Discurso durante a 192ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a visita do presidente Lula ao Estado do Mato Grosso, no último dia 21, onde participou de diversos eventos de inauguração. Leitura de carta enviada pelos reitores das universidades públicas e privadas do Mato Grosso, ao governador do Estado, sobre a extinção da Fapemat.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Considerações sobre a visita do presidente Lula ao Estado do Mato Grosso, no último dia 21, onde participou de diversos eventos de inauguração. Leitura de carta enviada pelos reitores das universidades públicas e privadas do Mato Grosso, ao governador do Estado, sobre a extinção da Fapemat.
Aparteantes
Heráclito Fortes, Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2006 - Página 35312
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, FESTA, VISITA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PRESIDENTE DA REPUBLICA, INAUGURAÇÃO, TRECHO, RODOVIA, USINA, Biodiesel, PIONEIRO, SIMULTANEIDADE, PRODUÇÃO, AÇUCAR, ALCOOL, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, FINANCIAMENTO, FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO CENTRO-OESTE (FCO), DETALHAMENTO, TECNOLOGIA, MATERIA-PRIMA, PRODUTO VEGETAL, SUB PRODUTO, CANA DE AÇUCAR, DADOS, COMERCIALIZAÇÃO, ENERGIA ELETRICA, INCLUSÃO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, AGRICULTURA, ECONOMIA FAMILIAR, ANALISE, IMPORTANCIA, CRESCIMENTO, AGROINDUSTRIA, ALTERNATIVA, EXPORTAÇÃO, SOJA, REGIÃO, APOIO, GOVERNADOR.
  • LEITURA, CARTA, REITOR, DIRETOR, TOTAL, UNIVERSIDADE, CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLOGICA (CEFET), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), DESTINATARIO, GOVERNADOR, SOLICITAÇÃO, MANUTENÇÃO, ORGÃO PUBLICO, PESQUISA, AMBITO ESTADUAL.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Muito obrigada, Senador Jonas Pinheiro, que neste momento preside a nossa sessão do Senado.

Srªs e Srs. Senadores, no dia 21, terça-feira passada, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em nosso Estado, Mato Grosso, cumprindo uma agenda extremamente positiva. Começamos por Sapezal, com a inauguração do trecho da estrada 364. O trecho concluído é de Comodoro, Sapezal. Sabemos que ainda deve ser terminada a travessia de Sapezal e depois mais um trecho da BR-364.

Costumo dizer que as rodovias nunca estão prontas. Algumas ainda não estão prontas mesmo, porque falta asfaltar alguns de seus trechos, como a BR-364, especialmente a BR-158, e a BR-163, que é importantíssima e que está asfaltada em Mato Grosso, mas precisa ser restaurada e, fundamentalmente, asfaltada no trecho do Pará, para que o escoamento da gigantesca produção do Mato Grosso se dê em Santarém.

Mas, após estarmos em Sapezal, na inauguração desse trecho da BR-364, o Presidente Lula e sua comitiva dirigimo-nos para o Município de Barra do Bugres, que fica 169 quilômetros ao norte da nossa capital, Cuiabá. Lá foi inaugurada a Usina de Biodiesel Barralcool, que é a primeira do mundo a produzir biodiesel, açúcar e álcool de forma integrada, Sr. Presidente. Produz açúcar, álcool e biodiesel. É a primeira empresa do mundo que está conseguindo fazer, de forma integrada, a produção desses três produtos.

A Barralcool é também a primeira usina a gerar três tipos de fonte de bioenergia: o bioetanol, a partir do álcool; a bioeletricidade, geração de energia por meio da biomassa, com aproveitamento do bagaço de cana; e agora o biodiesel, utilizando-se diversos tipos de óleos vegetais.

Atentem, senhores, para o fato de que se trata da primeira empresa do mundo a produzir biodiesel, açúcar e álcool de forma integrada. É também a primeira usina a gerar três tipos de fonte de energia: o bioetanol, a biomassa e o biodiesel.

A população de Mato Grosso recebeu o nosso Presidente com uma grande festa popular que há muito não se via. Aliás, faço aqui um parêntese para saudar os nossos companheiros de Partido e a população, de modo geral, que estava em Barra do Bugres, da região de Tangará e de Nova Olímpia. Na nossa Barra do Bugres foi, obviamente, uma recepção com uma multidão incontida, numa alegria, numa euforia que eu não via há muito, a saudar o Presidente Lula.

