Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o setor têxtil nacional, que vem enfrentando grandes problemas mercadológicos.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Considerações sobre o setor têxtil nacional, que vem enfrentando grandes problemas mercadológicos.
Aparteantes
Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2006 - Página 18663
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, REPRESENTANTE, ENTIDADE, EMPRESARIO, EMPREGADO, INDUSTRIA TEXTIL, VESTUARIO, AUDIENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLICITAÇÃO, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, COMBATE, FRAUDE, AMBITO INTERNACIONAL, PRODUTO TEXTIL, PRORROGAÇÃO, ALTERAÇÃO, ACORDO, SALVAGUARDA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, REDUÇÃO, EXCESSO, TRIBUTAÇÃO, SETOR.
  • COMENTARIO, DADOS, ESTATISTICA, IMPORTANCIA, INDUSTRIA TEXTIL, VESTUARIO, BRASIL, CONTRIBUIÇÃO, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, EMPREGO, APREENSÃO, AMPLIAÇÃO, CRISE, SETOR.

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago hoje à tribuna um assunto que gostaria muito de não estar trazendo, porque é referente a um setor nacional que vem enfrentando grandes problemas mercadológicos, o setor têxtil e de vestuário.

Tivemos ontem uma audiência com o Presidente da República. Estive lá representando o Estado do Espírito Santo numa associação da qual participo, que é a ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil.

ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil.

Lá estiveram presentes presidentes de federações, inclusive a Presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores. Devido ao grande problema, capital e trabalho se uniram.

Levamos ao Presidente da República algumas reivindicações. Uma delas é o combate à pirataria de comércio internacional. Infelizmente, temos recebido aqui no Brasil produtos, principalmente da China, com preços bem abaixo dos comercializados internacionalmente.

Temos informações sobre produtos que saem da China: no ano de 2004, saíram da China US$ 30,7 milhões de produto e só entraram no Brasil US$ 15,7 milhões; em 2005, saíram da China US$ 31,726 mil e só entraram no Brasil US$ 19,622 mil. Infelizmente, Sr. Presidente, não tivemos nenhuma notícia de que algum navio afundou no percurso China-Brasil.

Isso sem falar dos produtos que entram aqui subfaturados, ou seja, em torno de 10% do valor praticado naquele País.

Ao Presidente da República entregamos a agenda em que constam os acordos internacionais feitos, a exemplo do pedido de salvaguarda da China, que vence em 31 de março de 2008.

Se não for modificado e prorrogado, com certeza, o setor terá uma data para começar a repensar a sua atuação no mercado nacional e internacional, porque ele vai sumir do mapa do Brasil.

Levamos também, Sr. Presidente, uma preocupação que é a desoneração tributária da cadeia produtiva, principalmente em relação ao PIS e ao Cofins. Atualmente, o sistema de débito e crédito prejudica, e muito, o setor, porque a cadeia produtiva é muito curta, a mão-de-obra representa praticamente 32% do custo do produto e a matéria-prima, pouco mais de 20%. Então, o setor fica muito prejudicado quando se trabalha no sistema de débito e crédito.

Pedimos ao Presidente da República que desonerasse a folha de pagamento do setor têxtil e vestuário a fim de resolvermos o problema nacional.

Sr. Presidente, sei que o tempo é curto. Retornarei a esta tribuna num outro momento para falar mais sobre o setor. No entanto, quero falar rapidamente sobre o que é o setor nacional.

Temos 30 mil empresas e empregamos 1,65 milhão de pessoas. Exportamos, no ano de 2004, US$ 2.1 bilhões; em 2005, US$ 2.2 bilhões. Vendemos, no mercado nacional, em 2004, US$ 25 bilhões; em 2005, US$ 26 bilhões.

Este ano, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho vindo aqui porque se acendeu a luz vermelha do setor. Já desempregamos praticamente 230 mil pessoas, enquanto o mundo cresceu.

O setor emprega, na sua grande maioria, mulheres, que são praticamente 75% do seu quadro, e 57% dos trabalhadores cursaram até a oitava série. Então, a maioria dos empregados são mulheres e com baixa escolaridade.

Para dar uma idéia, Sr. Presidente, a cada mil dólares investidos, geramos um emprego, sendo que, em setores de celulose e mineração, a exemplo de empresas como Vale do Rio Doce, CST e CSN, para cada emprego gerado o investimento é próximo de US$ 2 milhões.

Trata-se de um setor que merece a atenção do Presidente Lula, porque, com investimento curto, consegue gerar um número significativo de empregos.

Sr. Presidente, eu não queria estar aqui novamente - repito - para falar de um setor tão importante para o mercado nacional que é a indústria têxtil e de vestuário. Mas se o nosso Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não der uma atenção a esse setor, ele vai se reduzir muito.

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - V. Exª me concede um aparte, Senador?

O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco/PT - PR) - Peço a V. Exª que conclua, porque estamos na prorrogação da sessão.

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - Eu queria apenas que V. Exª, no seu discurso, dissesse qual é a saída para isso. O que o Presidente Lula tem de fazer?

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES) - O Governo tem de atender às reivindicações que entregamos, inclusive com a presença de trabalhadores, de empresas grandes e empresas pequenas. Senador Magno Malta, trata-se de um setor em que praticamente 97% das empresas são micro e pequenas empresas e que possui a maior terceirização de empregos do Brasil, principalmente porque esses empregos estão no interior de cada Estado.

Fica registrado aqui o nosso apelo.

O Presidente sensibilizou-se com o nosso pedido e acredito que Sua Excelência vai atender-nos, porque essa crise foi provocada pela atual situação econômica do País. Nada mais justo que o nosso Presidente corrigir um erro que foi criado dentro do seu Governo.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2006 - Página 18663