Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de simpósio realizado pela Assembléia Legislativa no município de Sinop/MT, destinado a encontrar alternativas para o desenvolvimento da região norte do Mato Grosso. (como Líder)

Autor
Jayme Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Registro de simpósio realizado pela Assembléia Legislativa no município de Sinop/MT, destinado a encontrar alternativas para o desenvolvimento da região norte do Mato Grosso. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 16/02/2007 - Página 2297
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, SENADO, CIDADÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).
  • REGISTRO, INICIATIVA, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, REUNIÃO, LIDERANÇA, POLITICO, EMPRESARIO, DEBATE, ALTERNATIVA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO, MUNICIPIO, SINOP (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), OCUPAÇÃO, TERRITORIO, ATIVIDADE ECONOMICA, PRESERVAÇÃO, ECOSSISTEMA, IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, INVESTIMENTO, TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, PRODUÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, COMPATIBILIDADE, OBRAS, INFRAESTRUTURA.

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT. Pela Liderança do PFL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de mais nada, cumprimento quatro valorosos companheiros do meu Estado, que visitam esta Casa: o jornalista Paulo Leite; o grande engenheiro da construção do nosso Estado, Dr. Celso; o grande advogado Dr. Ronnie Márcio e o grande economista de Mato Grosso Dr. César Miranda.

Sr. Presidente, eu gostaria de falar sobre o último encontro que realizamos em Mato Grosso, na sexta-feira, para tratar de um assunto muito palpitante em relação àquela região rica de Mato Grosso.

No último fim de semana, as principais Lideranças políticas e empresariais de Mato Grosso reuniram-se no Município de Sinop, para discutir alternativas quanto ao desenvolvimento da região norte do Estado, durante simpósio realizado pela Assembléia Legislativa daquele Estado. Aparentemente, o evento tratava de temas de interesse localizado, mesmo periféricos. Mas só aparentemente, pois, na verdade, o evento abriu as portas para um debate universal, extremamente atual e de relevante alcance coletivo.

Tratar do futuro da região norte de Mato Grosso esbarra numa questão conceitual de desenvolvimento, eu diria até mesmo filosófica, sobre o princípio da ocupação territorial das áreas de delicado ecossistema. Sinop representa hoje um enclave urbano entre o sonho dos pioneiros que desbravaram o cerrado e a Amazônia, com voracidade e destemor, no passado, e o inevitável cuidado com a exploração dos recursos naturais que a nossa geração deve assumir desde já.

Portanto, o encontro promovido pelo Legislativo Estadual - quero aproveitar a oportunidade para cumprimentar o Presidente daquela Casa, Sérgio Ricardo -, congregou mais de 1.500 participantes entre políticos, empresários, profissionais liberais e estudiosos de 41 Municípios da região. Ele pode ser considerado um marco para a elaboração de um projeto de desenvolvimento sustentado, de ressonância interestadual, servindo de modelo para todo o Centro-Oeste e Amazônia Legal. Nosso objetivo é garantir, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente e a manutenção da dignidade das pessoas que plantaram suas vidas naquela região.

Temos o dever de conservar nosso bioma, mas não podemos simplesmente degradar esperanças de brasileiros que migraram para o Norte, confiando na força do trabalho e no futuro. Não. Assim como nossas florestas e nossas savanas, os sonhos de nossos irmãos não podem ser devastados. Eles devem ser recuperados, revitalizados com uma política de Estado que possibilite a coexistência harmônica entre o homem e a natureza.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a última fronteira agrícola do País não é mais o Centro-Oeste ou a Amazônia. A última fronteira agrícola do País é a própria consciência.

De agora em diante, divisa-se o nosso destino: ou continuaremos figurando como uma Nação perdulária de seus recursos naturais, ou amadureceremos para um estágio político de equilíbrio entre proteção de nossos mananciais e crescimento econômico. Uma coisa não exclui a outra. Isso foi o que debatemos em Sinop.

