Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da posse do ex-Senador José Jorge, na Presidência da Companhia Energética de Brasília.

Autor
Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • Registro da posse do ex-Senador José Jorge, na Presidência da Companhia Energética de Brasília.
Aparteantes
Gerson Camata, Mão Santa, Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 09/02/2007 - Página 1302
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • SAUDAÇÃO, JOSE JORGE, EX SENADOR, POSSE, PRESIDENCIA, COMPANHIA ENERGETICA DE BRASILIA (CEB), REGISTRO, PRESENÇA, ORADOR, CONGRESSISTA, CERIMONIA.
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, JOSE JORGE, EX SENADOR, DETALHAMENTO, VIDA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, COMPANHIA ENERGETICA DE BRASILIA (CEB), EX-DEPUTADO, ENGENHEIRO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE), EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME).
  • LEITURA, TRECHO, DISCURSO, POSSE, JOSE JORGE, PRESIDENTE, COMPANHIA ENERGETICA DE BRASILIA (CEB), CONFIRMAÇÃO, COMPROMISSO, EFICACIA, FORNECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE.
  • ELOGIO, JOSE ROBERTO ARRUDA, GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), ESCOLHA, PRESIDENTE, COMPANHIA ENERGETICA DE BRASILIA (CEB).

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, ilustre Senador Alvaro Dias, Srªs e Srs. Senadores, serei breve, mas não poderia deixar de ocupar a tribuna hoje à tarde para registrar a posse do ex-Senador José Jorge, ex-Ministro de Minas e Energia e ex-Deputado Federal na Presidência da Companhia Enérgica de Brasília, por ato, a meu ver, inspirado do atual Governador do Distrito Federal, o nosso ex-colega José Roberto Arruda.

A cerimônia foi extremamente concorrida, com a presença de muitos Senadores, eu diria em torno de 30 Senadores, e Deputados Federais. Portanto, foi uma posse que marcou o reconhecimento da escolha feita do nome do Senador José Jorge para presidir a referida companhia.

Manifesto, em rápidas palavras, Sr. Presidente, que o Senador José Jorge é cidadão de dois mundos. Ele tem uma atuação muito caracterizada no plano acadêmico e uma atuação também muito fecunda no campo da política.

No campo acadêmico, eu lembraria que ele é engenheiro mecânico pela Universidade Federal de Pernambuco, uma das mais reputadas faculdades do País, onde se diplomou em 1967. Formou-se em Economia pela Universidade Católica de Pernambuco, em 1968.

Fez especialização em Pesquisa Operacional, na Coppe, uma das melhores instituições da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pós-graduação em Estatística, na Universidade de Madrid, em 1972.

Também é Professor Titular do Departamento de Economia da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e Professor da Escola de Economia da Universidade Católica de Pernambuco. Com vários trabalhos realizados, publicações de reconhecido valor, tem uma vida acadêmica muito rica, o que explica também - ou ajuda a explicar - o sucesso que ele teve - e vem alcançando - no território da política, e esse é o segundo mundo do Senador José Jorge.

Não é apenas uma pessoa competente no plano acadêmico, mas uma pessoa de densa atuação no território da política. Por duas vezes em Pernambuco exerceu o cargo de Secretário de Educação nos Governos Moura Cavalcanti e Joaquim Francisco, e também Secretário de Habitação ao tempo em que governei o Estado - um excelente Secretário, posto que conseguimos construir praticamente cem mil casas populares. Pernambuco foi o segundo Estado da Federação que mais construiu moradias no quadriênio 1979/1982 - só perdemos para São Paulo. E tal se deve muito à capacidade empreendedora do Senador José Jorge. No campo da política ainda, teve quatro mandatos de Deputado Federal. Elegeu-se em 1982 e, na Câmara dos Deputados, ficou até 1999, quando escolhido Senador na chapa encabeçada pelo ex-Governador Jarbas Vasconcelos, tendo como Vice-Governador o Dr. José Mendonça Filho, numa aliança entre PMDB, PFL e outros partidos que a essa coligação se juntaram.Cumpriu um excelente mandato no Senado, o que, aliás, não foi surpresa para aqueles que o conhecem.