O investimento na usina foi de R$27 milhões, sendo R$15.9 milhões financiados pelo Fundo Constitucional Centro-oeste (FCO), por meio do Banco do Brasil, e R$11.1 milhões de recursos próprios.

De acordo com o diretor de biodiesel da Barrálcool, Sílvio Rangel, a integração com a unidade sucroalcooleira trouxe uma economia de 20% a 25% no valor do investimento, se comparado a uma planta de biodiesel não integrada.

A nova unidade produzirá o biodiesel a partir de vários óleos e, quando se estiver utilizando da rota etílica (bioetanol como matéria-prima), o biodiesel produzido será 100% ecológico, Sr. Presidente, conforme explica o vice-presidente de operações da Dedini, José Luiz Olivério, empresa de Piracicaba, parceira do projeto e fornecedora dos equipamentos.

Isso será possível, segundo ele, porque a usina utilizará em sua composição exclusivamente produtos de origem vegetal e oriundos de fontes renováveis, até mesmo em suas fontes de energia elétrica e térmica, que aproveitarão o bagaço de cana gerado como combustível.

Atualmente, Sr. Presidente, com a co-geração do bagaço de cana - atentem senhores que me ouvem por essa televisão, Srs. Senadores -, a usina produz 23 megawatts de energia elétrica, dos quais, 7 megawatts para consumo próprio e o restante comercializado para a Rede Cemat (Rede de Energia de Mato Grosso) e para o atendimento dos consumidores, tudo do bagaço da cana.

Segundo o nosso querido e competente Ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, a produção do biodiesel na usina segue as diretrizes do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, que trata os biocombustíveis como solução para múltiplos problemas. “Eles devem ser não só uma solução energética, mas também uma fonte de renda para os pequenos agricultores”, observou o Sr. Ministro.

O Prefeito de Barra do Bugres, nosso companheiro Aniceto de Campos Miranda, disse que a chegada da usina vai fortalecer a economia do Município. Ele informou que 10% da matéria-prima a ser utilizada pela usina virão da agricultura familiar.

Isso é extremamente importante, porque a agricultura familiar é significativa na região e precisa ter espaço assegurado na produção do biodiesel. Ainda disse o nosso Prefeito Aniceto: “Se cada pequeno produtor plantar um hectare, teremos seis mil empregos diretos em toda a região, compreendida por 14 Municípios. Além disso, teremos um acréscimo entre 10% e 15% na oferta de energia”.

Seguindo as diretrizes do Programa do Biodiesel, a usina Barralcool, que vai utilizar diversas matérias-primas e dar prioridade, em um primeiro momento, à soja e ao girassol, oleaginosas produzidas na própria região, produzirá 57 milhões de litros de biodiesel ao ano.

A usina de biodiesel Barralcool vai empregar aproximadamente 40 pessoas na indústria e cerca de 1,8 mil no campo, com perspectivas, segundo o Prefeito de Barra do Bugres, Aniceto Miranda, de chegar a 6 mil empregos nos próximos anos.

Sr. Presidente, Sr. Senador, Srª Senadora, encerro esse trecho da minha fala sobre a visita do Presidente Lula ao meu Estado, para a inauguração de um trecho da BR-364 e a inauguração da Barralcool, repito, a primeira usina do mundo a produzir biodiesel, açúcar e álcool de forma integrada, e sobre como foi a recepção - também já falei aqui - do povo ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Presidente, em sua fala, lá disse que, desde o primeiro momento do seu Governo, vem se empenhando e, de forma determinada, exigindo que se definam, cada vez mais, com mais e mais clareza, a possibilidade e o potencial do aumento da produção do biodiesel em nosso País.

A cadeia produtiva do biodiesel vem da matéria-prima, industrialização do óleo até a comercialização. Está claro que a vocação do Mato Grosso não mais se restringe a soja para exportação, algodão ou carne de exportação, mas é também, fundamentalmente, para o álcool, o açúcar e o biodiesel.

Ouvimos lá as falas do Presidente da República e dos empresários presentes. A vontade, a determinação e a alegria do Presidente em estar participando daquele momento histórico de Mato Grosso...

(Interrupção do som.)

