos líderes até demais. Conviveram, ao mesmo tempo, o Dr. Ulysses, o maior de todos, Tancredo, Teotonio, Arraes, Covas. Nós tivemos grandes nomes.

Hoje, vivemos um momento muito triste, muito triste. Não temos líderes? Temos, mas no comando estão pessoas que não têm identidade com o nosso Partido. Isto é que é triste: não têm identidade com o nosso Partido. O Presidente do Senado Federal, o ilustre ex-Presidente da República e o nosso Líder no Senado não têm nenhuma identidade com o PMDB, não amam o PMDB, não sofrem com o PMDB.

O nosso querido amigo Renan tem o coração grande, que comporta todos: o PCdoB, o Collor, o Fernando Henrique, o Lula. Não sei se comporta o PMDB. Que bom se houvesse, no coração dele, o espaço que deu para o PSDB quando foi Ministro e que dá, agora, para o Lula, por quem é apaixonado. Que desse um pedacinho para o PMDB, mas não dá.

O Dr. Sarney é uma bela pessoa. A sua filha tinha que estar no PMDB, pois é uma mulher excepcional, extraordinária, fantástica, que foi por duas vezes Governadora, Senadora. Ela deveria estar no PMDB. Ela, hoje, seria uma grande candidata do PMDB, até mesmo à Presidência da República. Mas não está. A filha está no PFL, o filho está no PV. No Maranhão, o candidato a Governador é do PFL. Lá no seu Estado, ele é candidato ao Senado e o candidato a Governador sei lá de que Partido é. Quer dizer, não tem amor pelo PMDB.

O Senador Suassuna, não sei de quando veio. Está no Rio, assumiu como suplente do Senador, o Senador saiu, ele ficou e, nesse emaranhado, ele terminou na posição em que está. Mas amor pelo PMDB não tem. Capacidade, muita.

Se esses três tivessem amor pelo Partido e se dedicassem a ele, meu Deus do céu, que trabalho poderiam fazer. Mas, sabotando, como estão atrapalhando! Meu Deus do céu!

O Lula eu não entendo. Adivinhem quem o PT me disse, várias vezes, que é o homem do sonho, o homem dos olhos do Presidente Lula? Adivinhem quem é? O Dr. Sarney. O Dr. Sarney e o Dr. Renan são as pessoas que telefonam diariamente para o Lula e recebem telefonemas diários. Hoje, a imprensa publica, em manchete, nos jornais que se o PMDB não tiver candidato e adiar as prévias, recebe, na semana que vem, o Ministério dos Transportes! Isso é publicado com a maior tranquilidade, com a maior serenidade, como se isso não fosse coisa alguma! Recebe, na semana que vem, o Ministério do Transporte. Como temos, lá na Petrobras, aquela diretoria que está construindo os petroleiros; uma grande iniciativa. Aliás, um discurso belíssimo do Lula, na televisão: “Nós, agora, vamos construir os nossos petroleiros. Os nossos petroleiros vão ser brasileiros!”. E aí vem a notícia depois: “O petroleiro brasileiro vai sair duas vezes o valor do petroleiro importado”. Vamos pagar o dobro pelo petroleiro feito aqui do que pelo importado. Mas o “cara” é companheiro do PMDB; está lá...

Não, Sr. Presidente, nós não podemos continuar com isso! Esse assunto vai parar no Conselho de Ética. Pensa-se muito em levar o nome do Dr. Sarney, do Dr. Renan e do Dr. Suassuna ao Conselho de Ética, para eles examinarem se essas pessoas, com a importância que têm, podem, numa hora em que estamos indo para rua com as nossas candidaturas, debatendo, analisando, procurando crescer, eles declararem que o PMDB não tem candidato, que não tem nenhum candidato, que não deve apresentar candidato, e fazer uma executiva pedindo a anulação da prévia. Acho que a Conselho de Ética deve analisar uma questão como essa.

Agradeço a tolerância de V. Exª, Sr. Presidente, e o felicito. V. Exª é uma pessoa que tem compromissos e responsabilidades. V. Exª é uma pessoa fantástica! Foi Prefeito da capital do seu Estado, Governador do seu Estado, Senador, Governador, Senador e vai ser Governador novamente. Não tem, na história deste Congresso, alguém com essa categoria. De Deputado foi a Governador; de Governador foi a Senador; de Senador foi a Governador; de Governador foi a Senador e agora, de Senador vai a Governador, e Governador nomeado! Mas V. Exª cumpre como eu. V. Exª tem acordos firmados com outros Partidos? Tem. Mas isso não impede V. Exª de respeitar o seu Partido e de fazer a sua luta partidária, o esforço da sua campanha, dando força ao seu Partido. Que bom que o exemplo de V. Exª seja seguido em todo o Brasil!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2006 - Página 8254