Tanto na Câmara quanto no Senado, foi Relator - e extremamente bem-sucedido - de projetos polêmicos. Lembro a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que tomou o nome do nosso ex-colega e Senador pelo Rio de Janeiro...

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Darcy Ribeiro.

O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Darcy Ribeiro.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - ... Darcy Ribeiro. Aliás, já que os Senadores Romero Jucá, Líder do Governo no Senado, e o Senador Gerson Camata me socorrem lembrando o nome de Darcy Ribeiro, gostaria de salientar que Darcy Ribeiro à época me procurou pedindo que eu subscrevesse, em segundo lugar, a proposição que ele estava apresentando. Relutei no começo, porque não havia concorrido em nada para a elaboração do projeto. Mas ele insistiu: “Faço questão da sua assinatura“. Isso porque à época eu era Líder de Partido, e ele também encareceu que o Líder do seu Partido, o Senador Maurício Corrêa, igualmente o fizesse. .

Pois bem, esse projeto foi relatado pelo então Deputado Federal José Jorge, assim como também o projeto que criou o Fundef, já na Administração Fernando Henrique Cardoso, e o projeto que criou o Fundeb, na atual Administração. 

Em todos esses projetos que relatou, houve opinião generalizada, tanto na Câmara quanto no Senado, de que foram proposições que mereceram amplo reconhecimento ao talento do Relator.

A mesma coisa eu poderia aplicar ao fato de ele haver relatado a polêmica PEC nº 45 que representou um passo muito importante para a reforma do Poder Judiciário.

Mas, Sr. Presidente, ainda no campo da política, lembro que ele foi Ministro de Minas e Energia em um período extremamente difícil, entre 2001 e 2002, quando houve uma crise energética por conta de irregularidade pluviométrica. O fato é que, graças ao seu tirocínio administrativo, não tivemos “apagão”. Tivemos racionalização do consumo, algo bem diferente, mas não houve “apagão”. Aliás, o plano foi tão bem executado, que os seus efeitos se prolongaram por quatro ou cinco anos posteriores à superação da crise.

Devo mencionar que ele foi Presidente do meu Partido, o Partido da Frente Liberal, e também o candidato a Vice-Presidente da República, na chapa de Geraldo Alckmin. No momento em que se afastou para ser Ministro de Minas e Energia, assumiu a vaga no Senado nosso conterrâneo e amigo, Senador José Coelho, irmão do ex-Deputado Federal Osvaldo Coelho.

José Jorge possui muitas condecorações. Não vou lê-las por limitação de tempo.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Senador Marco Maciel, ex-Vice-Presidente da República, V. Exª me permite um aparte?

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Pois não, ouço o nobre Líder Romero Jucá, nosso conterrâneo e, portanto, também conterrâneo do Senador José Jorge.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Senador Marco Maciel, quero somar minhas palavras às de V. Exª, quando, registrando a posse do Senador e Ministro José Jorge na Companhia de Eletricidade de Brasília (CEB), salienta as qualidades e a vida pública do Senador.

