O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS. Pela Liderança do PTB. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente Alvaro Dias.

Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para compartilhar com o Brasil boas notícias em relação à vitivinicultura gaúcha, que vive um momento muito especial.

Desde o dia 26 de janeiro, acontece na cidade de Bento Gonçalves, região serrana do Rio Grande do Sul, a Festa Nacional do Vinho, que este ano comemora quarenta anos e é considerada o maior evento vitivinícola do País. E para quem quiser conhecer a região dos vinhos gaúchos e aproveitar a Festa, o evento vai até o dia 20 de fevereiro, terça-feira de carnaval.

A festa nasceu de um momento de dificuldade, da necessidade de os vitivinicultores se unirem para enfrentar uma grande crise que se abateu sobre o setor vinícola na década de 60, que hoje é responsável pelo desenvolvimento de um dos maiores pólos econômicos do Sul do Brasil.

A partir desta edição, o evento passa a denominar-se Fenavinho Brasil e, com isso, assume uma nova concepção que visa a integrar, valorizar, promover e divulgar os vinhos e a cultura de todas as regiões vitivinícolas brasileiras.

E especialmente neste ano, os gaúchos têm ainda mais motivos para festejar. Recentemente, os vinhos do Vale do Vinhedos, principal região produtora do Rio Grande do Sul, entraram para a lista das indicações geográficas reconhecidas pela União Européia, tais como as regiões de Champagne e Bordeaux, na França, e Douro, em Portugal. Até hoje, nenhum país fora da Europa havia conquistado esse status.

O reconhecimento significa um importante impulso para a produção vitivinícola gaúcha, pios atesta que a região produz seus vinhos segundo regras e padrões rigorosos de qualidade preestabelecidos.

O destino se encarregou de que essa maravilhosa notícia chegasse aos produtores gaúchos exatamente nesta época em que está acontecendo a Fenavinho, que coincide também coma colheita da uva no estado. O reconhecimento foi recebido com euforia pelos produtores e organizadores do evento. A estimativa é que o produto nacional tenha ainda maior valorização tanto no mercado interno quanto no externo.

Sr. Presidente Alvaro Dias, colega Paulo Paim, todo o nosso entusiasmo e, por que não dizer, nosso orgulho em falar na produção vitivinícola gaúcha não é à toa. Nosso estado é responsável por 90% da produção nacional de vinhos. No ano passado, foram produzidos 217 milhões de litros e cerca de 500 mil litros foram exportados pelo Vale dos Vinhedos.

Infelizmente, o Brasil ainda não possui uma tradição em vinhos, mas o Rio Grande do Sul tem uma bela e expressiva história nesse sentido. Nosso clima, nossos parreirais, nossos índices de produtividade, nossas vinícolas, a utilização de equipamentos e processos cada vez mais modernos de produção nos possibilitam produzir vinhos de variedade e qualidade indiscutível.

É para celebrar esses números e manter viva a nossa tradição que, desde 2004, também é comemorado no Estado, no primeiro domingo do mês de junho, o Dia Estadual do Vinho. Naquela data, além de eventos comemorativos na Serra Gaúcha, também são oferecidos descontos especiais em restaurantes, churrascarias, cafeterias, hotéis e pousadas, com o objetivo de popularizar os produtos derivados da uva.

É uma grande festa, com o objetivo de incentivar o turismo temático e o comércio, conquistar novos consumidores, estimular a produção, criar mais empregos e gerar renda para o nosso povo.

Também queremos que essa festa aconteça em todo o Brasil. Por isso apresentamos, aqui no Senado, um projeto de lei que institui o Dia Nacional do Vinho, incluindo a data no calendário de eventos dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Cultura; do Desenvolvimento Agrário; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; das Relações Exteriores; e do Turismo.

Sr. Presidente Alvaro Dias, por ter um composição complexa, com mais de mil substâncias, o vinho é considerado não apenas uma bebida, mas um alimento, que, se consumido com moderação, traz inúmeros benefícios à saúde. Hoje, as virtudes nutricionais e terapêuticas do vinho são objeto de milhares de pesquisa mundo afora, Senadores Mão Santa e Tião Viana, que são médicos. Nas regiões produtoras, a expectativa de vida é de 25% a 45% maior em relação a outras localidades. Além disso, existem estudos comprovando que a ingestão moderada do vinho pode reduzir a mortalidade por câncer em até 20%, além de outros benefícios.

E foi também com alegria que vimos a aprovação, aqui no Senado, de uma proposta de minha autoria, com a parceria dos Senadores Paulo Paim e Pedro Simon, que reconhece o trabalho dos responsáveis pela elaboração e análise da qualidade do vinho que consumimos. Trata-se da regulamentação das profissões de enólogo e de técnico em enologia, atividades imprescindíveis para a excelência na fabricação do vinho.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Sérgio Zambiasi?

