Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, que fez acusações e insinuações em entrevista contra o pai do Senador Tasso Jereissati, Sr. Carlos Jereissati, falecido em 1963.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Críticas ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, que fez acusações e insinuações em entrevista contra o pai do Senador Tasso Jereissati, Sr. Carlos Jereissati, falecido em 1963.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Demóstenes Torres, Edison Lobão, Eduardo Azeredo, Flexa Ribeiro, Geraldo Mesquita Júnior, Heráclito Fortes, José Jorge, Patrícia Saboya, Pedro Simon, Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2006 - Página 27838
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • LEITURA, NOTA OFICIAL, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), SENADO, REPUDIO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESRESPEITO, REPUTAÇÃO, PAI, TASSO JEREISSATI, SENADOR, DENUNCIA, DESPREPARO, MEMBROS, GOVERNO FEDERAL, EXERCICIO, PODER, IMPOSSIBILIDADE, CONCILIAÇÃO, POLITICA NACIONAL, PREJUIZO, DEMOCRACIA.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, no fim da semana passada, foi publicada pelo Presidente do PT uma entrevista que julgamos agressiva, injusta e provocativa.

Recebo do Líder do PSDB, Senador Arthur Virgílio, nota na qual S. Exª define a nossa posição com relação àquela entrevista, em que, de forma absolutamente despropositada, o Presidente do PT faz acusações e insinuações contra o pai, falecido, de uma das melhores figuras públicas do Senado, o Senador Tasso Jereissati.

Essa gente é mesmo capaz de tudo. Dos fatos lamentáveis de Santo André a todos os demais e numerosos escândalos do atual Governo, a partir de orientação do núcleo mais íntimo do Palácio do Planalto.

A desfaçatez que caracteriza o Governo Lula chega ao desrespeito às famílias de brasileiros dignos. Agora, indo a extremos, os ditos políticos que apóiam o Governo vão remexer lutas políticas paroquiais do Ceará com os propósitos abjetos e torpes de ofender a figura do Presidente Nacional do PSDB e seus irmãos, atingindo especialmente a honra de seu pai, o falecido Senador Carlos Jereissati. Os petistas já não respeitam nem os mortos, eis a verdade dos fatos.

Tal incivilizada e até bestial postura difere em muito do tratamento que a Oposição sempre dispensou a parentes, de ambos os sexos, muito próximos - mas muito próximos mesmo! - do atual Presidente da República.

Esse mesmo Presidente que, em mero lance eleitoreiro, fala em entendimento nacional, em plena temporada de caça ao voto. Lula na realidade não pretende entendimento nacional nenhum; apenas tenta avançar eleitoralmente, fingindo pretender uma suposta conciliação nacional, ele que não reúne as condições mínimas de, com suas próprias forças, oferecer a governabilidade ao País de que é capaz seu adversário [o nosso candidato] Geraldo Alckmin. Quem terá a oferecer ao Brasil é o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

Há pessoas dignas no PT que certamente não aceitariam sequer ser sondadas para se prestar a atitudes baixas como essa, de ofender famílias honradas.

Foram buscar “o faz tudo”, “o versátil” Ricardo Berzoini, que contempla imensas proezas em seu currículo, sendo a mais notável delas o gesto de perversidade praticado contra os nonagenários brasileiros, obrigando-os a comparecer, desde a madrugada, às filas quilométricas e nazistas do INSS, para provar que estavam vivos.

Quem não respeita idosos só podia mesmo, e até “por coerência”, desrespeitar a memória de um morto, pai de diversos filhos, a começar pelo Senador Tasso Jereissati, ilustre presidente de um grande partido da Oposição.

A Lula falta a grandeza: ele é nanico. Com sua habitual postura deseducada, tola e picaresca, apequena o mandato que o povo lhe outorgou, rebaixa o Brasil à figura de republiqueta e agride os brasileiros.

            Quanto a Berzoini, faltam-lhe generosidade e lucidez. A ausência desta última certamente dificultará qualquer entendimento, que, mais hora, menos hora, poderá fazer-se necessário, por exemplo, entre presidentes de dois grandes partidos, como PSDB e PT. Interlocutor desse jaez o PSDB jamais aceitará.