V. Exª sabe que acompanhei de perto essa vida pública.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - É verdade.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Praticamente comecei a minha carreira pública quando José Jorge era Secretário de Educação do Governo Moura Cavalcanti.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - É verdade.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Fui Diretor da Secretaria de Educação. Depois, no Governo de V. Exª, ele tornou-se Secretário de Habitação e eu fui seu Chefe de Gabinete.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Estou recordado.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Fui três anos Chefe de Gabinete do então Secretário de Habitação José Jorge e, por um ano, fui Diretor da Cohab no Governo de V. Exª. Sem dúvida alguma, testemunhei todas essas qualidades: experiência, compromisso público, forma cartesiana e simples de tratar os problemas, buscando resolvê-los da maneira mais inteligentes. O Senador José Jorge teve uma brilhante atuação no Senado, e tenho certeza de que engrandecerá o Governo de José Roberto Arruda. O Governador está de parabéns, pois conseguiu um homem público do maior quilate no País para dirigir a CEB. Ganham com isso o Governador, o Governo, o povo de Brasília e todos nós, porque é preciso valorizar a atuação dos homens públicos de bem, e o Senador José Jorge é um homem público de bem, tendo demonstrado isso ao longo de toda a sua carreira: nos mandatos de Deputado Federal, na história política de Pernambuco, em todos os cargos de direção partidária que exerceu. Enfim, não me estenderei no aparte, mas, de coração, desejo somar as minhas palavras às de V. Exª, porque devo muito ao Senador José Jorge, com quem aprendi muito. Ele foi um dos pilares de orientação da minha vida profissional e, sem dúvida alguma, fiquei muito feliz em vê-lo na Presidência da CEB, podendo atender a todos nós que moramos na Capital do Brasil.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Romero Jucá. O seu depoimento foi extremamente valioso e reforça aquilo que venho expressando sobre a escolha do Senador José Jorge para dirigir a Companhia Energética de Brasília.

Ouço agora o Senador Gerson Camata e, logo após, o ilustre Colega Senador Mão Santa.

O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Ilustre Senador e ex-Vice-Presidente Marco Maciel, diante da brevidade do tempo, quero apenas dizer que tenho certeza de que as palavras de V. Exª são as deste Plenário, que teve o privilégio de conviver com o Senador José Jorge. Mas a principal virtude dele que quero exaltar neste momento é a probidade, uma vida íntegra, um homem sem manchas, sans peur et sans reproche. É esse o homem com o qual o Governador Arruda está tendo o privilégio de contar na sua administração. Tenho certeza de que não será somente o presidente da Companhia de Energia Elétrica de Brasília; ele vai influenciar, com o seu conhecimento, com a sua sabedoria, todo o governo de José Roberto Arruda, fazendo com que ele faça um governo triunfante para o bem de Brasília e para o bem do Brasil. Parabéns a V. Exª!

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado. Subscrevo tudo que V. Exª disse sobre o Senador José Jorge, de modo especial com relação à sua conduta ética, ao seu honrado procedimento na vida pública.

Ouço, com muita satisfação, o Senador Mão Santa, a quem, de plano, já agradeço pelo fato de haver permutado o horário para que eu pudesse falar antes de S. Exª.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Marco Maciel, V. Exª, como sempre, na vanguarda. Ninguém lhe cedeu a posição, o lugar natural de V. Exª é na frente.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado a V. Exª.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª é um líder da vanguarda democrática do Brasil e nós, do Nordeste, nos orgulhamos disso. Mas, na posse ontem - um quadro vale por dez mil palavras - houve festividade. Havia tantos Senadores que havia quorum para legislar lá. O Governador Arruda disse que a CEB era a casa mais importante para ele, porque a ela tinha chegado aos 21 anos de idade, jovem engenheiro, vindo de uma faculdade de Itajubá, interior de Minas. Cresceu, aprendeu e chegou ao Senado, onde passou os momentos mais difíceis de sua vida. Naquela casa, ele reconstruiu a sua vida pública, encontrou forças, trabalhou, encontrou aumentada a sua fé em Deus, o valor da virtude, da humildade que une os homens, a coragem de lutar e, hoje, é o grande comandante. Ele dizia que aquilo tinha alto significado. Por causa do respeito que ele tinha pela CEB, que era a vida dele, ia buscar o mais competente para dirigi-la. Ganhou todo mundo. Deus escreve certo por linhas tortas, pois José Jorge ia ser Vice-Presidente da República - votamos nele, com muito orgulho, prefiro ter perdido com eles na chapa em que votamos -, mas agora está nessa Companhia Energética, iluminando-a. Trago aqui a voz de gratidão do Piauí, porque, no momento mais difícil do apagão, ele estava lá, comandando o País para sair daquelas dificuldades. A ele os nossos aplausos e, principalmente, ao Governador, porque o Espírito Santo, na certa, orientou-o na sábia escolha de José Jorge.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Mão Santa.