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Tenho cinco minutos a mais, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - V. Exª está com a palavra.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Sr. Presidente.

Lembrou também lá o Presidente que o seu empenho está na necessidade de ver a agricultura familiar incluída diretamente no processo de desenvolvimento do Estado de Mato Grosso, por meio de vários setores, mas muito especialmente por meio do biodiesel.

O Governador Blairo Maggi, que acompanhava o Presidente de República, em determinado momento do seu discurso, disse com todas as letras que nunca acreditou no potencial do biodiesel, mas que, a partir do momento em que viu a determinação do Presidente Lula e as ações tomadas nessa direção para que o biodiesel realmente seja um dos motes principais do desenvolvimento de Mato Grosso, passou a acreditar. Penso ser interessante registrar isso nesta tribuna.

Sr. Presidente, lerei uma carta que os reitores das nossas universidades públicas e particulares de Mato Grosso enviaram ao Governador do Estado. Esses reitores me enviaram cópia dessa carta, que faço questão de ler nesta tribuna. Inclusive, conversei com o Governador a esse respeito e soube que ele enviou um projeto de lei à Assembléia Legislativa para extinguir a Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Mato Grosso), entidade que não pode ser extinta, pois é da maior importância.

Faço agora o registro, não apenas com a leitura dessa carta, mas com o meu depoimento, de que conversei com o Governador na terça-feira e disse a ele da inviabilidade e do prejuízo para Mato Grosso da extinção da Fundação de Amparo à Pesquisa. Ele demonstrou sensibilidade e nos disse que vai rever a questão. Faço este relato aqui para tranqüilizar a todas as pessoas, principalmente as de Mato Grosso. Vários Estados têm Fundação de Amparo à Pesquisa e sabem da importância para o desenvolvimento científico e tecnológico de um Estado a existência dessa entidade. Então, o diálogo com o Governador foi nesse sentido, e ele se dispôs realmente a rever a questão.

Passo a registrar aqui a carta encaminhada pelos Srs. Reitores ao Governador Blairo Maggi:

Sr. Governador, como é de conhecimento de V. Exª, o papel das Universidades, sejam públicas ou privadas, é gerar conhecimento e tecnologia que dêem sustentação ao desenvolvimento social. Em Mato Grosso as universidades se empenham muito em cumprir este papel, procurando estar sempre atentas às demandas da sociedade, abrindo seus muros e apresentando-se ao importante serviço de contribuir, dentro de suas competências, com o desenvolvimento do Estado.

Considerando o apoio que temos recebido de seu Governo por intermédio das diferentes modalidades de parcerias em andamento, entendemos que V. Exª realmente reconhece as Universidades como estratégicas para o desenvolvimento, o que é uma visão de Estado com a qual compartilhamos e muito nos orgulhamos. Em decorrência desta postura de Governo, nossas Instituições têm sido valorizadas ao serem convocadas não apenas para o debate, mas também para a construção e para a execução de políticas públicas, fundamentais na construção de um Estado mais justo e soberano. Entretanto, para poder atender estas convocações e se apresentar ao trabalho, as Universidades precisam desenvolver e manter sua competência.

São elevados e contínuos os investimentos necessários à qualificação, infra-estrutura e custeio para o ensino, a pesquisa e a extensão.

Para que as universidades possam desempenhar eficientemente seu papel, nós, Dirigentes das Instituições de Ensino Superior mato-grossenses, ao lado dos nossos pesquisadores, temos nos empenhado cotidianamente na busca dos recursos, sempre objetivando a consolidação da competência de nossas Instituições, para que as mesmas estejam à altura do grande desafio de contribuir para a elevação do conhecimento, para a geração de alternativas sociais e para a melhoria da qualidade de vida da população de Mato Grosso.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me concede um aparte?

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Aguarde um instante Senador. Ouvirei V. Exª com prazer, se o Presidente me der um tempinho.

Nosso esforço tem sido compensado por algumas ações governamentais nas esferas Federal, Estadual e Municipais, coerentes com a realidade regional. No Estado, um órgão de destaque é a Fapemat. Nos últimos quatro anos, foi possível acessar recursos para a melhoria da infra-estrutura de pesquisa, melhoria da qualidade do ensino, da consolidação de programas de qualificação docente e fortalecimento da pós-graduação. Nesse período houve enorme incremento no número de grupos de pesquisa registrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, melhoria nos cursos de graduação, oferta de inúmeros cursos de pós-graduação à comunidade, com destaque aos cursos stricto sensu, devidamente recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.