Lula, primeiro e único, o nanico; Ricardo Berzoini, bicampeão em mesquinharia e perversidade.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Concedo o aparte ao Senador José Jorge.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senador Sérgio Guerra, gostaria de dizer que concordo inteiramente com o pronunciamento de V. Exª, solidarizando-me com o Senador Tasso e sua família e com todo o PSDB por essa forma agressiva e inconseqüente com que o Deputado Ricardo Berzoini se referiu ao Presidente do PSDB e à sua família. Na realidade, o Presidente Berzoini é Presidente do PT; portanto, teria que ter uma postura mais correta, mais educada para se referir aos presidentes dos outros partidos, não só do PSDB e do PFL, como de qualquer outro partido. Conhecemos bem o Deputado Berzoini. Ele não é um parlamentar que possamos dizer que é exemplar. Inclusive, o PFL criou um troféu de crueldade com as pessoas que leva o nome dele, “troféu Berzoini”, exatamente porque convocou os velhinhos de mais de noventa anos para comparecerem todos no mesmo dia para provar que estavam vivos. Quer dizer, o que ele queria era provar que os velhinhos estavam vivos. E ele fez isso, cortando antes o salário dos velhinhos. Quer dizer, de uma pessoa que tem uma atitude dessas, pode-se esperar qualquer coisa. Ele era um líder sindical; portanto, o que se esperaria dele era que tivesse compreensão para com as pessoas, principalmente para com os mais velhos. Então, essa é uma atitude inconseqüente de um Presidente de Partido, o que mostra que ele não tem o gabarito, a qualificação necessária para presidir um Partido do nível do PT. O PT é um dos maiores Partidos brasileiros e, portanto, tem de ser presidido por pessoas que respeitam os outros. Por isto que o PT não pune os mensaleiros, ou seja, aqueles que se envolvem em irregularidades: porque tem um presidente que não respeita os outros e, conseqüentemente, não deve respeitar o seu próprio Partido. Então, registro a minha solidariedade ao Presidente Tasso e ao PSDB.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Ouço, com prazer, o Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Sérgio Guerra, tenho a impressão de que a desproporção do ataque feito pelo Sr. Berzoini ao pai do Senador Tasso nos remeteria ao melhor caminho, que seria o do silêncio. Mas o homem público não pode se calar diante de algumas coisas. E lamento que o Sr. Berzoini tenha buscado, do fundo do baú, um jornal que ele disse haver lido - e deveria inclusive mostrar o jornal -, fazendo ataques a um homem público que tem passagem marcante no Nordeste, não só pelo trabalho que fez como Deputado e como Senador da República, mas também por ter tido a felicidade de mandar para a vida pública uma figura como Tasso Jereissati. Ele criou bem os filhos e soube encaminhá-los na vida. Eu me lembro, Senador Antonio Carlos, de um debate havido no Plenário da Câmara, quando o então Deputado Luís Eduardo teve também o seu pai ofendido de uma maneira inusitada. Ele disse que era exatamente o preço que pagavam os que tinham um pai conhecido, e que a pior coisa do mundo era a desproporção da luta e do ataque: o pai conhecido, o pai notável contra aqueles que não tiveram a oportunidade de colaborar para a História do Brasil. Porque não se trata de dizer que fulano não é humilde, não. A humildade tem outras características. O humilde não faz esse tipo de comparação. Agora, temos que compreender, Senador Tasso, e V. Exª tem que se confortar porque é uma questão de opção. O ex-Ministro Berzoini, o que maltratou os velhos no Brasil, tem que falar bem do homem do dólar na cueca. E esse candidato a Governador pelo Ceará, que perdeu a eleição? Senadora Patrícia, V. Exª poderia me ajudar? Como é o nome desse candidato sanguessuga? José Airton. E do Capitão Guimarães. Desse pessoal. Imaginem o advogado de porta de cadeia. É o mesmo estilo. Para defender os criminosos que o cercam, vai buscar assuntos, vai criar fatos inexistentes ou criar factóides quando não pode atingir quem está vivo para responder.