Aproveito a ocasião para dizer, Sr. Presidente, que o Senador José Jorge fez um discurso muito competente. Não vou lê-lo obviamente, na íntegra, mas vou pedir que seja transcrito em apenso ao pronunciamento que estou acabando de fazer.

Devo mencionar apenas um parágrafo:

“’Atender às necessidades de seus segmentos de mercado mediante a produção e fornecimento de energia elétrica, de outras formas de energia e serviços correlatos, com quantidade, qualidade e custos competitivos, auferindo retornos financeiros compatíveis com as exigências de desenvolvimento da comunidade, é mais do que uma frase de efeito. Esta é a missão da Companhia Energética de Brasília e sobre ela eu, como Diretor-Presidente, neste ato empossado, deverei dedicar-me diuturnamente”.

E depois lembrou os três pilares que assentarão a sua conduta: primeiro, o atendimento ao cliente; segundo, aos acionistas e, depois, ao poder concedente, no caso, o Governo Federal, cujo acompanhamento é feito pela Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica.

É importante lembrar, repetir o óbvio, que sem energia não há desenvolvimento e o setor energético em Brasília é fundamental para propelir, propulsar o desenvolvimento do Centro-Oeste, uma das regiões mais dinâmicas do País.

Sr. Presidente, antes de encerrar eu gostaria de fazer um reconhecimento ao Governador José Roberto Arruda pelo acerto da escolha, o que demonstra sua capacidade não somente de discernimento político, mas também sua visão e tirocínio administrativo.

Devo assinalar, Sr. Presidente, que o Governador José Roberto Arruda é um engenheiro, como Senador José Jorge, formado em Itajubá, Escola na qual estudou, dentre outras figuras eminentes, o ex-Deputado, ex-Governador e ex-Vice-Presidente Aureliano Chaves e é também uma pessoa de qualidades que não podem deixar de ser realçadas.

João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano - portanto, conterrâneo de José Jorge - disse certa feita que o engenheiro pensa coisas claras. Isso se aplica a José Jorge. Eu diria que José Jorge tem uma capacidade muito grande de associar causa e efeito. Ele sabe que as questões somente são resolvidas quando se atua sobre as causas e não meramente sobre os efeitos.

Aliás, o Conselheiro Acácio, personagem de Eça de Queiroz, dizia coisas óbvias em tom grave. Uma das frases muito boas dele é: “as conseqüências vêm sempre depois, nunca antes.” E repetia: “Nunca antes”. José Jorge tem essa noção de que as conseqüências vêm sempre depois e nunca antes e da necessidade, portanto, atuar sobre as causas para se ter os efeitos esperados.

Entre as outras qualidades de José Jorge, eu destacaria sua arguta percepção dos fatos, a capacidade de antever o futuro, racionalizar decisões com reconhecida lógica, seu espírito conciliador e a determinação no perseverar, pois sem isso não se chega a nenhum resultado. Ao final, não podemos deixar de dizer também que ele é uma pessoa altamente inteligente.

San Tiago Dantas, falando de Dom Quixote, em Um Apólogo da Alma Ocidental, como intitulou seu trabalho, ensina que “a tarefa da inteligência é tirar as coisas da obscuridade para a luz”. José Jorge consegue tirar as coisas da obscuridade, da complexidade, para uma luz plena, o que permite, conseqüentemente, identificar os problemas e encontrar os remédios adequados.

Sr. Presidente, concluo as minhas palavras, felicitando o Governador José Roberto Arruda pelo acerto da decisão, fazendo renovados votos de êxito ao amigo Senador José Jorge.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCO MACIEL EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I, § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Discurso de posse do Senador José Jorge na Presidência da CEB”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/02/2007 - Página 1302