Discurso durante a 153ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da matéria intitulada "Empresário acusa Costa por fraudes na Saúde", publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, edição de 30 de agosto do corrente. Insatisfação com a proposta orçamentária da União para o ano de 2007 para investimentos de infra-estrutura no Estado do Espírito Santo, tendo em vista a importância crescente daquele Estado no cenário da economia nacional. Preocupação com o resultado da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE, sobre mostra o crescimento do número de jovens brasileiros que não estudam.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. ORÇAMENTO. EDUCAÇÃO.:
  • Registro da matéria intitulada "Empresário acusa Costa por fraudes na Saúde", publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, edição de 30 de agosto do corrente. Insatisfação com a proposta orçamentária da União para o ano de 2007 para investimentos de infra-estrutura no Estado do Espírito Santo, tendo em vista a importância crescente daquele Estado no cenário da economia nacional. Preocupação com o resultado da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE, sobre mostra o crescimento do número de jovens brasileiros que não estudam.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2006 - Página 29310
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. ORÇAMENTO. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DECLARAÇÃO, EMPRESARIO, ACUSAÇÃO, HUMBERTO COSTA, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), PARTICIPAÇÃO, TRANSAÇÃO ILICITA, OBJETIVO, OBTENÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, PAGAMENTO, DIVIDA, CAMPANHA ELEITORAL.
  • CRITICA, PROPOSTA, ORÇAMENTO, UNIÃO FEDERAL, REDUÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, DESTINAÇÃO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ESPECIFICAÇÃO, INFRAESTRUTURA, PORTO MARITIMO, IMPOSSIBILIDADE, ATENDIMENTO, DEMANDA, SETOR, PRODUÇÃO, OPINIÃO, ORADOR, NEGLIGENCIA, CRESCIMENTO ECONOMICO, AMBITO ESTADUAL.
  • COMENTARIO, PESQUISA, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), AUMENTO, INDICE, ADOLESCENTE, AUSENCIA, FREQUENCIA ESCOLAR, REGISTRO, INFERIORIDADE, NIVEL, ESCOLARIDADE, POPULAÇÃO, BRASIL, IMPOSSIBILIDADE, ACESSO, MERCADO DE TRABALHO, NECESSIDADE, REFORMULAÇÃO, DIRETRIZES E BASES, EDUCAÇÃO, PAIS, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, AMPLIAÇÃO, CARGA HORARIA, PERMANENCIA, ESTUDANTE, ESTABELECIMENTO DE ENSINO.

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de registrar a matéria intitulada “Empresário acusa Costa por fraudes na Saúde”, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, de 30 de agosto de 2006.

            A matéria destaca que o empresário Laerte Correa afirma que a arrecadação da Operação Vampiro visava quitar dívida da campanha do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa, ao governo de Pernambuco em 2002. Segundo o empresário, o ex-ministro teria levado para o ministério três “operadores” com o objetivo de conseguir verba para pagar uma dívida de campanha de R$3 milhões.

Sr. Presidente, solicito que a matéria citada seja considerada parte deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

O segundo assunto que trago à tribuna, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é para dizer que o Espírito Santo vem ganhando importância crescente no cenário da economia nacional. Nos próximos anos, o Estado, de acordo com a Petrobras, será responsável por 70% da produção de gás natural do País, contribuindo com 16 milhões e 700 mil metros cúbicos por dia - além de possuir a segunda maior reserva de petróleo do Brasil, calculada em 1 bilhão e 800 milhões de barris.

Somos a quinta maior unidade da Federação em receita de comércio exterior, e nossa participação na balança comercial é expressiva, como maior exportador de mármore e granito da América Latina e primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, para citar apenas alguns produtos. Temos o maior complexo de pelotização de minério de ferro do mundo e somos o maior produtor nacional de placas de aço, o segundo maior produtor brasileiro de mamão, café e chocolates.

A economia capixaba é a sétima mais competitiva do País, com crescimento maior que a média brasileira. De 1970 a 2004, as exportações do Espírito Santo cresceram a uma média anual de 16%, enquanto a média nacional no mesmo período foi de 11%. No primeiro semestre de 2006, as exportações pelo Estado cresceram mais de 15%, índice superior ao nacional, que foi de 13,45%.