É um comportamento que bem denota o Partido que ele preside. É lamentável que fatos dessa natureza aconteçam. Quero fazer esta referência, inclusive aproveitando a presença do Oswaldo Manicardi, que, durante muitos anos, assessorou o Dr. Ulysses Guimarães: tomem cuidado os que já passaram dos 50, dos 60 e dos 70 anos. O Berzoini tem horror ao idoso, ataca os mortos e maltrata os vivos, fazendo-os ficar na fila. Aí já é demais, Sr. Berzoini. É preciso, Senador José Jorge, reviver o troféu, porque ele merece; com certeza, dessa vez, será aprovado por aclamação. Muito obrigado.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Concedo o aparte ao Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Sérgio Guerra, são atitudes como esta que nos levam a ter um temor muito grande na hipótese, que espero não aconteça, de um segundo mandato do Presidente Lula. São atitudes de arrogância, atitudes de desrespeito, que não contribuem em nada para o clima político brasileiro; pelo contrário, no caso específico, são atitudes injustas. O Presidente do nosso Partido, Senador Tasso Jereissati, tem todas as qualidades necessárias para ser o que é: um grande homem público, responsável pela virada do Ceará, que se transformou num Estado moderno, num Estado que é gerenciado de maneira adequada. Essa agressão gratuita só faz crescer cada vez mais a imagem do Senador Tasso Jereissati. Lembro-me de que, na primeira vez em que fui ao seu gabinete, quando Governador do Ceará, lá estava a fotografia do seu pai, o que mostra que ele sempre teve realmente orgulho do pai, um orgulho merecido e devido. Senador Tasso, releve essa agressão, pois é uma agressão vinda de quem não sabe o que fala.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Concedo o aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Senador Sérgio Guerra, V. Exª se antecipa em fazer justiça ao homem público Carlos Jereissati, pai do nosso grande Senador Tasso Jereissati, uma das melhores figuras deste Senado. Seu pai também foi uma grande figura na legislatura de que participamos, em 1958, e, posteriormente, veio para o Senado, onde, pouco depois, aos 45 anos, faleceu deixando amigos e, sobretudo, um grande nome para que seus filhos herdassem. Só mesmo figuras mesquinhas, figuras sem passado e talvez sem paternidade, podem ofender um filho ilustre, atentando contra a honra do seu pai. V. Exª tem a Casa toda ao seu lado, repudiando esse Presidente de Partido que demonstra que não pode conversar com outras correntes políticas quando não sabe respeitar a memória dos grandes homens e do pai de um Presidente de um Partido que honra o Senado, que é o Senador Tasso Jereissati, como o seu pai honrou enquanto vida teve. Quero me solidarizar com a memória de Carlos Jereissati, assacada por alguém que não tem caráter para isso. Assim como ele gosta de dizer, deve ser ofendido, bem ofendido, para que ele não repita a dose com qualquer outro colega. Quero aqui trazer a minha homenagem, que é a do Senado, à figura de Tasso. Tasso é respeitado, Tasso é querido, Tasso é até amado pelos seus colegas de Partido e, mais ainda, pelo povo do Ceará. Esse é o testemunho que trago em solidariedade a V. Exª, que, mais uma vez, demonstra sua inteligência e sua capacidade de oratória.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Agradeço ao Senador Antonio Carlos Magalhães as palavras.

Ouço a Senadora Patrícia.