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Sérgio Zambiasi, V. Exª descreve o valor do vinho, que aparece também na Bíblia: Cristo fabricou vinho. Senador Alvaro Dias, in,vino veritas, diz a verdade quem toma vinho; ama melhor. Meus parabéns à zona vinícola. Eu acho que o País tem de ter mais objetividade e criar riqueza. O Miolo é um vinho excepcional da Casa Valduga - estou até fazendo comercial, era bom que eles me presenteassem! Mas eu queria falar sobre o que acontece bem ao lado, na Argentina. É interessante: a Argentina cresce 10%, na Argentina se estuda, na Argentina se anda de madrugada pelas ruas, as livrarias estão abertas, o povo é educado. É um país civilizado bem aqui, ao nosso lado. Aqui é uma barbárie - o que houve no Rio de Janeiro se repete a cada dia. Eu lamento, Senador Tião Viana, mas o Governo do PT levou o País à barbárie, é uma barbárie o que estamos vivendo. No Piauí renderam uma cidade para assaltar um banco: só havia dois soldados e a viatura não tinha gasolina, mas, mesmo se tivesse, não andaria, porque estava quebrada há um ano. Esse é o Brasil. Há uma política Argentina que merece ser mencionada: lá você pode ir aos melhores restaurantes que só encontrará vinhos argentinos. É uma política interna de valorização, e estão conquistando o mundo. O Chile já avançou, seus vinhos competem com os dos franceses. O Chile faz comércio diretamente com os Estados Unidos e negocia com um mercado mais rico. Então, tem de haver uma política de valorização, é preciso estimular a produção na zona vinícola, que geograficamente se aproxima da Argentina e do Uruguai, o que é bom também. Então, meus parabéns a V. Exª, que tanto e tão bem defende o Rio Grande do Sul junto com o Senador Paim, são dois extraordinários representantes daquele Estado que estão aqui, firmes. V. Exª desempenha papel fundamental no que diz respeito ao Mercosul ao valorizar e divulgar o vinho. E é tão importante, que já mandou, lá para o Vale do São Francisco, o Miolo - já estão fabricando lá o vinho. Meus parabéns, V. Exª mostra-se aqui à altura da grandeza política do Rio Grande do Sul na história do Brasil.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS) - Obrigado, Senador Mão Santa.

Hoje, felizmente, temos centenas de famílias, Presidente Alvaro Dias, voltadas para a produção de vinhos, com qualidade, no Rio Grande do Sul. Seguramente, a nossa vizinhança com a Argentina e a concorrência levou-nos a evoluir na produção vitivinícola, de maneira que nos colocou em condições de competitividade, razão pela qual hoje vibramos com a Escola de Enologia, em Bento Gonçalves, que já está colocando no mercado técnicos com formação adequada, com formação de escolas européias, para que consigamos, efetivamente, estabelecer esse espaço comercial e humano, acima de tudo, na produção vitivinícola.

E quando os gaúchos subiram, foram a Pernambuco, ao Vale do São Francisco e, com isso, ampliaram a região produtora vinícola no Brasil, é que fazem da Fenavinho uma festa nacional.

Ouço o Senador Paulo Paim.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Zambiasi, vou falar rapidamente, pois sei que o tempo está terminando.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS) - Estamos contando com generosidade do Presidente Alvaro Dias, porque o consideramos, como paranaense também, um apreciador dos bons vinhos gaúchos.

E esse é um espaço privilegiado, Senador Paulo Paim, porque a TV Senado entra em todo o Brasil. E quando falamos num produto que é nosso, brasileiro, gaúcho, mas que já expande pelo Brasil afora e que, por meio da TV Senado, falamos das propriedades terapêuticas do vinho e do vinho gaúcho brasileiro, creio que a Presidência se associa também a este momento, não tenho a menor dúvida.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Sem dúvida.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS) - Obrigado, Senador Alvaro Dias.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Zambiasi, é mais para cumprimentá-lo, porque V. Exª está fazendo um excelente trabalho em outras áreas, mas também nessa. Sou seu parceiro, porque V. Exª nos tem liderado nesse debate sobre a importância da produção do vinho em nosso País. E, claro, com um carinho muito grande pela produção do vinho gaúcho. Estive em diversos eventos a convite de V. Exª e estou aprendendo a importância deste debate sobre a valorização do vinho gaúcho e brasileiro. Primeiro, quero reconhecer o trabalho de V. Exª nessa área tão importante como em tantas outras. Aqui, o Senador Mão Santa lembra do Mercosul, quando tivemos aquele debate no Ministério da Fazenda em relação aos impostos. Felizmente, conseguimos encontrar uma saída, liderados por V. Exª. Por último, fora desse assunto, quero, de público, agradecer a V. Exª por ter ajudado muito na articulação - o Senador Tião Viana foi fundamental - para que eu assumisse a Comissão de Direitos Humanos. Eu soube que na reunião de Líderes, em nome do PTB, V. Exª teria dito: “por que não assegurarmos para o Senador Paim a Comissão de Direitos Humanos, pois é a cara dele?” Então, quando V. Exª faz essa manifestação de público, depois de ter construído um grande entendimento para que eu fosse para a Comissão de Direitos Humanos, é mais do que justo que aqui, no plenário, eu diga muito obrigado a V. Exª.