Exploração dos recursos naturais não significa, necessariamente, devastação do ecossistema. Esse Município, que já figurou como exemplo de prosperidade nos tempos da retirada indiscriminada de madeira e que agora conta com normas mais rígidas para derrubadas, impostas por um novo controle do Ibama, questiona-se: Qual é o nosso futuro? Para onde vamos? Ainda temos recursos a explorar? De pólo de desenvolvimento, o Sinop converteu-se em pólo de discussão. Será possível expandir o desenvolvimento econômico sem agredir a natureza? Essa não é uma pergunta exclusiva de Sinop, é lógico! É uma equação universal.

Mas o importante é que demos o primeiro passo. Começamos a debater o assunto sem medo ou inibições. No norte de Mato Grosso, esse não é um tema proibido ou uma conversa exclusiva de teóricos, cientistas e futurólogos. É uma discussão da sociedade, que converge para outros vetores como geração de emprego, desigualdades regionais, política tributária e investimentos em infra-estrutura.

Nossa comunidade quer debater estes assuntos com maturidade e urgência, pois, se não somos o pulmão do mundo, como cantam alguns ambientalistas mais exaltados, pelo menos, então, que sejamos o suspiro de uma ideologia nacional que possa compatibilizar produção com preservação.

            Sr. Presidente, no início da década de 90, como Governador de Mato Grosso, implantamos, em parceria com o Banco Mundial, o Prodeagro - Programa de Desenvolvimento Agroambiental de Mato Grosso, que demarcou os horizontes para o planejamento da ocupação territorial com as lavouras que impulsionaram a economia da região. Foi uma atitude ousada e corajosa para a época. Mas, agora...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JAYME CAMPOS (PFL - MT) - Um minuto só, Sr. Presidente! Mas agora precisamos de uma nova atitude, talvez ainda mais ousada e corajosa, alterando métodos e paradigmas da exploração econômica de nossas reservas naturais.

Temos de inverter o foco da lógica expansionista, que quer mais pelo menor custo financeiro. Precisamos aprender a extrair o suficiente com o menor impacto. Ou seja, investir em tecnologia e educação, experimentando meios modernos de produção, subtraindo do solo o necessário, com menor custo ambiental. Isso que dizer produtividade.

Não precisamos parar de plantar, de cultivar nossas lavouras e nossos pastos; temos é que torná-los mais rentáveis e produtivos, pois, como profetizou o Senador Roberto Campos - mato-grossense, ainda como candidato a uma Cadeira nesta Casa - a maior crise da humanidade não seria a do petróleo, como se vivenciava naqueles tempos, mas, sim, a crise de abastecimento de comida, que deveria ocorrer, para ele, em meio século. Sábio e visionário, Roberto Campos esqueceu-se apenas de adicionar um fator aos seus cálculos: o esgotamento do meio ambiente. Muito tempo antes do que previa, a produção de alimentos está entrando em colapso. Não por falta de terras ou de braços para cultivá-las, mas pela exaustão do ecossistema, que não suporta mais alterações em sua cadeia natural.

Esse é o drama social que vive Sinop e tantas outras comunidades do Centro-Oeste e Norte do Brasil. Terra existe. E os braços são cada vez mais numerosos. Mas o meio ambiente já deu um sinal eloqüente: chegou ao limite de suas possibilidades; necessita, agora, de cuidados, de planejamento e de gestão.

O homem não pode ser visto como inimigo da natureza, muito menos a natureza pode ser encarada como ameaça à sobrevivência da espécie humana. Ainda é tempo de salvarmos o meio ambiente, conservando a esperança de uma vida saudável para nossos sucessores. A maior herança que podemos deixar para as futuras gerações é a esperança!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o debate franco e corajoso sobre esse tema, travado em Mato Grosso, é a semente de um grande pacto que autoridades públicas, empresários e sociedade civil devem organizar para a preservação dos mananciais brasileiros, sem ofender a integridade e o patrimônio daqueles que já investiram em regiões estratégicas como a Amazônia e o Centro-Oeste e sem paralisar obras de infra-estrutura tão oportunas como a pavimentação das BR’s 163 e 158, mas, sim, compatibilizando dois conceitos tão distantes no ideal, mas tão próximos no factual: preservação e produção.

Como já disse, Srªs e Srs. Senadores, a última fronteira do desenvolvimento é a nossa própria consciência.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/02/2007 - Página 2297