A Srª Patrícia Saboya Gomes (Bloco/PSB - CE) - Senador Sérgio Guerra, quero também, como fizeram os outros Senadores, primeiro, me solidarizar com V. Exª pelo pronunciamento, que traz algo muito preocupante, que vem, ao longo de algum tempo, acontecendo na política brasileira. Fico extremamente constrangida inclusive de pertencer, neste momento, não ao meu Partido, mas a um Partido que está na campanha, que apóia o Presidente Lula. No entanto, seu Presidente não sabe se comportar como um Presidente de Partido a partir do momento em que usa pessoas que não podem sequer se defender, porque estão mortas, e invade a memória de alguém que teve todo o respeito do povo do Ceará e que é pai de um dos maiores políticos e uma das maiores lideranças do nosso País: o Senador Tasso Jereissati. Neste momento, fico estarrecida e muito preocupada. Onde isso pode parar? O que pode acontecer com o nosso País? A política já está tão confusa, já deixa a população tão confusa com tantas mazelas, denúncias e acusações, e agora, ainda por cima, levanta-se falso da memória de alguém respeitado, sempre querido, que vem aqui representando, continuando seu trabalho, uma das maiores lideranças do nosso País, que é o Senador Tasso Jereissati. Tenho certeza de que quem viu ou ouviu esse absurdo que aconteceu, que fiquei sabendo agora no plenário, deve estar, da mesma forma, indignado. O Senador Tasso Jereissati tem aqui a solidariedade não só dos seus companheiros de Partido, o PSDB, mas de todos aqueles que conhecem sua história, sua luta, seu passado, a vida de sua família e de seu pai. Vimos aqui trazer esta palavra de solidariedade, Senador Tasso Jereissati, sabendo que, certamente, não só todo o Ceará, mas quem conhece V. Exª e conheceu seu pai estão, da mesma forma, indignados e chocados com esse tipo de política que não se deve aceitar: uma política mesquinha, baixa, que, certamente, o povo do Brasil não deseja e não quer mais ouvir. O povo quer propostas sérias. Que se ataquem os partidos e que façam o que for preciso. É uma disputa política. Vivemos uma democracia. Cada um diz aquilo que pensa, aquilo que quer e aquilo que sonha. Mas não se pode permitir - independentemente de qualquer coisa - que se ataquem ou se denigram imagens de pessoas de nossas famílias, que sequer podem estar aqui para se defender. Meu abraço muito carinhoso, Senador Tasso Jereissati. Saiba que considero essa talvez uma das piores formas de se fazer política e um dos piores exemplos que se dá na política brasileira.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Sérgio Guerra, eu gostaria de fazer um pedido a V. Exª.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Se V. Exª me permite, proponho que façamos uma moção de repúdio a essa declaração do Sr. Berzoini, que seria colocada em votação pelo Presidente do Senado.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Sérgio Guerra, gostaria de pedir a V. Exª para transcrever nos Anais da Casa a íntegra da matéria publicada pelo Globo Online, do jornalista Gerson Camarotti, intitulada “Em campanha, Palocci invade redutos de outros petistas”, que demonstra o velho ditado “quando o macaco não olha para seu rabo, vem o trem e passa por cima”. Como a matéria é grande, pedi a transcrição na íntegra e leio apenas uma frase: “Palocci tem criado dificuldade para a vida pública de todos nós, pobres mortais, porque ele entra com uma forte estrutura. Na minha campanha, falta emoção, até porque não tenho dinheiro - afirma o Deputado Luciano Zica, que tem sua base eleitoral em Campinas”. Segundo a matéria, o ex-ministro da Fazenda é tido como “candidato boeing” contra os “teco-tecos”. Acho que o Sr. Berzoini, como Presidente Nacional do PT, deve se preocupar em dar satisfação ao povo de São Paulo e do Brasil sobre o que está acontecendo no seu Partido agora, porque preside um Partido que, não satisfeito com os mensalões, com as sanguessugas, com o dólar na cueca e com toda a corrupção da qual participou nesses quatro anos, pelo menos com omissão, está tentando desenterrar factóides. Fica para ele a responsabilidade de esclarecer a opinião pública a respeito das declarações feitas por um correligionário seu por fatos que estão acontecendo neste momento em uma campanha nacional. Espero que o Tribunal Eleitoral, Sr. Presidente, seja ágil nessa denúncia, que é gravíssima. Muito obrigado.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, merecem reflexão desta Casa acusações desse tipo. Em primeiro lugar, é indispensável reconhecer que o Senador Tasso Jereissati - falo apenas da sua atuação no Congresso - é alguém que tem emoção, porque acredita no que pensa, mas é prisioneiro de um profundo sentimento de justiça, e é esse sentimento que preside sua relação com todos. O Senador Tasso é alguém capaz de conciliar. Eu próprio assisti, dezenas de vezes, sua capacidade de liderança a serviço da conciliação a fim de que prejuízos maiores não se desenvolvessem no interesse da preservação da democracia, da boa convivência, do respeito aos partidos, às instituições. S. Exª é alguém que tem convicção, que tem emoção no que faz, mas que toda sua atitude por uma profunda e reflexiva racionalidade.

