O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, falarei apenas por vinte minutos. Estou brincando, será bem menos.

Após o pronunciamento do Senador Heráclito Fortes, certamente não haveria necessidade de continuarmos comentando o que aconteceu hoje no Senado Federal.

Mas, primeiramente, agradeço ao Senador Wellington Salgado, uma das gratas revelações do Senado, um homem que conseguiu, em pouco tempo, amizade unânime aqui dentro, devido a sua simpatia e ao seu espírito de liderança, principalmente pelo trabalho que desenvolve em defesa da querida Minas Gerais. Quero cumprimentá-lo, Senador Wellington!

Permita-me, Senador Mão Santa, mas está aqui presente o Deputado Ivan Ranzolin, do PFL, da nossa Lajes, na região serrana, uma das regiões mais queridas de Santa Catarina. O Deputado Ivan está acompanhando os trabalhos do Senado, atento para que todos possamos levar as melhores informações à sociedade brasileira, mas principalmente possamos levar mais esperança para o povo de Santa Catarina.

Cumprimento o Deputado Ivan Ranzolin, com quem conversava sobre alguns problemas que estão afetando a nossa economia e prejudicando o crescimento e o desenvolvimento sustentável do nosso País, principalmente do nosso querido Estado Barriga Verde.

Sr. Presidente, o Senado Federal hoje, felizmente em tempo, recuperou o prestígio abalado em função do que ocorreu na CPI dos Bingos. Há momentos em que o Congresso avança e consegue tomar algumas posições que resgatam a credibilidade pública, a exemplo quando ocorreu a redução da remuneração dos Parlamentares e do período de recesso.

Em função disso, a sociedade brasileira, por meio de uma pesquisa, ampliou o reconhecimento pelo bom trabalho que desenvolve o Congresso Nacional. Mas depois ocorreram, na Câmara dos Deputado e no Senado Federal, atitudes que trazem uma certa discussão na sociedade, que cobram mais empenho, mais determinação, transparência com a coisa pública por parte dos Senadores e dos Deputados.

            Sobre o que ocorreu hoje na CPI dos Bingos. Tenho uma admiração enorme pelo Senador Tião Viana, sou um admirador seu e gosto mesmo dele. Eu não o conhecia antes, mas nesses três anos de trabalho no Senado, passei a admirá-lo. Com certeza S. Exª não fez esse requerimento pensando na gravidade do que poderia ocorrer. Mas a paralisação do depoimento do caseiro da mansão que recebia um grupo de paulistas ligados ao Palocci, lá de Ribeirão Preto, a mordaça colocada no caseiro, não pegou bem para a classe política. Só que a sociedade brasileira está vendo que não são todos. Aliás, a atitude tomada foi para impedir uma investigação, não para diminuir o prestígio alcançado pelo Congresso Nacional este ano.

(O Sr. Presidente faz soar campainha.)

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Sr. Presidente, fiz apenas um comentário. Tenho dez minutos para falar.

Sr. Presidente, amanhã o Lula estará em Santa Catarina e, olha, já cancelou uma cidade que iria visitar. Ele marcou Imbituba, que tem um porto e é governada pelo Beto, Prefeito do PSDB; Laguna, que tem um porto e é governada pelo PT; Itajaí, que tem um porto e é governada pelo PT. O Lula cancelou uma visita. Sabe qual? A da cidade que tem o Prefeito do PSDB, em função das manifestações que vão ocorrer. Mas pode ser do PT, do PSDB, do PFL, a população não quer saber o partido, vai protestar devido ao péssimo governo que vem sendo desenvolvido pelo Lula.

Temos avisado ao Presidente que a população brasileira não está contente, não está aprovando este Governo. Não sei onde são feitas essas pesquisas que aparecem! Se fizer aqui dentro do Senado Federal, será comprovado que ele não tem mais a maioria. Antes, quando o Lula entrava no Congresso, todos iam correndo abraçá-lo, como a esperança do Brasil. Se passar hoje aqui, corre o risco de não ser percebido, tamanha é a frustração do povo brasileiro! Não vejo mais apoio ao Lula. Falo com taxista, não tem; falo com pedreiro, não tem; falo com agricultor, não tem; falo com professor, não tem. Estão todos decepcionados, Senador Mão Santa.

            E será amanhã a visita de Lula a Santa Catarina. Diz aqui:

Protestos na visita de Lula.

A visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região do Vale do Itajaí, nesta sexta-feira (17), será marcada por protesto de diversas categorias e setores empresariais.

O Senador Leonel Pavan (PSDB) recebeu comunicado de lideranças do setor madeireiro de que haverá mobilização de protesto na BR - 470, em Pouso Redondo [no Alto Vale do Itajaí], contra a política cambial que afeta as exportações do setor [realmente chegaram ao meu gabinete vários comunicados].

Em Balneário Camboriú [minha cidade], os Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) pretendem fechar a ponte sobre o rio Camboriú, na BR - 101, das 9 às 10 horas [para chamar a atenção do Presidente, porque eles já mandaram todo o tipo de comunicado e não receberam uma resposta sequer], pedindo a urgente construção de passarela ou rotatória nas proximidades [...].

Espero que, na hora em que estiver sobrevoando a BR - 101, o Presidente veja a manifestação dessas pessoas que pedem apenas a construção de uma rotatória ou de uma passarela, porque todos os dias morrem pessoas naquela rodovia federal.

Ainda na cidade, há insatisfação [também por parte de funcionários e da população] com a possibilidade de fechamento da agência do INSS [na verdade, de inúmeras agências do INSS em Santa Catarina] e do Ministério do Trabalho e sua transferência para Itajaí. Na cidade portuária, a insatisfação é do setor pesqueiro. Desde que assumiu e criou a Secretaria da Pesca, o Presidente prometeu linha especial de crédito para as indústrias renovarem a frota, mas até agora os recursos ainda não foram disponibilizados.

Senador Mão Santa, na BR - 280, o setor moveleiro está protestando, porque não há mais condições de exportarem seus produtos. É o setor moveleiro fazendo protesto; é o setor madeireiro fazendo protesto; é o setor pesqueiro se manifestando, empresários, funcionários e pescadores artesanais; é o setor calçadista também se manifestando. A grande empresa Azaléia está abrindo uma indústria na China, porque não tem mais condições de trabalhar no Brasil. O setor cerâmico está falindo, não tem mais condições de exportar. A agricultura e a pecuária estão morrendo. Isso acontece no Estado de Santa Catarina e no Brasil inteiro.

            Pasmem, antes - e falam tanto do passado! -, para se comprar uma máquina colheitadeira de arroz, eram necessárias 11 mil sacas de soja, mas, hoje, conforme me informou, há pouco, o Deputado Ivan Ranzolin, são necessárias 23 mil sacas de soja. E o Governo se orgulha do trabalho que está fazendo. Não é possível que tenhamos de continuar dessa forma. Não é possível que o Governo continue mentindo, levando pelo Brasil aquele discurso fácil, enganando os mais humildes, os menos informados, aqueles que, quando recebem uma pessoa importante, acabam participando do evento, acabam aplaudindo. Mas há uma frustração muito grande entre os desempregados, entre os professores, entre os profissionais liberais, entre os empresários.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Já vou encerrar, Sr. Presidente. Há uma frustração muito grande dentro do setor produtivo do nosso Brasil.

Há pouco, recebemos, no Senado Federal, Geraldo Alckmin, Governador de São Paulo e futuro Presidente do Brasil, que disse: “O Governo se vangloria do que ocorre no País hoje. Se diminuirmos os juros, hoje, pela metade, o Brasil empata com o penúltimo” - o Brasil, hoje, é quase o último. Não há como governar o País sem combater os juros; não há como combater os juros sem diminuir os gastos públicos, não em obras, mas com cargos, com viagens e com diárias sem controle nenhum.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Concedo-lhe um minuto para encerrar.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Já encerro, Sr. Presidente.

Senador Mão Santa, o Brasil precisa voltar a crescer definitivamente, não na falácia, não com discursos demagógicos, mas é preciso que volte a crescer em tudo.

Neste ano, a ética prevalecerá nas eleições, disse-me o Governador Alckmin. Não que a ética vá eleger alguém, mas vai impedir alguém que não seja ético seja eleito. A ética será, nessas eleições, o tema mais importante, prioritário, na discussão. E este Governo, quando for falar em ética, ficará como um avestruz: vai colocar a cabeça no buraco, com vergonha de falar em ética.

Muito obrigado, Senador Mão Santa. Viva o Piauí!

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR LEONEL PAVAN EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I, § 2º, do Regimento Interno)

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     Matéria referida:

     “Pesqueiras ainda esperam recursos.” (Diário Catarinense, de 14/3/2006)

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