Antes de entrar diretamente na fala sobre a importância da Fapemat, concedo um aparte ao Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senadora Serys, antes de mais nada quero parabenizá-la pela vitória que teve na Comissão de Infra-Estrutura, encaminhando uma emenda para turismo que, evidentemente, irá beneficiar dentre outros Estados, o Pantanal que V. Exª tão bem canta nesta Casa. Peguei uma carona com V. Exª para ver se consigo melhorias também para o Piauí, que é meu, do Senador Mão Santa e do Senador Sibá Machado. Quero, Senador Sibá Machado, levar melhorias para aquela liberdade que lhe viu nascer e para as regiões do Piauí que tem vocação para o turismo. Senadora, observava atentamente o seu discurso sobre o biodiesel e queria pedir a V. Exª que inserisse um depoimento, Senador Sibá Machado, do insuspeito brasileiro João Pedro Stédile. E insuspeito - veja bem - para a declaração que está dando aqui. No último dia 15, aconteceu, no auditório da Academia de Tênis de Brasília, um encontro que reuniu 1.300 servidores do Incra. Na ocasião, foi discutida a participação do Piauí - sempre o Piauí pagando o pato - no projeto do biodiesel. Senador Mão Santa, João Pedro Stédile, Presidente do MST, participou do evento e analisou - registro com o maior prazer a saída de plenário da Senadora Ideli Salvatti. O PT não pode ouvir críticas ao Governo. Retiro também o que disse ontem. Eu estava errado. Não adianta ter boa-fé - negativamente a realização do projeto no Estado. João Pedro Stédile afirmou que o biodiesel no Piauí está fracassado e que, no próximo ano, o MST vai lutar para que haja mudança nesse projeto. Ele disse que os trabalhadores precisam plantar outros produtos além da mamona, senão vão ficar reféns dos grupos econômicos. Mas aí, Senador Sibá Machado, vem o mais grave, e a Folha hoje publica - e quero pedir a V. Exª, até para ajudar o Lula, que nunca sabe das coisas, ele que esteve lá, na inauguração... Registro o retorno ao plenário da Líder do PT, Senadora Ideli Salvatti. A Folha publicou uma reportagem mostrando o fracasso da mamona no Piauí. E diz: “No auge do mensalão, Lula visitou fazenda e prometeu uma nova Petrobras ao Piauí”. Hoje, colonos colhem 70% a menos do que na época. Senador Sibá Machado - estou tendo o cuidado para não cometer uma injustiça -, o Sr. Lorenzetti foi com o Presidente Lula ao Piauí, como foi ao Pará para aquela “Salve Fruta”, um empreendimento que ele, com a sua experiência eclética, tentou implantar no interior do Pará. Senador Mão Santa, isso precisa ser investigado. Temos que salvar o biodiesel, Senadora Serys, porque o biodiesel é do Brasil. Não podemos permitir que recursos públicos sejam colocados em empresas que estão sendo questionadas, porque um dos seus dirigentes, por práticas não republicanas em um passado recente, foi punido pela CVM e montou esse projeto no Piauí. Estou trazendo este assunto agora, pegando carona com V. Exª, porque quero me associar à sobrevivência desse projeto do biodiesel. Quero realmente que o Presidente da República faça a Petrobras do biodiesel, mas uma Petrobras sem caixa dois, sem picaretagem. O biodiesel, evidentemente, gerará empregos, e, queiram ou não os da Base do Governo, nós vamos lutar a favor disso, porque é uma proposta do Brasil. Daí por que eu pediria - sei da sua gentileza e educação permanente - para que insira isso em seu pronunciamento. Muito obrigado.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador Heráclito Fortes.

Eu gostaria de dizer que vou ter que parar mais ou menos por aqui, mas antes disso gostaria de responder algumas questões que foram colocadas pelo Senador Heráclito Fortes. Em primeiro lugar, Senador Heráclito Fortes, quero agradecer a sua participação na aprovação da emenda de comissão sobre turismo, hoje pela manhã, na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura. Sabemos que a forma de condução determinada, considerando realmente todos os fatores que estavam em torno da questão das emendas de comissão... Felizmente, foi aprovada a nossa emenda. Trata-se, pois, de uma emenda para o Brasil e não só para Mato Grosso, portanto, também para o Piauí de Heráclito e Mão Santa.