A agressão ao pai do Senador Tasso Jereissati nada mais é do que uma absoluta e total demonstração de precariedade, de deslealdade de um presidente de partido nacional da importância do Partido dos Trabalhadores.

E não pode ser acatada. Não é nesse rumo que devemos conduzir nem esta campanha nem esta eleição. Não é assim que temos feito. Não tem sido essa a regra. É deplorável que a norma venha a ser contrariada por um presidente de partido da maneira como ele o fez.

Depoimentos como os que ouvimos hoje e que certamente ainda ouviremos demonstram a vontade, a firmeza, a convicção e o valor do Senado Federal, dos Senadores e das instituições do Brasil, que não podem ser desautorizadas.

Ouço o Senador Demóstenes Torres, com prazer.

O Sr. Demóstenes Torres (PFL - GO) - Senador Sérgio Guerra, V. Exª faz um discurso...

(Interrupção do som.)

O Sr. Demóstenes Torres (PFL - GO) - ...com muita propriedade e que reflete o pensamento da Casa. Em primeiro lugar, trata-se de um ataque gratuito à pessoa do nosso querido Senador Tasso Jereissati, um homem honrado e decente, muito mais do que o Sr. Ricardo Berzoini, que acaba de fazer a acusação. Além disso, o pai do Senador Tasso Jereissati é um homem intocável em sua memória, porque em vida ele teve a oportunidade de se defender e de se limpar - o que muitos petistas não tiveram, inclusive o Presidente Berzoini. O que quero deixar aqui é o repúdio a esse tipo de manifestação. Não podemos, em hipótese alguma, aceitar que o jogo político traga à baila agressões à família, agressões à honra. O jogo político tem que ser duro. O embate tem que ser cada vez mais acirrado, mas no campo ideológico, jamais nesse nível, ao rés do chão. Quero aproveitar - acabo de ser comunicado - para dizer que hoje é aniversário do nosso queridíssimo Presidente Antonio Carlos Magalhães, que completa 79 anos. S. Exª tem uma longa história política, é um homem honradíssimo, um exemplo para todos nós. É polêmico, mas continua extremamente representativo, formador de opinião, e merece toda a nossa consideração. Em relação ao Berzoini, ao contrário do nosso querido Senador Antonio Carlos Magalhães, merece ele, sem sombra de dúvida, o repúdio desta Casa.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Concedo um aparte ao Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - O Senador Tasso Jereissati é um dos melhores políticos que temos hoje no Brasil. A remodelação que fez no Estado do Ceará é um exemplo para qualquer Estado do Brasil. Eu, muito jovem, aprendi a respeitar seu pai, Senador, Ministro de Getúlio, homem pelo qual o Dr. Getúlio tinha a maior admiração e que, apesar de ser do Nordeste, de uma área com que não tinha uma identificação maior, teve e manteve sempre essa identidade. Pagou um preço por isso, porque ele foi dos que foram fiéis até o fim. Eu sempre tive pelo Senador um grande respeito e uma grande admiração, o que todo o País deveria lhe emprestar. Mas eu não consigo entender. Sinceramente, eu não consigo entender. Numa hora como esta, em que estamos às vésperas de um pleito difícil, quando o maior Partido de Oposição tem um Presidente que é uma pessoa equilibrada e que tem dado demonstrações de competência, de capacidade, de busca do diálogo - em várias circunstâncias, foi exatamente dele que nasceram as provas e as formas do entendimento -, a troco de que o Presidente do PT vem com uma afirmação gratuita, ridícula, fora de propósito e sem nexo? Não tem lógica, a não ser uma das bobeiras que, às vezes, as pessoas cometem. Mas o Presidente do PT, numa hora como esta, fazer uma agressão ao Presidente do PSDB, não dá para entender. Sinceramente, não dá para entender. A não ser que exista algo oculto, que seja daqueles que querem realmente tumultuar e criar um clima que não é o clima que desejamos, para que, com tanta dificuldade, cheguemos ao final da linha. A única coisa absolutamente tranqüila é a unanimidade com relação à figura do Senador Tasso Jereissati e a unanimidade com relação ao carinho e ao afeto que o Brasil tem por seu pai.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - V. Exª me permite um aparte, Senador Sérgio Guerra?

