Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exaltação ao crescimento do PIB no primeiro trimestre. Falta de ética no Governo Lula. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Exaltação ao crescimento do PIB no primeiro trimestre. Falta de ética no Governo Lula. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2006 - Página 18886
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • ELOGIO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), TRIMESTRE, EFEITO, MANUTENÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, CONTRADIÇÃO, DIRETRIZ, MAIORIA, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXPECTATIVA, ORADOR, CONTINUAÇÃO, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • ANALISE, APOIO, ORADOR, ATUAÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), SUPERIORIDADE, JUROS, GRADUAÇÃO, REDUÇÃO, TAXAS, PROTEÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, ESTABILIDADE, POLITICA MONETARIA.

            O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a tônica dos meus discursos é a crítica. Critico os governos - criticava o do Fernando Henrique, critico o Governo atual do Lula, critico o próprio Congresso Nacional -, porque esse é meu papel de Parlamentar. Tenho de apontar o que está errado. Não estou aqui para tecer louvaminhas a ninguém.

            Entretanto, hoje, surpreendentemente, venho exaltar um aspecto positivo do Governo. Ao mesmo tempo alegrar os petistas, mas também entristecê-los. Refiro-me ao dado auspicioso do crescimento do PIB, no primeiro trimestre, de 1,4%, que, se se mantiver até o fim do ano, dará um crescimento excepcional de 5,7%. É claro que esse pode ser um soluço de crescimento, um espasmo apenas, e morrer já no segundo trimestre, no terceiro ou no quarto. Mas tudo indica, Sr. Presidente, que poderemos, sim, chegar este ano a um crescimento de 4%, pelo menos, mantendo uma média de 1% a cada trimestre próximo, mesmo, portanto, que o ritmo diminua. Essa é a notícia boa que endosso aos petistas. Ouvirem um elogio da Oposição é algo que realmente os deixa muito felizes.

            Mas a notícia triste que dou ao PT, Sr. Presidente, é que, se o Presidente Lula tivesse seguido os conselhos da maioria do PT, o País teria destrambelhado, estaria um caos. A verdade é que esse crescimento, se for sustentado, Sr. Presidente, deve-se à estabilidade macroeconômica que o Governo teve o bom senso de manter. Eu abomino este Governo pelo seu descompromisso com a ética, por todos esses escândalos, por esse esquema gigantesco de corrupção pelo qual ele é responsável, por ação ou omissão, mas tenho que louvar o Governo no campo da política econômica. A verdade é que, se o Lula tivesse seguido o conselho da ala radical do PT, o País estaria vivendo tempos muito tormentosos e não estaria comemorando o crescimento de 1,4% do PIB, e, talvez, ou provavelmente, estaríamos em plena recessão econômica, com fugas de capitais, com o descontrole inflacionário...

            Ai do Governo Lula se ele tivesse sido irresponsável na condução da economia! E era tudo o que a maioria do PT não queria. E é por isso que criticam o Lula. Não o criticam por haver cometido sérios deslizes no campo da ética, que sempre foi a bandeira do PT; criticam-no exatamente pelo que ele fez de acertado.

            Sr. Presidente, sou Senador da Oposição e tenho criticado sistematicamente o Governo nos últimos três anos e seis meses, e nunca, nunca, ainda que se procure nos Anais deste Senado, se encontrará um pronunciamento meu contra a elevação da taxa de juros pelo Banco Central. Sempre fiquei em silêncio, porque sempre aplaudi. Era o que o Banco Central tinha de fazer mesmo, gostem ou não. O Banco Central é o guardião da moeda. O Governo deve entregar isso a quem tem autoridade técnica, independência e autonomia para fazê-lo, e tomar medidas amargas quando necessário. Se o Banco Central não tivesse elevado a taxa de juros àquela altura, estaríamos, hoje, amargando dias muito ruins, Sr. Presidente. Agora, continua sendo responsável, baixando a taxa de juros sistematicamente, mas de forma dosada. Senador Romeu Tuma, já estamos, hoje, com uma taxa real de juros de 10,5%; se o Banco Central continuar baixando a taxa, mesmo à razão de 0,5% ao mês, a cada reunião do Copom, chegaremos ao fim do ano, pela primeira vez em muitos anos, com uma taxa real de juros de um dígito, Senador Romeu Tuma! Estaremos com uma inflação, no fim do ano, de 4%, com uma taxa de juros de 13%; estaremos, portanto, com 9% de taxa real de juros, portanto, ainda muito acima da média internacional, mas já perfeitamente suportável e numa trajetória de queda.

            Engana-se, Sr. Presidente, mas engana-se redondamente quem pensa que no mundo globalizado de hoje pode ser irresponsável na condução da política macroeconômica. Não pode. Estabilidade monetária é algo absolutamente essencial a qualquer país hoje. Equilíbrio das contas públicas não é de direita nem de esquerda, é uma questão aritmética. Equilíbrio das contas externas, Sr. Presidente, não tem nada de socialista nem de liberal, é o que deve fazer todo governo responsável; é o que fazem todos os governos do mundo de hoje, Sr. Presidente.

            Portanto, saúdo, sim, a retomada do crescimento econômico. Não torço pelo pior, não! Não torço pelo “quanto pior melhor”, não! Tomara que essa taxa se mantenha até o fim do ano e o País tenha um crescimento de 5%, porque é o que precisamos, Sr. Presidente, para gerar os empregos necessários, para gerar mais de um milhão de empregos por ano. E não faremos isso sem estabilidade econômica. Não há voluntarismo em economia hoje, não, Sr. Presidente! Juscelino Kubitscheck, se fosse eleito hoje, ele não faria crescimento, não, Sr. Presidente, com o descontrole inflacionário do seu governo.

            As restrições, hoje, no mundo globalizado, Sr. Presidente, são imperativas. Não se faz mais o que se quer, ou o País vira um pária internacional, não cresce e entra em crise profunda por muitos anos.

            Portanto, para alegria dos petistas, cumprimento o Governo pela retomada do crescimento; para tristeza deles, graças a Deus ele não seguiu as lições do PT.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2006 - Página 18886