Discurso durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à operação realizada pela Funai e pelo INCRA, com respaldo da Polícia Federal, chamada desintrução dos moradores não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, na qual participou como observador designado pelo Senado Federal. Participação de S.Exa., em missão pelo Senado Federal, em que acompanhou o Governador do Estado de Roraima à Venezuela para participar de acordos entre aquele estado e o Estado Venezuelano de Bolívar. (como Líder)

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA FUNDIARIA. POLITICA EXTERNA. COMERCIO EXTERIOR.:
  • Críticas à operação realizada pela Funai e pelo INCRA, com respaldo da Polícia Federal, chamada desintrução dos moradores não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, na qual participou como observador designado pelo Senado Federal. Participação de S.Exa., em missão pelo Senado Federal, em que acompanhou o Governador do Estado de Roraima à Venezuela para participar de acordos entre aquele estado e o Estado Venezuelano de Bolívar. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2006 - Página 21092
Assunto
Outros > POLITICA FUNDIARIA. POLITICA EXTERNA. COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • CRITICA, OPERAÇÃO, FUNDAÇÃO NACIONAL DO INDIO (FUNAI), INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA (INCRA), POLICIA FEDERAL, INVASÃO, PROPRIEDADE RURAL, AREA, RESERVA INDIGENA, ESTADO DE RORAIMA (RR), AUSENCIA, ORDEM JUDICIAL, REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, FUNÇÃO, REPRESENTANTE, SENADO, PROMESSA, ELABORAÇÃO, RELATORIO, DENUNCIA, ILEGALIDADE, CONDUTA, ORGÃO PUBLICO.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, VIAGEM, GOVERNADOR, ESTADO DE RORAIMA (RR), OBJETIVO, ACORDO INTERNACIONAL, INTEGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, VANTAGENS, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, AMBITO ESTADUAL, ESPECIFICAÇÃO, IMPORTAÇÃO, COMBUSTIVEL, EXPECTATIVA, COLABORAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGILIZAÇÃO, ACORDO.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pela Liderança do PTB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estive ausente desta Casa durante precisamente quatro semanas, três delas acompanhando uma operação desencadeada - por ordem do Governo Federal - pela Funai, pelo Incra, com o respaldo da segurança da Polícia Federal. A operação chamada de desintrusão dos moradores não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, no meu Estado, tinha por objetivo fazer de maneira coercitiva, sem ordem judicial, a invasão de propriedades com o fim de avaliar essas propriedades para futuras indenizações.

Fui designado pelo Senado Federal, reuni-me com as autoridades federais desses órgãos, acompanhei desde o primeiro procedimento na sede do Incra em Boa Vista e depois me desloquei a todas as localidades daquela região, precisamente Vilas do Mutum, Socó, Água Fria, Surumu e outras propriedades rurais e pude constatar, Sr. Presidente, que realmente é uma truculência o que estão fazendo no meu Estado. Já são duas as operações da Polícia Federal, com mais de cem homens em cada uma delas, a um custo elevado, apenas com o fito obstinado de humilhar, de amedrontar aquelas pessoas.

Não quero colocar a culpa na Polícia Federal, não, porque ela cumpre ordens. Mas, infelizmente, no caso dessa operação de desintrusão, estava cumprindo uma ordem do Poder Executivo - repito: não do Poder Judiciário -, invadindo propriedades. Tenho documentado e vou apresentar meu relatório, porque fui designado oficialmente pelo Senado. Lamento que isso esteja acontecendo no meu Estado. É uma intervenção federal velada; existe um grupo gestor que está promovendo essa desapropriação com um pacote de medidas ditas compensatórias que, lamentavelmente, faz uma truculência do Governo Federal contra o meu Estado. Aliás, não é só essa.

Sr. Presidente, estive também duas vezes na Venezuela, com autorização do Senado, acompanhando o Governador do meu Estado, para, aí sim, cuidar da parte boa que é a integração entre o Brasil e a Venezuela, mais precisamente entre o meu Estado de Roraima e o Estado venezuelano de Bolívar, que faz fronteira, que são colados um ao outro, que são irmãos siameses, vamos dizer assim, e que estavam há até bem pouco tempo de costas um para o outro - como dizem em espanhol: de espaldas. E, hoje, graças à iniciativa do Governador do Estado de Bolívar e do Governador do meu Estado de Roraima, Ottomar Pinto, essa integração está se fazendo primeiro em âmbito estadual, muito antes que federal. Já percorremos todos os Ministérios brasileiros, levando a cada um deles o assunto competente da sua área.

No que tange à importação do combustível da Venezuela, fomos ao Ministério de Minas e Energia - o Presidente Hugo Chávez se dispõe a vender o combustível a um preço subsidiado e, mesmo pagando todos os impostos, o combustível ficará mais ou menos na metade do valor cobrado atualmente.

São mais quinze itens que se englobam no que eu chamo desse pacote de bondades com a integração da Venezuela. O Governo Federal, de um lado, age com esse pacote de maldades no que tange a essas demarcações. A Raposa Serra do Sol é apenas a 35ª reserva indígena demarcada no meu Estado; e há mais.

Esse pacote de bondades da nossa integração com a Venezuela vai mudar a realidade socioeconômica do meu Estado: primeiro, o combustível a menor preço; a fronteira com a Venezuela será aberta 24 horas; a exportação de calcário; a exportação da soja produzida em Roraima.

Então eu espero, Sr. Presidente, que o Governo Federal possa ajudar o Estado de Roraima e, conseqüentemente, os brasileiros que lá vivem, inclusive os produtores de soja, os produtores de arroz que foram do Sul do País, por conta própria, para o extremo Norte do Brasil.

E é bom que se diga que, lamentavelmente, muita gente ainda acredita que o extremo Norte brasileiro está no Amapá, lá no Oiapoque; não. Fica no Monte Caburaí, no Estado de Roraima, a 60 km acima do Oiapoque. E a Rede Globo, que participou do evento dessa comprovação, continua repetindo nos seus jornais, nas suas telenovelas que o Brasil se estende do Oiapoque ao Chuí. Não é. É do Monte Caburaí ao Chuí. Então, é preciso que o brasileiro conheça mais a geografia.

O meu Estado, portanto, que está no extremo Norte do Brasil, encravado na Venezuela, espera que o Presidente Lula, que já está finalizando seu Governo, faça pelo menos um gesto de bondade para com o meu Estado. Acompanhei o Governador Ottomar Pinto e os ministros e todos eles se mostraram favoráveis à implementação desse conjunto de medidas que vai beneficiar o desenvolvimento do meu Estado.

Espero, portanto, que o Presidente Lula dê celeridade, faça mesmo com que essas propostas tenham a urgência de certas medidas provisórias, que às vezes são editadas sem nenhuma necessidade.

Concluo, Sr. Presidente, fazendo esse apelo e dizendo que estou apresentando, em breves dias, o relatório da minha viagem à Raposa Serra do Sol e à Venezuela, já que fui também em caráter oficial.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2006 - Página 21092