Eu também queria dizer que não sou advogada de defesa...

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senadora Serys Slhessarenko, com isso V. Exª não será só a rainha do Pantanal. Será também a rainha da Capivara. A serra da Capivara vai ser-lhe muito grata.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Eu gostaria de dizer que não sou advogada de defesa da minha Líder - e ela já voltou para o plenário -, mas, quando V. Exª disse que ela tinha-se retirado, eu ia colocar - não pude fazê-lo naquele momento - que ela jamais se retiraria porque V. Exª tomou a palavra, de jeito nenhum, até porque a nossa Senadora Ideli não precisa desse tipo de coisa. Ela tem posturas muito claras, sempre contundentes, mas muito claras a respeito de qualquer situação neste plenário.

            Gostaria ainda de dizer que, quando João Pedro Stédile coloca os problemas do biodiesel, eu não os conheço no Piauí, mas, se são ditos, com certeza devem ter problemas; e, se os têm, também tenho certeza, Senador Heráclito Fortes, de que o Presidente Lula, como qualquer outra pessoa neste País, mas começando a citar o Presidente da República, quer que tudo seja apurado, investigado, esclarecido para ser mudado e para que se tenha realmente, como V. Exª disse muito bem, preservada e consolidada uma política de biodiesel para o Brasil como um todo.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Permite-me um aparte, Senadora Serys Slhessarenko?

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Só um momento, Senador Sibá Machado. Já lhe concedo o aparte.

Em Mato Grosso, está se iniciando esse processo e está se consolidando vitorioso. Em Mato Grosso, não é a pedra fundamental do biodiesel que vai ser fabricada; o que houve foi a inauguração de uma fábrica que já está produzindo 57 milhões de litros de biodiesel por ano, ou seja, já está consolidada, já está acontecendo. E o Presidente Lula - eu já disse aqui, tenho a impressão de que V. Exª não tinha chegado, foi no começo da minha fala - disse lá... Claro, ele estava se sentindo muito vitorioso, vendo aquela comemoração toda, aquele portento todo acontecendo em Mato Grosso, em termos de biodiesel.

            E foi muito bem dito por todos os que usaram da palavra que o biodiesel só teve chance no Brasil a partir do início do Governo Lula, que disse, no seu discurso, que também tem de ser envolvida - e será envolvida, está sendo, e já tem coisas encaminhadas por ele, inclusive legislação, etc - a agricultura familiar. É fundamental.

Claro que a agricultura familiar não pode ser exclusivamente produtora de matéria-prima para o biodiesel. Ela tem que produzir toda a alimentação para o mercado interno, de preferência até para exportação, mas, além disso, tem de ser portadora de toda cadeia produtiva do biodiesel, Senador Sibá Machado, da produção da matéria-prima à industrialização e à comercialização, porque só assim os pequenos produtores rurais, os assentamentos rurais deste País terão condições de sair, de forma definitiva, do estado de dificuldade em que vive a pequena agricultura.

