Discurso durante a 188ª Sessão Especial, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do Senador Ramez Tebet, ocorrido no dia 17 último, na cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do Senador Ramez Tebet, ocorrido no dia 17 último, na cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/2006 - Página 34839
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RAMEZ TEBET, SENADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Senador Renan Calheiros, Presidente desta Casa, Srªs e Srs. Senadores, recebi a notícia do falecimento do Senador Ramez Tebet quando me encontrava no interior do meu Estado. Como, para chegar ao Acre e de lá sair, há que se estabelecer uma logística previamente detalhada, vi-me impossibilitado de comparecer aos funerais do grande amigo Senador Ramez Tebet.

A última lembrança que tenho dele é uma cena que se passou na escadaria do hall dos elevadores: ele descia devagarzinho, um assessor o acompanhava de perto. Já se fazia notar o seu abatimento acentuado. Mesmo assim, ao chegar ao final da escadaria, respeitosamente, como sempre fiz, permiti-me dar-lhe um abraço e cumprimentá-lo. E, mais uma vez, recebi do Senador Ramez Tebet, Senador Paulo Paim, o cumprimento carinhoso. Isso me fez lembrar, neste final de semana, o quanto ele foi importante na minha vida dentro desta Casa.

É claro que, quando cheguei aqui, sabia quem era o Senador Ramez Tebet. É óbvio que companheiros que já usaram da palavra, como V. Exª, conviveram com ele por muito tempo, como é o caso dos Senadores Antonio Carlos Magalhães, José Agripino, Renan Calheiros, Arthur Virgílio, que aqui já se pronunciou, Magno Malta, que me emocionou com o seu pronunciamento. É claro que V. Exªs conviveram com ele por muitos anos e relataram aqui, com a autoridade do convívio, da camaradagem e da amizade, episódios, como aquele de coragem moral citado pelo Senador Arthur Virgílio. Disse S. Exª que, em um momento em que a Casa beirava a conflagração, o Senador Ramez Tebet rompeu as fileiras daqueles que estavam exaltados e recebeu de todos o respeito que sempre recebeu e mereceu.

Mesmo sem ter tido esse convívio, mas com o conhecimento de quem sabia de quem se tratava, quero revelar pela primeira vez - e faço esta revelação em uma modesta homenagem ao Senador Ramez Tebet - que, desde o primeiro momento em que cheguei ao Senado - talvez eu tenha tido esta felicidade - gozei da amizade, da aproximação e da camaradagem do Senador Ramez Tebet. Podem ter certeza absoluta de que ele foi fundamental para o exercício do meu mandato, especialmente pela sua coragem insuperável de enfrentar, ao longo de tantos anos, o mal que lhe acometia e que acabou por vencê-lo. Era uma coragem que não nos permitia e não nos permite fraquejar, Senador Paulo Paim.

No exercício do meu mandato, tenho passado por alguns dissabores também, nem de perto parecidos com as agruras por que passou o Senador Ramez Tebet.

Porém, com aquela força, mesmo alquebrado, olhávamos para sua fisionomia nos últimos dias e sentíamos a dor presente. Ele, superando tudo isso, tinha sempre o olhar carinhoso, sobretudo, o gesto amistoso, para mim, particularmente, que recorri a ele muitas vezes. Até para me aconselhar com relação ao meu ingresso no PMDB: “Senador, o que o senhor acha?”. E mais uma vez, ele me dirigiu palavras carinhosas, que penso nunca ter merecido, Senador Paulo Paim, mas a sua grandeza e a sua generosidade tiveram o dom de me falar daquela forma.

Muitas vezes, Senador Paulo Paim, aconselhei-me com o Senador Ramez Tebet. Isso não é visível, não é público, nunca foi, porque é da minha natureza, sou uma pessoa muito discreta. Mas recorri muito a ele. Tenho certeza absoluta de que consegui me manter, mesmo no ambiente tumultuado que por vezes me vi envolvido nesta Casa, em uma linha reta, Senador Magno Malta.

E devo isso muito - e aqui a minha homenagem - ao Senador Ramez Tebet.

Que Deus o acolha com benevolência, que Deus lhe dê a tranqüilidade da vida eterna que só aquelas pessoas que passaram por esta terra, Senador Mão Santa, com grandiosidade, com dignidade e com amor ao próximo merecem.

Aqui deixo a minha palavra de saudade, de admiração, de respeito profundo por uma pessoa que, dentre tantos nesta Casa, foi tão importante para o meu convívio, para a minha estada no Senado Federal, uma pessoa que, com palavras simples, palavras de orientação, conseguiu clarear, para mim, a situação quando ela estava nebulosa, Senador Paim; conseguiu apontar caminhos quando eu não os enxergava.

Tenho certeza absoluta de que, mesmo chorando, Senador Malta, a família do Senador Ramez Tebet deve ter um orgulho muito grande do marido, do pai, do avô do qual se despediu.

O Senador Ramez Tebet era daqueles Parlamentares, daqueles homens públicos que, ao longo da sua existência, advogaram as maiores causas, como a causa da justiça social, por exemplo. Ele o fazia, porque tinha o sentimento de justiça dentro de si. Muitos o fazem da boca para fora, mas ele fazia com convicção, com amor, porque tinha o sentimento de justiça dentro de si. Era algo nato, nasceu com ele.

Não vou me alongar, mas não podia deixar de vir a esta tribuna, talvez sem as condições necessárias para homenagear um homem tão importante como o Senador Ramez Tebet, a fim de deixar a minha lembrança, a minha saudade a um homem que deixou marcas, não apenas no Senado Federal, de grandeza, de hombridade, de seriedade, de amor por este País, e não apenas para nós que ficamos, mas para o povo da sua terra, o povo deste País tão querido.

Esta é, portanto, Senador Paim, Colegas, a homenagem que todos prestam. Alguns, de longo convívio com o Senador Ramez Tebet; outros, como é o meu caso, com um convívio tão pequeno, mas tão importante que foi para minha vida.

Quero aqui pedir a Deus, como já disse, que o acolha com benevolência e que dê o conforto que seus familiares e os companheiros que trabalharam com ele nesta Casa precisam e merecem.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/11/2006 - Página 34839