Diante de tais números, que expressam de maneira eloqüente o dinamismo da economia capixaba, é decepcionante que a proposta do Orçamento Geral da União para 2007 tenha contemplado de maneira evidentemente insatisfatória o Espírito Santo na área de investimentos em infra-estrutura. Foram destinados, por exemplo, apenas R$10,6 milhões ao Porto de Vitória. É uma dotação claramente insignificante para atender às demandas dos setores produtivos, que exigem a expansão operacional do complexo portuário da região. A falta de navios, contêineres e de espaços para armazenamento tem obrigado exportadores a recorrer ao porto do Rio de Janeiro para o embarque de seus produtos, encarecendo o frete em quase 100%.

Quanto ao trecho de 458 quilômetros da BR-101 que atravessa o Estado, da divisa com o Rio de Janeiro à divisa com a Bahia, não foi incluído na previsão de obras na rodovia, apesar das más condições em que se encontra e de sua importância para a atividade econômica.

São gargalos logísticos consideráveis, cuja eliminação é vital para que o Espírito Santo continue a contribuir para o crescimento da economia brasileira. As dotações do Orçamentos Geral da União para 2007 devem proporcionar condições para que a indústria movimente seus produtos, tornando-se competitiva e gerando novos postos de trabalho e impostos. Para isso, é essencial que não ignore portos e estradas em regiões de valor estratégico, como é o caso do território capixaba.

Como terceiro assunto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero dizer que estatísticas recentes, resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - a mais importante pesquisa anual realizada pelo IBGE -, revelam um fato preocupante: pelo segundo ano consecutivo, cresceu o número de jovens brasileiros de 15 a 17 anos que não estudam.

No ano passado, já eram 1 milhão e 900 mil os adolescentes brasileiros nessa faixa etária que estavam fora da escola, o que nos fez regredir aos números constatados pela pesquisa em 2002.

O crescimento desse contingente de excluídos pode não ter sido grande em termos percentuais, mas o fato é que a taxa aumentou por duas vezes consecutivas, chegando a 18% em 2005.

Estamos diante de uma tendência que merece a atenção imediata das autoridades responsáveis pelo setor educacional, para evitar que o índice continue em expansão. É bom lembrar que desde 1993 vínhamos conseguindo reduzir o número de adolescentes que não estudavam. Se nos últimos dois anos essa curva descendente foi interrompida, certamente é porque estão faltando políticas que permitam o acesso e a manutenção dos jovens nas escolas.

Ampliar o nível de educação da juventude é essencial para reduzir de maneira consistente as desigualdades sociais. Alega-se que o número de jovens fora do sistema de ensino cresceu devido a um aquecimento no mercado de trabalho, que os fez trocar os bancos escolares por oportunidades de emprego.

Mas pesquisas desmentem essa suposição, ao demonstrarem que a ocupação nessa faixa etária caiu. Um levantamento feito pelo Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, mostra que o índice de desemprego entre brasileiros com 16 até 24 anos era de 31,82% no ano passado - quase o triplo do índice nas demais faixas etárias.

A escolaridade médias dos jovens brasileiros com idades entre 15 e 24 anos é de menos de oito anos de estudo, enquanto no Chile, por exemplo, chega a dez anos. Caso seja mantida a velocidade de crescimento dos nossos índices de escolaridade média, precisaremos de 15 anos para alcançar o atual índice chileno. Calcula-se que cerca de 12% de nossos jovens não têm condições de competir no mercado de trabalho, por serem analfabetos funcionais, que não chegarem a completar a quarta série do ensino fundamental.

Garantir o acesso à escola, fazer com que os jovens nela permaneçam e buscar a qualidade na educação devem ser metas permanentes de qualquer política educacional. Recentemente, apresentei nesta Casa projeto de lei que institui a jornada escolar de tempo integral no ensino fundamental, ampliando a carga horária das atuais 800 horas e 1.400 horas anuais, destinando pelo menos mil ao efetivo trabalho em sala de aula. Sua implantação gradual - com a posterior extensão para outras etapas da educação básica - proporcionaria benefícios pedagógicos, contribuiria para a inclusão social e para que a educação brasileira desse, finalmente, o salto de qualidade de que tanto necessita.

Não há como pensar em crescimento econômico e em desenvolvimento sustentável sem investimento em educação. Um sistema educacional eficiente é o mais importante entre os instrumentos capazes de assegurar uma sociedade mais justa e inclusiva. Se não detectarmos a tempo nossas falhas e não adotarmos providências para corrigi-las, pagaremos o preço por muito tempo, pois continuaremos a conviver com altos índices de evasão escolar e a formar gerações de despreparados para os desafios do mundo moderno.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCOS GUERRA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Empresário acusa Costa por fraudes na Saúde.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2006 - Página 29310