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Pois não, Senador Edison Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador Sérgio Guerra, ao longo da vida, já assisti a muitas homenagens póstumas, mas ataque póstumo é a primeira vez que vejo. É a coisa mais despropositada que já vi. Conheci o Senador Carlos Jereissati quando eu era jornalista, no início da década de 60. Era um homem afável, agradável, inteligente e talentoso. Honra-me ser amigo de seu filho, poder contar com sua amizade. Como disse ainda há pouco o Senador Antonio Carlos Magalhães, trata-se de uma das melhores figuras desta geração de políticos. Eu realmente não compreendi, como perplexa se encontra toda a Casa, por que o Presidente do PT resolveu caminhar por esses ínvios destinos. Não entendo o porquê de um ataque despropositado dessa natureza. Conta a família Jereissati com toda a minha solidariedade e apoio.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Sr. Presidente, a palavra que expresso aqui é a do meu Partido, é a do Líder Arthur Virgílio. As manifestações que até agora ouvimos são a confirmação de um sentimento que, na minha opinião, demonstra com clareza que o Senador Tasso Jereissati não foi atingido por essas acusações, nem S. Exª, nem o Ceará, nem o Nordeste, do qual o Senador foi inspirador e modelo para várias e boas gerações de Líderes que lá se formam. Nada disso.

            As acusações demonstram a precariedade de um determinado grupo de políticos que não entendem que este País é muito maior do que isso, que é preciso construí-lo com dignidade e com respeito à opinião contrária.

(Interrupção do som.)

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - É preciso que este País melhore de fato e que as instituições sejam preservadas. E suas lideranças também.

Um país não pode perder suas referências, e o Senador Tasso é uma das referências da política brasileira. A vida do seu pai nunca foi questionada. Foi um homem público reconhecido. A nossa solidariedade, Tasso, à sua família é integral, e a nossa absoluta rejeição a esse político primitivo e incompetente que preside o PT é real, não é formal, é real.

Agradeço a atenção dos senhores. Nós, do PSDB, cumprimos apenas com a nossa mínima responsabilidade de advertir o País sobre atuações levianas de gente que não merece o papel que tem.

Senador Tasso, para terminar, concedo um aparte a V. Exª.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Sérgio Guerra, Senador Arthur Virgílio, que, embora ausente, redigiu esta nota, eu gostaria de dizer, com muita tranqüilidade e com muita calma, que o Senador Eduardo Azeredo aqui fez uma referência, a de que, ao entrar na minha sala, durante o Governo, havia um retrato do meu pai. Todos aqueles amigos que já foram à minha sala aqui viram, com certeza, atrás da minha mesa, um retrato do meu pai, falecido há 40 anos. Meu pai morreu muito novo, em 1964, com apenas 46 anos, de um ataque de coração.