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS) - Primeiro, quero agradecer pela sua manifestação em relação à questão da sua indicação para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos desta Casa. Ninguém melhor do que V. Exª, Senador Paulo Paim, para conduzi-la. Por seqüência de espaços naturais das Bancadas, a presidência coube ao PTB. Mas entendíamos que o Senador Paulo Paim era quem melhor representava essa discussão, não apenas no Senado, mas no Congresso Nacional. Quero dizer que falei com os outros quatro Senadores que compõem a Bancada do PTB, somos cinco, os Senadores Epitácio Cafeteira, Fernando Collor, Mozarildo Cavalcanti e João Vicente Claudino, e todos, por unanimidade, entenderam que, efetivamente, o PTB poderia abrir mão da Presidência da Comissão para designá-lo seu Presidente. Portanto, com merecimento.

Também agradeço a sua luta solidária junto com o Senador Pedro Simon. A Bancada gaúcha defende com muita garra esses temas regionais, somos Senadores do Brasil, mas os defendemos com muita garra, já que mexem tanto com o cotidiano do Rio Grande do Sul, e a vitivinicultura é uma delas, pois nos oferece esses diferenciais.

E penso que as diferenças são maravilhosas em nível de Brasil. Ainda ontem, assistia a um dos capítulos da história do Acre e, ali, encontrava o personagem de Plácido de Castro, Senador Tião Viana, e via essas fantásticas diferenças que constroem o Brasil. E nos vimos um pouco ali nas lutas, nas revoluções. Vimos um Acre revolucionário e, portanto, com uma história tão parecida com a história gaúcha também no sentido da integração nacional.

Senador Tião Viana.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Caro Senador Zambiasi, primeiro, minha homenagem a V. Exª que nunca deixa de lado a responsabilidade política e social que tem com o Rio Grande do Sul, com suas raízes, sua vocação econômica. Quando observamos um país como a França, verificamos que tem o olhar voltado para 70 milhões de turistas que a visitam todos os anos, que é uma extraordinária fonte de renda para aquele povo, também tem um olhar para a ciência e a tecnologia, mas não esquece, por exemplo, o vinho como uma fonte extraordinária de receita, de riqueza, de distribuição de renda e de fortalecimento da vida social do povo. O Rio Grande do Sul tem um potencial semelhante. V. Exª aborda aqui um tema que hoje diz respeito inclusive à saúde pública. Além de servir para o glamour, além de servir para momentos da espiritualidade, duas taças de vinho por dia estão vinculadas à prevenção das doenças cardiovasculares. O maior estudo feito no mundo sobre acompanhamento longitudinal de pacientes ligados a um hábito alimentar prova o benefício que duas taças de vinho/dia são capazes de produzir. V. Exª traz um tema que merece, que desperta sempre a atenção e uma visão estratégica dos governos. Plácido de Castro, um gaúcho de São Gabriel, da terra dos marechais, com 27 anos, dirige um dos mais belos momentos do alargamento de fronteiras do Brasil, envolvendo a figura do Barão do Rio Branco, envolvendo o Reino Unido, os Estados Unidos, a Alemanha e a França. O Brasil não conhece essa página linda da sua história e V. Exª traz isso aqui. A história da Amazônia se confunde com a história do Rio Grande do Sul. O gaúcho é símbolo da visão nacional. Quero dizer a V. Exª que no meu Estado do Acre há um Centro de Tradições Gaúchas que exala a beleza, a grandeza da alegria, da coragem e do vigor do povo gaúcho. Parabéns pelo seu pronunciamento!

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS) - Obrigado, Senador Tião Viana.

Não querendo mais tomar o precioso tempo, Presidente Alvaro Dias, quero finalizar aqui esta manifestação chamando a atenção de que mais do que uma atividade industrial importante para o desenvolvimento do Estado, a vitivinicultura representa a própria história do povo gaúcho. As mãos que hoje colhem os cachos de uvas prontos para se tornarem vinhos, reconhecidos agora mundialmente, são de descendentes daqueles primeiros imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul em 1875 e trouxeram consigo a paixão pela uva e pelo vinho, passada de geração em geração.

Concluindo, cito aqui uma frase do crítico gastronômico especialista em vinhos Saul Galvão. Segundo ele, “O vinho foi feito para dar prazer; os esnobes é que complicam o assunto”. Ou seja, o hábito de beber um bom vinho não depende de conhecimento técnico sobre o assunto. O mais importante é apreciar essa bebida, carregada de tradições, com boa companhia e, como disse Saul Galvão, com prazer.

Para isso, reforçamos o convite a todos os brasileiros para que visitem o Rio Grande do Sul aproveitando esses últimos dias da Festa Nacional do Vinho, na região serrana gaúcha, em Bento Gonçalves, que vai até o dia 20 de fevereiro.

Muito obrigado, Presidente Alvaro Dias, pela sua generosidade. E, mais uma vez, deixo aqui o convite para que todos possam, na medida do possível, visitar o nosso Estado.

Muito obrigado.