Concedo um aparte ao Senador Sibá Machado, com a permissão e a autorização do nosso Presidente, que já deve estar nervoso e com razão, Senador Mão Santa, porque me excedi no tempo.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Obrigado, Senador Mão Santa. Senadora Serys, sobre o biodiesel, acompanho esta matéria desde 2003, ano em que cheguei ao Senado Federal e, como tal, procuro ver in loco as experiências que o Brasil está construindo neste momento, pois, sem discussão, este é um dos empreendimentos inovadores da economia mundial, visto que combustível é a mola-mestra que move o sistema econômico de qualquer país, de qualquer comunidade. É claro que essa é uma matéria ainda muito nova para o tamanho a que se propõe, não só para o País, como para o mundo. Vi ontem que os Estados Unidos estão transformando em álcool todo milho produzido no País. Isso provocou um fato: toda a safra de milho a ser plantada no Brasil em 2007 está totalmente vendida. No caso da soja, que tanto pode ser usada na produção de biodiesel quanto na de Hbio - nova tecnologia criada pela Petrobras -, haveremos de absorver, no próprio País, para gerar energia, todo o excedente não comercializado desse grão. Mais importante que isso é o cuidado do Presidente Lula em colocar, numa cadeia produtiva tão importante como a dos biocombustíveis, os assentados da reforma agrária. Visitei, sim, a Brasil Ecodiesel, no Piauí, visitei a Agropalma, no Pará; estou visitando indústrias e centros universitários de pesquisas de biodiesel. Portanto, digo a V. Exª, com toda a tranqüilidade, a João Pedro Stédile ou a qualquer pessoa que tiver dúvida quanto ao procedimento que deve ocorrer ou ainda sobre algum erro que, digamos assim, justifique a preocupação de alguns produtores no Piauí, que ainda estão fechados em torno de um único produto, a mamona, que eu vi exatamente o contrário. Estive lá e vi que, dos nove hectares cedidos para os assentados daquela experiência, cinco hectares são voltados exclusivamente para a mamona, e quatro hectares voltados tanto para a agricultura de subsistência quanto para outras questões comerciais. Portanto, o biodiesel é uma “sacada” do Governo Federal, e nós haveremos de ser grandes líderes mundiais na produção desse grande produto de tanta importância para todos nós.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador.

            Eu diria que é uma grande sacada do Presidente Lula ter tido essa determinação no início do seu Governo. E inclusive ele discorria sobre a forma de equilibrar esta questão que apresentam, Senador Sibá Machado: “A soja dá muito aqui no Brasil, mas dá muito em outro país”. Ora, isso não importa, porque, quando não conseguimos exportar a quantidade necessária, transformamos a soja em biodiesel. De repente, há um aumento de preço desse produto no exterior, e então se consegue exportar a soja e diminuir sua produção. Quer dizer, há uma forma de atingir certo equilíbrio para não ter prejuízo em determinados momentos, como o que ocorreu há pouco no agronegócio, que entrou em crise pelo baixo preço da soja.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senadora... Eu queria ser justo, Senador Mão Santa, e não quero discordar do Senador Sibá Machado, meu conterrâneo velho da Liberdade. Eu acho que foi uma grande sacada do Presidente Lula. Aliás, em termos de sacada, só se perde para o empresário que foi lá para o Piauí. Aí é diferente: sacada aos cofres públicos. A grande diferença é essa: o Presidente Lula teve uma grande sacada ao conceber um projeto que não é dele, mas, como ele já se apropriou de tantos outros, está dentro do padrão, não há nenhuma novidade. E eu louvo o Presidente Lula pela humildade de, não tendo equipe nem imaginação criadora para inovar, aproveitar...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senadora Serys Slhessarenko, nunca tentando sacá-la da tribuna, mas eu quero lembrar que V. Exª está com 32 minutos. Pacientemente, o Senador Mozarildo Cavalcanti espera.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Mas eu preciso que os aparteadores terminem o discurso para eu poder encerrar.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Então, concluindo, Senador Mão Santa, é preciso apenas saber quanto foi o saque aos cofres públicos desse fracassado projeto, como também aquele lá das frutas do Pará, do chuveiro...

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Já dissemos aqui, Senador...

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) -...do chuveiro. Como é o nome dele? Do Lorenzetti.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Senador Heráclito Fortes, já dissemos aqui que, se tiver problema, vai ser apurado. Não vamos discutir isso.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª tenha certeza disso.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Eu gostaria apenas de agradecer ao Senador Mozarildo Cavalcanti, que me cedeu o espaço dele.

Peço que seja transcrita a Carta dos Reitores na íntegra, assinada por Paulo Speller, Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso; por Taisir Mahmudo Karim, Reitor da Unemat; por Altamiro Belo Galindo, Reitor da Unic; por Luzia Guimarães, Reitora da Unirondon; por Drauzio Antonio Medeiros, Reitor da Univag; por Henrique do Carmo Barros, Diretor do Cefet de Mato Grosso; por Ademir José Conte, Diretor do Cefet -Cuiabá.

Muito obrigada.

Obrigada, Senador Mozarildo Cavalcanti.

 

************************************************************************************************DOCUMENTO A QUE SE REFERE A SRª SENADORA SERYS SLHESSARENKO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inc. I e §2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Carta dos reitores ao Governador Blairo Maggi


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/11/2006 - Página 35312