De lá para cá, mesmo antes, ele foi ponto de referência e exemplo da minha vida. O depoimento de todos os Senadores que se aqui se manifestaram deram-me enorme força. Na verdade, Senador, estava preparado para dar uma resposta no discurso que ia fazer, porém, a demonstração dos colegas Senadores já foi a minha resposta. Só quero dizer que saio profundamente emocionado da demonstração dada pelos companheiros aqui. Muito obrigado.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Senador Geraldo Mesquita.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Sérgio Guerra, o absurdo da coisa já foi demonstrado à soberba aqui por vários Senadores. O Senador Edison Lobão, por exemplo, se espantou, porque, segundo ele, já conviveu com homenagens póstumas, não com agressões póstumas, que é algo inédito realmente. Chamo essa agressão, de “agressão bumerangue”, porque é uma agressão covarde, contra alguém que não pode mais se defender; é uma agressão indireta ao filho da pessoa, aquela pessoa que nos orgulha, inclusive, como amigo, como homem público com o qual mantemos convivência política de amizade pessoal, o que muito nos orgulho. É covarde por todas as razões. É uma “agressão bumerangue”, como disse, porque se volta contra o agressor. Senador Tasso Jereissati, aqui resgato a preocupação do próprio Senador Pedro Simon: Por que isso? Tanta coisa que temos para discutir nessa eleição, tantos são os problemas que nos afligem, de repente, gratuitamente, uma agressão covarde como essa, que se volta contra o agressor porque não se pode admitir, no contexto atual, no momento político brasileiro, que as nossas preocupações se voltem para algo dessa natureza, de toda a forma inexplicável. É preciso que pensemos muito. Qual é o propósito de uma pessoa que assaca uma agressão dessa natureza contra alguém que não mais pode se defender, tentando agredir indiretamente à família dessa pessoa na pessoa do Senador Tasso Jereissati? Portanto quem agrediu acaba se auto-agredindo porque é o resultado de um ato baixo como esse. Um ato baixo, Senador Tasso Jereissati! V. Exª faz bem, não entre nessa polêmica, isso não o atinge de forma alguma nem a sua família. Seus amigos orgulham-se de privar de sua amizade. V. Exª realmente não precisa se sentir ofendido, porque o que vem de baixo não atinge pessoas como V. Exª.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Sr. Presidente, vou concluir.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Sérgio Guerra, um aparte, por favor.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Senador Flexa.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Sérgio Guerra, acabo de chegar ao plenário. Senador Tasso, tomei conhecimento, no caminho do aeroporto até aqui, pela Rádio Senado, das impropriedades ditas pelo Presidente do PT, Deputado Berzoini. Quero dizer que a solidariedade a V. Exª, à sua família e ao seu pai - Senador Carlos Jereissati - não é só de seus Pares aqui do Senado, mas de toda a Nação brasileira, que reconhece em V. Exª um político ético, honrado e que trata a política com seriedade, visando melhorar a vida de todos os brasileiros. É lamentável que o Partido dos Trabalhadores, depois de fazer no Brasil, neste Governo, tudo o que fez em matéria de corrupção, falcatruas e mentiras, venha agora buscar o passado para assacar a honra e a memória de uma pessoa ilustre e honrada como o pai de V. Exª. Receba, Senador Tasso Jereissati, a solidariedade de todos os brasileiros que o conhecem e sabem do trabalho de V. Exª e da dignidade com que V. Exª labuta na vida política. Com certeza, a dificuldade de encontrar uma forma de combater o bom combate os fazem agir com esses propósitos infundados, incorretos e inverídicos levantados pelo Sr. Berzoini. É importante que ele, invés de buscar, como tenta buscar na entrevista, trazer todos - essa é a grande arma do PT - para o mesmo nível, que ele possa fazer a diferença, pois eles estão em um nível muito abaixo daquele em que V. Exª se encontra.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE) - Senadora Ideli. Não?

Sr. Presidente Senador Renan Calheiros, acho que esse acontecimento terminou se transformando num momento de afirmação do Parlamento e do Senado.

O Congresso tem sido vitimado por dezenas de episódios comprometedores, o que não é bom para a democracia, não é bom para ninguém. De repente, uma acusação precária, injusta, inadequada do Presidente de um grande partido - para qualquer um seria inadequada, para ele mais ainda, pela responsabilidade que tem - produz uma mobilização absolutamente natural de respeito à consciência brasileira, ao valor dos seus líderes, dos seus símbolos, a um político que não é só Presidente do PSDB, mas muito mais do que isso pela sua vida, pelo que faz e pela obra que já fez pelo Nordeste e pelo Brasil.

            Essa manifestação apenas confirma que a democracia faz sentido, inclusive para o Senador Tasso Jereissati, para que S. Exª mantenha a sua firmeza, o seu valor e o seu comando.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2006 - Página 27838